hoje voltei para a escola. as aulas ainda não voltaram. voltam apenas na quarta. hoje nós tivemos o que chamam de planejamento. um REplanejamento.
que na verdade eu não sei para que serve. não replanejamos nada. não pegamos o passo inicial, não discutimos os caminhos percorridos, não discutimos os desvios. de importante, para mim - se é que a minha opinião valha alguma coisa - não se discutiu muita coisa. porque não se discutiu, no cerne da palavra, os problemas: os alunos não alfabetizados, os analfabetos funcionais (só estes dois grupos somam mais de 70% de todos os alunos da escola); não se discutiu os alunos fora de sala, a dificuldade em aplicar o projeto pedagógico, etc. o único fator novo foi a apresentação de duas novas vices-diretoras. e só. no mais foi perda de tempo, ofensas indiretas, muito sapo engolido e a indignação cotidiana de sempre que antecede um sentimento já presente: tudo vai continuar do mesmo jeito. o que interessa, mesmo, vai continuar do mesmo jeito. alunos fingindo que aprendem, nós fingindo que estamos ensinando. a educação seguindo.
o replanejamento de hoje para mim mais DESagregou o grupo do que o uniu. o sentimento que eu tenho dentro da minha escola é de uma disputa: direção e coordenadores X professores X funcionários X alunos. eu só queria saber qual é o prêmio que está em disputa, porque a educação com certeza não é. se fosse, não deveríamos trabalhar em DISPUTA, concorrendo um grupo contra o outro, mas deveríamos trabalhar juntos. em regime permanente de COOPERAÇÃO, COLABORAÇÃO. principalmente os três primeiros grupos, que tem por obrigação fazer a educação acontecer na escola, apesar da falta de apoio, de dinheiro, estrutura, etc.
é uma cena muito triste, pra não dizer deprimente. pessoas que não sabem dialogar, pessoas que cobram demais sem cumprir com o seu papel. pessoas. alguém já disse, "nada do que é humano me é estranho", mas eu ainda consigo me surpreender com o ser humano. com a raça humana. aliás, é necessário dizer: humanidade é um conceito em vias de extinção. SER humano, no âmago, na alma da palavra é algo cada vez mais difícil de ser visto, feito, praticado.
tem leitores que acompanham este blog que não devem estar entendendo nada. é normal, viu galera. algumas vezes faço deste espaço aqui uma espécie de diário, de desabafo e terapia pessoal. aqui eu exerço o meu direito de liberdade de expressão ao extremo. grito pelos dedos coisas que eu não consegui dizer olhando no olho. não por falta de coragem, minha fama de chato, encrenqueiro já chegou a escola, exerço ao máximo lá a liberdade de expressão; mais porque as vezes a indignação é tamanha que falta voz, o grito fica sufocado entre os nós da garganta. aí eu grito aqui o que não consegui lá. e no mais, o blog é público, e de fácil acesso - e acompanhamento - para muita gente e sei que algumas pessoas o seguem feito novela (rs).
quero dizer também que o sentimento que eu tive hoje, na volta para a escola, é que a minha escola não tem problemas. nenhum. o problema está em mim, nos professores. que não preenchem o seu diário - uma ferramenta IMPORTANTÍSSIMA, óóóóóhhh.. - corretamente. que eu tenho faltas demais. que eu não colaboro com os colegas. que eu sou incompetente, incapaz, etc., etc., etc. talvez seja mesmo. talvez eu não esteja fazendo o meu serviço direito. talvez esteja na hora de eu pedir para sair. e ok, estou pedindo para sair.
se alguém souber de alguma vaga de trabalho, onde talvez eu tenha o chamado "perfil", eu possa trabalhar, por favor me comunique. de verdade. estou em busca de novos horizontes. um lugar onde eu possa encontrar companheiros de trabalho que não tenham medo de sonhar e vislumbrar mudanças. não tenham medo de trabalhar, de errar e, acima de tudo RECONHECER os erros, e buscar fazer melhor. um lugar onde eu tenha respeito e tratamento digno.
nossa, será que este lugar existe? será que eu tô viajando outra vez?
brincadeiras a parte, o interesse por novos horizontes é real.
r.c.
Um comentário:
Olá! Já que está precisando de novos Horizontes... O Museu Afro está contratando uma galera entra no site www.museuafro.com.br
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