segunda-feira, abril 25, 2011

É NESTE SÁBADO: SARAU DOS MESQUITEIROS!


Anote na Agenda:

Sábado, 30 de ABRIL
das 18hs as 20:30hs

...música-dança-grafite-teatro
mesa-de-pintura-pra-molecada
microfone aberto pra poesia

ATIVIDADES ESPECIAIS:
- BRASIL, Outros 500
- Dia Mundial do Livro

Presença do SARAU NA BRASA!


tudo na faixa!
(menos os comes e bebes, é claro!)

Na EE Jornalista Francisco Mesquita
Rua Venceslau Guimarães, 581
Jd. Verônia - Erm. Matarazzo

Compareça, divulgue!

Apoio:


SOBRE O SARAU dos MESQUITEIROS

O Sarau dos Mesquiteiros é o primeiro - e único - sarau que acontece regularmente dentro de uma escola pública na periferia de São Paulo. Realizado periodicamente todo último sábado de cada mês, há quase um ano foi aberto a comunidade do Jd. Verônia (Ermelino Matarazzzo - Zona Leste) e é uma extensão do projeto Literatura (é) Possível, coordenado pelo educador e escritor Rodrigo Ciríaco e que há cinco anos é desenvolvido na Escola Estadual Jornalista Francisco Mesquita.

Dentre as atividades organizadas pelo projeto além do Sarau, estão os Encontros Literários, Oficinas Lítero-Teatrais, apresentação de esquetes e espetáculos elaboradas a partir de adaptações de contos e poemas de autores periféricos, além de palestras, exposições e a produção de fanzines.

Os Mesquiteiros é o nome do coletivo responsável pelo desenvolvimento de todas estas atividades. Formado por jovens e adolescentes residentes no bairro, demonstra na prática, nas palavras e na teoria a articulação política e ativismo cultural existente na quebrada, que vai além da simples contestação e do reclamar, mas apresenta ações concretas de transformação, mostrando que nós somos possíveis.

Re-existência. Política, cultural e social. Hoje e sempre!

Os Mesquiteiros - Literatura (é) Possível.

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Oficinas Culturais do Estado de São Paulo
Vários opções, agora em Ermelino Matarazzo

Não perca. Atividades Gratuitas

segunda-feira, abril 18, 2011

FLIP 2011 - VOU ESTAR LÁ!

salve, rápa.

desde 2007 que eu colo na FLIP - Festa Literária Internacional de Parati. no primeiro ano, fui divulgar alguns livros das edições Dulcinéia Catadora, entre eles o SARAU, da Cooperifa. em 2008, dei uma pausa. em 2009 colei novamente, dando uns giros com os malucos da Poesia Maloqueirista, registrando um momento nada agradável de apreensão de livros do companheiro Pedro Tostes, que deu mó polêmica depois.

o ano passado estive por lá novamente, ao lado do Michel e Raquel (Elo da Corrente), Vagnão (da Brasa) e da Ingrid, como sempre: mangueando os livros nas ruas, com humildade. fazendo intervenções poéticas. distribuindo contos, risos, nem sempre recebendo o mesmo de volta.

neste ano, já estava mais do que marcado a presença novamente. e eis que recebo um grato convite: o poeta Sérgio Vaz, um dos convidados da Festa deste ano, vai realizar uma parada, a convite do Itaú Cultural. e chamou pra compor o bang Marcelino Freire, Cocão (do Versão Popular) e este mero aprendiz das letras pra colar junto.

eu, que sempre dormi nas barracas do camping, agora tenho convite até pra pousar no hotel. ah, muléééque.

reconhecimento de um trampo que eu faço com responsa, empenho e com eterna gratidão a quem me fortalece e dá vazão e sentido aos sonhos.

valeu Poeta. obrigado pela lembrança. é nóis na FLIP. e nos saraus por aqui, antes de lá. é lógico.

parafraseando o Mestre: "com o coração em chamas e os punhos cerrados"

rodrigo ciríaco.

domingo, abril 17, 2011

17 DE ABRIL - DIA DA LUTA CAMPESINA

Hoje faz 15 anos de um, dos milhares de crimes do Estado Brasileiro contra a população trabalhadora: o Massacre de Eldorado dos Carajás, em que oficialmente 19 pessoas morreram e outras 69 ficaram gravemente feridas.

Infelizmente, os responsáveis pela chacina, PM, fazendeiros, políticos do Pará continuam impunes, como ficam muitas vezes impunes os gigantes e poderosos da terra brasilis.

Para quem quiser saber mais sobre o Massacre, abaixo uma excelente reportagem do Brasil de Fato, que relembra com detalhes como foi esse dia, além de um vídeo da Via Campesina.

Na resistência. Hoje e sempre.

R.C.




CILADA CULTURAL - FALHA NO GERADOR DO PALCO CULTURA PERIFÉRICA



A Virada Cultural 2011 foi marcada por vários problemas para o palco destinado à Cultura Periférica, instalado no Viaduto Sta. Ifigênia.

Por questões técnicas, o início dos shows, previsto para as 18hs, iniciou apenas as 20hs - duas horas de atraso!

Subiu ao palco o grupo Nhocuné Soul, da Zona Leste, com uma boa levada e swing dançante. Na sequência, foi a vez do grupo de rap da Cooperifa Versão Popular. Quando estava na segunda música, o palco simplesmente apagou.

Acabou o Diesel no gerador de energia...

Mas de uma hora e meia foram gastas para se conseguir o combustível, que depois de carregado, religou o gerador.

Que depois de 10 minutos parou novamente.

Quebrou a correia... A correia!

Parece brincadeira, mas não foi.

O problema só foi solucionado depois que um caminhão com um gerador foi deslocado para o palco. E o show do Versão Popular teve início... as 0:00hs. Apenas cinco horas de atraso.

O problema da falta de energia só não foi pior pois não faltou a poesia. Num estilo muito a nossa cara, descemos do palco e ocupamos a rua, em frente ao palco. Samba da Vela e os poetas do Sarau da Cooperifa bravamente resistiram, no meio da rua, em frente ao palco apagado.

Deixamos o local por volta das 02:00hs da manhã. Até o fechamento desta postagem não soube se houve mais problemas no local. Até porque se existiu, não vai aparecer.

Afinal, a Virada tem que ser um sucesso!

Rodrigo Ciríaco

REPORTAGEM - SITE ÉPOCA

Salve, rápa.

A todos que enviaram comentários, emails, críticas, dialogando comigo sobre a publicação da entrevista no site da Revista ÉPOCA, meu muito obrigado. A entrevista ficou longa, e por isso mesmo muito lôca, a jornalista Eliane Brum foi bem generosa ao abrir tamanho espaço para mim, em sua coluna semanal. E não só em abrir espaço, foi ética e respeitosa em não mexer e alterar uma linha sequer do que eu disse.

A quem está nas trincheiras da educação, força, luta e coragem. A quem torce por nós, obrigado.

A quem quiser nos apoiar, seja bem-vindo.

Rodrigo Ciríaco

terça-feira, abril 12, 2011

SARAU DOS MESQUITEIROS - POR MÔNICA CARDIM

Amanda Djoy, Mesquiteira

Ruan, sempre presente no sarau

mãe da Rhaysa, permanentemente presente também

BOOM!

Rhaysa, Mesquiteira

a galera

Djoy e Débora, que seguraram o trampo na cozinha

livros, leitura, livros

nosso boneco, nosso lema

detalhe

Randerson, Periferia Invisível

Samuel Cecio e Prof. Valmir

eu, mandando poema, indo pra galera...

precisa dizer algo?

A amiga e fotógrafa Mônica Cardim disponibilizou para mim mais algumas fotos do nosso último Sarau, acontecido em 26 de Março. Como nem tudo que é bom dura pouco, disponibilizo mais uma leva aqui.

Essa é a imagem que queremos ver das escolas. Essa é uma imagem que acontece, uma vez por mês ao menos na minha escola. Isso que ela é considerada pelo IDESP como uma das piores... Imagina quando a gente chegar lá então. Segura.

segunda-feira, abril 11, 2011

PRA NINGUÉM ESQUECER: 30 DE ABRIL


Anote na Agenda:

Sábado, 30 de ABRIL
das 18hs as 20:30hs

...música-dança-grafite-teatro
mesa-de-pintura-pra-molecada
microfone aberto pra poesia

ATIVIDADES ESPECIAIS:
- BRASIL, Outros 500
- Dia Mundial do Livro

tudo na faixa!
(menos os comes e bebes, é claro!)

Na EE Jornalista Francisco Mesquita
Rua Venceslau Guimarães, 581
Jd. Verônia - Erm. Matarazzo

Compareça, divulgue!


SOBRE O SARAU dos MESQUITEIROS

O Sarau dos Mesquiteiros é o primeiro - e único - sarau que acontece regularmente dentro de uma escola pública na periferia de São Paulo. Realizado periodicamente todo último sábado de cada mês, há quase um ano foi aberto a comunidade do Jd. Verônia (Ermelino Matarazzzo - Zona Leste) e é uma extensão do projeto Literatura (é) Possível, coordenado pelo educador e escritor Rodrigo Ciríaco e que há cinco anos é desenvolvido na Escola Estadual Jornalista Francisco Mesquita.

Dentre as atividades organizadas pelo projeto além do Sarau, estão os Encontros Literários, Oficinas Lítero-Teatrais, apresentação de esquetes e espetáculos elaboradas a partir de adaptações de contos e poemas de autores periféricos, além de palestras, exposições e a produção de fanzines.

Os Mesquiteiros é o nome do coletivo responsável pelo desenvolvimento de todas estas atividades. Formado por jovens e adolescentes residentes no bairro, demonstra na prática, nas palavras e na teoria a articulação política e ativismo cultural existente na quebrada, que vai além da simples contestação e do reclamar, mas apresenta ações concretas de transformação, mostrando que nós somos possíveis.

Re-existência. Política, cultural e social. Hoje e sempre!

Os Mesquiteiros - Literatura (é) Possível

ENTREVISTA - REVISTA ÉPOCA

Car@s,

acabo de ver publicado no sítio da Revista Época a longa entrevista feita comigo, pela jornalista e escritora Eliane Brum, na semana passada. A entrevista fora iniciada antes do Massacre em Realengo, e preferimos dar continuidade aos assuntos que estávamos discutindo, tendo em vista que não teríamos tempo hábil para uma análise mais minuciosa e o nosso foco inicial era tão importante de ser aprofundado quanto este.

A entrevista é longa. Segundo a Eliane, uma das maiores já publicadas na sua coluna. Fico por demais honrado com o espaço, com a possibilidade de falar.

Quem tiver interesse em ler sobre a matéria, basta clicar AQUI pra ser direcionado ao sítio.

Por enquanto é isso. Profundo agradecimento a Eliane Brum pela entrevista. E que eu possa ter colaborado com algo neste campo que tenho tamanho apego mas que anda um tanto quanto machucado, chamado educação.

Salve,

Rodrigo Ciríaco

(HÁ TEMPOS) O FIM DA INOCÊNCIA

Uma semana atrás eu estava particularmente revoltado com uma situação bem particular: minha relação com a escola. Poucos dias anteriores, em 29 de março, o governo havia divulgado o "prêmio Bônus" para professores, de acordo com o desempenho de seus alunos. E eu fui, entre milhares de professores, um daqueles que não receberam nada. Nem um centavo. Nem mesmo obrigado.

Senti-me humilhado, ofendido. Primeiro, pela falta de reconhecimento no trabalho. Segundo, por estar passando por uma situação financeiramente complicada, com a conta estourada, coisas parceladas a pagar, situações que a maior parte das pessoas tem que se submeter se não tem condições de pagar suas contas a vista e não aceita ficar apenas as migalhas.

A minha indignação foi ouvida. Raras vezes nestes anos que estou lecionando. Escrevi, nesta semana que se passou, um artigo para uma revista de importante circulação que chegará em breve, agora no final de abril. Dei uma longa entrevista para uma importante jornalista da revista Época, Eliane Brum, que será publicada logo mais. Mas, tudo isso ficou pequeno, perdeu o interesse, na quinta-feira, ao nos depararmos com uma tragédia maior, mais urgente, que foi o que aconteceu na escola de Realengo: um massacre em que vários jovens e adolescentes, indefesos, foram estupidamente vitimizados e feridos. Assassinados. Marcados, para o resto de suas vidas.

O Massacre de Realengo não (i)mortalizou apenas os pequenos que estudavam na Escola Municipal Tasso da Silveira. É um acontecimento que ficará marcado na história de nossa sociedade brasileira. Por seu ineditismo. Sua crueldade. Por derrubar o último baluarte que acreditávamos ser, talvez, intransponível: os muros da escola.

Mas não é verdade. Quem trabalha cotidianamente da educação sabe bem do que estou falando: a bastilha chamada escola já foi derrubada há muito tempo. O problema é que não houve uma revolução. Tal qual a caixa de pandora, aberta, deixou não espalhar, mas adentrar todos os problemas do mundo: a violência, a insegurança, a insensatez, a intolerância. E algumas vezes eu me pergunto se houve espaço ao menos para a esperança ser guardada.

Há tempos estamos sofrendo dentro das escolas. Deixo claro que falo principalmente das escolas públicas gratuitas, já que não tenho proximidade com colégios particulares. Uma escolha de militância política e pedagógica. Mas acredito que estas não sejam, ao contrário do que muitos acreditam, incólumes dos problemas da sociedade. Basta ver a maneira como estão organizadas: verdadeiras caixas-fortes, bunkers, em que para você entrar tem que passar pela segurança dos homens de preto e dos caixas de banco. Afinal, a vida custa caro e não tente entrar num colégio particular com a matrícula atrasada.

Nas escolas públicas, há também essa idéia deturpada de se "trancar" para proteger. Mas como tudo que parece que vem do Estado é falho e decadente - e entenda, não faço aqui apologia nenhuma ao ensino particular nem sou favorável a privatização das escolas - o máximo que os governos conseguem transformar as escolas quando tentam implementar alguma segurança é transformá-las em prisões. Prédios fechados, cheios de grades que, muitas vezes, para se cruzar de um corredor ao outro, é necessário alguém passar a chave no ferrolho e abrir a tranca. Isso mesmo, trancas e cadeados, com direito ao tchum-plá-tlám! de um corredor ao outro.

Mas porquê estou falando de tudo isso mesmo? É porque eu quero dizer que a tragédia no Realengo foi assustadora por ser cruel demais, inesperada demais. Com sangue demais. E torcemos para que não se repita. Mas torcer, simplesmente, não conta. Nesse jogo - ou melhor - nesse NEGÓCIO em letras garrafais que se tornou a educação é preciso que deixemos a posição de espectadores e entremos em campo. Mudemos a tática. Partimos para o ataque. Afinal não é de hoje que nossos jovens, crianças e adolescentes são esmagadas pela instituição escolar: seja pelo "bullying", tão recorrente nas atuais notícias de jornais, seja pela insegurança, pela presença de drogas lícitas e ilícitas dentro da escola; seja por projetos políticos ineficazes que massacram estudantes e profissionais da educação: os primeiros por ficarem a mercê da oportunidade de acesso ao conhecimento, de possuírem um espaço que possam compartilhar a vivência com o outro, as diferenças, conflitos. Os segundos, por trabalharem muitas vezes em condições inadequadas, acumulando funções, com baixo salários, humilhados. Resignados e acomodados com isso. Afinal, o que se há de fazer?

Há tempos a inocência chegou ao fim dentro das escolas. Hoje, por incrível que pareça, me surpreendo muito quando vejo textos, filmes, desenhos retratando a escola com crianças sorridentes e felizes, ao lado de animais, pássaros, árvores. Flores no campo e por aí vai. Pois faz muito tempo que não encontro, por diversos momentos tudo isso. O que vejo são alunos não alfabetizados, desestimulados, sem grandes perspectivas de futuro, rendendo-se ao tráfico ou ao próximo modismo de mercado que vai fazer o mercado girar, o mundo seguir. Indo para escola para garantir ao menos uma refeição, esquecer um pouco dos problemas do mundão. Ou mesmo assim, por ter que ir. Não tem jeito.

Há tempos os jovens são massacrados. Ao contrário de Realengo, aos milhares. A única diferença é que a arma dos matadores são as canetas. Seus disparos são tintas que não pintam a escola de vermelho, não lá dentro. Até agora. Deixa para que isso aconteça nas ruas, nas quebradas, quando os meninos estiverem fazendo um esquema no tráfico, correndo dos "homi". E não há um "Wellington" para se culpar. Para se mirar e massacrar, dizer-se "louco, psicopata, animal" e tirar de mim toda a responsabilidade por esta situação. Não há. Pois no massacre cotidiano, silencioso a qual estão submetidos todos aqueles que estão envolvidos com a educação não conseguimos apontar um culpado. Não um, pois são muitos. E se vários tem a responsabilidades, quem é que vai responder efetivamente por estes crimes?

"Há tempos são os jovens que adoecem. Há tempos o encanto está ausente, e há ferrugem nos sorrisos. E só o acaso estende os braços a quem procura abrigo e proteção..."

Por estes dias, muito pensei nesta música da Legião Urbana. Principalmente nesta frase. Que não possui nada de profética. Apenas um toque realista de um artista que procura observar e retratar o seu tempo. Há vários deles que querem nos ajudar a enxergar melhor o que acontece. A pergunta é: quem quer ver? E depois de ver, o que vai fazer?

Vontade sem atitude, é igual a nada.

Rodrigo Ciríaco

quinta-feira, abril 07, 2011

TRAGÉDIA NO REALENGO

Muito triste a parada que aconteceu no Rio de Janeiro. Cabeça a mil, principalmente por estar dentro da trincheira, viver e respirar a escola, no dia a dia. Muita coisa a se pensar e falar. Mas vamos deixar a poeira baixar, as emoções acalmarem, ao menos um pouco. É um assunto muito sério pra se falar no quente da hora, com muita emoção e pouca racionalidade. Até domingo vou escrever algo sobre. Claro, a partir da visão que tenho da escola de cá, mas conhecendo como funciona o lado de lá: o de dentro.

Por fim, solidariedade as famílias.

E espaços de silêncio...

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terça-feira, abril 05, 2011

DESABAFO - A QUEM POSSA INTERESSAR

No ano passado me senti, por algumas vezes, muito humilhado no meu ambiente de trabalho: a escola. Perseguido, espezinhado. Questionado e colocado tudo a prova: minha integridade, meu caráter. Até mesmo a minha sanidade mental.

E não foi gente pequena, apenas, que mexeu comigo. Pessoas de médio e alto escalão me cutucaram. Fizeram até uma espécie de "assédio moral". Que aguentei calado. Sofri sozinho. Eu e meu travesseiro.

Tudo isso por não me calar. Por questionar muitas coisas que não julgo certas, ou que não concordo com os rumos. Por não me render. Por não me dar por vencido. Nem a mim, nem aos meus princípios. Para muitos, isso não é nada. Para mim, é tudo o que eu tenho.

Mas, como dizem, o tempo é senhor de muitas verdades, e castelos de areia não se sustentam nem mesmo sobre brisa, por estes dias eu tive uma revelação. Na verdade ela aconteceu na sexta-feira, mas chegou-me apenas hoje. A divulgação das notas de desempenho da rede pública estadual no Saresp de 2010.

A parte de todo o questionamento que possuo sobre esta avaliação, principalmente o que se resulta a partir dela - a "valorização do professor" - ela traz algum indicativo. Ela diz alguma coisa. E apenas confirmou o que eu já sabia, desde o ano passado, e que falei e fui repreendido por isso: que minha escola ia mal, principalmente no Ensino Fundamental, Ciclo II.

Para ter idéia, no resultado da avaliação, a minha Escola aparecem em SEGUNDO LUGAR, das PIORES ESCOLAS DA CAPITAL, com um índice de 1,19 (de uma avaliação que vai de 0 a 10). Comparando com as 3.695 unidades da rede de ensino, a posição no "ranking" é de 3.688, ou seja, está entre as OITO PIORES ESCOLAS DE TODA A REDE PÚBLICA ESTADUAL, ao menos no que diz no Ensino Fundamental II.



Isso não é motivo de orgulho. Nem vou cantar vitória por ter dito isso, já desde o ano passado. Já desde muitos anos antes. Mas é apenas para ressaltar que, quando um profissional da educação, como eu, faz uma crítica ao sistema de ensino, seja da sua escola, seja de uma política de governo, ele precisa ser ouvido, não censurado. Ele precisa de apoio, diálogo, não de repressão.

De todas estas notícias nada boas para minha quebrada, minha escola, eu ainda tenho orgulho e cabeça levantada pra seguir em frente. Afinal, aos trancos e barrancos, eu procuro dar o meu melhor. Pois, me diga: qual, de todas estas escolas aí, tem um projeto de literatura e teatro funcionando há mais de cinco anos, realizando Saraus, Encontros Literários com escritores, Oficinas de teatro e literatura, produção de Fanzines e, este ano, publicação de Livro? Qual?

Garanto que muitos que enfrentasse o perrengue que eu passo, já teriam desistido. Não vou mentir: eu mesmo já pensei várias vezes. Mas quando lembro da molecada que conta comigo, que caminha comigo lado a lado, eu prossigo. Porque neles, eu acredito.

Talvez não tenha feito a diferença para a escola. Mas, para alguns estudantes sim. A minha parte, estou fazendo.

Rodrigo Ciríaco

segunda-feira, abril 04, 2011

ERICA PEÇANHA NA BAHIA PRETA!




Terça feira (05/04)
Minicurso - Vozes marginais na literatura: relatos, desafios e possibilidades de pesquisa

Voltado para universitários e interessados em geral, o minicurso visa discutir a agenda que se instaura a partir da presença (e visibilidade) recente de sujeitos marginais e marginalizados na literatura, a partir de algumas experiências de pesquisa com escritores que atuam na periferia de São Paulo.

Conteúdo:

· Problematização em torno da expressão “literatura marginal”

· Literatura marginal no contexto contemporâneo

· O caso dos escritores da periferia: relatos de duas experiências de pesquisa

· Desdobramentos da literatura marginal, para além do campo literário

· Os marginais e a literatura: desafios e potencialidades de reflexão


Local: Universidade Católica de Salvador – Lapa
Horário: das 14h às 17h
Promoção: Blackitude / C.A. Prof. Petrônio Oliveira
Parcerias: Projeto Rasuras (UFBA) / Projeto Teafro (UNEB- Alagoinhas) / BIML-PROLER.BA / CA de Letras UCSal

Mesa redonda - Lançamento 2
. Comunicação “Vozes Marginais na Literatura”
Silvio Roberto Oliveira (UNEB), Nelson Maca (UCsal)
José Henrique (UFBA)
. Bate papo com a antropóloga Érica Peçanha do Nascimento
- Participação poética:
Nelson Maca & Robson Veio (Sarau Bem Black);
Luiza Gata e Lucinha Black Power (Sarau Bem Legal)

Local: Biblioteca Infantil Monteiro Lobato - Nazaré
Horário: das 19 às 21:30h
Promoção: Blackitude
Parcerias: Projeto Rasuras (UFBA) / Projeto Teafro (UNEB- Alagoinhas) / BIML-PROLER.BA / CA de Letras UCSal


Quarta feira (06/04)
Tarde: visita*
Participação poética:
Nelson Maca & Lázaro Erê (Sarau Bem Black)

Local: CRIA – Pelourinho
Horário: das 14h às 16h
Promoção: Blackitude
Parceria: CRIA - Centro de Referência Integral do Adolescente

*Ainda não confirmado!


Noite: Sarau Bem Black – Lançamento 3

. Apresentação do livro “Vozes Marginais na Literatura”
e auto-apresentação de Érica Peçanha do Nascimento

Local: Sankofa African Bar Pelourinho
Horário: das 19 às 22:30h
Promoção: Blackitude & Sankofa African Bar
Parcerias: Projeto Rasuras (UFBA) / Projeto Teafro (UNEB- Alagoinhas) / BIML-PROLER.BA / CA de Letras UCSal

Sobre o livro:

Publicada pela editora Aeroplano como título da Coleção Trama Urbanas, Vozes marginais na literatura é a versão ampliada de uma pesquisa de mestrado que tem o mérito de ser o primeiro registro acadêmico da cena literária que se estabeleceu nas periferias paulistanas. O livro toma como mote a atribuição do adjetivo marginal, por parte de alguns escritores da periferia, para caracterizar a si ou aos seus produtos literários no limiar do século XXI, a partir da publicação dos três números das revistas Caros Amigos/Literatura Marginal. No centro da análise estão as trajetórias, obras e atuações culturais de três dos autores: Ferréz, Sérgio Vaz e Sacolinha (Ademiro Alves).

Érica Peçanha aborda antropologicamente o tema. Investiga as acepções do adjetivo marginal. E avança. O que é literatura marginal? Como os autores periféricos estudados constroem sua atuação político-cultural? É possível falar em cultura da periferia? As respostas a essas e outras questões certamente ajudam a decodificar hoje as vozes que muitos só irão ouvir e, talvez, compreender no futuro.


OUTRAS INFORMAÇÕES:

www.gramaticadaira.bloogspot.com

domingo, abril 03, 2011

SARAU DOS MESQUITEIROS - ABRIL


Anote na Agenda:

Sábado, 30 de ABRIL
das 18hs as 20:30hs

...música-dança-grafite-teatro
mesa-de-pintura-pra-molecada
microfone aberto pra poesia

ATIVIDADES ESPECIAIS:
- BRASIL, Outros 500
- Dia Mundial do Livro

tudo na faixa!
(menos os comes e bebes, é claro!)

Na EE Jornalista Francisco Mesquita
Rua Venceslau Guimarães, 581
Jd. Verônia - Erm. Matarazzo

Compareça, divulgue!


SOBRE O SARAU dos MESQUITEIROS

O Sarau dos Mesquiteiros é o primeiro - e único - sarau que acontece regularmente dentro de uma escola pública na periferia de São Paulo. Realizado periodicamente todo último sábado de cada mês, há quase um ano foi aberto a comunidade do Jd. Verônia (Ermelino Matarazzzo - Zona Leste) e é uma extensão do projeto Literatura (é) Possível, coordenado pelo educador e escritor Rodrigo Ciríaco e que há cinco anos é desenvolvido na Escola Estadual Jornalista Francisco Mesquita.

Dentre as atividades organizadas pelo projeto além do Sarau, estão os Encontros Literários, Oficinas Lítero-Teatrais, apresentação de esquetes e espetáculos elaboradas a partir de adaptações de contos e poemas de autores periféricos, além de palestras, exposições e a produção de fanzines.

Os Mesquiteiros é o nome do coletivo responsável pelo desenvolvimento de todas estas atividades. Formado por jovens e adolescentes residentes no bairro, demonstra na prática, nas palavras e na teoria a articulação política e ativismo cultural existente na quebrada, que vai além da simples contestação e do reclamar, mas apresenta ações concretas de transformação, mostrando que nós somos possíveis.

Re-existência. Política, cultural e social. Hoje e sempre!

Os Mesquiteiros - Literatura (é) Possível

sexta-feira, abril 01, 2011

XEQUE-MATE!

Xeque.

Por esta semana, estive revendo muitas questões na minha vida. Principalmente ao que se refere ao meu futuro profissional.

Gosto do que faço. Faço por amor, quase que uma devoção. Há poucos prazeres físicos e emocionais tão intensos quanto estar dentro de uma sala de aula, dialogando com jovens e adolescentes. Trocando idéias, histórias, experiências. Aprendendo e conhecendo cada vez mais o significado da palavra vida. Com certeza, adoro o que eu faço.

Gosto muito mais ainda do local que trabalho: a escola pública estadual. Gosto por estar ali por opção política, ideologia, militância. Por acreditar num lugar que muitos preferem ignorar quando mais esquecer: que ali há desejos, possibilidades. Basta apenas insistência e oportunidades.

Xeque.

Mas o que tem afetado – e muito – o meu humor estes dias tem a ver com a questão da valorização do professor. Do respeito a este profissional. E somos muito desrespeitados, todos os dias. Tendo que trabalhar horas intermináveis, sem momentos adequados de descanso. Sem tempo para sentar e estudar, preparar as aulas, propor soluções para problemas que se apresentam. Transformar.

E o que é o professor se ele não consegue transformar o mundo em que ele vive?

E além de tudo isso, algo que tem me pego no estômago é a questão do salário. Da remuneração.

Não, não estou passando fome. Não se trata disso. Mas dificuldades. Conta no banco no vermelho, condomínio atrasado; dívidas acumulando e por aí vai. E tive a doce ilusão de que, nesta semana, receberia uma “bonificação” da Secretaria de Educação pelos serviços prestados. O pagamento do bônus. E daí que fiquei de queixo caído. Não recebi nada.

Fiquei mais revoltado ainda por ver colegas receberem R$ 500,00, R$ 1.000,00, R$ 2.500,00, R$ 4.000,00. Até quase R$ 8.000,00. Na mesma escola. E eu, nada.

Que fique bem claro: não acho que não mereçam. Até porque o Estado paga tão mal, mas tão mal, que se estes valores fossem divididos por 12, que é o número de meses do ano, não daria muita coisa de reajuste, para algumas pessoas. Mas é algo.

E eu, que sou tão professor quanto qualquer outro, trabalho, me ralo, me esforço, como qualquer outro na escola, acredito que, se um tem direito, todos temos.

Mas não é assim que as coisas acontecessem.

O resultado é que fiquei muito desmotivado. Abatido. Mesmo. Revoltado. Não fui trabalhar quarta-feira em protesto. Fui ontem a base de muito esforço. Não fui hoje por não me sentir em condições. Por não achar que vale a pena.

Até porque, estando a flor da pele como estou, com a raiva dentro do peito que eu tenho, estaria descontando muitas vezes nos meus alunos. E eles não tem culpa de nada. Na verdade, são tão vítimas quanto eu. Por estarem submetidos a essa política criminosa e vergonhosa adotada pelo Estado de São Paulo, que não respeita um dos pilares do desenvolvimento de qualquer país: a educação, seus profissionais e beneficiários.

Estou com ojeriza deste Estado. Ódio mortal. Vontade de chutar tudo pro alto e recomeçar. Fazer outra coisa. Pois opções não me faltam. Pode acreditar. No começo deste ano recebi uma proposta para trabalhar em uma escola particular. Ganhar R$ 5.000,00 reais por mês. Não fui. Pois teria que deixar o Estado e o grupo de teatro. Recusei.

E se até hoje suporto o que suporto, permaneço do front da sala de aula, o motivo é o que expus no início. Tenho paixão pelo que faço. E não apenas pelo que faço, por onde eu faço. Pois talvez eu não fosse tão feliz se o fizesse em outro lugar. Mas está cansando. Principalmente quando se vê as contas acumulando, você pagando altos juros pra banco, tendo que pensar duas, três vezes antes de gastar um qualquer. E o Estado te desvalorizando. Rindo na sua cara, qual uma hiena descontrolada. E você sentindo-se impotente. Sem possibilidade de fazer nada

Estou revendo meus conceitos. O que vou fazer. Até porque eu sou uma pessoa simples, não quero acumular riquezas materiais, carros do ano. Não sou fissurado em comprar roupas caras, gastar grana em baladas. Não preciso de muito para viver. Mas quero viver com dignidade. Ter uma casa pra morar. Grana pra me alimentar. Um qualquer, vez em quando pra viajar. E livros. Possibilidade de poder comprar meu livros.

Pois sem esse mínimo eu não existo. Não de uma maneira saudável e feliz. E estou cansado de ser esculachado por um Governo que não valoriza o que faço. Não traz reconhecimento.

E sabe: não sou o único que tem esse sentimento.

Xeque-mate!