sexta-feira, janeiro 30, 2009

AOS POVOS DA AMAZÔNIA - FSM 2009


OUTROS 500

O que chamam de descobrimento
Eu dou por invasão
O que chamam de conquista
Eu dou por destruição
O que chamam de encontro
Eu dou por extermínio
O que chamam de civilização
Eu dou por latrocínio
O que chamam de religião
Eu dou por uma desculpa
E o que chamam de tragédia
Eu dou por nossas vidas

quinta-feira, janeiro 29, 2009

VOLTA AS AULAS? TE PEGO LÁ FORA!


Te Pego Lá Fora é treze. O 13º título publicado pelas Edições Toró, o primeiro só de contos e o primeiro livro de autoria de Rodrigo Ciríaco, professor de História da rede pública estadual de ensino na Zona Leste, em São Paulo e integrante da Cooperifa (Cooperativa Cultural da Periferia). O livro conta com 25 contos que transpassam histórias de uma gente vivida e sofrida que ainda está nos bancos de classe da primeira série ou ainda não aprendeu a ler, na oitava.

Escritos de vingança, dor e justiça de alguém que não aceita perder alunos para o tráfico e para a miséria, ver o preconceito camuflado para baixo de carteiras e nem abaixa a cabeça para burocratas incompetentes e sistemas educacionais falidos. Contra tudo isto, usa a sua principal arma: a caneta.

Textos ficcionais baseados em fatos reais. Um recorte da nossa deseducação, ilustrado com o trampo de Yili Rojas, apresentação de Sérgio Vaz e um pequeno caderno de fotos das entranhas do ensino. Diário de Escola com leituras proibidas para educastradores.


Te Pego Lá Fora
Rodrigo Ciríaco, Edições Toró, 2008
R$ 15,00 (Quinze reais)

ATENÇÃO: APENAS neste mês de Fevereiro/09,
não será cobrada taxa de envio para aqueles que adquirirem o livro.

Compre já o seu!

quarta-feira, janeiro 28, 2009

INDICAÇÕES: EFEITO COLATERAL

car@s,

há tempos venho querendo organizar uma relação de filmes e livros favoritos. mais do que uma "dica orkutiana", estava tentando organizá-los com fins didáticos, pedagógicos. queria visualizar a relação de bons filmes que já havia assistido e que, num momento ou outro, poderia trabalhar com os alunos ou em outros espaços.

pois bem, a relação saiu neste final de semana e, como gosto de compartilhar coisas boas com as pessoas, coloquei a mesma aqui no blog. assim podemos trocar fichinhas: vocês podem dar uma olhada nos filmes e livros que assisti e li, assistí-los e lê-los caso não conheçam (RECOMENDO TODOS QUE ESTÃO NA LISTA, aliás, só coloquei os que recomendo) e melhor, você pode ajudar a aumentar a lista fazendo algumas indicações também.

achei a lista boa. nos filmes, apesar de predominar produções estadunidenses - fruto do imperialismo cultural dos USA - há indicações de muitos filmes e documentários nacionais, franceses, alemães, argentinos, espanhóis entre outros. e nos livros, vários sobre literatura, poesia (os "crássicos", os jurássicos e os da literatura periférica/marginal), além de títulos sobre educação e história.

fiquei satisfeito ao fazer a lista. as vezes não damos conta da bagagem cultural que vamos construindo ao longo de nossa vida; tá aí, uma parte dela.

e antes que perguntem: sim, só estou recomendando filmes e livros que já assisti ou li, ok?

no mais, prepare a sua pipoca e guaraná, chuva e sofá (ou outras boas combinações) e vá ver um filme, ler um lirvro, certo?

r.c.

terça-feira, janeiro 27, 2009

HOMENAGEM


O Bruno é um dos meus alunos/poetas/escritores que conheci pelas andanças na escola, nos saraus e atividades literárias que lá desenvolvo. Menino de ouro, super-aplicado, que lê muito e escreve também - inclusive eu já escrevi e publiquei aqui um conto em sua homenagem. Abaixo o poema que eu recebi, também como homenagem dele.

Obrigado, Bruno. Sem palavras. Ou melhor, com todas elas.


UMA HISTÓRIA NO MESQUITA
No começo eu não pensei em como seria recebido.
No começo eu não pensei em como minha vida ia mudar.
E mudar em muito.
Eu comecei com insegurança.
A inocência de uma criança.
Eu nem pensava em ter tantos amigos.
Mas graças a Deus eu tive poucos inimigos.
Eu não queria ser diferente.
Mas uma pessoa me mostrou que sou mais gente.
Eu conheci grandes poetas e escritores.
Já li romances e humores.
Tento mostrar o melhor de mim.
Mas me dei pouco e ganhei muito.
Já vi muita gente chora e muita gente sorrir.
Já vi gente chegar ao alto e muita gente cair.
Quantas vezes me apaixonei.
Quantas vezes eu já não quis ir já não quis aceitar.
Eu vou contando minha historia.
Recontando a minha gloria.
Eu sou apenas uma criança.
Mas tenho fé e esperança.
Eu não penso em desistir.
O que penso é em conseguir.
Já fiz poemas de igualdade.
Outros de desigualdade.
Não tenho muitos sonhos realizados.
Tao pouco realizamentos sonhados.
Eu pensava em ser alguem.
Mas hoje não quero ser ninguém.
Eu já percebi que não conseguirei ser tudo.
Mas percebi que muito menos serei o nada.
Nunca me apeguei tanto.
Nunca sorri tanto.
Nunca desisti.
Embora quase me fizessem fazer isso.
Me sinto tao forte.
Mas também me senti fraco precisando de ajuda .
Muita gente me acolheu.
Mas também muita gente precisou da minha acolhida.
Eu sofri.
Me dei muito.
Chorei bastante.
Senti falta.
Abracei menos.
Me mostrei muito.
Me fortaleci pouco.
Me ajudei menos ainda.
Não tive coragem de me enfrentar.
Tive medo de mim.
Sofri calado.
Morri desalmado precisei de um abraço.
Mas recusei o que eu recebi.
Me senti solitário.
Me senti muito acompanhado.
Apenas pelo destino.
Me julguei muito.
E muito julguei.
Me faltou palavras.
Me faltou pontapés.
Não tive respeito.
Não mereci respeito.
Me perguntei porque?
Mesmo sabendo que nem pra isso eu tinha resposta.
Não percebi o que eu estava causando.
Mas sofri muito com o que me causaram.
As vezes pensei que não valeu a pena.
Mas outras eu percebi faz parte da minha vida.
Não posso ficar só.
Com tanta companhia.
Preciso de alguem.
Pra me falar.
Pra me mostrar.
Pra me realizar.
Preciso de você.
E só uma coisa eu digo.
Você é eterno.
Eu faço parte de você.
Do mesmo jeito que você faz parte de mim.

segunda-feira, janeiro 26, 2009

BRUXINHA* - NOVO CONTO


*Aos que foram: os oito da Candelária,
Os sete da chacina do Centro de São Paulo,
em Agosto de 2004.
Aos que foram nos outros dias,
À Bruxinha
E aos que ficam

Foi ali, meu fío. Foi naquela esqui’nali, do Centro de São Paulo, veja só, imagine! Na Praça do Correio, atropelarô a Bruxinha. Póde? Esmagarô o osso da cabeça, do peito, dos braço da coitadinha. Um ônibus assim ó: zoom! Acelerado. Um motorista apressado, veio subindo com roda, com raiva, com vontade, com tudo na calçada. Passano primeira as dianteira, depois as traseira e fez: tum! Aquele baque seco no meu peito, aquela queimação. Todo mundo parânu, as cara se horrorizanu, eu gritanu “Acode. Acode!”, mai ninguém ajudava, ninguém acudia a Bruxinha. Ela ficô foi sozinha, s’estribuchano, berrando suas última energia. Pió foi o cobradô, qui na hora botô a cara pra fora, olhô, falô: “- Pode ir, Zé. Foi nada não. Podi ir que era só uma cadela vadia”. É mole? Ele disse, eu ouvi: “- Era só uma cadela vadia.”

Não era isso não. Fazia cinco anos que ali ela vivia. Parada, pensativa, enfeitiçando a gente com as história, com as palavra. Pra maioria não cherava nem fidia, mas a gente dela gostava. Pra gente, pode iscrevê seu moço, era muito boa essa menina! Tinha seus setenta anos, bem da verdade, mas quando eu lembro daquele zóio se abrilhando na fogueira da noite escura, daquele sorriso lustrando os meus dias de chuva, eu só via era a menina. Não merecia isso não. Ser tratada como um trapo, como um bagaço fora do saco, sem consideração. Merecia?

E olhi, não foi a primeira. É como diz um meninote, que vive cantando aqui com a gente umas música com batidão forte: “O ser humano é descartável no Brasil. Feito modess usado, bombril.” Cê mi disculpe o palavreado, mas é assim mêmo. Quantos amigo que eu já não perdi nessas madrugada, com ou sem sereno? Joaquim, Pistolinha, Zélão. Dona Chica, Seu Madruga, Betão. Zé-da-pá, Maria, Manoel, Seu Augusto. De verdade, minha alma até sangra só de lembra de quem já foi. Imagina que a gente dorme e não sabe se vai acordá depois? Se vai vim algum covarde pra nus fazê barbaridade? Chegá na calada da noite pensando nas maldade? Numa paulada bem dada, num paralelepípedo jogado na cabeça só pra vê a miolada espalhada. É, tem uns que ateá fogo no lençol, nos colchão. Botá veneno e distribui as quentinha, pode acreditá, tem gente ruim nesse mundão. Já dizia o meu Jesus Cristo: “Não matarás, amarás teu próximo como a ti mesmo”. Mas ninguém escuta mais isso. Gente desajuizada do coração, qué matá só pra vê fazê careta durante o serviço. Acredita? Quando tem mais respeito, algum remorço guardado no peito, ainda chega, mete logo dois, três, tiro. É rápido, limpo, assunto resolvido. Pra gente e p´ros polícia, que esclarece tudo os crime de morador de rua assim, dizendo que foi acerto. “Era droga, era pinga, foi acerto.”

Assim qui é, meu fíi. Foi assim que foi. Os homi-da-lei chegando depois. Não inquirindo ninguém, não querendo dar nome aos bois. Fôro recolhenu o que tava restando da Bruxinha. Juntando os caco, jogando um balde d’água, um saco de pó de serra no chão. Fazendo com maior desgosto a sua profissão, com cara de pensando: é uma a menos. Doeu, meu fio, doeu. Porque ao contrário do que disse o cobradô, Bruxinha não era uma cadela não. Num tinha uma casa, num tinha posses, num tinha família, mas tinha um R.G. Crê meu fíi, acredita no que essa véia tá falando pr’ocê. Ela tinha R.G. Tinha número, data de nascimento, tinha nome de mãe. Tinha ela um nome: Dona Sebastiana. Esse era o verdadeiro nome da Bruxinha, minha amiga. Sebastiana, uma dama. Eu jamais vô misquecê.

terça-feira, janeiro 20, 2009

CONVITE - PROJETO SEMENTES


mais informações, acesse:

CONVITE- MEMORIAL DA RESISTÊNCIA

Car@s amig@s e companheir@s

No próximo dia 24 de janeiro será inaugurado o Memorial da Resistência, objeto de muita luta e insistência dos ex-presos políticos de São Paulo. Não será uma simples reinauguração do mesmo espaço, mas a instalação pública de um projeto museólogo criativo e marcante do período de ditaduras em nosso país.

O velho prédio do Largo General Osório, que foi sede de estação ferroviária e do antigo DEOPS/SP, passou por uma cruel descaracterização. Foram destruídas duas celas e o Fundão (antigas celas fortes solitárias), todo o espaço recebeu pinturas modernosas, foram destruídos os infectos banheiros e rasparam as paredes onde estavam inscrições feitas por gerações de presos políticos das várias ditaduras e períodos de repressão do movimento operário e popular do Brasil.

Com um toque de ironia, o lugar maquiado recebeu o nome de Memorial da Liberdade como forma de apagar a Resistência e a determinação de milhares de combatentes, que nunca aceitaram a opressão das classes dominantes e seus instrumentos ditatoriais.

Vários ex-presos políticos e pessoas sensíveis à História lutaram pela reconstituição daquele lugar como marco de lutas contra as ditaduras e começaram por exigir a mudança de nome para Memorial da Resistência, pois ali havia Resistência e nenhuma Liberdade.

O atual governo estadual aceitou a visão dos militantes do Fórum Permanente dos ex-Presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo e fez a mudança do nome e uma significativa reforma para devolver um aspecto semelhante ao que era originalmente. Foram instalados vários equipamentos audio-visuais que permitem ao visitante saber o que foi aquele lugar e as tantas barbaridades cometidas contra nosso povo e seus mais destacados militantes.

Uma das celas foi reconstituída para mostrar as condições de vida dos presos e, para não esconder as torturas e assassinatos cometidos pelos carrascos, os equipamentos mostram depoimentos de pessoas que por lá passaram.

Desde o ano passado o Fórum dos ex-Presos Políticos realiza no auditório daquele prédio palestras e debates para jovens e todas as pessoas interessadas. São os Sábados Resistentes, que reuniu uma média de 70 pessoas por evento.

A inauguração do novo Memorial da Resistência, marca o início de várias atividades que, ao longo do ano o Fórum vai desenvolver para marcar, entre outras datas:

- Os 30 anos da Lei da Anistia;
- Os 40 anos sem Marighella;
- Os 30 anos sem Santo Dias da Silva;
- Os 40 anos da morte do Almirante Negro, João Candido;
- Os 45 anos do Golpe de 1964;
- Os 40 anos da criação da infame OBAN.

Durante o ano todo vamos continuar lutando pela Memória, Justiça e Verdade, para que nunca mais se repitam os horrores da ditadura.

Ajude a divulgar esta mensagem e vamos todos nos encontrar para continuar nossa luta pela Verdade e relembrar que somos Pela Vida, Pela Paz: Tortura, Nunca Mais!

Data: dia 24 de janeiro de 2009
Hora:
11 horas
Local: Memorial da Resistência (Estação Pinacoteca - Largo General Osório, 66)
Estacionamento no local


O novo Memorial da Resistência quer mostrar que a Humanidade foi mais forte, derrotou a opressão, a tortura e a barbárie.

Mais importante que tudo é passar para as novas gerações a certeza de que vale a pena lutar por Liberdade, Justiça e por uma Sociedade Justa e Igualitária.

Contamos com sua presença e participação!

Raphael Martinelli, Maurice Politi e Ivan Seixas
Fórum Permanente dos ex-Presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo

segunda-feira, janeiro 19, 2009

COLABORE COM A REVISTA OCAS


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outras informações, acesse:

http://www.blogdaocas.blogspot.com/

DE VOLTA PRO FRONT

salve, povo.

estes dias o blog ficou sem atualização pois quinta-feira eu fui pra baixada. curtir um pouco do sol, curtir um pouco de tânia (domingo fizemos cinco(!) anos de namoro) e curtir um pouco mais dos últimos momentos da casinha onde ela estava morando. explico: ela recebeu uma nova proposta de emprego, num caps em guarulhos e, como não dará para conciliar os dois e em santos tava osso, ela está voltando para sampa/guarulhos.

logo mais, coloco atualizações de algumas coisas importantes que acontecerão por estes dias, semanas.

no mais, saúde, paz, coragem e resistência.

abraço,

r.c.

quinta-feira, janeiro 15, 2009

SOLIDARIEDADE AOS CICLISTAS


CICLISTAS VÃO FAZER DOIS ATOS EM PROTESTO À MORTE NO TRÂNSITO

para mais informações, acesse:
ou

NOITE DOS ANCESTRAIS

o que mais é possível para ser feito dentro de um Sarau? melhor ainda, o que mais é possível ser feito dentro do sarau da cooperifa? lembrando vagamente, já temos o Ajoelhaço, o Poesia no Ar, Prêmio, entre outros pequenos eventos que transformam e enriquecem quartafeiramente o cotidiano do sarau.

mas num desses lances irados de zagueiro, na qual São Pedro deu uma entrada dura em São Paulo, o mundo desabou na cidade. para se ter idéia, a caminho do Sarau, percorrendo mais de 50 (isso mesmo, cinquenta) quilômetros saindo do Cangaíba, atravessando as duas marginais - Tietê e Pinheiros - eu peguei chuva forte, de ponta a ponta. não conseguia ultrapassar os sessenta quilômetros por hora, na pista expressa. várias poças d'água fizeram o carro, por várias vezes, quase aquaplanar. e eu ali, tenso, com um olho no peixe (a pista) e outro no gato (o rio), que parecia não parar mais de crescer.

para ter idéia do que foi o estrago da entrada do Pedrão em Sampa, quando voltei para casa, as duas da madruga, estava praticamente um cenário de guerra aqui no Cambuci/Ipiranga: vários desvios, lama, árvores derrubadas; bombeiros e funcionários da CET trabalhando.

tudo isso para dar uma idéia do que foi ontem a noite de Sampa, e para falar do Sarau. porque quando eu subi a ladeira da Piraporinha, estava tudo escuro. tudo. só não estava breu por conta da lua, teimosa, que por inveja do sol insistia em iluminar a noite. cheguei ao sarau, estacionei o carro e fui.

tudo apagado. luz de velas. estávamos sem energ.... ops! sem energia não. quem estava lá estava com uma energia da porra. além da vela, dava para ver as almas brilhando, os sorrisos iluminando os espaço, abraços abrindo brilhos, brechas de luz, além dos flashs das máquinas, é claro.

e para quem achou que não ia ter sarau, ele começou assim, a luz de velas. um sarau de velas, sem microfone, sem tecnologia. como faziam nossos ancestrais africanos, indígenas: uma fogueira no centro, olhares atentos ao redor e o silêncio, em respeito a palavra. o silêncio.

ontem foi o sarau mais silencioso da qual eu já participei, em qualquer lugar. o mais. ouvia-se nitidamente o gotejar da chuva sobre a laje, o vento zunindo entre as folhas das árvores, e a palavra declamada dos poetas. só. ontem, o silêncio foi uma prece, foi canto, foi pura poesia.

ontem foi o sarau da noite de gaza. muito axé e muita luta para a família palestina. muito desejo de vivência, de resistência. muitos votos de paz, acrescidos de justiça, é claro.

com certeza, o sarau de ontem está entre os mais belos que eu já participei.

o que mais a cooperifa pode fazer?

não sei. mas Sérgião, com certeza o "sarau de velas" tem que estar dentro dos eventos oficiais da cooperifa. talvez como ontem, na abertura do ano do sarau. para mim, coincidências não existem. e o cara lá de cima já tinha deixado marcado na sua ocupada agenda mais este evento. e com certeza ele participou. senti várias vezes ele ali, declamando, dizendo: estou presente.

quarta-feira, janeiro 14, 2009

NO PASARÁN

*fotos do blog Brechó do Carioca
Um juiz me diz:
Minha casa não pode ser morada
Minha terra não me tem valentia
Ela foi vendida
Para grilos de uma gaveta
Ela foi tomada
Para os homens da lei
Do mais forte.
Um coronel re-fala:
A reintegração precisa ser cumprida
A posse está marcada
A ferro, fogo e brasa.
Eles enviam homens
Escopetas, chicotes e escudos
- nada me protege -
Gritos de luta
Querem antecipar o meu luto.
Não vão conseguir.
Suspiro e clamo para o céu
Uma água clara e salgada
Banha o meu rosto
A mensagem foi dada:
Resiste. Resiste,
Esta é tua terra,
Esta é tua serra, este é o teu chão.
Resiste.
Numa mão, seguro firme a minha espada
Enquanto lembro de Jorge
Enquanto sinto o bafo quente do dragão
Assoprando a minha nuca.
Repenso um dito de minha vó:
Resiste, mia fia
Faiz tempo, sabemos
O primeiro rabudo caído
Não será o último
Prepara-te!
Outros virão.
Resiste.
Fortaleço-me.
Noutra mão, suspiros de um pequeno coração
Pede proteção sobre meu braço. Ele baqueia.
Meu filho tem uma ano e alguns meses
Meu filho tem um desafio pela frente
Meu filho tem medo
Ele não quer perder a casa
Ele não quer perder a terra
Ele não quer perder a mãe
Ele não conhece - ainda -
A história de Jorge, sua espada
A determinação de Jorge
Contra o dragão.
Aperto-o contra o meu peito
Transmito o que resta de minha calma
O que sobra de minha exígua força num sussurro
Poderosa canção de ninar
Que se inicia dizendo:
"Mi hijo, no te preocupes
Ellos no pasan
Hoy, ellos no pasarán..."

PUNHETAGEM (EXTRA) ACADÊMICA

No dia 01 de dezembro de 2008, publiquei neste blog um texto chamado "Questões sobre Educação"(você pode lê-lo novamente acessando o "Receituário - Arquivo", localizado do lado direito), na qual eu falava sobre um pequeno incidente que tivera com um universitário, fazia algumas considerações sobre o mesmo e sobre os "universitários" - talvez um tanto generalista - e publicava uma entrevista feita comigo, sobre a Educação.

Estou retomando o assunto desta postagem pois, até hoje, nenhum outro assunto sobre a qual eu falei rendeu tanto pano para a manga - e olha que já publiquei um livro em que critiquei abertamente o sistema de ensino público estadual de São Paulo! Entre comentários feitos na própria postagens e emails recebidos na minha caixa pessoal, muitas pessoas escreveram: anônimos, conhecidos, universitários que trabalharam comigo ou me conheceram, amigos. Aliás, por conta deste texto, pelo dito e pelo não dito, criei certas inimizades, me afastei de alguns valorosos amigos.

Do escrito, me arrependo de duas coisas: 1) eu não deveria ter dito "universitários", de maneira generalista, mas devia ter usado antes, o termo "alguns universitários". Talvez isto tivesse aplacado a ira de algumas pessoas que sentiram-se ofendidas e, 2) deveria ter deixado mais claro que, dos assuntos abordados na entrevista, aquelas não eram idéias exclusivamente minhas, mas idéias compartilhadas de um grupo de amigos professores de escolas públicas que há mais de um ano (excluindo o tempo de universidade) se reuniam e dialogavam sobre as questões pertinentes à educação.

Do escrito, me arrependo apenas disto. Só isto.

Não voltaria atrás em nada do que falei, não voltaria atrás na publicação das idéias. Aquilo foi feito em um momento de indignação e, indignação esta que ainda persiste. Não contra a Acadameia apenas, contra a idéia do que é e para que serve a universidade, mas abertamente contra a postura de pessoas que ocupam este espaço, com a falta de compromisso com o Público, seja na questão do uso do dinheiro, seja na questão do trato com as pessoas.

Eu não tenho nada contra a Academia. Muito do que sou hoje, seja bom, seja ruim, deve-se a minha vivência dentro dela. Foi lá que cresci como homem, como ser humano, foi lá que formei-me dentro de uma profissão; foi lá que tive um crescimento no meu aprendizado e na minha militância política e ideológica e, mais importante de tudo, foi lá que conheci maravilhosas pessoas e fiz importantes amigos.

Mas a Academia, a Universidade existe, para mim e, salvo engano, quando foi criada, para ajudar a pensar a sociedade. Para ajudar a construir uma vida social mais justa, mais equilibrada. Criamos pensadores, pagamos com o nosso suado dinheiro para que eles reflitam, teorizem e nos retornem com algo prático, aplicável e sustentável em nosso dia-a-dia. A teoria que leva a prática, que retorna a teoria, que nos reconduz a prática, num eterno ciclo.

Acontece que, infelizmente, há muito tempo, em diversos setores desta Instituição, através do papel protagonizado por seus atores - reitores, docentes, discentes - isto não acontece. A Academia literalmente se fecha dentro dos seus muros, vai a estratosfera analisando as suas teorias, enquanto nós, meros mortais ficamos apenas se fudendo e sendo subjulgados a seres incapacitados de entender a sua complexa dinâmica de funcionamento. Isto eu não aceito, não admito.

Nunca me esqueço do ano de 2003, estava no meu quarto ano do curso de história da USP, na disciplina "História Oral", quando tinhamos de desenvolver um projeto de pesquisa. Por se tratar de um projeto de história oral, não iríamos trabalhar apenas com fontes documentais, mas com pessoas, seres humanos. Iríamos dialogar com elas, nos abrigar dentro de suas vidas, conhecer as suas histórias, conviver com elas durante um tempo. Tudo isto me parecia muito interessante, muito enriquecedor enquanto projeto de vida pessoal e projeto de pesquisa mas, uma pulga me coçava atrás da orelha: qual seria o meu retorno para esta pessoa, o que eu daria, em troca de enchição de saco, perguntas indiscretas e tempo trocado? O que eu acrescentaria ao meu "objeto" de estudo?

Levei tamanhas indignações a pessoa que orientava o meu trabalho e, lembro-me bem, fiquei embasbacado, com cara de tacho caído no chão, quando a pessoa, tranquilamente respondeu as minhas inquietações: "Nada. Não há nada o que fazer. Funciona assim."

Eu não aceitei. Por não achar moralmente correto, por não ver nisso o papel da Universidade dentro da sociedade. Fiz o meu trabalho, ficou muito bom por sinal, tirei um 8,5 e, durante muito tempo, matutei para responder a minha inquietação de como eu devolveria, como eu responderia as pessoas que tanto me ajudaram para a minha formação acadêmica, em especial nesta disciplina. E encontrei. O que fiz? Trabalhei.

O trabalho foi sobre pessoas em situação de rua. O meu "objeto" de estudo foi o Sr. Augusto, um dos vendedores da revista Ocas". E como retribuição militei durante três anos como voluntário do projeto, lutando pela causa das pessoas em situação de rua, sendo um pau-pra-qualquer-obra: varri o chão, fiz divulgação em albergues, cadastro e treinamento de novos vendedores nas ruas, fotógrafo, jornalista, cozinheiro, educador na "oficina de criação", diretor de projetos e, mais ainda, fiz amigos. Hoje, apesar de afastado, acompanho ativamente a discussão sobre a questão das leis envolvendo este setor da população, a violência - cada vez mais crescente contra ela -, o assistencialismo, o preconceito, o papel das ong's e por aí vai.

Acredito que o trabalho de três anos foi suficiente como "retorno" ao auxílio que eu tive do meu "objeto" de estudo. Acredito que eu paguei a minha dívida. E, acredito, ao contrário do conselho que havia recebido, que algum retorno é possível, sim. E necessário.

Quero voltar a estudar dentro da Universidade. Quero voltar a adentrar aqueles muros de concreto e de pensamento. Quero discutir com meus pares e ímpares. E quero, acima de tudo, respeito dos meus ex-e-futuros-colegas-universitários respeito e mais consideração no trato com as pessoas, inclusive com a minha. Pois eu não vou deixar de fazer as minhas observações, não vou deixar de falar, comentar e criticar, ainda que seja restrito apenas à este blog. Não vou deixar de cobrar o papel da Universidade, e mais: não apenas da Instituição em si, pois ela é apenas um prédio com portas, janelas, cadeiras, carteiras e muito livros dentro. A minha cobrança incindirá sobre as pessoas que a movem e a movimentam.

Voltando ao assunto daqueles que ficaram incomodados com as minhas críticas, vou relatar um episódio. Certa vez, nos idos finais do ano de 2005, na Casa de Oração do Povo da Rua, o diretor Sérgio Bianchi apresentou o filme "Quanto vale ou é por quilo?", na qual faz uma crítica aguda e visceral contra as Ong´s. Ele estava presente na exibição e, ao final, abriu espaços para comentários, críticas sobre o filme. Eu, na época, voluntário da revista Ocas" (uma ong) e educador social do Travessia - que desenvolve projetos de educação com crianças em situação de rua - (uma outra ong), fiquei indignado com aquelas críticas. Achei o filme generalista demais e - pensava - não retratava ou distorcia o papel que as Ong's tinham e sua importância dentro da sociedade. Pior: desmerecia o papel das pessoas (quase "santos") que trabalhavam nas ong's. Relatei esse sentimento, misto de indignação, ao Sérgio, que me respondeu:

- Se você não se identifica com eles, não se sinta ofendido.

Pois bem, digo mesmo aos universitários que ficaram ofendidos: se você não se identifica com a crítica, não se sinta ofendido, nem por ser um universitário.

Nem todo mundo mundo é perfeito.

Nem eu!

Rodrigo Ciríaco

terça-feira, janeiro 13, 2009

LAMENTÁVEL E (TAMBÉM) INACEITÁVEL

Mapa da distribuição da Cólera pelo Mundo. Detalhe: doença afeta apenas os "países em desenvolvimento"

Mortes por cólera no Zimbábue ultrapassam 2 mil, diz OMS
Por Nelson Banya
HARARE (Reuters) - A epidemia de cólera no Zimbábue matou mais de 2 mil pessoas e infectou quase 40 mil, informou a Organização Mundial de Saúde (OMS) na terça-feira.

A epidemia agrava a crise humanitária no país, onde o presidente Robert Mugabe e a oposição vivem um impasse sobre um acordo de compartilhamento de poder, e o líder veterano resiste aos pedidos do Ocidente para que deixe o poder.
Uma atualização com data de 12 de janeiro indicou que 2.024 pessoas morreram de cólera, de um total de 39.806 casos.

A doença, que causa diarréia severa e desidratação, disseminou-se por todas as 10 províncias do Zimbábue em razão do colapso dos sistemas de saúde e de saneamento básico. A OMS diz que 89 por cento dos 62 distritos do país foram afetados.
O governo do Zimbábue advertiu que a epidemia poderia se agravar na época das chuvas, cujo auge ocorre em janeiro ou fevereiro e acaba no fim de março. As enchentes, que em geral atingem as áreas mais baixas do país, são capazes de aumentar a disseminação da doença.
A cólera também se espalhou para vizinhos do Zimbábue, com ao menos 13 mortes e 1.419 casos registrados na África do Sul.
Botsuana, Moçambique e Zâmbia também registraram casos da doença.
O grupo Médicos para os Direitos Humanos, com sede nos Estados Unidos, pediu que o governo do Zimbábue entregue o controle dos serviços de saúde, fornecimento de água, saneamento e vigilância epidemiológica para uma agência designada pela Organização das Nações Unidas (ONU) a fim de tentar abrandar a crise.
O grupo disse que o Conselho de Segurança da ONU deveria emitir uma resolução citando a crise no Zimbábue para que ela seja investigada pela Corte Criminal Internacional.
Milhões de zimbabuanos têm fugido para países vizinhos à medida que a crise se agrava, em busca de trabalho, melhores condições de vida e, mais recentemente, tratamento médico.


Sobre o Zimbábue, breve pesquisa:
"O país apresenta a maior taxa de inflação do planeta. Em fevereiro de 2007 foi registrada uma inflação anualizada de aproximadamente 1730%. Dados governamentais de junho de 2007 já apontam uma inflação de 4500%, embora especialistas afirmem que ela já chegou a aproximadamente 100000%. Em julho de 2008 a inflação oficial chegou a 2.200.000% ao ano, mas estatísticas extra-oficiais indicam uma inflação real de 9.000.000% ao ano[1].

A hiperinflação vem destruindo a economia do país, arrasando com o setor produtivo. Uma medida governamental congelou os preços, causando desabastecimento, fortalecimento do mercado negro e prisão de comerciantes contrários à medida[2].

A economia do Zimbábwe, que já foi um dos países mais prósperos da África meridional, encontra-se imerso desde 2000 em uma profunda crise, além da hiperinflação, há um alto índice de desemprego, pobreza e uma crônica escassez de combustíveis, alimentos e moedas estrangeiras."

STOP THE WAR


Enquanto o mundo tapa
As bombas com peneira
Não há gaze que estanque
O sangue da estreita
Faixa de Gaza

segunda-feira, janeiro 12, 2009

ALGUMAS NOTÍCIAS

observando a movimentação deste blog, as pessoas conseguem ter uma breve noção do que estou fazendo por estes dias: nada. absolutamente nada. ou melhor, nada é algo muito generalista, não diz muita coisa, não diz a real. quando digo "não estou fazendo nada", traduza-se, não estou fazendo nada ligado ao trabalho, ao meu emprego. ou talvez esteja. fato é que por estes dias estou descansando, lendo, assistindo filmes, tocando um violão. estas coisas que só me fazem bem.

passo por aqui quase todos os dias. leio as notícias, atualizo-me nos blogs e, vou-me embora para algum lugar que não é pasargada - se soubesse onde fica, lá estaria junto ao Bandeira. não estou postando nada por falta de assunto, por falta de escrita. estou num processo de reclusão voluntária, na qual estou desvelando algumas coisas íntimas, profundas do meu ser. estas viagens são um tanto quanto difíceis, um tanto quanto chatas, mas fecundas pois sempre voltamos modificados delas. se bem que as transformações nem sempre são para melhor.

há tempos não produzo nada, literariamente falando. e sinto falta. sinto falta de ter algo a dizer, sinto falta de ter algo a escrever, algo importante para falar, algo que transforme a vida, nem que seja apenas a minha. é que a minha escrita sempre foi muito baseada mais no meu emocional do que no imaginário, mais na raiva do que na criação. claro que a criação é fundamental mas, o pontapé inicial sempre foi a raiva, a dor aguda no estômago, a falta de ar. a partir daí, tudo surgia, tudo se transformava. mas nestes dias de marasmo interior - "socorro, não estou sentindo nada..." como produzir, como criar, como escrever?

estou lendo bastante. algumas coisinhas aqui de João Antônio, outras acolá de Plínio Marcos. textos muito importantes de Affonso Romano de Sant'Anna (não conhece? putz, tá perdendo muita coisa boa cara). tudo isso para me ajudar a escrever mas também para aliviar-me. se desejo ser um bom escritor, antes de tudo preciso ser um excelente leitor. para mim isso é básico.

ah, sobre a suposta "crise" de produção, ela ficou mais sossegada depois de descobrir que João Antônio ficou doze anos (12 anos!) sem publicar nada depois do lançamento do seu primeiro livro, Malagueta, Perus e Bacanaço. não quero ficar tanto tempo sem publicar uma obra mas saber que um escritor do quilate de João pode ficar tanto tempo assim, sem publicar nada, e quando o faz, faz coisas maravilhosas (como o é o Leão-de-Chácara, seu segundo livro) dá um alívio danado.

pois bem, pra fechar, vou publicar algumas coisinhas que julgo muito importante - para mim e para quem quer ser poeta, ou escritor, ou os dois, se for capaz - e cabem ser publicadas neste humilde blog. todas são super-importantes e, antes de se excluirem, se complementam:

"entendo que poesia é negócio de grande responsabilidade, e não considero honesto rotular-se de poeta quem apenas verseje por dor-de-cotovelo, falta de dinheiro ou momentânea tomada de contato com as forças líricas do mundo, sem se entregar aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e mesmo da ação. até os poetas se armam, e um poeta desarmado é, mesmo, um ser à mercê de inspirações fáceis, dócil às modas e compromissos." (CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)

"se um atleta trabalha seus músculos diariamente, se um laboratorista fica atento diante do microscópio, se um piloto tem que acompanhar e manipular instrumentos de navegação, por que a poesia não exigiria contínuo trabalho e observação?" (AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA)

"Até diria que uma coisa é estar artista e outra é ser artista. Pode uma pessoa numa determinada circunstância ou período de sua vida, eventualmente, estar em condições tais que suas emoções se precipitem em determinadas formas de expressão. É como se tivesse se conectado com forças e energias que a ultrapassam e a resgatam. Mas uma coisa é a capacidade de fazer algo razoavelmente bem feito num determinado instante. Outra é comprometer-se com um projeto onde vida-e-obra se confundem. É como se tivéssemos achado umas pepitas de ouro na superfície de um terreno. Mas a riqueza está no fundo e exige paciência, técnica e aprofundamento. E é aqui que muitos embatucam, porque achavam que bastava balançar a árvore dourada e os frutos cairiam aos seus pés de Midas. Ao contrário, daqui para frente é que o desafio vai começar. Agora é que há que atravessar o deserto por quarenta anos e cultivá-lo “como um pomar às avessas”. É como se alguém tivesse as ferramentas, alguns tijolos e pedras: resta uma construção por fazer. Cadê o projeto? E a construção é aquilo que se constrói enquanto se constrói. Sendo a obra de arte, segundo Joyce, uma obra-em-progresso, como diria o nosso Rosa, é travessia. Por isto, as pessoas que têm alguns dos atributos necessários para se tornarem artistas, num determinado instante encontram-se naquela situação que a antropologia chama de situações limites. Há um ritual a cumprir para se passar de um estágio a outro. Ultrapassar essa linha divisória entre o amadorismo e o profissionalismo, entre o episódico e o sistemático, entre o aleatório e um projeto estético-existencial, eis o desafio. E nisto, de novo, há uma pesada solidão. Solidão dificil de ser compartilhada. Tenho dito a algumas dessas pessoas que surpreendi na soleira desse rito de iniciação: agora depende de você. De você e de uma série de fatores aleatórios. Pois assim como o criador tem que cavar no escuro de si mesmo a sua pretensa riqueza, entrar no sistema literário e artístico é entrar numa selva escura. Talentos podem se perder, ou terem seu percurso mutilado, enquanto outros são espantosamente superestimados." (AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA)

"fui percebendo que só se pode fazer arte se for com pele, vísceras, arrebatando o interior. percebi também que eu tinha um tema - a malandragem (...) o homem precisa ter alguma grandeza, tem de ter um momento de Homem pelo menos. meu único medo é passar pelas coisas e não vê-las." (JOÃO ANTÔNIO)

quarta-feira, janeiro 07, 2009

CORAÇÃO DE MÃE

*foto retirada do blog do Poeta
A dor no peito
Não cabe na fala
Não cabe na vala
É como bala
Certeira em Matheus

Simplesmente mata!
Deixando o real no chão
O sonho na padaria
A face salgada
E o coração
Vazio