sábado, outubro 31, 2009

MINHAS LEITURAS - MAHATMA GANDHI

"Uma pessoa que acumula bens materiais ou morais, deve-o somente à ajuda dos outros membros da sociedade. Assim sendo, terá ele o direito moral de usar o acumulado primordialmente para seu proveito pessoal? Não, ele náo tem esse direito".

"Todo aquele que tem coisas das quais não precisa é um ladrão".

em GANDHI, Mohandas K. Autobiografia, Minha Vida e Minhas Experiências com a Verdade. Editora Palas Athenas, 5a. edição

A IMPORTÂNCIA DA ARTE NA PERIFERIA

começou ontem aqui em Sampa a Satyrianas, mostra de Teatro que também envolve música, cinema e otras cositas organizadas pela Cia dos Satyros, da praça Roosevelt. são 78 horas de atividades, em que o destaque são peças de boa qualidade que acabam por envolver os principais grupos teatrais que atuam na zona central da cidade. já participei em outros anos e recomendo - veja a programação completa aqui

e pensando sobre as Satyrianas, fiquei pensando sobre a importância da Mostra Cultural da Cooperifa. é que as vezes estamos dentro de algo e não temos o distanciamento necessário para ter uma visão crítica, mais ampla sobre o que produzimos. e não é porque estou dentro do movimento não, mas o que fazemos é algo não apenas inovador, mas provocante e (r)evolucionário.

uma semana de artes na periferia? quem ousaria?

gosto de participar de alguns movimentos, atividades que rolam aqui pelo Centro da cidade. princilpalmente aqueles que tem qualidade. mas isso já é algo banal, corriqueiro. sempre tem alguma coisa diferente por aqui. agora, na periferia não. o que vou dizer talvez seja algo comum, batido, então quem quiser, aviso: não leia. mas voltando, as periferias de são paulo são cidades dentro das cidades. não é a toa que são divididas em "zonas". e elas acabam tendo mais em comum com as regiões da "grande" são paulo - área metropolitana - do que com o núcleo central da cidade em si. porque assim como as áreas metropolitanas que ficam na "rebarba" da cidade aproveitam muita coisa aqui de sampa, atuam como cidades-dormitórios, a periferia acaba tendo esse papel, dentro da cidade. mas o pior: as riquezas produzidas pela cidade mais rica da américa latina não são distribuídas de maneira uniforme. todos ajudam a construir, mas na hora de dividir o bolo, ele fica no "centro".

chamei várias pessoas para irem até alguma atividade da II Mostra Cultural da Cooperifa. eles perguntavam, onde fica? dizia: Campo Limpo, Vila das Belezas, Chácara Santana. Zona Sul. eles respondiam - fora a questão de ser perigoso e tal: "ah, mas é muito longe". isso que são pessoas que tem transporte próprio - carro - ou então o dinheiro suficiente para pegar ônibus, metrô, trem, lotação ou até um táxi, se necessário. e eles diziam: - é longe. agora eu pergunto, se eles reconhecem que o caminho do centro pra periferia, pra ver uma atividade cultural, tendo dinheiro no bolso, é longe, e o caminho inverso, não é? porque imagina comigo: uma pessoa sair de campo limpo, jardim ângela, guaianazes, ermelino matarazzo, atravessar quase vinte kilômetros dentro da cidade, encarando ônibus, metrô, trem, pra assistir um espetáculo, uma peça, uma mostra de dança. um camarada que já não ganha muito bem, tem que gastar dinheiro com transporte, enfrentar duas horas de travessia, gastar dinheiro com entrada, um lanchinho - porque vai dar fome - e ainda encarar a volta, isso se ainda tiver transporte, porque o ABSURDO que existe numa das maiores cidades da América Latina é que o transporte público não é 24 horas - o vereadores, vâmo trabalhá -, e aí, dá pra tu.

agora, imagina se tivessemos mostras, semanas de arte como a que realizou a Cooperifa semanais. ou nem pedindo tanto, mostras mensais. em que a pessoa atravessasse a rua, andasse uma duas, três, cinco quadras que seja, e encontra-se uma exposição de arte, um show de música, uma peça de teatro, um sarau. e aí, será que faria uma diferença ou não? gente suficiente pra preencher essas mostras mensais teria, em todas as áreas. a periferia é um caldeirão cultural em ebulição. precisa apenas de alguém que ajude a a(s)cender este fogo.

dizem que o "povão" só gosta de porcaria, mas eu pergunto: só gostamos de porcaria ou a gente acaba comendo o que tem no prato?

a semana, a Mostra de Artes da Cooperifa é muito importante pra cidade de São Paulo. talvez como referência para o país. outras mostras precisam ser realizadas, da maneira como fazemos: sem esperar dos outros, parando de reclamar - não que reclamar não valha, mas senão fica apenas a choradeira - e botar a mão na massa. errando, fazendo cagadas, mas fazendo. é como disse o Poeta: "erramos porque amamos e fizemos. e só quem ama erra". tem que ser assim. e falar, de boca cheia: mostra de arte, semana cultural da Periferia. sem medo de dizer de onde somos. com orgulho de mostrar de onde estamos fazendo. porque sabemos que não é fácil viver, transformar, fazer. e temos que mostrar de onde viemos, até para o pessoal que está do lado de lá acredite que somos possíveis.

São Paulo é uma cidade cingida: socialmente, economicamente e, principalmente, geograficamente. as pessoas vão para o "centro" (centro aqui é mais do que um conceito geográfico, mas um conceito político) trabalham, camelam, enriquecem aquela região e voltam para as periferias, para dormir, para consumir o básico, para trazer o que sobra para estas regiões. acabamos como zonas esquecidas dentro desta cidade que, cotidianamente, ajudamos a construir, desenvolver e enriquecer. está mais do que na hora desse bolo ser melhor dividido.

enfim, pensamentos desconexos na manhã de um sábado.

r.c.

sexta-feira, outubro 30, 2009

O SHOW DAS NOSSAS VIDAS - GOG E ENCERRAMENTO II MOSTRA CULTURAL DA COOPERIFA



só pra avisar pra quem quiser bater de frente comigo: eu não tô sozinho. Cooperifa é minha casa, minha escola e, mais que isso: minha Família.

"O Amor venceu a Guerra..."

quinta-feira, outubro 29, 2009

SALVE JORGE!


a cabeça decepada do dragão ainda no chão retorcia quando jorge pegou uma bacia, mergulhou as duas mãos na água que ali havia e esfregou uma na outra. por entre os nós dos dedos, sob as unhas. retirou-as com cuidado, observou com atento olhar se não havia uma mancha vermelha que não houvesse escorrido para se lavar e jurou: seria a última vez que derramaria sangue. a guerra precisava de uma trégua. seu ódio de descanso. sua espada de uma bainha. e a sua alma de um pouco mais de espírito.

FRASE DA SEMANA

"Eu durmo pronto pra guerra e eu não era assim.
Eu tenho ódio e sei que é mal pra mim..."

é fato: a felicidade alheia incomoda muita gente!
e tem gente com apetite de maldade nesse mundo.

mas tudo bem. daqui a pouco eu reconheço a queda, não desanimo. levanto, sacudo a poeira e ainda rimo. não foi a primeira e, por enquanto, não será a última vez que isso acontece.

terça-feira, outubro 27, 2009

"SI VIS PACEM PARA BELLUM"

ou

se quer paz, prepara-te para a guerra.

p.s.: a frase não é minha. alguém disse aí - fonte não segura. mas depois de ficar de boa e ter sido provocado, ela caiu como algo confortável aos meus pensamentos desconexos.

II MOSTRA CULTURAL DA COOPERIFA - ALGUMAS PALAVRAS

a semana que se passou foi emoção pura. vivenciada em cada fio de cabelo, em cada cheiro, cada troca de olhar; cada célula de minha pele. na madrugada de segunda, o Poeta pediu algumas palavras minhas sobre a II Mostra. eu disse que, ali, não tinha nada pra dizer. que quando aprendesse a falar, diria. mas me incomodou. o silêncio não era a resposta que eu queria dar. mas ao mesmo tempo foi muita coisa junta pra eu poder resumir. nenhuma palavra seria suficiente para transmitir o que eu senti, vivi, passei por estes dias. de tanta energia boa, positiva. Poeta, o que eu posso dizer? sem demagogia: foram os melhores dias de minha vida. os melhores dias de minha vida.

alguém pode até pensar/dizer: então não foi nada. esse reclamão só leva uma vida de merda. mas não é isso não. estou feliz por estar ciente de que não estamos apenas no bonde da história. estamos literalmente - e literariamente - escrevendo-a. com sangue, suor e lágrimas, não apenas de dor, mas de alegria também. a periferia vive um momento de ebulição cultural. principalmente aqui na zona sul (zona show) de sampa, mais efetivamente. e só não vê, não participa quem não quer.

Poeta, em vários momentos destes dias eu pensei na morte. mas de uma maneira positiva, se é que isso é possível. eu pensava: "poxa, Deus podia me levar agora. agorinha. eu morreria feliz..." quem é que pode desejar um barato assim? talvez apenas eu, sem noção. mas era o Estado de Graça, tantas vezes dito pela Clarice (Lispector) que eu estava vivenciando. e não me importaria de partir em alguns daqueles momentos, principalmente se eles ficassem eternizados em mim. eu seria uma pessoa extremamente feliz.

valeu Família Cooperifa. vocês são pão, água e sonho. luz e sentido. força e mobilização. fico feliz por existir, ser contemporâneo deste movimento e, melhor: fazer parte dele.

nada vai nos derrubar. alguns, bem, bem próximos, podem até tentar. mas nóis enverga mais não quebra. nóis capota mais num breka.

"milianos tem sido assim... bom seria outra vez ouvir... zona sul zona show brasil... quem viu, viu... ouviu também..."

'hasta la victória, siempre!'

r.c.

p.s.: deu pau no meu computador, junto com as fotos. espero que eu não tenha perdido os arquivos, senão eu perderei muito mais do que fotos - talvez uns dois livros (!) não publicados. assim que tiver ok, publico por aqui. axé pra nóis.

quinta-feira, outubro 22, 2009

TUDOAOMESMOTEMPOAGORA

EstouNaIIMostraCulturaldaCooperifaTudoJuntoAcontecendoAoMesmoTempoAgoraQueEuNemToTendoEspaçoPraEscreverAquiNoBlogEsperoQueVocêsEntendamACorreriaEMePerdoemPrometoColocarBastanteInformaçãoImportanteQuandoReaparecerPorAquiInclusiveComUmasVáriasFotinhosAíEAtéMaisMermãoPorqueEuNãoTenhoMaisTempoNãoFui.

sexta-feira, outubro 16, 2009

"É NECESSÁRIO SEMPRE ACREDITAR QUE O SONHO É POSSÍVEL..."

ontem, quinta-feira, foi dia dos professores. e anteontem, quarta-feira, na Cooperifa, eu lembrei de uma frase do Sérgio Vaz, escrita na apresentação do meu livro: "Mas, hoje, como sorrir sobre ruínas?". porque eu estava pensando: o que há para celebrar neste dias dos professores?

até o momento eu não via muita coisa. ser professor, principalmente nos dias de hoje é difícil. e não apenas pela desvalorização, baixos salários, falta de apoio e estrutura, escolas abandonadas, etecetera que todo mundo já sabe. uma coisa que sempre doeu muito, para mim, é a questão da educação não apresentar resultados a curto prazo, digamos assim. por exemplo: se eu sou um mecânico e trabalho, eu quero ver o carro andando, consertado. se eu sou uma cozinheira, eu quero ver as pessoas se alimentando, felizes. e se você é professor, o que você quer ver?

eu gostaria de ver meus alunos crescerem, aprenderem, não apenas sobre a escola, mas sobre a vida. e serem um pouco mais felizes. e durante muito tempo eu não via isso. porque a gente trabalha, trabalha, trabalha e, vem aquela história: o resultado vem daqui há alguns anos, você vai ver. mas daqui há alguns anos é longe, e a espera cansa. cansa. mas ontem foi diferente. ontem foi um dos melhores dias da minha vida, principalmente vendo pelo lado profissional.

ontem foi dia dos professores, e eu trabalhei. reposição por conta da Gripe Suína. os alunos estiveram presentes na escola. manhã, tarde e noite. porque ontem eu trabalhei das oito da manhã até as oito da noite. oitavas de manhã, quintas a tarde, teatro de tarde pra noite. ralei, fiquei cansado pra caramba. nem ganhei presentes... mas ontem foi um dos melhores dias na escola.

porque eu pude perceber que meus alunos estão crescendo. estão aprendendo muitas, muitas coisas, não apenas sobre a escola. e estão ficando um pouco mais fortalecidos para aguentar os trancos desta vida tão dolorida - que é pra todos. e isso, pode-se dizer, deixa-os um pouco mais felizes. a mim, deixa muito.

primeiro foi de manhã, nas oitavas. era dia especial então, vamos ao sarau. fiz um sarau com eles - que diga-se de passagem, fazia tempos que não fazia - e convidei as Mesquiteiras (do teatro) pra fazer um esquenta. sentir a pressão de apresentar as cenas para um público "estranho" diferente. e foi muito bom. as meninas curtiram. e a galera das oitavas, idem.

depois, foi as quintas. na verdade, verdade seja dita, esse meu dia especial começou desde ontem. porque o sarau nas quintas séries foi ontem. em comemoração, no caso deles, não apenas ao dia do professor, mas a semana da Criança. e foi maravilhoso. a molecada participou em peso, deram risada, interpretaram e mostraram que, literatura, não é uma coisa chata. pode ser bem legal também. só que eles não sabiam...

e a cereja do bolo foi a tarde, o ensaio com os "Mesquiteiros". eu sou suspeito em dizer mas, esse meu teatro amador-mirim tá fazendo um trabalho profissional. muito empenho, dedicação, trabalho, verdade e emoção. muita emoção. porque agora, além dos textos de autores que escolhemos para a nossa peça, estamos trabalhando nossos textos (individuais) que serão integrados com outros. ou seja, estamos nos conhecendo um pouco mais, coçando as nossas feridas. e elas doem. muito. ontem foi uma sessão de choradeira total no final do ensaio, durante as leituras. um aluno até brincou comigo se no teatro rolava "sessão de espancamento". eu disse: só se for das coisas ruins. porque o que acaba acontecendo também é um trabalho terapêutico, respeito, troca, confiança, amizade. solidariedade. tudo isso eu vi no meu grupo de teatro ontem. e foi lindo. acompanhar como tudo isso aconteceu em apenas meses. ou melhor, alguns aninhos, já que estou há quatro anos na escola. mas foi lindo ver um pouco do resultado do trabalho.

no final, nos demos um forte abraço em todos, cantamos e fomos embora. eu flutuando, andando nas nuvens. parecia que não era real, que era um sonho. e era. um sonho que eu pude desejar, e agora viver, de olhos abertos.

"é necessário sempre acreditar que o sonho é possível..." (racionais)

é isso aí. muito trabalho, suor, sangue, lágrimas e vitórias. principalmente vitórias.

r.c.

MEU DIA DOS PROFESSORES, COM SARAU - FOTOS

Bruna, Ádala e Waleska - 5ªB

Tayná e Débora - 5ªB

Paloma e Larissa - 5ªB

Aimê e Amanda - 5ªB

Kaique - 5ªB

Alan - 5ªB

Lucas, Matheus e Flávio - 5ªA

Adilson - 5ªB

Keila e Pamela - 5ªA

Isabel - 5ªA

A Galera - 5ªA

Henrique - 5ªA

Será que elas tão prestando atenção? - 5ªA

Uél, uél, uél... Gabriel - 5ªA

As meninas se empolgando, de um lado...

ao outro da sala - 5ªA

Liliane (Mesquiteira) na 8ª C fazendo "Jorginho" (Sérgio Vaz)

Letícia e galera da 8ª C

Bruna e Vanessa (Mesquiteiros)

Bruna e Vanessa fazendo Linha do Tiro (Marcelino Freire)

Gabi, Jéssica, Vanessa e Gleice (Mesquiteiras) fazendo "De aqui de dentro da guerra" (Dinha)

Jéssica interpretando "Pratos Limpos" (conto meu)

Emerson - 8ª C

quarta-feira, outubro 14, 2009

TÁ CHEGANDO!!!



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A LITERATURA MARGINAL (PERIFÉRICA) NA ESCOLA
sábado, 17 de outubro, a partir das 14:00hs



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II MOSTRA CULTURAL DA COOPERIFA
de 19 à 25 de outubro


PROFISSÃO: PROFESSOR

ontem participei de uma palestra para 200(!) alunos dos cursos de Pedagogia e da Licenciatura em Geografia da FACCAMP - Faculdade Campo Limpo Paulista na cidade de mesmo nome, que fica... diria já no interior, próximo à Varzea e Jundiaí.

a faculdade está organizando a semana da educação e convidando alguns profissionais para falar sobre o ofício, prática pedagógica. eu fui um dos convidados. o tema da palestra foi "Profissão Professor: História, Luta e Esperança (?)" - o ponto de interrogação ficou por minha conta.

posso dizer que o debate foi, não diria polêmico, mas provocativo. foi principalmente baseado nas minhas experiências nestes quatro anos de ensino na rede pública. abordei, com demonstração de fotos, questões como estrutura, (des)organização do espaço, segurança, a falta de compromisso de nós, profissionais da educação para com o ensino e, claro, como a minha vida não é só desgraça, falei também dos projetos que já desenvolvi e desenvolvo: jornal, literatura, teatro.

muita gente se contorceu nas cadeiras com as minhas falas, leitura de alguns contos do livro, etc. alguns por conta de risos. outra por conta da raiva de mim ou de alguma provocação que fiz. tudo bem, não fui lá para agradar ninguém. meu objetivo era, além de expor a visão sobre a educação de uma pessoa que está dentro da máquina, não apenas vivenciando mas refletindo, demonstrar o quão é importante uma postura ética, compromissada e respeitosa dentro da escola. não que eu seja santo, mas quem conhece o meu trabalho sabe que eu busco arduamente seguir dentro desse caminho.

no mais, ao final vendi alguns livros, troquei idéias e fiquei com uma vontade de ampliar mais este trabalho de diálogo, debate, conversa, discussão com o pessoal da licenciatura. não que eu saiba de tudo, mas percebo que tenho um conhecimento da práxis pedagógica que faculdade nenhuma passa, discute. e eu gostaria de fazer mais isso.

no mais, quando eu receber fotos do evento, publico aqui.

abraço,

r.c.

AO MESTRE COM DESPREZO - PARA REFLEXÃO

RUY CASTRO, na Falha de S. Paulo - 13/10/09

RIO DE JANEIRO - Em março, um professor de história, filho de um amigo meu, foi desacatado em sala por três alunos num colégio em Moema, zona sul de São Paulo. O mestre deu queixa na diretoria. Esta apoiou os desordeiros. O professor pediu demissão e foi para casa, onde teve uma crise nervosa. Passa agora por uma síndrome do pânico. A orientadora da escola, única pessoa a apoiá-lo, foi demitida.

Este é um colégio de classe média, em que os alunos se sentem com privilégios pelo fato de pagar altas mensalidades. Mas, nas escolas públicas, a realidade é ainda pior. Mais de cem casos de alunos que desrespeitam professores são relatados diariamente à Secretaria Estadual da Educação de São Paulo por um sistema de registro de ocorrências do gênero. A maioria dos casos vem da região metropolitana de São Paulo.

São alunos que desprezam a liturgia da escola, saem da sala sem autorização do professor e o ofendem verbalmente quando ele ousa protestar contra a zorra. Usam toda espécie de aparelho eletrônico durante a aula, de celular a iPod, e, certos da impunidade, destroem equipamentos ou instalações da escola na frente dos colegas e funcionários. Uma das principais diversões é pôr fogo nas lixeiras.

É o terror. As escolas cogitam instalar câmeras em suas dependências, para ter provas documentais contra os vândalos e padronizar as informações, o que permitirá estabelecer estratégias de combate à violência. Mas nada impede que os cafajestes -difícil chamá-los de alunos- roubem também as câmeras e riam das estratégias.

Os jovens valentões que agrediram o professor em Moema (aliás, com o apoio da classe) foram expulsos do colégio meses depois. Mas não por indisciplina. Deixaram-se apanhar traficando drogas dentro das instalações.

sexta-feira, outubro 02, 2009

PRA QUEM TIVER DE BOBEIRA NO SÁBADO...

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(postado em 12/10/09)
- meu blog desaprendeu a contar datas... -

MEU MOMENTO

MEU JARDIM
Vander Lee

Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores
Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores
Refazendo minhas forças, minhas fontes, meus favores
Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores

Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho
Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho
Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho
Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho

Estou podando meu jardim
Estou cuidando bem de mim

VÂMO QUE VÂMO QUE O SOM NÃO PODE PARÁ

nossa, que semana foi essa? segunda, Galeria Olido, depois cerva. terça, Sarau do Burro, depois, cerva. quarta, Cooperifa, levei algumas alunas do teatro, nada de cerva. quinta, trampo na escola das sete da matina as sete da noite, sem direito a horário de almoço e depois, cama. não aguentei também. desabei. segunda, terça e quarta indo dormir depois da meia-noite, acordando antes das seis, quem guenta? nem eu, quase. por isso que ontem, trampei, de tarde vi um filminho e a noite, sambinha. ninguém é de ferro.

mas tá ótimo desse jeito. numa correria que não dá quase pra respirar mas, as coisas tão andando, fluindo. projetos estão surgindo. idéias avançando. e o melhor: estou dando conta. com muito trabalho, empenho, dedicação, capacidade de organização e raciocínio.

esta semana, vai ser corrida novamente. terça palestra na Faculdade Campo Limpo Paulista: "Profissão: Professor". Sábado, palestra em Guaianazes, na Tenda Literária: "A literatura marginal (periférica) na escola". quinta e domingo, ensaio com grupo de teatro. quarta-feira, Cooperifa, e mais uma outra leva de alunos. todos os dias, aula, aula, aula.

e ainda tem a outra semana, que não vou parar. vai rolar a II Mostra Cultural da Cooperifa. vou estar numa das mesas, quarta-feira, 21: "Engajamento e revolta na ponta da caneta". E aí, dá pra tu?

isso sem contar as leituras, estudo, venda de livros, saraus e, minha vida tá sendo isso. e tá muito bom.

no mais, se tá difícil me encontrar, falar comigo, bom, cê já sabe o porquê então, né?

aquele abraço.

que eu só quero é ser feliz...

r.c.

CORRERIA

salve, povo. é nóis na fita. ou melhor, no DVD. segundona teve lançamento do "Profissão MC", do Alessandro Buzo e Toni Nogueira. Galeria Olido lotada, várias manos e minas da quebrada presente e, o filme representou. ou melhor, presenteou a periferia, o cinema, a estética da favela. com uma mostra de coragem que todos os sonhos são possíveis. lembrei do glauber, o rocha, e sua célebre frase: uma idéia na cabeça e uma câmera na mão. parabéns buzão.

e eu não posso perder muito tempo. vim aqui dizer que tô na correria. imagina, final de bimestre na escola: fechamento de diário, correção de prova, trabalho. são só onze turmas, mais de trezentos e trinta alunos. multiplique isso por dois e você tem noção do meu trabalho e de como eu tô lascado. mas não tô reclamando. só justificando. é muito melhor ficar com disposição, assim, no corre, do que doente, querendo ficar trancado sem sair do quarto. pois bem. águas passadas não movem moinhos. mas descem a ladeira. e eu não me esqueço. dos compromissos. tô ficando com a agenda lotada (haha - quem diria). outubro três compromissos firmados: Faculdade Campo Limpo Paulista, Tenda Literária e II Mostra Cultural da Cooperifa. novembro, dois no esquema e outros dois a confirmar. logo mais eu passo a "agenda" completa, com horário, local, atividade. e quem quiser é só colar. porque é nóis que tá. e eu já falei demais. até mais. axé.

r.c.

MESQUITEIROS










toco aqui algumas fotos dos ensaios que estou fazendo com o grupo de teatro lá da minha escola: os Mesquiteiros. a gente tá em processo ainda, firmando os textos, montando as cenas, mas já tô sentindo um gostinho bom na boca. a nossa "estréia" vou firmar lá para novembro, mas não se preocupem: quando estiver tudo ok, comunicarei pelo blog. por enquanto, é isso aí...

ESTÉTICA DO OPRIMIDO

rolou ontem no Teatro de Arena, aqui em Sampa, o lançamento do livro "A Estética do Oprimido", última obra escrita por Augusto Boal e que dá continuidade as suas teorias estéticas e teatrais iniciadas com os livros "200 jogos para atores e não-atores...", "Teatro do Oprimido", entre outros.

no Arena, muitas artistas de peso: Sérgio Mambert, Celso Frateschi, Zé Renato, Chico de Assis. Na platéia, Cecília Boal, a esposa de Paulo Freire(!) - que eu esqueci o nome agora. Homenageados: Reinaldo Maia, Guarnieri, Viannianha, Plínio Marcos e claro, o próprio Boal, falecido neste ano.

o livro - um tanto carinho - é muito importante, pois não apenas sintetiza um pensamento que o Boal estava desenvolvendo nos últimos anos, como dá rumos, planos para se pensar a "estética do oprimido". e para quem trabalha na quebrada, tem que tá ligado que isso é muito importante.

enfim: Boal Vive!

quinta-feira, outubro 01, 2009

É FODA! (conto)

Carái, prussôr: putaqueopariu! Essa merda agora. Não se pode mais falá palavrão na escola. É de doê. E como é qui eu vô fazê? Quando quisé mandá alguém i si fudê? Tipo os cara lá, do Congresso. O Nacional. A prussôra pediu uma redação. Eu até achei legal. Usar um monte de palavrão. Sabe? Real na cueca, dólar na sacola, mensalão. Superfaturamento de obra, nepotismo, improbidade administrativa, formação de quadrilha, esquadrão. Carái, é animal. Essa robalheira toda. Fuderam com a pátria mais do que se fode na zona. Só zueira. Tipo a Danuza, cantando o hino nacional. Só falando besteira. Dizem que a mulher virou a musa. Do youtube. Um milhão de acesso, dá até pra paga pau. Mas voltando: vão tomá no cu. Querem controlar até o meu linguajar verbal. Porra, pra quê essa preocupação com o meu falá coloquial? Eu digo o que eu querê. Da maneira que eu quisé. E daí? É foda mêmo. Esses cara, fazendo nóis desacredita da política. Achar que o Brasil é um país sem saída.

Fala pros cara, prussôr: deixa de ser Zé-mané. Palavrão é fome. Desvio de verba da saúde, educação. Miséria, injustiça, corrupção. Palavrão é demagogia, hipocrisia. Fingi que na escola todo mundo fala bonitão. Avisa lá, prussôr: pra eles não se preocupá. Qui nóis tem noção. Nóis sabe empregá nos lugar que deve a melhor opção. Avisa lá: que tem hora que nenhuma palavra substitui um bom palavrão. Aproveita e manda esses cara não desvia o foco. Que tá na hora de se preocupá com as coisas que realmente importam. E se eles não ouvi, não avisa: manda. Todo mundo si fudê. Porque é assim que tem que sê. Alho por alho, dente por dente. Acabá com o fuzuê. Porque se palavrão no ouvido deles é osso não vai sê pimenta no meu cu que será refresco.