olha só quem eu encontrei por lá...
"quem são eles? quem eles pensam que são?", é o que eu pensava quando soube. imagine, a FLIP, um evento que vem de fora, chega na cidade e descaracteriza totalmente a cultura local. popular e milenar, com uma determinação: nada de caiçaras, quilombolas e indígenas pelas ruas. nada de expor, divulgar o seu trabalho. não, nada de trabalho! como assim? "quem são eles? quem eles pensam que são?", eu pensava. e não era só eu. na quinta-feira tinha uma povo reunido na casa da OFF-Flip, incluindo o sr. Flávio Moura, organizador do evento, quebrando a cabeça sobre o que fariam com as comunidades. motivo: estavam organizando um protesto para o dia da mesa do chico. isso mesmo, iam batucar, cantar, protestar durante a mesa mais badalada da Flip. nada mais justo.
não sei que acordo saiu, mas de qualquer forma o protesto aconteceu. não só contra a repressão, mas contra a especulação imobiliária em algumas áreas de Parati e Trindade, o desmatamento, e outras paradas, na sexta-feira, de tarde. e o pessoal conseguiu voltar para as ruas no sábado. não sem uma certa perseguição ainda dos fiscais e seguranças privados da flip. aliás, "quem são eles? quem eles pensam que são?". impedir o trabalho digno de centenas de pessoas. o que eles querem? que comecem a roubar os turistas. porque todo mundo precisa comer, beber, morar, vestir, todos os dias. a gente consegue essas coisas através do trabalho. e se não tem trabalho? e se você é impedido de trabalhar, dignamente, o que sobra? isso aqui: a FLIP que não saiu na TV.
manifestação chegando na região da praça da matriz, local badalado por vários bares e algumas das tendas. sobre esta cena, fiz o poema abaixo:
Não adianta fingir que não vai olhar
Colocar a venda da injustiça sobre o rosto e ignorar
Quando o nosso atabaque na sua mesa começar a tocar
E o maremoto de gente principiar a chegar
A nossa água no teu chopp a gente vai botar
Por isso, não adianta fingir que não vai olhar
Pra todo mundo a verdadeira hora vai começar
Quem espera nunca alcança, o que é nosso a gente vai pegar
E por mais que você corra, fuja, tente sacanear
Não adianta: o bloco na rua a gente vai colocar
E você pode tentar, mas não vai ter como escapar,
Por isso desde já meu amigo, eu vou lhe avisar:
Não adianta fingir, fugir, ignorar
Mesmo que você não queira visualizar
Nosso olho-no-olho te pega, e você vai ter que olhar
Um comentário:
vou denunciar. o livro é livre. "inclusão" é a palavra-de-ordem. a rua é da gente. e a poesia faz a festa.
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