a coisa mais feia, ridícula e indigesta da FLIP foi aquilo que não saiu na mídia: A REPRESSÃO. contra as comunidades caiçaras, quilombolas, indígenas e também contra a Litera-Rua. poetas e escritores. eu fico me perguntando: como que a apreensão de livros de um poeta da rua numa festa literária não é pauta para a mídia? e olha que nós falamos com jornalistas da TV Cultura, O Globo, Folha de S.Paulo e outros. não me causa muita surpresa, eles publicam o que querem há muito tempo. mas ainda me causa indignação.
os "homi-da-lei", fiscais da prefeitura acompanhados de seguranças da Flip. chegaram, mandaram eu recolher, senão iriam apreender os livros. "nem na rua, de mão em mão, não pode", perguntei. "não, não pode. nada"
comigo, na primeira vez, foi só um aviso. aqui, pegaram o Pedro Tostes pela segunda vez. não teve diálogo: APREENSÃO DE 16 LIVROS! clique para ampliar a imagem e veja o DETALHE dos livros já nas mãos do fiscal
aqui o poeta literalmente marginal com o seu "Termo de Apreensão". crime? vender livros
o motivo alegado para a apreensão dos livros é que não tinhamos autorização para trabalhar. pedimos a autorização, como fazia para obtê-la, eles desconversaram. depois disseram que a gente não podia fazer aquilo, perguntamos por que, eles não souberam dizer. depois, veio a desculpa mais absurda: eles não queriam transformar a Flip num "EVENTO COMERCIAL". isso mesmo, a Flip não é um evento comercial, pelo menos é o que o pessoal da produção nos disse. e a gente fingiu que acreditou.
fiz questão de tirar as fotos a seguir pra mostrar que a FLIP não é um EVENTO COMERCIAL. aqui: Livraria da Vila
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bom, não vou me alongar mais. detalhes sobre este episódio, vocês lêem no Boletim do Kaos de agosto. matéria especial sobre a Flip que não saiu na TV.
25 comentários:
Gente , isso é importante divulgar MUITO. É um escândalo. Vou fazer a minha parte. Heloisa Buarque de Hollanda
NO Braisl tudo é festa. A literatura não tem que ser festejada, e sim lida. Só assim acabaremos com a defasagem de uma sociedade analfabeta funcional.
Bota o link para o Boletim!
A denúncia realmente é contundente. Hoje, livros já nascem clássicos, como o Leite Derramado do Chico. Com tanta propaganda, até o papel que eu usei para limpar a bunda viraria best-seller. É uma mafiazinha de amigos dos amigos... um toca punheta pro outro.
Ah, cara, uma coisa. Você não acha que moderar comentário algo anacrônico pro seu tipo de postura?
Bom, dei RT nas tuas denúncias. A FLIP sempre foi essa vergonha...
Concordo, Heloísa. É o tipo de coisa que não pode passar batido.
Mauro, acho que cabe os dois momentos: a literatura ser lida no conforto do espaço onde cada um achar melhor, e ela também ser festejada, em saraus, recitais e por aí. O que não pode acontecer com a literatura é ser censurada. Isso nunca.
Por isso a indignação, "Fazenda". Quer dizer que, quem não está nas livrarias, não faz parte da rede "oficial" não pode trabalhar? Eis a questão.
Sobre os comentários, no início não havia moderação. Mas havia problemas: muitos spans, pessoas que deixavam recados pessoais, e não comentários e, o pior de tudo: pessoas que discordavam de idéias e não sabiam conversar, apenas xingar, ofender. A moderação é apenas um direito que eu exerço: o de publicar, qualquer comentário, ainda que contrário as minhas idéias, desde que haja respeito, cordialidade.
Colocarei o link para o Boletim quando o tiver. Isso será apenas em agosto.
divulguei no Literatura Cotidiana, www.literaturacotidiana.com.br
A lógica do absurdo é pregnanda da mediocridade de gestores culturais, profissionais da moda no meio cultural e farsantes do ponto de vista do meio de arte e cultura. Imaginem se o mesmo raciocínio policialesco for aplicado à Literatura de Cordel? Cadê o Waly Salomão? Ah, morreu. Cadê o MINC? Ainda não voltou do enterro do Waly pra visitar a FLIP pelo visto...
Enfim mais alguém diz! Sobre o Flip (2008) excelente post de Nei Duclós A PETRÓPOLIS DAS LETRAS "...É incrível que numa festa literária não haja transgressão. Tudo corre como num megaevento comercial..."http://outubro.blogspot.com/2008/07/petrpolis-das-letras.html
Muito Bem lembrado como os caiçaras e populaçao local são afastadas!
Cheguei em Paraty no sábado e a indignação era unânime. Eu custei a acreditar. Só depois de ouvir da quarta ou quinta pessoa é que fui tentar entender, mas ainda não consegui.
Camelô tem mais é que se foder mesmo. Quer comprar livro barato? VAI EM CANA, OTÁRIO.
Desculpem, mas não entendi o "absurdo". Venda ambulante sempre foi ilegal, em qualquer lugar precisa licença, e em alguns lugares simplesmente não se pode vender. Eu adoraria que esta lei fosse seguida em São Paulo, por exemplo. É mais desculpável por se tratar de livros? Não acho. Como cidadão e também como turista, preferiria mil vezes que qualquer venda ambulante fosse proibida, seja de livros, seja do que for.
Quanto à Flip, é um evento que foi criado e promovido até conquistar patrocínio oficial - qual o problema de haver lojas dentro do evento? Reclamar "em nome dos caiçaras" é no mínimo ingênuo, para não dizer absurdo, já que uma Flip movimenta MUITO o turismo, promove a cidade ao associar com o evento, etc., etc. Quem se beneficia mais que todos? A cidade, inclusive os "caiçaras". Curioso um "caiçara" não saber que precisaria licença - não é dever de um fiscal explicar como se obtém, para isto existe a Prefeitura.
Por último, em relação a alguns comments: não é a "literatura" que está sendo banida, mas um comércio, como outro qualquer, certo? Outra: não pertencer a uma editora não quer dizer que "não se pode trabalhar" - mesmo porque quem acredita em seu trabalho, no caso particular de um artista (como um poeta ou escritor), o faz independentemente do "mercado". Fora que hoje tem Internet para a divulgação inicial, há vários sites legais sobre poesia, este é o canal ideal inicial, não tentar vender na rua.
Olá, Ida.
Acessei o blog que você indicou, achei muito interessante as ponderações. Vou blogar o texto por aqui, também.
Caro Dante,
Seu comentário é tão insignificante
que não merece ser respondido
Concordo com tudo,(acima)(como se existisse outra opção)pelo menos pra quem percebe um pouquinho "as coisas", o que vejo como lamentável é, que assim como aprecio, Mia Couto, Amos Oz, só pra citar dois nomes dos eventos anteirores, tb posso, com certeza, apreciar aquele escritor desconhecido, o poeta não publicado, e isso só vendo esse lado da questão, se pensarmos em tudo que envolve a escritura no falar de Lispector, (da filosofia a psicanálise), o que Barthes chamava de Literatura, e tantas outras formas, contéudos, discussões.Tudo vira bosta.
é muito perigoso contrariar os interesses da nossa mídia marrom ou afins.
e daí?
à luta!
Caro "Dalembertian" (não entendo porque as pessoas não se identificam),
Qual o problema da venda ambulante? Se for a questão da origem do produto, carga fiscal, ameaças ao consumidor, o livro não se encaixa nesta questão: livro tem isenção fiscal desde 2004, não era produto roubado nem pirateado nem provoca “danos” ao consumidor. Ou não.
Se a questão for ocupar um espaço público, então temos que discutir a ocupação das calçadas pelos bares da Vila Madalena e Paulista, a ocupação dos postes, pontos de ônibus e também calçadas pelos anúncios das placas imobiliárias que infestam a cidade, entre outros.
E tem outra coisa: a venda ambulante não é apenas uma questão econômica, é uma questão social. Não há trabalho para todos. E ainda tem gente que prefere se arriscar num trabalho digno que é considerado ilegal do que partir para a ilegalidade propriamente dita e apontar um 38 na cara de alguém no farol para sustentar a família.
Não há nenhum problema em haver lojas no evento, mas não venham nos dizer que NÓS, não podemos vender nas ruas porque NÓS transformaríamos a FLIP num EVENTO COMERCIAL. A FLIP É UM EVENTO COMERCIAL. E ponto final.
Dizer que a FLIP beneficia a todos é no mínimo ingenuidade. As rendas não são distribuídas de maneira igualitária pela cidade. A moça que trabalha para a pousada tem um salário (mínimo), ela não tem o mesmo lucro que o dono da pousada (que cobra diárias de R$ 500,00); os os caiçaras, quilombolas e indígenas que vendem seu produto artesanal na rua não tem o mesmo lucro que os donos dos bares. Aliás, é curioso que a legalidade, a exigência da licença só é feita durante a época de eventos. No mais, é algo nem discutido. E se o caiçara, os quilombolas, os indígenas não podem ocupar as ruas, OS BARES da praça da matriz também não! É privatização do espaço público! Cadê o fiscal? Chama a Polícia!
O fiscal não deve explicar como se obtêm a licença, para isso existe a prefeitura. Concordo. Mas e se a prefeitura não sabe, o que fazer? E quando não é a prefeitura que libera, mas um bam-bam-bam da Flip, o que se diz? Quem é esse cara pra ter tanto poder nas mãos?
É a literatura que está sendo banida, sim. Nós não recebemos nenhum incentivo ou apoio da FLIP ou da prefeitura, precisamos dormir, comer e beber, temos o direito de divulgar a nossa arte. Não é frivolidades, futilidades, é trabalho. E todo trabalho digno merece ser remunerado, ou não?
Não pertencer a uma editora não significa que não se pode trabalhar, mas dificulta muito o trabalho. A questão da distribuição é fundamental para o editor, o autor. Podemos vender pela Internet sim, e o fazemos, mas isso não exclui o direito de eu tentar vender na rua, como não exclui o seu direito de negar, de não dar atenção, não comprar. Qual o problema da literatura ocupar as ruas? Chega de ficarmos embolorando, cheirando a mofo e formol nas estantes de bibliotecas trancadas e restritos a shopping-livrarias para podemos divulgar o nosso trabalho. Não entendo qual o problema de divulgarmos nossos trabalho nas ruas. O que seria da literatura de cordel se não fossem as feiras populares, as ruas?
Não vou pedir licença para ir para as ruas. Não vou pedir licença para declamar o meu poema. Não vou pedir autorização para mostrar a minha arte, o meu livro. Quem não goste, que chame o fiscal. Chame a polícia. Quem não goste que nos prenda.
Põ cara, não vou nem deixar um comentário, mas apenas um feedback! Parabéns! tanto pela iniciativa de divulgar seu produto cultural, quanto pela denúncia aqui no blog... muito bem feito! Muito bom ter oportunidade de ver uma cobertura 'não-oficial' de um evento como esse!
Rodrigo, fico assustado com o grupelho de reaças que ainda temos na literatura brasileira. Pessoas que não compreendem o que estava sendo feito ali pelos colegas maloqueiristas, pela sonia, por vc e por muitos outros.
A graça da literatura é escrever, causar, reivindicar, marcar no mundo como já diria um professor nosso. Os camaradas que estavam a fazer sarau pelas ruas de paraty tem meu apoio, a venda de livro é consequência, se o cara curtiu o livro, tem mais que vender mesmo, agora o fiscal conseguir cair na armadilha da poesia de rua de são paulo é muita burrice....só rindo mesmo, o cara fez o pedro segurar o B.O. e era isso que todos nós queríamos mesmo. A literatura excluída da tal da festa literária internacional de paraty segurou um B.O. junto com o pedro. Um Fato político no meio da flip comercial e excludente, que só abre microfones para os amigos e para os amigos dos amigos, o pior são as festas literárias que se dizem contrárias a FLIP fazerem a mesma coisa em outros locais, isso é mais feio ainda.
Um salve aos colegas reprimidos. a verdadeira literatura só ganha com isso. Um salve a postura do marcelino freire que deacordo com narrações causou um fuzuê em uma das mesas ao citar a repressão que tava rolando e daí quase a mídia fica sabendo....quase, vixi...não deixaram não.
ivantunes, tem mais no www.otatubola.blogspot.com
Um completo e total absurdo. Temos de divulgar esse descalábrio e lutar para que não se repita. Que vão censurar as mães deles. Livro Livre Já!
Sou poeta e escritor e ainda não publiquei nada. Ao ver tudo isso, não acreditei, sim, não acreditei mesmo. Essa repressão me lembra as épocas de chumbo em que não era data de forma alguma um lápis e uma folha para um escritor. A função de um escritor, poeta, crônista, contista enfim. É de registrar na literatura acontecimentos, fatos e tudo que convegerá a palavra para sua época. De fato isso é um ABSURDO prender livros? Autoar autores? E ainda chamam isso de evento literário? Aonde esta o leitor que o ser mais importante da literatura. Cadê a informação chegando a quem sente sede de ler? Isso para mim não passa de um evento da grande elite que nas horas vagas tem o habito de ler para ajudar no percentual dos brasileiros que lêem. Parabens cara por ter postado isso, e vamos divulgar. Pois viva a liberdade de expressão.
No mínimo repassar para os amigos e nem tanto assim e, no máximo apropriarmos de nosso território denovo
Também registramos o protesto das comunidades tradicionais na FLIP.
http://is.gd/1C9qy
Ano que vem, é preciso organizar para garantir a liberdade da arte! Ou a FLIP será apenas o espaço das grandes editoras, dos escritores de holofotes, dos leitores de best sellers!
Conheço o Tostes faz algum tempo, já vociferamos versos juntos por aí ... Ano passado estive na Flip vivendo a rua, foi uma experiência única. A literatura livre pelas vielas. Acabaram com o melhor da festa. Tremendo tiro no pé isso.
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