quarta-feira, setembro 30, 2009

II MOSTRA CULTURAL DA COOPERIFA

já é! eu estarei lá, e você?
clique AQUI e veja a programação completa da II Mostra

MAIS CONVITES

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JÉSSICA BALBINO MANDOU AVISAR...

Salve, galera !
tudo na paz?

Consegui disponibilizar o download do meu primeiro livro Hip Hop- A Cultura Marginal, escrito em 2006 como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de jornalismo. O trabalho foi feito em parceria com a jornalista Anita Motta (em memória).Quem quiser conferir um pouco da história da cultura no mundo e no Brasil, os elementos e personagens singulares, pode baixar o livro e ler ;)O download gratuito é parte do PROJETO L.E.I.A, que disponibiliza cultura gratuita em diversas formas !

Bom proveito!
Beijão e muita paz

Jéssica Balbino

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A QUEM POSSA INTERESSAR



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terça-feira, setembro 29, 2009

ENTÃO VAMOS PRA VIDA!

Viver dói.

As pessoas me olham e não sabem, mas trago comigo por estes dias uma grave ferida. Aberta. Exposta. De morte. Da alma. Que não cicatriza. E ela sangra. Quase todos os dias. E é o tipo de ferida que só se faz assepsia. Não se pode fechá-la, não. Ela precisa cicatrizar de dentro pra fora. Se pode dar tempo. Deixá-la aberta, não mexer. Mas quase todo dia vem alguém e cutuca. “O que é isso?”. Vão lá e tiram uma incipiente casquinha. Viver dói.

Das lágrimas que secaram já fiz um balde de sal. Já fui na missa. Já fui na psicanalista. Freud e Cristo andam hoje comigo. E ainda tomo remédios. Mas nada cicatriza a ferida. Porque viver dói. E nestes tempos, sempre há outros iguais com expostas feridas. E elas sangram. Elas latejam. Elas doem. E eles gritam. Porque é isso que se faz quando sentimos dor: gritamos. Muitas pessoas vêm, tem gritado no meu ouvido. Que me odeiam, que eu me fodo. Que elas me matam. E matam mesmo. Ontem mataram Evaldo. De costas. Dois tiros na nuca. Só por maldade. Já tinham pego carro, carteira, celular. Já estavam indo embora. Evaldo de costas. Dois estampidos na nuca. Ele ouviu, mas não gritou. Caiu de frente. Doeu, mas não gritou. Meu pai gritou. Com a coronhada na cabeça. No bolso sem a carteira. E a piveta falando pro cara com a automática: “Atira. Esse merda não tem dinheiro, não vale nada. Atira.” Ele não atirou. Meu pai gritou. Por estar vivo. Eu não grito. Sofro mudo. Tenho medo de começar a gritar e deixar os outros surdos.

Viver dói. E nestes dias não há ombros pra chorar. Não há. Nenhum. Quem me amava hoje me odeia. Me julga com outra. Com outras. Sem saber que a minha dama de companhia se chama Solidão. Ela é amiga da Morte. Me apresentou. A Morte piscou. A Morte me convida pra dançar. Eu digo não. Hoje não. Mas ela sabe que viver dói. Que a vida me sangra pelos poros. Que a vida me agride nos olhos. Ela sabe que a vida quer que eu me mate: de desespero, de desesperança. De desgosto. Aliás, a vida tem me derrubado quase todos os dias. E não vejo juiz algum presente para dar falta. Pênalti. Cartão vermelho. Não. O campo está descampado. Não vejo ninguém. Me sinto sozinho. Viver dói. A vida quer que eu me mate. Mas eu digo não. Sempre fui teimoso. Sempre fiz o contrário do que queriam todos. Eu digo não. Eu digo: vou me vingar da vida. Vida, escuta: eu continuarei vivendo. Apesar de que me lembro que viver dói. Mas tudo bem. Aprendamos a viver com a dor. Não tem outro jeito mesmo.

sábado, setembro 26, 2009

A PRIMEIRA VEZ A GENTE NUNCA ESQUECE! (PARTE 2)

o primeiro livro!

Te Pego Lá Fora
contos de Rodrigo Ciríaco
Edições Toró, Junho, 2008
2ª impressão: Março, 2009

Aquisição, comentários e otras fitas, escreve aí:

(leia contos do livro,
veja reportagem sobre o mesmo na revista Época aqui,
do lado direito das postagens)

A PRIMEIRA VEZ A GENTE NUNCA ESQUECE!

NOTÍCIAS POPULARES
(primeiro poema)

Alunos choram, se revoltam
E protestam contra um crime:
Não aprenderam a ler e escrever na Escola!

O protesto aconteceu na Zona Leste
Na Escola Estadual Dr. Geraldo,
Na quinta série, durante a prova de História.
Alguns alunos circularam pela sala,
amassaram
entregaram
e pediram de volta suas provas.

Duras provas.

O professor tentou incentivá-los
Valorizando-os como sujeitos em processo
de formação e desenvolvimento:
Conversou, sentou ao lado,
Tentou ajudá-los.

Foi xingado, ofendido
Descobriu que falar de auto-estima
Serve para quem a tem
Nestes meninos
quase mais não existia.

Palavras vazias.

Pelo menos seis alunos e o professor saíram
gravemente feridos.

O caso foi lavrado e registrado
Nos autos de seus corações
E neste poema.

Ninguém será punido!

ANOTE AÍ: TENDA LITERÁRIA

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Sábado - 17 de outubro - Zona Leste
Tema: "A Literatura Marginal (Periférica) na Escola"
É só chegar...

terça-feira, setembro 22, 2009

POR QUE É TÃO DIFÍCIL ESCREVER?

ou do porquê eu travo para escrever, como nos últimos tempos..

Resposta: porque eu só gosto de escrever se for assim:

"Eu precisaria de alguém que me ouvisse.
Mas que me ouvisse sentindo
cada palavra como um tiro
ou uma facada.
Cada palavra e seu significado sangrento."

Ariano Suassuna

TAL & PÁ

Eu, Nessa, Bruna, Celli e Atanilo - ou melhor, Atentado

Pausa pro lanchinho pós teatro

Sim, eles adoram tirar fotos - rs

foto da peça

domingo fui com alguns alunos do teatro - os que couberam no meu carro, depois de um sorteio - assistir a uma peça na EE Maria Augusta de Ávila, em Arthur Alvim, do grupo Tal & Pá: "Até onde a vista alcança". conheci o grupo na conversa que fiz no CCJ, sábado retrasado e fui lá, estreitar os laços, saber um pouco do trampo dessa galera que toca um grupo de teatro - e agora centro cultural - dentro de uma escola pública estadual, há quinze (!) anos.

fiquei bem feliz com a estrutura do espaço, com a apresentação do grupo. mais ainda por ver que eles ficaram felizes com a nossa presença, com o meu livro. espero que bons frutos possam sair daqui. afinal, a arte na periferia da zl precisa se unir.

sobre isso, comento mais outro dia. tem uma galera fazendo um movimento por um teatro que existe aqui na região e que foi fechado tempos atrás. falo mais depois.

por enquanto, fotinhas tiradas pela Nessa, uma aluna minha, do dia que fomos lá. até agora ela colocou apenas estas quatro no orkut. quando tiver mais, posto por aqui.

sem muitas palavras no blog por estes tempos. mas a ação continua.

axé pra nóis.

ciríaco

domingo, setembro 20, 2009

VONTADES

de romper com o tudo
(ou nada) que sou eu

e sair por aí

aqui, deixar problemas
lá, buscar o desconhecido

estradas que dão a lugar nenhum
caminhos que só cheguem ao infinito que sou

preciso
há mais de quinhentos anos
descobrir a vastidão da planície que habita em mim

NAVEGAR É PRECISO

esperando esperando esperando
verdades de criança...

um momento bom
como lembrança

navegar é preciso
se não a rotina te cansa
navegar é preciso
se não a rotina te cansa

mar de gente - (trecho) - o rappa

segunda-feira, setembro 14, 2009

FOTOS - ARTE DULIXO NO MESQUITA

Atenção às instruções...

A molecada com a mão na massa, ou melhor, na tinta
Todos trabalhando

Prof. Tubarão - a molecada curtiu

Jonathan brilhando com o seu sol

Concentração nas atividades

Foto Oficial - será que eles gostaram?

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ARTE DULIXO - TUBARÃO/SANTOS NA EE JORNALISTA FRANCISCO MESQUITA

e foi com uma puta honra que hoje recebi na minha escola o mano Tubarão, da Baixada Santista. arte-educador, artista-plástico, Tubarão tem um trabalho educacional, artístico e ambiental muito importante relacionado a materiais recicláveis, como vocês podem conferir AQUI.

a proposta surgiu de uma festa que acontecerá neste sábado na minha escola, a Festa da Primavera. os docentes foram "intimados" a preparar atividades junto aos alunos para a festa e, sei lá, pensando em primavera, flores, meio-ambiente, eu quis fazer um trabalho que envolvesse arte e a questão da reciclagem de materiais. fiz a proposta dos alunos e eles toparam: vamos organizar uma exposição para o dia com os melhores trabalhos. mas aí na hora me lembrei do meu parceiro Tubarão e fiz o convite para ele fazer uma oficina com os meus alunos, da quinta-série. ela aconteceu hoje.

foi muito bacana como vocês podem ver nas fotos. a molecada levou o material: garrafas pet, algumas caixas tetra-pac. a escola forneceu a tinta plástica e alguns pincéis (olha o avanço, até que enfim - rs). e o Tubarão levou o restante do material, além da sua grande mão-de-obra artística. eu sei, este texto tá meio puxa-saco, é que o barato foi lôco, a molecada curtiu pacas, eu aprendi a fazer uma flor maneira de garrafa pet - e fiquei com água na boca de vontade de aprender outras coisas - e, quero dizer muito obrigado, Tubarão. você foi muito firmeza hoje, sair da Baixada Santista pra fazer um trampo desse em Ermelino Matarazzo, sem ganhar nada em troca - em termos financeiros, claro - é só pra parceiros de ponta, mesmo. valeu e, precisando você sabe: tâmo junto.

e hoje na escola, o Amor venceu a Guerra.

salve,

r.c.

CENTRO CULTURAL DA JUVENTUDE

salve, povo.

sábado estive no Centro Cultural da Juventude, na Zona Norte de Sampa, Vila Nova Cachoeirinha. a convite do IPJ - Instituto Paulista da Juventude, fui participar de uma palestra com o tema "Ensino Médio Obrigatório: solução ou problema".

a discussão foi bem bacana, girou em torno da qualidade do atual ensino médio brasileiro - uma extensão apenas do ensino fundamental - a questão da necessidade de uma revisão do currículo, qualidade de ensino, condições de trabalho, comunicação (ou a falta) entre direção x professores x alunos, entre outros.

na sequência, fiz uma breve exposição sobre o meu trabalho na escola, principalmente o relacionado à literatura e ao teatro, além da leitura de alguns contos do meu livro. a galera presente curtiu.

e ainda tivemos a apresentação de uma esquete do grupo "Tal & Pá", daqui da Zona Leste de Sampa. eles estão fazendo um trabalho de pesquisa bem interessante sobre a cultura caipira do interior de São Paulo, e farão uma apresentação neste final de semana. peguei alguns convites para ver e, de quebra, vou levar uma turminha do teatro comigo. integração artística, troca de experiências.

no mais, foi isso. aproveitando pra avisar que agora em outubro vou participar de outras três palestras/oficinas: uma a ser confirmada no dia 13/10, outra já confirmada no dia 17/10, no Tenda Literária, com o tema "a Literatura Marginal na sala de aula", e ainda no dia 21 de outubro, estarei numa mesa da II Mostra Cultural da Cooperifa.

seguimos na batalha. alguns dias vencendo.

r.c.

sexta-feira, setembro 11, 2009

ONZE DE SETEMBRO

e só pra não esquecer, hoje é 11/09. ou seja: vinte e seis anos do golpe militar no Chile depondo Salvador Allende, colocando no lugar o ditador Pinochet.

e com o apoio dos EUA que só USA nós.

não nos esqueçamos.

CONVITE - AMANHÃ, 15HS - CCJ


clique na imagem para ampliar e ver o endereço

SOBRE ESTES DIAS

sim, o blog anda sendo deixado um tanto quanto de lado. eu sei, eu sei. as vezes me sinto um pouco mal por causa disso. tem gente que diz que segue ele igual novela. imagina? apesar que eu acho legal, principalmente se a pessoa chegar no blog e deixar de ver a novela. por um tempo. sei lá. bom, mas é que eu to deixando aqui de lado pra cuidar de acá. sim, da minha vidinha. nada pessoal. quase nada. é que todo o tempo tô dedicando pra mim. assim. e tá sendo bom. é bom deixar algumas coisas de lado. pra se valorizar, ver o quanto faz falta.

não informo, mas continuo trabalhando. na escola, sofrendo. levando os sofrimentos dos alunos pro casa, pro sofá da sala, pros meus dedos frente ao teclado do computador. eu queria. ser sensível aos sentimentos, ao que passam os meus alunos e sair incólume. não sofrer. mas não tem jeito. rola uma transferência, saca. bom, faz parte.

só to puto ultimamente porque antes eram principalmente os homens que abandonavam as mulheres e crianças. agora são os homens e as mulheres, que abandonam as crianças. e não se trata de classe A, B, C, Y, Z. é um problema... bom: o buraco é mais embaixo. outro dia eu dichavo essa idéia aqui.

ontem tive o teatro. a gente tá num processo bacana, da montagem das cenas. na verdade, verdadeira colcha de retalhos. vou descobrir se tenho a manha pra costureiro pois, eu que vou ter que sentar na máquina depois e, com os dedinhos deles, emendar tudo. mas beleza, tá sendo divertido. quinta é um dia foda. saio de casa as 06 da manhã pra voltar a meia-noite. sem intervalo pra almoço. sem descanso. mas tá valendo.

só o dinheiro que ainda tá pouco. apesar de estar trabalhando também aos sábados. isso mesmo, praticamente todos os sábados, daqui pro final do ano, por conta da reposição - gripe suína. mas não adianta trabalho trabalho com o Estado pagando 7,58 a hora/aula. eles deviam ter vergonha. mas é isso que pagam:

R$ 7,58 (sete reais e cinquenta e oito centavos) a hora/aula

São Paulo. O Estado mais rico da Federação Brasilis.

por isso tem que rolar uns biquinhos, umas idéias por fora. amanhã vou estar no CCJ. já já coloco o folder aí. e mês que vem tem palestras na Tenda Literária, Mostra Cultural da Cooperifa, talvez numa facul particular e por aí vai. nem sei se tenho tanta coisa boa/interessante pra falar. mas tão chamando a gente, alguém deve achar que sim.

e no mais, é isso. sem escritas - período de estiagem poética braba - mas muita coisa sendo vivida. revivida. reconstruída. esse é o nome do meu momento rodrigocentrista: reconstrução. estava precisando. a casa, sabe, tava caindo.

aí eu demoli e to levantando outra no lugar.

quando estiver pronta, chamo todo mundo.

r.c.

domingo, setembro 06, 2009

RESENHA SOBRE O TE PEGO...

No último Sarau da Casa (das Rosas) vendi alguns livros. Um deles para a Viviane Mottin que publicou aqui um comentário sobre o meu livro, o "Te Pego Lá Fora". Segue abaixo a resenha:

Análise
Livro Português
Título: Te pego lá fora
Autoria: Rodrigo Ciríaco
107 páginas
Contos Editora: Edições Toró
Ano 2008 – 1ª edição

Links: Educação, Periferia, Escola Pública, Cultura, Comportamento

Visão geral: Contos sobre o cotidiano de escolas e sistema de ensino na periferia paulistana

A coletânea de 25 contos divididos nas estações Verão, Outono, Inverno e Primavera relata o cotidiano das escolas públicas na periferia paulistana. Na batida do rap, na rima poética, na prosa ácida e na inovação linguística, desfechos inimagináveis. Em um deles, a própria escola narra sua origem esperançosa e seu trágico destino. A escola-mãe tenta compartilhar o pão-palavra, mas se perde na merenda feita às vezes de ração, para seus filhos aidéticos, prostitutas, drogados e outros desesperados, mortos-vivos por milagre.

Rodrigo Ciríaco, professor de escolas da periferia, escreve com sangue a vida que se esvai entre tudo o que poderia ser. O que poderia ser aparece nas propagandas do governo, quando mostra prédios arrumadinhos, limpinhos e equipadinhos. A realidade é outra, evidenciam fotos publicadas ao final do livro. Isto não é um lamento vazio de quem não tem vontades. O autor mostra que há desejo, sim. Mas, a desesperança dos alunos parece ser muito maior. E o descaso da hierarquia já nos núcleos educativos (secretárias, diretoria das escolas) dá mostras da ineficiência da superestrutura.

Ele conta sobre o preconceito de quem vê de fora (da periferia), pensando que todo brinquedo só pode ser uma arma, e da menina que vira uma placa e desiste dos estudos. A valorização da territorialidade pela qual a periferia se torna o centro e o centro a periferia, descentralizando o ponto de vista. O assalto cinematográfico da "pivetada" a uma... biblioteca. E as meninas super-poderosas que, dadas as condições, inacreditavelmente produzem um jornal.

Ele conta da aluna que foi solicitada a ler - durante uma cerimônia promovida pelo governo do Estado para enaltecer o ensino público -, e quando chegou ao púlpito, declarou que não sabia ler. Os meninos cooptados pelo tráfico, que acham sem graça ficar atrás de uma mesa escutando um letrado durante horas para aprender o que talvez nunca terão chances de usar na prática. E o professor que prefere a morte a continuar uma luta insana e, quem sabe, inútil.

O autor afirma que as histórias são fictícias. Percebe-se, no entanto, que inspiração não faltou, dada a desordem dos fatos na periferia para quem olha sob o ângulo do "como deveria ser" - porque com o que se paga aos governos, aqueles que não têm deveriam receber do bom e do melhor.

Voltando à escola-mãe, aquela coitada (estuprada) descrita no início deste texto, os contos de Rodrigo me fazem recordar uma letra de Carlos Drummond de Andrade, cujo início diz: "Eu preparo uma canção, em que minha mãe se reconheça e todas as mães se reconheçam, como se fossem dois olhos", e que acaba assim: "Eu preparo uma canção que faça acordar os homens e adormecer as crianças". Pois Rodrigo sugere (ou grita, implora) que o despertar dos homens (públicos) faça com que um dia todas as crianças possam ter somente sonhos bons.

VIRA-LATA

sou um cão vira-lata
meu caminho é sem dono
minha casa qualquer telhado
minha rua tem todos os nomes
minha televisão é da padaria.

muitos não me gostam
me chamam de vagabundo, demente,
falso, estúpido, insensível e desgraçado
não sabem que eu sou é carente
por isso vivo abanando o rabo
pra qualquer agrado

mas não se enganem:
nas trancas ninguém me prende
estou solto. nas quadras, livre
leve e sujo. a noite é minha morada
a lua minha amiga. o dia, minha travessia
e assim eu prossigo.

pena que a carrocinha me persegue!
ainda hoje pega no meu pé
quer por que quer me transformar em sabão.

tudo bem, eu entendo. é difícil largar o osso
mesmo quando não se tem mais carne, sangue
ou coisa que valha pra ficar brigando.

eu sei, isso é típica atitude
de cão, cadela vira-lata:
a gente adora fuçar no entulho
revirar lixo. ladrar mas não morder.
brigar mas não viver.
a gente adora ficar na merda!

terça-feira, setembro 01, 2009

EXPOSIÇÃO: OLHO DA RUA


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OFICINA: ALICE RUIZ


pra quem puder, dizer que vale a pena. eu não vou. tô sem grana.
alguém se habilita a pagar? (kkkkkkkkkk)

VITÓRIA!

hum, tá difícil até de falar. de contar. pura emoção, explosão pelos poros. feliz até a ponta da unha. como posso dizer. que a parada começou a um bom tempo. na minha escola. tava triste, zoada. muita, muita coisa errada. e lá, eu remando contra a maré. tentando não morrer afogado. tentando arrastar alguns outros. mas havia troncos, trouxas, e outros cabeça-de-bagre pelo caminho. problemas. um deles, na direção da escola. simplesmente não havia. ou melhor, havia. no papel. no livro-ponto. quase não comparecia. e não representava: os professores, os alunos. a escola. eu tentei. ser diplomático durante um tempo. dialogar, conversar. sem resultado. fui pro embate.

fiz um documento oficial, pedi para os professores assinar, protocolei com a diretora. não resolveu. fiz um outro documento, denúncia, detalhando tudo o que estava acontecendo, pedi assinatura de outros colegas, protocolei na diretoria de ensino. "não adianta", ela me disse. "isso não vai dar em nada". e durante dois meses achei que não daria. mesmo. será que a luta não vale a pena? me perguntava. mas aí, a diretora foi afastada. saiu da minha escola. e um novo diretor veio para o lugar. e eu comecei a pensar: bom, talvez dê. talvez sim, talvez não. não sei.

e ainda não sei. mas hoje eu tive um dia de vitória. parcial, mas vitória. merece ser celebrada. hoje estive depondo na PROCURADORIA GERAL DO ESTADO. sim, eu fui intimado para depor. o motivo: o processo administrativo contra a minha ex-diretora. uma juíza estava lá para me ouvir. FINALMENTE alguém ligado ao Estado, alguém que pode fazer alguma coisa, estava lá para me ouvir. foi muito sofrido pra chegar até aqui. "só eu sei, as esquinas que passeeieeeeeei. só eu sei. só eu sei..." e eu fui lá. depor. não esperava, mas a minha ex-diretora estava lá. só dei boa tarde, pra ser educado. mais nada. outras pessoas foram depor também. não sei se como "acusação", se como "defesa". eu fui como Justiça. falei o que era, falei o que acontecia: as ausências da escola, a assinatura no livro-ponto como se nada acontecesse. os perrengues que passamos com falta de material, falta de apoio, falta de vergonha, falta de tudo. e a ex-diretora lá, ouvindo tudo. balançando a cabeça, resmungando. mas diante da juíza, não podia dizer nada. não podia questionar nada. era o meu momento da verdade. de defender a minha visão, de defender a educação. de dizer tudo aquilo que estava atravessado na garganta e eu quis dizer há muito tempo. todos os pingos nos is. eu falei. durante mais de 01 hora e meia. foi o tempo do meu depoimento. e não ficou nada sem dizer. não tremi na base, não fraquejei. nada. disse tudo.

ou melhor: só faltou dizer que hoje foi vitória. e fiquei feliz com tudo isso.