terça-feira, dezembro 25, 2007

Poesia - Affonso Romano de Sant' Anna

EPPUR SI MUOVE

Não se pode calar um homem.
Tirem-lhe a voz, restará o nome.
Tirem-lhe o nome
e em nossa boca restará
a sua antiga fome...

Mente quem fala que quem cala consente.
Quem cala, às vezes, re-sente,
Por trás dos muros dos dentes
edifica-se um discurso transparente...

A ausência da voz
é, mesmo assim, um discurso.
É um rio vazio, cujas margens sem água
dão notícia de seu curso

Por isso que o silêncio
da consciência,
quando passa a ser ouvido
não é silêncio
- É estampido.

Nenhum comentário: