quarta-feira, julho 30, 2008
VOCABULÁRIO
outras informações no blog do cabramigo Marcelino Freire - www.eraodito.blogspot.com
NADA INTERESSANTE PARA LER, APENAS DESABAFO.
mas parece que ninguém quer que essa p&*¨%$$¨* funcione! porque fazer funcionar dá trabalho. exige compromisso, responsabilidade. e as pessoas não querem trabalhar, principalmente os funcionários públicos. o lance é assinar o ponto, esperar o dia passar, a grana cair no quinto dia útil e reclamar: que o ensino tá uma merda, que os alunos não querem nada com nada, que não tem mais jeito.
hoje foi o primeiro dia de aula. havia 13 alunos na escola, para mais ou menos uns 20 professores. uma proporção como esta, é de se esperar que não teríamos problemas. ai, como eu sou ingênuo.
primeiro, fui para a minha aula na 8ªE. tinha um aluno. eu estava no apetite de dar aula, voltar para a sala. quando fui para a sala de aula com o aluno, cadê as mesas e carteira. nada. nenhuma! sala de aula vazia. fui conversar na direção: - "Sério?".
nem ela sabia. total organização.
mas isso nem abalou a minha manhã. pegamos duas carteiras e cadeiras e dei a minha aula.
o que irritou foi em relação a sala de informática. sabe, aquela que chegou segunda-feira. pois bem, hoje, com 13 alunos e 20 professores pra tomar conta, já tivemos problema.
ai, sabe, de repente me bateu uma preguiça de contar os detalhes, falar sobre o assunto. sinceramente, estou cansando. e olha só, acabei de voltar do recesso.
é que o que me cansa é que esta é uma luta que não se dá pra fazer sozinho ("sózim cê num guenta"). e eu não acho parceiros, em número suficiente, dispostos a transformar. é só discurso, verborragia, punhetagem, blá blá blá e atitude ZERO. sabe, tô de saco cheio de discursos, tô de saco cheio desta merda que chamamos de Educação. disposição mil pra mudar, mas de saco cheio de tudo.
é angustiante não saber o que fazer numa hora dessa. como fazer essa cambada de, hmmm, deixa eu ser educado, como fazer essa cambada de "preguiçosos" e irresponsáveis trabalhar?
ah!, já falei muita merda. nove e quarenta e duas da noite, vou dormir.
nada como um dia após o outro.
segunda-feira, julho 28, 2008
NOTÍCIAS DO BRASIL
450 famílias vão parar na rua
Sem teto, sem roupa, sem auxílio,
Sem nada
PM agride mãe com criança no colo
Policial dispara bala de borracha
Sobre criança de onze anos
Alegam legítima defesa
Moradores fecham avenida
Queimam pneus, colchões, madeira
Braços dados em torno da fogueira
Chamam a atenção
A imprensa noticia:
FAVELADOS TUMULTUAM O TRÂNSITO
Notícias do Brasil
VOLTEI
e hoje também voltei para a escola. ufa, saudades. apesar de ter dado um friozinho na barriga quando cheguei no portão, apesar da sensação de que nada mudou depois que eu cruzei o portão, apesar do sentimento e da necessidade imperiosa de colocar tudo aquilo de cabeça pra baixo pra colocar no lugar de novo, eu voltei. para ficar, incomodando é claro. além de trabalhar, rever os meus queridos alunos. estava com saudade deles (há quem discorde, é claro).
e voltar para a escola é bom porque eu tenho assunto para pensar, para postar neste blogue. já me disseram que eu não sei falar de outra coisa além de educação. tudo bem, qual o problema?
bom, pelo menos uma boa notícia hoje na escola: foi reaberta a sala de informática - depois de, acho... três anos! dezessete novos computadores, conectados a internet, com banda "lerda" foram instalados na escola. bonitos. serão ótimos para fazer o trabalho com os alunos. só fiquei pensando algumas coisas:
1) quanto tempo vão durar os computadores, já que a escola é totalmente desorganizada, não-administrada e nada dura por lá;
2) quanto que a ITAUTEC, responsável pela venda dos produtos, ganhou com a venda dos computadores para todas as escolas e se houve licitação destes produtos e
3) como estamos atrasados no ensino, utilizando as técnicas de nossos "amiguinhos da caverna" com o giz e lousa. fiquei pensando o quanto que perdemos em recursos, possibilidades, com a ausência da tecnologia em sala de aula. enfins, viagens, pensamentos desconexos, pretendo escrever, pensar mais sobre isso.
voltei ao trabalho e, estou feliz (há quem discorde, é claro).
rodrigo
quinta-feira, julho 24, 2008
donde miras, não estarei lá
atualizações, notícias, visitas à blogs, respostas a emeios, ligações, só a partir da semana que vem, ok?
abraço,
sábado, julho 19, 2008
DONDE MIRAS
sexta-feira, julho 18, 2008
COMO ADQUIRIR O "TE PEGO LÁ FORA"
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quinta-feira, julho 17, 2008
OS FRACOS TAMBÉM TEM VEZ
Matador igual Pelé.
Driblador igual Garrincha.
Abusado que nem Maradona.
Folgado igual ao Baixinho.
Fim de semana sempre tinha alguém na minha porta gritando:
- Cabeçãããããããoooo...
Já sabia o que era.
Pegava o meião, tênis de futebol de salão e a bola.
Claro, principalmente a bola.
Eles não esqueciam de me chamar por causa dela.
Na hora de escolher o time, sempre era um dos últimos.
Nunca o último, que fique bem claro.
Sim, eu era ruim. Mas não era pra tanto.
Eu gostava de jogar na zaga.
Não era minha posição favorita, mas era onde me sentia mais confortável.
Se não soubesse o que fazer, era só dar um chutão.
A molecada vibrava. “Aêêêêêêêêê...”
Melhor do que ficar na frente, a responsa de fazer os gols.
Nunca fui muito de fazer gols.
E não gostava de ser vaiado.
Apesar de não ser canhoto, gostava também de jogar na lateral esquerda.
É, rapá. Eu não era bom, mas sabia bater com as duas pernas.
Isso dava uma vantagem.
Outras vezes, gostava de correr junto à linha lateral.
Cortar pra dentro sem o marcador esperar e pá! Bater de chapa.
Bater pro gol.
Fiz vários gols assim, cortando pra dentro.
Minha jogada ensaiada.
A única, é verdade.
A galera ia ao delírio.
Eu comemorava igual ao rei
O pulo, o soco no vento.
Igualzinho.
O gol mais marcante que eu fiz foi no campinho que tinha lá do lado de casa.
Era um contra, nem lembro mais contra quem.
Sei que era jogo importante.
A maior parte do tempo eu fiquei no muro, só olhando.
Esquentando o banco. É foda.
Mas sabe como é a molecada. Tudo afobado, apavorado.
Tem a juventude mas não tem condicionamento físico.
Não o suficiente. Uma hora cansa.
Aí eu entrava.
E o jogo tava assim: 5 a 5.
Virava três acabava seis.
Estávamos em morte súbita, o gol de ouro.
Quem fizesse, levava.
O time adversário estava no ataque.
O Ferrugem no cruzamento.
A bola cruzada rasteira na área.
A tensão no ar.
Juca pegou de primeira
Na trave!
Para nós, sobrou o contra-ataque.
Eu na frente, sozinho.
Só um marcador entre eu e o goleiro.
Gritei: - “Toca aqui!”
Recebi. Na lateral esquerda, do jeito que eu gostava.
Toquei na frente.
Corri.
Ninguém ganhava de mim na corrida.
Corri.
Corri demais...
Estava chegando na linha de fundo, ficando sem ângulo.
Os marcadores chegando.
Na hora de chutar nem deu pra trocar as pernas.
Foi com a canhota mesmo.
Em cima do goleiro.
Ele espalmou pra escanteio.
“Uuuuuuuuuuuuuu. Grosso. Seu grosso!”
Meu time queria me matar, a bola do jogo.
Eu perdi.
O China foi cobrar o escanteio, todo mundo marcado.
Só eu sobrando.
“Toca aqui, toca aqui.”
O China até viu eu pedir a bola.
Fez que não viu.
Puxa e repuxa na área. A poeira levantando.
O China levantou a bola.
O Peterson escorou de cabeça.
O goleiro espalmou.
A bola sobrando na lateral direita.
O zagueirão deles não pensou duas vezes. Mandou pra cima.
A bola subiu, subiu, tava chegando no meio de campo.
Eu lá, sozinho.
O que eu faço?
“Domina, domina essa porra!”
“Ó o ladrão, ó o ladrão!”
Não pensei duas vezes. Mandei de primeira.
GOOOOOOOOooooooooooolllllll...
E um monte de moleque sujo em cima de mim.
Preciso confessar, sem modéstia.
Foi golaço!
Apesar de não ter visto pra onde eu chutei.
Era umas onze e meia da manhã, o sol tava alto.
Batendo bem na minha cara.
Eu não vi a bola. Eu senti ela chegando.
Assim como senti: é a hora.
Apoiei com a esquerda.
Joguei a cintura pra trás, junto com a perna direita.
E bati. Com o peito do pé.
Nem vi onde a bola entrou.
O Lajota falou que foi no ângulo direito.
O goleiro nem se mexeu.
Na verdade foi tão rápido, uma bola com efeito.
Ninguém se mexeu.
Ninguém acreditou que eu dei aquele chute.
A bola do jogo.
6 a 5. Ganhamos!
Já era. Agora era só correr pro abraço.
Chamar os “pato” de marreco.
Recolher a bola, juntar os cacos.
Tomar aquela fanta laranja gelada no bar do meu pai.
A molecada toda suada.
Não podia faltar batatinha frita ou Ebicen.
O assunto da mesa não era outro.
A bola do jogo. No ângulo.
Se não tivessem visto, falariam que era mentira.
O Cabeção chutando daquele jeito?
Mandaram eu repetir. Chutar mil vezes.
“Não acertaria um”, apostavam. Não como aquele.
Alguns disseram que foi sorte.
Que nada.
Aquele era o meu dia. Eu sabia.
Se os brutos também amam, por que os fracos não tem vez?
quarta-feira, julho 16, 2008
A.B.C.
DE LÍRIOS CONVIDA - É NESTE SÁBADO
FANTASIA
terça-feira, julho 15, 2008
GAME OVER
Esses dias estava um pouco angustiado. Tinha um texto para entregar. Até aí, tudo bem. O problema é que o texto tinha um tema, uma direção: era uma estória infantil. Infanto-juvenil. Caraca, escrever pra molecada é foda. Puta responsabilidade.
Quebrei a cabeça. Quebrei, montei, quebrei de novo. Escrevi quatro estórias. Nenhuma satisfatória.
Mas depois de tanta busca, eis que hoje estava andando pelo centro da cidade e pimba. A estória venho pronta e caiu sobre a minha cabeça. Quase trupiquei com ela entre as pernas, queria sentar e escrever na hora. Mas ela tava tão enraizada dentro de mim que, não precisou de nada disso.
Cheguei em casa e só a digitei. Não é bom demais?
Achei que ficou legal. Tô lôco pra postá-la por aqui, mas acho melhor esperar. Em outubro ela sai em livro. Se tudo correr bem.
Então é isso. Abraço,
R.C.
BOCA DO LIXO
Isso aqui... isso aqui num é vida. Cê reparou nessa molecada, às sete da manhã, encostados no meu portão? Aos poucos vão chegando, formando. Vinho seco e cigarro na mão. Bate o sinal, eles entram. Chapados. E de tarde os di-menor. Uns molecote desse tamanho, magrinho, num passam dos doze e ficam ali, a tarde inteira nas pedra. Queimando até o osso. Onde já se viu?
Também, se tivessem um esporte, uma cultura, um incentivo. Mas aqui? Aqui não. É como disse aquela escritora. Aqui é o quarto de despejo da cidade. Não tem Pan, Copa do Mundo, ginásio. Só os beco, as viela, as rua; um ou dois campinho e essa porcaria de quadra. Olha só, as grade, tudo enferrujada. Sem trave, cobertura sem telha. Um cimentado todo torto que vive rachando as cabeça. Molecada aí quase se mata. Bola num dura. Nem o risco tá aparecendo mais no chão. Só os nóia. Eles aproveita o mato alto, o abandono, pra ficá aqui, se corroendo. Não dão sossego. São pior qui furmiga no açucareiro.
Por isso que eu digo: tô cansada. Também, ninguém faz nada. Eu pergunto: quem se preocupa comigo? A polícia? Os político? Os ricos cidadãos de bem? Eles até vêm aqui de vez em quando com projeto, dinheiro na mão, mas num ficam muito tempo. Nem quero. Pensa que eu não lembro? Eles fôro os primeiro a deixar a gente aqui, à deriva. Sozinho. Feito cão sem dono. Eles foram os responsáveis por esse abandono. É. Podiam bancá colégio particular pros filho ué, fazê o quê? Quem pode mais chora menos.
Dizem que lá tem aula de teatro, balé, dança de salão. Oficina de cinema, de rádio, judô, natação. E aqui? Aqui nada. Tem dia que falta até giz. Cadeira, carteira. Só o leite que não. Nem o macarrão. Arroz, feijão e salsicha. É bonito vê a molecada fazendo fila com o prato na mão. Tem uns que vêm pra escola só pra aproveitá a dieta do governo. De graça, balanceada. Por isso que precisa de um controle na distribuição. É, redução de carne, frango. Senão eles abusam. Outro dia passaro um comunicado que a empresa terceirizada precisava economizá. Pediro pras tia botá mais água na sopa. Misturá um pouco de carne com ração. Verdade. Acha que é brincadeira? Os menino gostaro. Lambero até os beiço. Num teve um ó, qui reclamô.
Agora, demorô! Alguém tem que resolvê a minha situação? Vai sê sempre isso? É só aparecer o final de semana, eles encostam o caminhão. Desce criança, desce mulher. Desce adulto. Eles arromba, invadi e leva tudo: panela, abridor de lata, liquidificadô. Merenda, computadô, ficha de inscrição. Até armário de professor, levam. E eu, sem um pingo de tesão, tendo que agüentar esse entra-e-sai entra-e-sai no meu terreno?
Pergunte se alguém viu? Não, eu num vi nada. Num sei de nada. Agora, cola na biqueira. Já tá tudo empenhorado. É isso que me deixa mais puta da vida. Todo mundo sabe pr’onde vai, todo mundo sabe do que tá acontecendo, e ninguém, ninguém faz nada. Você acha que alguém se importa?
Tudo bem. Só não reclamem quando eu soltá os meu pequeno. Os da vida torta. Não me abandonaro? Não acabaro com a minha Educação? Então num vô pensá em ninguém, só ni mim. Vô fazê qui nem as cachorra, bem gostoso. Sem camisinha, sem preocupação. Analfabetos, aidéticos terminais, dependentes químicos. Um bando aí de ladrão, estupradô, assassino. Meus herdeiro. Num verão raça, religião, condição social, cor. Vão fazê todo mundo prová do meu amargo sabor. Essa dor que num tem fundo. Eu posso sê uma escola véia, tá feito defunto, mas tenha certeza: cês ainda vão si fudê comigo.
segunda-feira, julho 14, 2008
TE PEGO LÁ FORA
Gigante tem 12 anos. Está na sexta série. Quando soube que ia passar a estudar de manhã na sua escola, ficou preocupado. Afinal, apesar de estudar com o gêmeo, Gigante é bem diferente do irmão. Foi o segundo a nascer. E devido à algumas complicações no parto, ficou com um problema no seu desenvolvimento. Tem a estatura de um anão de jardim, ou um pouco menor, o que é motivo de zoeira, chacotas e muitas tretas na escola. Tretas porque ele não leva desaforo pra casa e, você sabe: os “Grande” gostam de zoar com os pequenos. Na lei da selva é assim. Mas, Gigante não se intimida: “tamanho não é documento.”
Hoje ele estava feliz. Conseguiu enrolar a mãe e ficar mais cinco minutinhos na cama. O irmão saiu mais cedo, naquele frio cortante. Ele estava quase atrasado. Eram cinco pra sete da matina. Pra encurtar caminho, ajeitou a caixa de feira que tava encostada ao muro da escola, subiu e, com a ajuda de um tiozinho que passava na rua, conseguiu se apoiar sobre o muro. O outro lado parecia uma imensidão. O chão lá embaixo, loooooonge. E só mato. Gigante respirou fundo, contou até três, fechou os olhos e pulou. Puff.
- Au!
Uma coisa espetou bem na sua bunda. Estava escondida debaixo do mato. Quando ele viu, não acreditou. Um brinquedo. Novo. Quer dizer, usado. Uma parte enferrujada, outra descascando. Um caninho longo, prateado. E um gatilho.
Ele sorriu.
Olhou para os lados. Não havia ninguém. Muquiou o brinquedo dentro da mochila e foi correndo pro portão da escola. Já eram quase sete e dez, a tia tava fechando. “Pérai, pérai, tia.” Gigante entrou.
As três primeiras aulas passaram que ele nem viu. Quando chegou, sacou logo o caderno, caneta e lápis, ajeitou tudo em cima da carteira e colocou a mochila em cima do seu colo. Os colegas estranharam: “Aê, Gigante, que vontade de estudar, hein?” Fingiu que nem escutou. E ficou lá, fingindo que prestava atenção na aula, fingindo que copiava com vontade a atividade mas, o pensamento tava longe. Na verdade, bem próximo. Sobre o seu colo. Pensava em como ia usar o seu novo brinquedo.
No intervalo, como sempre, saiu correndo da sala e já foi pra fila da merenda. Agora com a mochila nas costas. Os moleques do segundo ano do Ensino Médio passaram. Seguraram ele pelo braço e o levantaram: “E aí, Gigante. Vai acampar?” Tiraram um sarro. Gigante nem respondeu a provocação. Pensou no seu novo brinquedo na mochila. Sorriu.
Na saída, nem esperou o irmão. Foi correndo pra casa. A mãe e o padrasto estavam com certeza trabalhando. Ele teria um tempo sozinho pra analisar com detalhes cada parte da sua nova aquisição.
Entre a cama de solteiro que dividia com o irmão e a cama de sua mãe, no quarto, Gigante tirou o motivo de sua alegria da mochila. Ficou olhando, admirado. “Será que mostro o brinquedo pro Jú? Não, ele vai querer tomar de mim. Ou vai falar pra mãe que eu peguei de alguém. Apesar que a mãe não ia acreditar. Uma pelo meu tamanho. Outra, que ninguém perde um brinquedo desse e deixa quieto.” Gigante alisava o brinquedo. Observava o desenho, a forma, as cores. Fixou sua atenção sobre o cano longo. Olhava atentamente para dentro do buraco. Será que havia alguma coisa ali? Chegou mais perto, mais perto. O dedo apoiado sobre o gatilho. O irmão entrou no quarto, com tudo:
- Quê que cê tá escondendo hein ô, muleque!
Gigante se assustou. Apertou o pequeno gatilho, que disparou:
- Sguiiiiiiiiish!
Ainda havia água no reservatório do Caminhão de Bombeiro. Gigante ficou com a cara toda molhada. O irmão quase se mijou de rir da cena. Só parou quando viu o quanto da hora era o brinquedo. Tinha sirene, buzina. Até uma escada. Além do caninho longo, que servia como mangueira.De alma lavada, Gigante colocou o brinquedo embaixo do braço e foi pra rua. Estava feliz. O Caminhão era quase novo.
domingo, julho 13, 2008
DE FRENTE COM O ESPELHO
Não sou um escritor. Não sou. Preciso dizer isso com mais convicção. Preciso dizer isso com mais vontade, mais firmeza. Preciso começar a dizer não. Para os amigos, para as encomendas. Essa coisa de texto encomendado é um saco. Minha mãe quer que eu faça um texto pra ela. Minha namorada espera que eu faça um texto pra ela. Até o meu cachorro, de olhos caídos, escorridos a quem eu vivo chamando de vagabundo - pelo fato dele invadir a cozinha e roubar a minha comida - me pede que eu escreva um conto. Um poema, um romance. Não quero. Odeio texto encomendado. Eu não sou um escritor.
E daí que eu já tenho um livro. Já disse, ele aconteceu, não foi planejado. Foi o primeiro. Se não vierem outros, o que importa. O que eu escrevo não necessariamente precisa ser publicado. Precisa ser exposto, faturado. Eu preciso dizer não. Se quer um poema, eu mando. Se quer um conto, eu dou. Pego do que eu tiver pronto. E ponto. Agora, se quer uma encomenda, vai a merda. Não me cobre, não me trave. Não espere nada de mim. Eu não sou um escritor. Eu sou uma pessoa que gosta de escrever. Apenas isso. Entendeu?
ECA. MELECA OU EURECA?
sábado, julho 12, 2008
do FÓRUM CENTRO VIVO
ASSASSINOS SOCIAIS
Em 19 de Agosto de 2004, tivemos o início de uma série de ataques que culminou com o assassinato de 15 pessoas em situação de rua (número oficial). Outras feridas. No decorrer dos meses e anos seguintes, vários moradores de rua morreram ou foram atacados, em circunstâncias estranhas. E a cidade do "Grande Irmão", vigiada a todo momento por câmeras em cada esquina, passa desapercebida, distante, com os seus olhos sobre estas mortes.
As câmeras servem para proteger a propriedade, não vidas. Principalmente se estas não tiverem um alto preço, estiverem em atacado nas ruas.
E estão. Em atacado. Sendo atacadas. O responsável? São vários.
GCM (Guarda Civil Metropolitana), PM (Polícia Militar), LIMPURB (Limpeza Urbana) são apenas fantoches. Joguetes cumprindo ordens. Os verdadeiros responsáveis estão nos seus "acépticos" escritórios de vidros das Associações de Viva o Centro. Estão por trás de mesas de mogno nos suspensos gabinetes políticos. Observando o Centro, ocupado pelo povo. Pela "sujeira". Pela doença. E estão aguardando a limpeza. E estão promovendo a limpeza. A plena luz do dia.
Para onde vai a população pobre, trabalhadora do Centro? Para onde vão as pessoas em situação de rua, os ambulantes, os catadores? Para onde vai a pivetada-cheira-cola?
Pra puta-que-pariu. Pra qualquer lugar. Pro inferno. Pra eles não importa. O que importa é que não vão ficar no Centro.
É, os poderosos são demais.
sexta-feira, julho 11, 2008
EM RECESSO
Este blog não será atualizado tão frequentemente. Vai depender da minha vontade, vai depender da disponibilidade de um computador. Quero andar, não sei ainda pra onde ou por onde vou.
Sugiro aproveitar e fazer algumas visitas nas Contra-indicações ao lado, certo?
E a gente vai se falando, se trombando, se tocando por aí.
Rodrigo
terça-feira, julho 08, 2008
ASSIM TRABALHA A NOSSA MÍDIA
CHAPEUZINHO VERMELHO NA IMPRENSA:
JORNAL NACIONAL
(William Bonner): 'Boa noite. Uma menina chegou a ser devorada por um lobo na noite de ontem...
(Fátima Bernardes): '... mas a atuação de um caçador evitou uma tragédia'.
PROGRAMA DA HEBE
(Hebe Camargo): '... que gracinha gente. Vocês não vão acreditar, mas essa menina linda aqui foi retirada viva da barriga de um lobo, não é mesmo?'
CIDADE ALERTA
(Datena): '... onde é que a gente vai parar, cadê as autoridades? Cadê as autoridades? ! A menina ia para a casa da avozinha a pé! Não tem transporte público! Não tem transporte público! E foi devorada viva... Um lobo, um lobo safado. Põe na tela!! Porque eu falo mesmo,não tenho medo de lobo, não tenho medo de lobo, não.'
REVISTA VEJA
Lula sabia das intenções do lobo.
REVISTA CLÁUDIA
Como chegar à casa da vovozinha sem se deixar enganar pelos lobos no caminho.
REVISTA NOVA
Dez maneiras de levar um lobo à loucura na cama.
FOLHA DE S. PAULO
Legenda da foto: 'Chapeuzinho, à direita, aperta a mão de seu salvador'.Na matéria, box com um zoólogo explicando os hábitos alimentares dos lobos e um imenso infográfico mostrando como Chapeuzinho foi devorada depois salva pelo lenhador.
O ESTADO DE S. PAULO
Lobo que devorou Chapeuzinho seria filiado ao PT.
O GLOBO
Petrobrás apóia ONG do lenhador ligado ao PT que matou um lobo pra salvar menor de idade carente.
ZERO HORA
Avó de Chapeuzinho nasceu no RS.
REVISTA CARAS
(Ensaio fotográfico com Chapeuzinho na semana seguinte)
Na banheira de hidromassagem, Chapeuzinho fala a CARAS: 'Até ser devorada, eu não dava valor para muitas coisas da vida. Hoje sou outra pessoa'
PLAYBOY
(Ensaio fotográfico no mês seguinte)
Veja o que só o lobo viu.
REVISTA ISTO É
Gravações revelam que lobo foi assessor de político influente.
G. MAGAZINE
(Ensaio fotográfico com lenhador)
Lenhador mostra o machado
REVISTA SUPER INTERESSANTE
Lobo mau! mito ou verdade ?
segunda-feira, julho 07, 2008
TE PEGO LÁ FORA - TV UNICSUL
- Hã? Televisão?
- É. Foi um canal lá, pra baixo do 15."
E foi assim que eu soube que a entrevista que eu dei para a TV UNICSUL foi exibida desde ontem, na tv a gato ops... digo, a cabo. A matéria foi sobre o Sarau da Cooperifa e de quebra eu tive a oportunidade de falar sobre o meu livro, já que a gravação foi no dia do lançamento na Cooperifa.
Então quem tiver a tv a gato ou a cabo e quiser conferir, anote aí os dias e horários:
TV UNICSUL - Canal 11 NET // 71 da TVA ou 181 TVA DIGITAL
PROGRAMA EXTENSÃO DOC - PENSAMENTO E ATITUDE: Sinopse: "A equipe de reportagem do Programa Extensão Doc. acompanhou o lançamento do livro "Te Pego Lá Fora", do professor e escritor, Rodrigo Ciríaco, sobre a realidade da escola pública. A reportagem mostra, ainda, o sarau literário desenvolvido pela Cooperifa, a Cooperativa dos Poetas da Periferia, liderado pelo escritor Sérgio Vaz."
DIAS E HORÁRIOS:
TERÇA, 08/07 - 10:30HS
SEXTA, 11/07 - 10:30HS
SÁBADO, 12/07 - 02:30HS (da manhã)
DOMINGO, 13/07 - 10:30hs
sexta-feira, julho 04, 2008
ENTERRO DE POBRE
Mas, lembrei deste texto pelo dia de hoje. Oitava E. Na primeira aula, uma professora me chama na porta: - "Vamos na casa do D., a irmã dele está sendo velada." Já sabia que a irmã do aluno havia falecido, algo triste, não apenas pela morte, por ela ser nova (vinte e sete anos) mas, por que era ela que praticamente tomava conta dele (e ele precisa, porque tá cheio de urubu querendo arrasta-lo pras coisas erradas, pra maldade).
Como a sala hoje tinha apenas oito alunos, a vice-diretora(!) liberou que eu fosse com eles junto a outra professora até o velório. Na ida, adentramos um pouco mais da quebrada de Ermelino, onde fica a escola. Conheci ruas, becos e vielas que normalmente eu não passo, até chegarmos a casa do aluno. O corpo estava sendo velado na garagem.
Sei lá porque eu tô fazendo este post. É que, apesar de não conhecer a pessoa velada, fiquei muito emocionado. Vários pensamentos na mente: a fragilidade da vida, o quanto brigamos por coisas que não valem a pena, inclusive pessoas que amamos, o quanto sofremos, vivemos, o quanto não vivemos e por aí vai.
Naquele horário, poucas pessoas. Soube que a rua praticamente ficou fechada durante a noite e a madruga. Mas, as 08 da matina, as pessoas estavam indo trabalhar. A vida continua, ao menos para alguns.
Ficamos por lá durante uns quarenta minutos, até a prefeitura trazer o carro para levar o corpo para o cemitério da saudade. Depois voltamos para a escola. Consegui trabalhar legal só depois da terceira aula.
Outra coisa que fiquei pensando é sobre a merda que é esta diferença que existe entre ricos e pobres, brancos e negros, gordos e magros, etc. Sei porque as coisas são assim mas, as vezes é dificil compreender. Principalmente quando vemos o olhar gélido, frio e indiferente da morte. Não tem distinção. Ela iguala todo mundo.
quarta-feira, julho 02, 2008
SÓ PARA CONSTAR
Quem quiser conferir, acesse:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/
GILBERTO DIMENSTEIN - FOLHA DE SÃO PAULO, 02 DE JULHO DE 08
Ângela Bellittani colocou colégio da zona leste no topo da lista das escolas municipais de SP no Ideb
DESDE QUE NASCEU, Ângela Inês Pretini Bellittani sempre esteve cercada de professores por todos os lados. Seus pais, tios, primos e a irmã davam aulas. Fugindo à tradição familiar, ela entrou numa faculdade de biologia com planos de viver num laboratório fazendo pesquisa, mas acabou preferindo lecionar também. "Minha paixão estava mesmo em ser professora." Mesmo numa escola pública. Agora, com 34 anos de magistério, ela é protagonista de uma façanha que a transforma numa das heroínas anônimas da cidade de São Paulo.
Há 12 anos, Ângela dirige uma escola pública na zona leste, chamada Guilherme de Almeida. No ranking de qualidade de ensino (Ideb), divulgado no mês passado pelo Ministério da Educação, o colégio aparece em primeiro lugar entre as escolas municipais da cidade de São Paulo. Está quase no patamar das nações desenvolvidas -fica muito longe da média da capital e mais ainda da média da zona leste. A receita de Ângela começa com algo bem simples: gostar do que faz, ter prazer em ensinar. "Nem me passa pela cabeça a aposentaria."
Apenas o prazer, porém, não iria tão longe se Ângela não tivesse montado e mantido uma mesma equipe ao seu lado por muitos anos -conseguiu, assim, escapar da praga da rotatividade e do absenteísmo que infesta a educação pública, especialmente as escolas da periferia. Diretora e coordenadora trabalham juntas há dois anos; o corpo docente quase não muda faz quatro anos. "Eu jogo duro", afirma. "Jogar duro" significa não admitir atrasos e faltas nem dos alunos nem dos professores. "Para mim, o fundamental é a união da comunidade escolar", o que, na prática, significa estabelecer pactos de responsabilidade. As famílias dos estudantes da Guilherme Almeida sempre são acionadas para ajudar a resolver problemas.
Há muitos anos, são realizadas avaliações internas -antes mesmo de serem exigidas por testes nacionais ou municipais- e, com base nos resultados obtidos, os professores dão aulas de recuperação.
Os resultados das provas dos alunos apenas reforçam o prazer de ensinar que Ângela aprendeu em casa -um prazer misturado a um sentido de missão. "Vejo a escola pública como um serviço que temos de prestar para a comunidade, não como um favor." Essa visão familiar estava até agora reconhecida publicamente apenas no nome de uma escola da zona leste, chamada professora Cândida Dora Pretini, mãe de Ângela. Mas certamente a maior homenagem a uma família é ter o nome associado a uma escola pública em que os alunos aprendem e os professores sentem prazer em ensinar.
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http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0207200807.htm
PROFESSOR DÁ LIÇÃO DE DESPRAZER - Carta enviada à Gilberto Dimenstein
Minha família não é de professores. Meu pai não concluiu o antigo segundo grau, minha mãe terminou apenas a quarta série. Meus irmãos, apesar de toda a dedicação e esforço de meus pais em oferecerem condições e oportunidades de estudar, preferiram largar a escola com quatorze, quinze anos e ir trabalhar. Também não concluíram os estudos, do antigo primeiro e segundo grau.
Fui o primeiro em minha família a fazer faculdade. A escolha? História. Apesar de toda a crítica, apesar de toda contestação dentro de casa: - “Por que não Direito, Medicina? Já que você gosta de estudar, vá ser alguém na vida.” Eu fui. Decidi ser professor. E não qualquer professorzinho. Eu queria ser O Professor. O mais dedicado, a melhor formação. Eu queria transformar a Educação de meu país. Por isso, quando prestei a universidade, apenas duas me interessaram: USP e UNESP. Passei em ambas. Apesar de ter estudado apenas em uma escola pública.
Quando me formei em História na Universidade de São Paulo, em 2005, já tinha o meu emprego garantido. Havia sido aprovado no concurso de professores promovido pelo Estado de São Paulo em 2003, quando ainda estava na faculdade. Meu sonho, o príncipio dele, estava realizado. Seria professor e, no lugar onde queria: na escola pública. Não me interessa o ensino particular.
Sou professor há três anos numa escola pública da Zona Leste. Não acumulo cargo, não tenho outras escolas. Tenho vinte e sete horas aulas por semana e trabalho mais umas quinze horas em casa. Preparando atividades, fazendo leituras. Todas as quartas-feiras reúno-me com um pequeno grupo de professores para discutir a educação, o ensino público, seus problemas, apontamentos de soluções. Estou com vinte e sete anos, momento que deveria ser o áureo da minha carreira mas, estou cansando. Pois já conheço os desprazeres. Não do ensino, uma de minhas paixões. Mas os desprazeres da escola. Os desprazeres deste sistema educacional (falido). Vou explicar os motivos.
Poderia falar de questões estruturais: os alunos de minha escola há dois anos não sabem o que é uma quadra de esportes. Há três anos não conhecem um laboratório, uma sala de informática. Quiçá uma simples sala de vídeo. Até o ano passado estudavam em salas de aulas alagadas, com infiltrações, risco de queda do teto, paredes. Lousas esburacadas. A típica escola pública, em condições muito piores. Este ano tivemos um curto-circuito na parte elétrica que impediu que os alunos tivessem aulas durante três dias.
Mas, para mim, o principal problema ainda não são estes. O problema começa por cima. A minha escola não possui uma “Ângela Bellittani” em sua direção. A minha escola sequer possui uma direção. A diretora de minha escola é ausente, não cumpre o seu horário, não se responsabiliza pela escola, não a organiza. Funcionários e professores não tem apoio, alunos não tem orientação adequada. E o resultado: uma das piores escolas da minha diretoria de ensino (segundo índices do IDESP e do SARESP).
Soluções já foram apontadas. A primeira: minha direção tem que trabalhar, cumprir o seu horário (quarenta horas semanais). Não cumpre. A minha direção tem que ser mais responsável, mais participativa dos problemas da escola. Não é. Ela precisa se preocupar com a qualidade de ensino, em criar um ambiente organizado e educativo no qual as pessoas tenham o desejo de ensinar e aprender, professores não queiram sair, alunos não peçam transferência. Não o faz.
Conversas já foram feitas entre direção, funcionários e professores da escola. Não resolveram. Documentos já foram protocolados junto à direção, cobrando que esta faça o seu trabalho. Nada feito. Denúncias, reclamações já foram apresentadas à Diretoria de Ensino para que esta situação se modifique, a direção seja responsabilizada. Nada aconteceu. A diretora de minha escola possui, há mais de dois anos, dois processos administrativos na Secretaria de Educação e, nada feito. Continua na Direção de nossa escola como se nada estivesse acontecendo.
Como ter prazer de trabalhar num ambiente desses em que a impunidade, o descaso e a injustiça imperam? Onde estabilidade é sinônimo de imunidade? Onde os que trabalham profissionalmente, os que querem aprender são punidos e os que gozam, os que se aproveitam das brechas do serviço público são premiados? O que fazer?
Gostaria que você me ajudasse a responder esta questão, perguntando à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo como que um funcionário que apresenta tamanha incompetência, irresponsabilidade e descompromisso com o serviço público pode continuar a frente da direção de uma escola? É possível?
Precisamos transformar a educação. Resolver os problemas de cada escola, já e um começo.
Atenciosamente,
Rodrigo Ciríaco
Professor de História, com muito prazer.
terça-feira, julho 01, 2008
VOCÊ SABE QUE HORAS QUE PASSA?
Estou a espera daquele caminhão. Sabe, o caminhão de mudanças? Aquele. Que me traga algo fantástico. Que me traga algo verdadeiramente mágico. Novo. Que passe por cima desse tédio, dos prédios fortificados da indiferença, da minha solidão. Estou a espera do caminhão que passe por cima do meu sono. Que esmague os meus sonhos. Deixe-os impressos no asfalto. Reais. Vivos. Sangrando. Aquele caminhão que não me peça para esperar, para ceder, conceder. Ter paciência. Não, ele é diferente. Não vai dar seta, não vai dar sinal, não vai ter buzina. Vai chegar atropelando.
Estou a espera do caminhão. Aquele, com letras garrafais, bem grande, escrito assim, do lado: JUS-TI-ÇA. Que merda, está atrasado. Você sabe que horas ele chega?