FLAQ – AQUIRAZ, CEARÁ. DOMINGO, 23 DE NOVEMBRO DE 2014
Estes dias tem sido de correria, trabalho intenso e muito,
muito tráfico literário.
Domingo estive com o Ferréz na Festa Literária de Aquiraz, a
FLAQ, em Aquiraz, Ceará. Um evento que está em seu segundo ano de realização,
dentro de um ecoparque, a Engenhoca. Tivemos uma mesa com o tema “Literatura
Marginal”, mediada por Nelson Lourenço.
Atividade bacana, público participativo, ideias loucas.
Mas o que mais marcou foi um menino, que acabei não
perguntando o nome. Eu no bazar do lugar, comprando uma água e umas cachaças
artesanais, ele perguntou: tinha, o que tem de R$ 1,00. A menina olhou e disse:
nada. Ainda assim ele olhou, olhou os chocolates. Quanto é esse. Dois e
cinquenta.
Fui lá, peguei o chocolate, pus na minha conta e dei pra
ele. Como é que eu ia comprar cachaça e ver um moleque com vontade de comer
chocolate do meu lado? Maldade pura.
Ele agradeceu muito, quis me dar o um real dele. Falei que
não precisava, nos demos as mãos e saímos, ele para um lado, eu para o outro,
felizes.
Da hora é que depois eu vi este mesmo menino, assistindo a
minha palestra. E mais da hora ainda é que fiquei sabendo que ele havia ido
todos – sim, todos – os dias da feira e assistido atentamente a todas – sim,
todas – as palestras. Era fascinado não apenas por chocolate. Mas por
literatura.
Achei da hora ter pago um chocolate para um futuro
escritor...
Eu e Ferréz dormimos na casa do Rafael, camarada da hora que
trombamos por lá e convidou a gente pra ficar em sua residência. Segunda a
tarde, volta pra Sampa.
PAIXÃO DE LER, RJ. TERÇA-FEIRA, 25 DE NOVEMBRO
Ontem mesmo peguei voo das 07hs da matina e vim aqui para o
RJ, onde estou no momento participando da 22ª edição do PAIXÃO DE LER, evento
da Secretaria Municipal de Cultura que realiza atividades em Museus, Centros
Culturais, Escolas, Bibliotecas, enfim, vários espaços de arte e cultura
espalhados pela cidade.
Ontem estive na Escola Municipal Joracy Camargo, na Vila
Cruzeiro, com uns 60 alunos de duas turmas, do quarto e sexto ano. Realizei o
SARAUZIM – sarau pra molecada. E foi muito louco. Chegar na masmorra disfarçada
de escola, pegar aquela molecada pressionada pelo silêncio, atenção forçada
para uma atividade que eles não tem a mínima ideia do que vai acontecer, do que
vai falar, e conseguir prender a atenção, recitar poemas, explicar o seu
trampo, distribuir livros e ao final ouvir uma menina chegar em você e dizer:
- Sabe o que eu vou ser quando crescer?
- O quê?
- Poeta.
Não foi a primeira vez que vi esta fita. Mas sempre
emociona. Assim como os olhos arregalados, as risadas, a troca. E a pergunta:
você volta no ano que vem?
Claro que eu volto.
A noite, teve evento de abertura das atividades, no Memorial
Municipal Getulio Vargas. E qual a minha surpresa quando chego e vejo vários
versos, de uns 06 poetas selecionados, espalhados pelos muros, tal qual
lambe-lambe que se espalham pela cidade. E quem estava ali nos muros, mochilas,
camisetas? Sim, este camarada que vos fala.
Sem contar que, dentro das bolsas que a galera recebeu de
brinde, levaram os pinos pó...éticos. Mais de 800 pinos encomendados pela
Secretaria de Cultura e espalhados nas atividades.
Quer saber se estou feliz? Felicidade é meu sobrenome.
Fico por aqui no RJ até amanhã, dia 27. Hoje, atividade no
MAR – Museu de Arte do Rio, com minha palestra “Vendo pó. Vendo pó... Vendo
pó...esia”. Amanhã, encontro com outra molecadinha pra bater papo sobre
escrita, produção literária e o que mais eles quiserem.
E a certeza: nós, poetas e escritores, temos uma longa,
longa missão pela frente. A de formação de leitores literários, pessoas
apaixonadas pela literatura, pela poesia. Há muitos, dezenas de milhares de
vilas, comunidades, cidades, escolas, bibliotecas que temos que visitar para
trocar ideia, espalhar a literatura. Nosso povo é muito, muito carente da
cultura literária. E precisamos chegar até eles. E precisamos de apoio,
incentivo, subsidio para chegar até eles. Fica a dica.
Eu to na missão. Sempre que precisar, eu to na pista.
É nóis.
Rodrigo Ciríaco