quinta-feira, janeiro 26, 2012

ATO - EMBAIXADA BRASILEIRA NA ALEMANHA - SOLIDARIEDADE AO #PINHEIRINHO












Na tarde do dia 25 de janeiro de 2012, por volta das 15hs, cerca de 40 pessoas - brasileiros, alemães e outros - estiveram presentes em frente a Embaixada do Brasil na Alemanha, localizada na cidade de Berlim, para registrar um Ato de #APOIO a comunidade do #PINHEIRINHO, e protestar sobre a maneira truculenta como o Governo do Estado de São Paulo, juntamente com a Justiça Estadual estão conduzindo desastrosamente o caso.

Para entender melhor a situação do Pinheirinho, clique:



A proposta do ato surgiu na segunda-feira, dia 23 de janeiro, quando eu e a Sandra Belo (Conselho de Brasileiros em Berlim), junto a Sandra Mesquita estivemos presentes no tradicional Portão de Brandenburgo (Brandenburg Tor), na cidade de Berlim, a fim de fazer um ato para informar a comunidade internacional sobre as atrocidades do Governo de São Paulo, com um silêncio "ruidoso" do Governo Federal. Foi-se proposto então, a realização de novo ato em frente a Embaixada.

Infelizmente, o embaixador não estava presente no momento já que a Embaixada funciona das 08hs as 12hs. De qualquer maneira, foi-se discutido um pouco entre os presentes a atual situação do Pinheirinho, a descalamidade com a qual se está tratando a população e quais outras possível intervenções, ações que a comunidade brasileira e alemã pode tomar para colaborar com a antiga ocupação.

Está marcado um novo ato para a próxima terça-feira, dia 31, na mesma Embaixada, a partir das 14hs para discutir a situação do Pinheirinho e outras questões.

Houve ainda publicação do ato em revista eletrônica que trata sobre a cultura e questões relacionadas ao mundo da língua portuguesa em Berlim. Confiram: http://www.berlinda.org/Olhares/Olhares/Eintrage/2012/1/26_Somos_todos_Pinheirinho_-_Solidariedade_em_Berlim.html

É isso. Solidariedade e resistência a Comunidade do Pinheirinho.

Rodrigo Ciríaco.

quarta-feira, janeiro 25, 2012

SARAU DOS MESQUITEIROS - CONEXÃO SÃO PAULO - RECIFE - BERLIM (ALEMANHA) - 25.01.2012


Nesta quarta-feira, 25 de janeiro de 2012, a partir das 19:30hs, acontecerá o primeiro Sarau dos Mesquiteiros do ano. Com um "pequeno-grande" detalhe: será realizado na cidade de Berlim - Alemanha.

A atividade faz parte de um trabalho de divulgação que estou fazendo do meu segundo livro, o "100 Mágoas", tem apoio da pesquisadora Ingrid Hapke (Universidade de Hamburgo) e parceria com A Livraria - Berlin. Será uma atividade bilingue (português e alemão). Mas aberta a qualquer língua, linguagem ou manifestação artística.

O Sarau será em homenagem às Mães de Maio, à Favela do Moinho e a Comunidade do Pinheirinho - veja vídeos abaixo.

Compareça, divulgue. Sua presença é muito importante para todos nós.


SOBRE PINHEIRINHO





Excelente comentário via rádio por Ricardo Boechat:
http://bandnewsfm.band.com.br/Noticia.aspx?COD=567712&Tipo=225


SOBRE O SARAU DOS MESQUITEIROS

Versão em Português:

O QUE É UM SARAU?

Sarau é uma festa, atividade cultural aberto a todas as pessoas, de todas as idades, na qual os presentes são convidados a recitar poemas e contos, contar histórias, cantar, tocar, apresentar esquetes teatrais, enfim: mostrar um trabalho, compartilhar a arte.

No Sarau todos são artistas e espectadores, ao mesmo tempo. Soberano, somente o respeito, a arte e a poesia.

Atualmente na cidade de São Paulo (Brasil) existem dezenas de saraus, espalhados pelas periferias que desenvolvem atividades semanais em regiões carentes de equipamentos de lazer e cultura.


O QUE É O SARAU DOS MESQUITEIROS?

O Sarau dos Mesquiteiros faz parte do movimento de literatura marginal-periférica que existe há mais de uma década nas periferias paulistanas e que está transformando a cena cultural e artística de São Paulo. É realizado há quase dois anos dentro de uma escola pública na periferia da zona leste de São Paulo e conta na sua organização e realização com a presença de crianças, jovens e adolescentes.

Curso de literatura e teatro, encontros literários, peças teatrais, publicações de contos e poemas são ainda atividades desenvolvida por seu coletivo, Os Mesquiteiros – união da idéia dos “Os Mosqueteiros”, de Alexandre Dumas, com o nome da escola na qual acontecem as atividades, EE Francisco Mesquita.

A proposta é trazer um pouco do que acontece na cena paulistana através da parceria dos Os Mesquiteiros e A Livraria, fazendo uma conexão São Paulo – Recife – Berlim (Brasil – Alemanha).

Compareça e participe.

SARAU DOS MESQUITEIROS
CONEXÃO SÃO PAULO – RECIFE – BERLIM

QUARTA-FEIRA, 25.01.12
19:30HS

Versão em Alemão:

25.01.2012: Sarau | Open Stage Poesie + Musik | A Livraria Berlim

Ein Sarau ist eine Party oder kulturelle Veranstaltung, die offen für alle Menschen ist, unabhängig vom Alter. Das Publikum wird eingeladen und dazu ermuntert, Gedichte und Texte zu erzählen, singen, spielen, kleine Theaterstücke aufzuführen, usw. Kurz, alle können ein Werk zeigen und die Kunst teilen.

In einem Sarau sind alle gleichzeitig Künstler und Zuschauer. Hier herrscht nur der gegenseitige Respekt, die Kunst und die Poesie.

Zur Zeit gibt es in der Vorstadt São Paulos (Brasilien) duzenden von Saraus, die auf dieser Weise den Mangel an Kulturaktivitäten und Freizeitangebote zu überwinden versuchen.

WAS IST DER SARAU DOS MESQUITEIROS?

Der Sarau dos Mesquiteiros ist Teil der brasilianischen Bewegung der literatura marginal, die seit über ein Jahrzehnt in der Vorstadt Sao Paulos existiert, und die die Kunst- und Kulturszene der Stadt allmählich verändert hat. Seit zwei Jahren findet dieser Sarau in einer öffentlichen Schule statt. Zu den Teilnehmer und Organisatoren zählen Kinder, Jugendliche und Erwachsene.

Literatur- und Theaterworkshop, Lesungen, Veröffentlichung von Erzählungen und Gedichte, sind Aufgaben des Vereins „Os Mesquiteiros“ – der Name entstand aus einem Wortspiel zwischen den Drei Musketieren von Alexander Dumas und dem Namen der Schule in der die Ativitäten stattfinden: EE Francisco Mesquita.

Nun möchten Os Mesquiteiros in Zusammenarbeit mit A Livraria eine kleine Schau von dem, was man in Sao Paulo erlebt, nach Berlin holen. SSo schliesst sich den Kooperationskreis São Paulo – Recife – Berlin (Brasilien – Deutschland).

Alle sind herzlich eingeladen. Machen Sie mit!

SARAU DOS MESQUITEIROS
SÃO PAULO – RECIFE – BERLIM

Mittwoch, 25. Januar 2012, 19:30 Uhr
A Livraria
Torstr. 159
10115, Berlim

EINTRITT FREI

quinta-feira, janeiro 19, 2012

PODE PÁ QUE É NÓIS QUE TÁ! - ANTOLOGIA DE POESIA E PROSA - PROJETO LITERATURA (É) POSSÍVEL - SARAU DOS MESQUITEIROS



Projeto Gráfico: Silvana Martins (Silsil Do Brasil)
Colaboração: Érica Peçanha e Ingrid Hapke
Apresentação: Jéssica Queiroz (Sarau Dos Mesquiteiros)
Organização e Edição: Rodrigo Ciríaco

PODE PÁ QUE É NÓIS QUE TÁ!

ANTOLOGIA DE POESIA E PROSA

Projeto Literatura (é) Possível
Sarau Dos Mesquiteiros

Confira aí o nome dos autores e autoras integrantes da antologia:

Akins Kinte
Alessandro Buzo
Allan da Rosa
Amanda Djoy
Andrio Candido
Beatriz Mendes
Binho
Bruna Cunha
Bruno Arruda
Camila Freitas
Camila de Jesus
Carlos Galdino
Célia Reis
Cocão – Versão Popular
Daniel Santoro
Dinha
Dugueto Shabazz
Emerson Alcalde
Elizandra Souza
Fabio Boca
Fanti Manumilde
Fernando Cruz
Gabriela Maria
Gabryella Letícia
Gáspar – Z’África Brasil
Henrique Costa
Ingrid Hapke
Janaina Santana
Jéssica Balbino
Jéssica Queiroz
Jhoni Medrado
Maely Freitas
Mano Teko
Marcelino Freire
Maria Angélica
Mayra Jóia
Michel Yakini
Monica Cardim
Nelson Maca
Priscila Guimarães
Raquel Almeida
Ricarda Goldoni
Roberta Estrela D’Alva
Rodrigo Ciríaco
Rodrigo Sousa & Sousa
Sacolinha
Samuel Secio
Sarau da Brasa
Sérgio Vaz
Silvana Martins
Tubarão
Vander Che
Vanessa Freitas
Victor Rodrigues

Lançamento:
25 de Fevereiro de 2012
a partir das 17hs
no SARAU DOS MESQUITEIROS!

PODE PÁ QUE É NÓIS QUE TÁ!

terça-feira, janeiro 17, 2012

REPERCUSSÃO: 100 MÁGOAS EM BERLIM E SARAU DOS MESQUITEIROS: CONEXÃO SP-RECIFE-BERLIM


Salve, rápa.

Feliz demais com a repercussão do lançamento e leitura do meu livro "100 Mágoas", que aconteceu na A Livraria em Berlim - Alemanha. A atividade foi noticiada no Brasil por vários sites (Central Hip Hop, Rap Nacional, Do Lado de Cá, Polifonia Periférica, entre outros), além de uma nota sobre o lançamento no Jornal da Tarde.

Agradecimento especial ao trabalho da Jéssica Balbino, na divulgação. Valeu, parceira.

Por aqui, saiu em um site especializado em cultura alemã em Berlim e o mundo de língua portuguesa, Berlinda (versões em Português e Alemão) além do site da própria Embaixada Brasileira em Berlim. Orgulho demais... Vou imprimir e levar pra minha mãe ver depois. Sem brincadeira.

E tem mais!

Pra fechar (ou abrir) com chave de ouro esta longa estadia aqui em terras germânicas, farei no dia 25.01.12, quarta-feira, em parceria com A Livraria, o SARAU DOS MESQUITEIROS - CONEXÃO SÃO PAULO - RECIFE - BERLIM. O evento será multicultural, tanto nas linguagens artísticas como na fala - português, alemão, inglês e o que mais pintar.

A atividade também foi divulgada na Berlinda e pode ser conferida abaixo:

Versão em Português:

Versão em Alemão:

No mais, é isso. Aqui, só um pouquinho de férias. Muito trabalho na preparação e organização da Antologia Poética do Projeto Literatura (é) Possível - Os Mesquiteiros, "Pode Pá Que é Nóis que Tá", a ser lançada em 25 de fevereiro de 2012, no retorno das atividades dos Mesquiteiros.

E aproveitando e cravejando as portas e oportunidades que estão me sendo abertas, colocadas na mesa.

Agradecimento em especial a doutoranda em letras pela Universidade de Hamburgo (ALE), Ingrid Hapke, pelas conexões e oportunidades.

Abraços e, até mais.

R.C.

domingo, janeiro 15, 2012

PINHEIRINHO? RESISTE. MOINHO? RESISTE



O PULSO AINDA PULSA


(publicado no livro "Do luto à luta", organização Mães de Maio e no livro "100 Mágoas", de Rodrigo Ciríaco)


Na porta do bar, um copo segura um homem.

Na verdade, quem o visse assim parado na porta do bar esquina da Rua Quarunás com a Rua 24 de Fevereiro não veria o copo, não veria o homem. Apenas um corpo negro, escuro, sustentando farrapos; um cheiro forte de fumaça impregnando o azulejado e os olhos castanhos, vermelhos, marcados com os restos de uma visão do que foram barracos. Quem olhasse para ele naquela noite, fosse por minutos, fosse por horas, veria sempre a mesma coisa: cinzas.

São nomes agora confusos que na sua mente perfuram, atravessam, rasgam: São Rafael, Lajeado, Vila do Nilo, Vila Santa Catarina, Vila Andrade, Naval, Pau Queimado, Zaki Narchi, Raimundo Pereira de Magalhães, Chácara Bela Vista, Jardim Aeroporto, Real Parque. Conhecia todos estes lugares. Alguns, pelas lideranças diretas. Outros, por acompanhar pelos jornais. E agora Tiquatira.

Por duas vezes entre dois dias: Tiquatira.

Não importa o quanto digam que foi acidente. Que um morador descuidado esqueceu um fogão ligado, que um gato deu curto e espalhou faíscas para todos os lados. Que fizeram fogueira no lugar errado. Seu João Benedito, véio de guerra, que sempre foi líder nato nesta selva de pedra, sabe o quanto vale um terreno nesta terra. O quanto incomodava a ocupação de sua gente nela. Conhece bem a contabilidade, a velocidade com que supostos acidentes aumentam nas favelas conforme o interesse da especulação imobiliária cresce na cidade sem trégua.

“Treze incêndios acidentais nos últimos dois anos? Parece brincadeira...”.

Quase ensaia o último trago, quando da mente evasiva abruptamente é resgatado pelo baque-seco da garrafa de pinga que bate contra o teto da estufa de vidro que em seu interior traz resguardado ovos cozidos rosas e amarelos:

- Mais uma, seu Dito?

Estende o braço ao homem por trás do balcão e faz um gesto qualquer com a cabeça, que o mesmo entende como um sim, e deixa-o colocar mais uma dose antes de vê-lo voltar pra sua pequena cozinha.

Seu Dito continua em pé, na porta do bar. O copo o ajuda a se segurar.

Crianças correndo descalças no chão de barro levando a pipa aparecem em suas vistas, num piscar. E são seguidas de outras mães correndo com filhos nas mãos e no colo, gritando: “Meu Deus, meu Deus!” se ajoelhando e colocando-se a rezar. Homens que madrugavam no caminho pro trabalho com marmita feita antes do sol raiar, aparecem agora com baldes, panelas, mangueiras e latas velhas tentando o fogo apagar.

Tudo é em vão. A fogueira é insaciável. O incêndio incontrolável e a tudo devora muito rápido. O que se levou anos para construir, montar, trazer, pagar, em minutos vira fumaça. Cinzas no ar.

Cama, fogão, geladeira; fotos, roupas, documentos, lembranças de vidas inteiras. Nada, nada. Quase nada fica para guardar. De sobra um terreno. Em ruínas cinza e preto, madeiras e o estralo; estragos, reforçados pelas manchas carbonizadas que cobrem as centenas de adultos, jovens, mulheres, velhos, cachorros e crianças, que entre as buscas dos bombeiros tentam se deparar com algo útil.

- Foi tudo – alguém diz.

- Tudo é muito pra quem não tinha quase nada. – outro responde

Se pudesse seu Dito sentava, na parede encostava, e chorava. Esta era sua vontade. Afinal, tudo parecia em vão. Uma luta de anos consumida em segundos, espalhada como pó pelo chão.

Não pode. De longe, um de seus filhos caminha, o avista. Aproxima-se e se senta em um dos degraus da porta do bar. Pés descalços, sem camisa; um shortinho vermelho. Brinca perto do pai, com algumas bolinhas de gude. Após alguns minutos em silêncio, com uma voz mansa, como se não quisesse incomodar, olha e pergunta:

- Pai, meu caderno queimô. Como que eu vô estudá amanhã?

Um nó fecha a garganta de seu Dito. Ele trava, para. Vacila. Não sabe o que dizer. Antes de seu filho perceber, responde com outra pergunta:

Pai já deixô alguma coisa faltar?

- Não, nunca.

- Então se aquieta. Amanhã é outro dia. Pai cedo madruga. Consegue seu caderno, dos seus irmãos, cês vão pra escola estudá.

As palavras do pequeno tiraram seu Dito do quase transe que estava até então. Ele abandona o copo, saca algumas moedas do bolso, paga o que deve e estende para o seu filho sua mão. Surpreendendo o menino, suspende-o com um puxão, coloca-o acima de sua cabeça com as pernas entre o seu pescoço:

- Bôra? Então segura, peão!

Sai trotando, brincando com o pequeno em seus ombros. O vazio nos bolsos, o aperto no estômago, mas com garra e coragem. Tímidas na expressão mas grandes no coração. A mente já labutando, maquinando ideias. Para improvisar trabalho, roupas, alimentação. Resolver os problemas da escola, saúde, documentação. Tudo precisaria de muita solidariedade, luta e cooperação. Entre sua família, amigos e vizinhos era o que não faltava. Não. E novos. Novos planos de Ocupação. Afinal, não havia outra solução. O abandono dos Governos, a insensibilidade aos apelos. Os seus direitos, garantidos em Constituição. Não. Os seus não podiam e não iriam ficar na rua, ao léu. Jogados no chão. Não enquanto forças tivesse. Não enquanto pudesse. Se fosse cair, que estivesse em pé. Nunca ajoelhado, de cabeça baixa ou estendendo como um pedinte suas mãos.

Na porta do bar apenas o copo. Sob ele, um balcão. Memórias de um passado que agora não seguram mais Seu João. Aliás, nem nada. Nem ninguém.

sexta-feira, janeiro 13, 2012

SP-BERLIM: LITERATURA SEM FRONTEIRAS


SP-BERLIM: LITERATURA SEM FRONTEIRAS

Berlim, 13 de janeiro de 2012

Aconteceu na quinta-feira, 12 de janeiro de 2012, o lançamento do livro “100 Mágoas”, de Rodrigo Ciríaco (Edições Um Por Todos, 2011, 120 páginas) no espaço da A Livraria, loja especializada na literatura afro-luso-brasileira no coração de Berlim – Alemanha.

A atividade teve início por volta das 19:30hs e contou com a moderação e tradução para o alemão da pesquisadora Ingrid Hapke, da Universidade de Hamburgo (ALE).

Rodrigo Ciríaco falou um pouco sobre a origem do seu novo trabalho, iniciado em 2008 após a finalização do seu primeiro livro, o Te Pego Lá Fora (Edições Toró, 2008, 108 páginas), sobre a importância do financiamento do livro através de um edital público do município de São Paulo (o Programa VAI) e sobre o trabalho coletivo desenvolvido na elaboração de um novo selo editorial, o Um Por Todos, na qual o livro foi publicado – de maneira independente, diga-se de passagem. Falou ainda sobre o processo de construção do livro, questões estéticas relacionadas ao estilo da escrita e a diversidade de temas e personagens presentes nos contos: a pessoa em situação de rua, uma detenta condenada injustamente, o pai revoltado no leito do hospital sem atendimento para a filha, as traições, rejeições e (des)amores da vida privada, entre outros.

Foram feitas as leituras de dois contos do seu livro: “Maria”, que aborda a história de uma mulher acusada injustamente de matar a filha com cocaína em sua mamadeira e “Sem Mágoas”, conto este que faz referência ao título do livro e que aborda o desabafo de uma mulher ao seu ex-namorado.

Aliás, o destaque da presença de personagens femininas foi uma das perguntas da platéia, sobre como o autor faz para dar uma certa “naturalidade” a fala destas personagens, que afirmou, sem nenhum constrangimento, possuir seu “lado feminino” forte e decidido, além da importância do autor debruçar-se sobre a escrita: “todos os meus contos eu li, mexi e reescrevi, pelo menos, umas quinze, vinte vezes. Uma busca, uma briga para se achar a melhor palavra, a melhor expressão. Em qual ponto fica melhor a vírgula, um ponto ou mesmo nenhum dos dois”.

Outra pergunta de destaque foi sobre a “visceralidade” dos contos, ou do que Rodrigo gosta de chamar de “literatura de estômago”. Como se faz com tantas histórias, o que ela provoca no autor? “Gastrite”, foi a primeira resposta, seguida de risada dos presentes. “Mas por isso que não me considero muitas vezes um escritor, pois não gosto de escrever sobre qualquer coisa, mas aquilo que me pega pelo estômago, por baixo. Escrever é um ofício necessário para eu me sentir vivo”, declarou.

Outro ponto de destaque da atividade foi a qualidade das traduções literárias, do alemão para o português, feito pela pesquisadora Ingrid Hapke, da Universidade de Hamburgo (ALE), elogiada por vários dos presentes. Hapke está finalizando um trabalho de doutorado em letras sobre a literatura marginal-periférica brasileira e vem se destacado na divulgação, ensaios e tradução de textos e materiais ligados ao tema em terras germânicas.

Para finalizar, Rodrigo Ciríaco recitou o poema “Periafricania”, de Gaspar (Z´África Brasil) e os presentes convidados a participar de um coquetel, conhecer mais de seu trabalho e conversar com o autor.

SOBRE O AUTOR:

Rodrigo Ciríaco é educador e escritor e integrante do coletivo Os Mesquiteiros. Coordena há cinco anos em uma escola pública da periferia da Zona Leste de São Paulo o projeto de incentivo a leitura, escrita e criação artística, Literatura (é) Possível, na qual desenvolve oficinas de literatura e teatro, encontros com poetas e escritores e, mensalmente, o Sarau dos Mesquiteiros, que acontece todo último sábado de cada mês, na própria escola.

Autor dos livros Te Pego Lá Fora (Edições Toró, 2008, 108 páginas) e recentemente do 100 Mágoas (Edições Um Por Todos, 2011, 120 páginas), todos trabalhos independentes. Já registrou participações em eventos culturais e literários da rede SESC, Itaú Cultural e na FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty) e teve alguns de seus contos traduzidos para o alemão (ainda sem publicação) e francês, no livro Je suis favela (Editions Anacaona, 2011), ao lado de Marcelino Freire, Marçal Aquino, Ferréz, Sacolinha, Alessandro Buzo, entre outros.

CONTATO:

Fone: +55 11 9457-6708

Twitter: @rodrigociriaco

Facebook: Rodrigo Ciríaco

Email: rodrigociriaco@yahoo.com.br

Fonte: Assessoria de Imprensa – Rodrigo Ciríaco
Fotos: Brunela Succi































segunda-feira, janeiro 09, 2012

LANÇAMENTO: LITERATURA MARGINAL-PERIFÉRICA EM BERLIM (ALEMANHA)


LITERATURA MARGINAL-PERIFÉRICA BRASILEIRA EM BERLIM!

Rodrigo Ciríaco, educador e escritor, autor do livro de contos Te Pego Lá Fora (Edições Toró, 2008, 108 páginas) lança nesta quinta-feira, 12 de janeiro de 2012, em Berlim (Alemanha), o seu segundo livro de contos: 100 Mágoas (Edições Um Por Todos, 2011, 122 páginas).

O livro é um mosaico de várias histórias que abordam a problemática política e social da babilônia brasileira: a pobreza, o descaso, a violência policial. Mas não faltam também tensões conjugais, emocionais. Todas regadas com muito lirismo. E um pouco de cinismo, é claro.

O trabalho conta com prefácio de Marcelino Freire, orelha de Érica Peçanha e o projeto gráfico de Silvana Martins.

100 Mágoas foi lançado em outubro de 2011 e percorreu diversos saraus das periferias de São Paulo (Cooperifa, Binho, Elo da Corrente, Suburbano Convicto, Mesquiteiros, Ademar, Balada Literária), além da Bahia (Sarau Bem Black). Agora, chega em Berlim (Alemanha), para ser lançado na A Livraria, espaço especializado em literatura afro-luso-brasileira e que já recebeu nomes como Ferréz, Marcos Lopes, Ruy Castro, Ignácio de Loyola Brandão, João Ubaldo Ribeiro entre outros.

Além dos lançamentos, haverá leitura e tradução de alguns contos para o alemão, além da mediação da pesquisadora Ingrid Hapke (Universidade de Hamburgo-ALE) que está finalizando um doutorado em letras sobre a literatura marginal-periférica.

Esta não é a primeira experiência "internacional" do autor. No ano passado, esteve na mesma A Livraria fazendo leituras e lançando o seu primeiro livro, Te Pego Lá Fora. Além disso, foi traduzido e publicado na coletânea de contos "Je suis favela" (Editions Anacaona, 2011), tradução de contos contemporâneos brasileiros para o francês, ao lado de Marcelino Freire, Ferréz, Alessandro Buzo, Sacolinha entre outros.

O livro 100 Mágoas estará sendo vendido no dia. A entrada é franca. O convite, sincero.

Outras informações, acesse:

http://www.alivraria.de/ (Site da A Livraria)

http://www.berlinda.org (Publicação dedicada a interação entre Berlim e o mundo de língua portuguesa).



SOBRE O LIVRO:

100 Mágoas

100 Mágoas é um livro de contos. Que poderiam muito bem ser chamados de uivos. Gritos. Abafados. E que não se permitiam mais ficar calados.

Do mendicante, refletindo sobre a gozolândia cultural na Babilônia. E com fome de justiça na barriga.

Da mãe, execrada em rede nacional, abusada e violentada na escuridão de uma cela, pra depois ser declarada inocente.

Da favelada, que tem por sonho um piso para o seu barraco. Um piso. Só isso.

Do índio, que não aceita mais ser explorado.

100 Mágoas é o rasgo no véu da mordaça dos oprimidos: pretos, pobres, periféricos. Dos brancos. E suas vidas miseráveis. Nossas vidas.

100 Mágoas é também um livro de amor. Sangrado. Sagrado. Profano. Abusado. Traído. Mal resolvido. Mal amado. Marcado.

Aliás, 100 Mágoas é isso: o registro de muitas marcas. Histórias, mágoas. Colhidas nos jornais, retiradas do estômago e das memórias. Latejantes. Dolorosas. Pra que fique bem claro por que lutamos. Por que bradamos, por que insistimos. Por que protestamos. Por que escrevemos. Ainda com revolta. Apesar de muitos acharem ser esta uma estação fora de moda.

100 Mágoas é isso. Um livro de lembranças. Literais e literárias.

Porque recordar é viver. E lembrar é resistir.


PROGRAMA VAI 2012 - VAMOS NOS APROPRIAR DO QUE É NOSSO!


INFORMAÇÕES COMPLETAS, ACESSE:
http://www.programavai.blogspot.com/