quarta-feira, março 27, 2013

LITERATURA SEM FRONTEIRAS - DIÁRIO DE BORDO - APRESENTAÇÃO: 33o SALÃO DO LIVRO - PARIS


vendo pó, vendo pó: vendo pó...esia!

E foi. Assim: eu e Ferréz chegamos no 33º Salão do Livro de Paris, na França e, quebramos tudo. Simples assim.

De verdade, quem estava presente curtiu muito o nosso batepapo, nossa apresentação. Tudo foi gravado e filmado pela Embaixada Brasileira em Paris. Assim que tiver o link do vídeo, disponibilizo para todos.

Fiquei muito, muito feliz da minha participação. Estive me preparando bem nos dias anteriores, nas apresentações. Olhei para aquela oportunidade como algo único, em que acontece uma vez na vida, e você não pode errar, você não pode falhar. E a sensação que tive é que a missão foi cumprida.

Recitei “Biqueira Literária” de uma forma que nunca havia recitado antes: com entrega, envolvimento. Não esqueci nenhum verso, não travei em nenhum momento. Foi assim: um rio claro e caudaloso que seguiu seu curso. E absorveu os ouvidos dos transeuntes que circulavam pelo Salão. Que pararam em nossa cessão para observar a interpretação.


nossos trampos


stand da embaixada brasileira


na concentração, pouco antes da apresentação


ferréz, chegando pra tomar de assalto




meu texto, com transmissão simultânea em francês, ao fundo



"o sonho de leni"



"O Brasil no Salão do Livro de Paris 2013" - vai pensando que é pouco


realização



Rashid Santaki, autor da quebrada de Paris, Ferréz e eu

Bá! Foi bonito. É o que tenho pra dizer. E agradecer: a Paula Salnot, das Editions Anacaona pela força, pelo convite, pelas conquistas. Uma pessoa que achou meu trampo na net, via meu blog, apostou e me trouxe pra cá, mesmo sem nunca ter publicado nada por nenhuma editora comercial. Valeu.

A literatura marginal-periférica mostra, comprova, cada dia mais uma frase do Tolstoi: “quer ser universal, começa por pintar a tua aldeia”. Estamos sendo “literatura sem fronteiras”. Aproveite e faça um pequeno #TOUR - nas fotos - pelo Salão do Livro e veja onde chegamos.


espaço externo do pavilhão do Salão do livro


entrada: parece acesso para o metrô na Sé, tanta gente que é. 



painel com a programação do Brasil


pode clicar, aumentar, que meu nome tá lá - rs


apesar do meu livro não estar entre os livros da livraria da embaixada
- ainda aqui, somos marginais -
faz falta uma editora comercial pra representar


eu e smurfete - para minha filhota Malu!


detalhe do Salão do livro




Feliz.

Paris, 27 de março,

Rodrigo Ciríaco

domingo, março 24, 2013

LITERATURA SEM FRONTEIRAS - DIÁRIO DE BORDO - 33o SALÃO DO LIVRO DE PARIS - FRANCE


foto: Natália Barbosa

Hoje, 24 de março de 2013, será um dos dias mais importantes da minha breve carreira literária. Explico: vou participar do 33º Salão do Livro de Paris.

O Salão do Livro é um evento muito importante na cidade francesa, um dos mais importantes na Europa. Tanto que a embaixada brasileira na França tem um estande montado, para divulgar a literatura brasileira. Fica num grande centro de exposições da cidade-luz. Uma porrada de editora gigantesca. Uma porrada de autores “famosos”. E um número imenso de leitores nos corredores,

Este ano, 06 autores brasileiros foram escolhidos pela Embaixada, para participar de atividades: Ronaldo Correia de Brito, Paloma Vidal, Suzana Montoro, Andrea Del Fuego, Marçal Aquino e Ana Maria Machado. Eu e Ferréz viemos em parceria com a embaixada, com apoio do edital vencido pela Editions Anacaona junto a Fundação Biblioteca Nacional.

De todos os autores, apenas eu e Ferréz representamos a literatura marginal-periférica. De todos os autores, apenas eu nunca fui publicado por uma grande editora. De todos os autores, apenas os meus livros não estão no estande.

Mas o tráfico tá rolando solto nos corredores, isso eu posso garantir – rs.

Pra mim, é um momento único, totalmente marcante, afinal, quantos autores brasileiros, com pouco mais de 06 ANOS de carreira, numa caminhada totalmente INDEPENDENTE, já tiveram seus textos TRADUZIDOS  – e publicados – para o francês, alemão, italiano e espanhol? Quantos já tiveram, neste tempo de carreira e caminhada, a possibilidade de VIAJAR e divulgar seu trampo na Alemanha, França, Bélgica, Itália? Quantos puderam participar de um SALÃO DO LIVRO, com status e reconhecimento internacional como o de PARIS?

Quem souber, me diz aí. Tô achando quase caso único – rs.

Mas por outro lado, bate uma apreensão. Já consegui voos altos, coisas loucas demais com meus textos, minha caminhada. Mas eu sei que ela tem uma extensão, e eu vejo que to chegando no limite do caminho. Posso avançar, mas pra isso preciso da estrutura de uma editora comercial, de um agente literário, coisas que até pouco tempo atrás não visualizava mas, que agora, entendo melhor. E daí que é foda.

Cadê?

Por isso, o momento único. Oportunidade grande de estar em exposição do meu trabalho. Quem sabe, alguém está lá, entende tudo isso e, sei lá, aparece alguma coisa, uma proposta interessante, respeitosa. Digna. Definitivamente, quero me aprofundar ainda mais no meu trabalho como escritor. Finalmente, comecei a escrever o meu primeiro romance e, acredito muito que vou fazer coisas bacanas ainda neste caminho.

Mas não basta estar preparado, tem que ter oportunidade. Hoje, vou tentar fazer a minha no laço.

O que queria era dividir este importante momento. E pedir que me desejem: MERDA!

Direto de Paris, 12:00, de 24 de Março de 2013.

Rodrigo Ciríaco

sábado, março 23, 2013

LITERATURA SEM FRONTEIRAS - DIÁRIO DE BORDO 20 A 22 DE MARÇO - POITIERS E PARIS


Salve, salve, rapa.

Hoje se completam 10 dias que estou acá, em terras estrangeiras. E pela primeira vez nesta viagem amanheço despreocupado, podendo acordar um pouco mais tarde, podendo me desfrutar ao luxo de não ter uma atividade marcada.

Até aqui, foram atividades todos os dias. Algumas vezes duas, três atividades, com duração entre elas de uma a duas horas. E pega ônibus, e vai para o trem e viaja de carro e pega ônibus e anda: anda, anda, anda que europeu gosta de andar. E bastante! O que é bom, é possível observar que a maior parte leva uma vida saudável, tendo em vista que este hábito saudável, a alimentação e o fato de que você não encontra muitas pessoas gordas nas ruas.

Bom, vamos as atividade dos dias:

20 de março: eu, Ferréz e a Paula Anacaona (editora) pegamos o trem das 10hs e fomos para uma cidade no interior da França, Poitiers. Cidade histórica, com um batistério (pia de batismo) do século IV – tem noção, mais de 1700 anos de história – igrejas do século XI, XII. Fora isso, Poitiers tem um marco importante dentro da história do Cristianismo pois foi aqui que Carlos Martel barrou a expansão islâmica para o território europeu, no século VIII, no que é conhecido como a batalha de Poitiers.











Bom, deixando a parte histórica, estivemos na Sciences Po, campus Euro Latino-Americano. Só pra ter uma ideia, na França existe um sistema diferente do Brasil em relação ao ensino superior, eles tem estas “escolas de ciência”. E a Sciences Po tem uma tradição, pelo que me disseram superior até a tão famosa Sorbonne, de formação de presidentes, ministros e outras importantes pessoas que acabam desempenhando funções importantes dentro da sociedade francesa.

Então, tem noção? Eu e o Ferréz fomos convidados para falar aqui.

No dia 20 de março fizemos dois bate papos, que nos deixaram exaustos: um das 18hs as 19:30hs e outro das 20hs as 22:30hs. Isso porque eu puxei o bonde e disse que precisávamos parar, comer algo, percebi que estava com baixo açúcar, porque senão a parada ia longe, tamanho era o interesse, a participação, o calor das discussões, trocas de ideias.




















Ficamos em um hotel maneiro, pique patrão, e ainda tivemos um tempinho pra conhecer a cidade.

No dia 21 de março, fomos novamente para Sciences Po pra fazer entrevistas: para Olivier, professor da Sciences, para os estudantes, pesquisadores. Ficamos dando entrevistas sobre o Brasil, literatura, movimento hip hop por mais de 01 hora.

No mesmo dia 21, no final da tarde, voltamos para Paris. Dia seguinte, atividade na Sorbonne.
21 de março: as 10hs da matina encontramos com o Leonardo Tonus, professor de literatura brasileira na Université Paris-Sorbonne. Tínhamos uma oficina de criação literária com um grupo de 40 estudantes da universidade.

Tem noção, mano? Eu e Ferréz, vindo aqui pra Université Paris-Sorbonne pra dar um curso para os alunos de criação literária? É um baguio monstro, gigante, tio.

Falamos bastante sobre criação, sobre nossas referências literárias, propusemos um exercício em que a galera topou legal, participaram, falaram, escreveram, mesmo com as informações de que os alunos, normalmente, não tem essa abertura, essa autonomia para fazer as atividades.

Trampo até as 12:30hs. Lanche rápido e, batepapo, sarau as 13hs.












Foi da hora. Eu e o Ferréz fizemos um combinado de que iríamos tretar antes de começar a mesa, ele ia ameaçar de sair, eu ia perguntar quem ele tava pensando que era e ele emendava com “Sou datilógrafo do gueto...”. E foi lôco que a galera acreditou nervoso, ficou com uma cara apavorada e depois... ufa!

Saída de Sorbonne as 14:30hs, role de bike pelas ruas de Paris, descanso no final da tarde e encontro com o querido Marçal Aquino para jantar, trocar ideias. E foi assim.

Pra mim, esta tem sido uma experiência única, transformadora. Enquanto pessoa, enquanto educador e, fundamentalmente, enquanto escritor. Quando regressar pra Sampa, levo na bagagem uma experiência extremamente marcante, e que vai marcar minha escrita e minha carreira literária.

Outra coisa: tudo tem sido maravilhoso, mas estes dois últimos dias em especial para mim, foram excepcionais. Explico: quando entrei na Universidade, meu objetivo sempre foi a educação, trabalhar na escola, mas tinha a pretensão também de fazer um Mestrado, um Doutorado. Um professor – que não vou citar – praticamente matou isso, com a arrogância, o conservadorismo e a humilhação que me fez eu me submeter, nos anos finais da faculdade. Perdi o tesão pela Academia, pela pesquisa.

E agora ter vindo para Sciences Po e Université Paris-Sorbonne como escritor convidados, fazer palestras, batepapo, vender livros, dar dedicatórias, foi uma forma de dizer, ao menos no meu íntimo: eu venci, seu arrombado. Você disse que não, você queria que não mas, eu venci!

É isso. Breve desabafo.

E agora vou terminar de lavar a roupa, fazer a barba para visitar a feira do livro, daqui a pouco.

Saudades do meu Brasil. 

Paris, 23 de março de 2013

Rodrigo Ciríaco