sexta-feira, dezembro 29, 2006

É tempo de festas

Quando alguém morre vai embora uma pessoa única, singular, irrepetível.

legenda do texto menor:
"novas modalidades de uso para carrinho de supermercado e de obra."


É tempo de festas
Todos celebram a conquista do ouro.
Marcham pela rua fazendo serestas
Ou pulando sete ondinhas.

Quando a peste que ronda na sombra da noite
Ou a flecha que voa em pleno dia
Subir o morro
Não terás carneiro para abater
A proteção de sangue
Serão cordeiros e raposas
Escorrendo em rios de sangue
Ou no carrinho de mão
Que traz luz e corpos
Para os olhos que não enxergam
Ao vislumbrar a sua nova serventia.

É tempo de festas
Todos celebram a conquista do ouro.
Marcham pela rua fazendo serestas
Ou pulando sete ondinhas.
Mas quando a morte passeia
E ter fé não basta para dias de calmaria
É preciso que o poeta se arme!
Não há espaço para poesia.

(rodrigo ciríaco)

Mães rezam o Salmo 91 no RJ


Desejo toda Paz e Proteção, as Mães, Pais e Filhos, dos morros do Brasil. Pois nesta guerra em que dois elefantes brigam,
quem mais sofre é a grama!

Novos ataques
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u129867.shtml
Mílicia (POLÍCIA) quer espaço de Traficantes
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u129287.shtml

E eu continuo a me fazer a mesma pergunta: o que fazer quando aqueles que deveriam nos proteger são os algozes - participantes ou executores - da violência?

Segurança Pública não é Privada!

Poesia da Dinha! - ou de como passado, presente e futuro se confundem...

Notícia de Israel

(Panfleto contra todos os homens-blindados-que-cagam-ouro-na-minha-fome-e-na-fome-da-minha-família)

Ontem, no Quilombo de São José, eu olhava os rapazes, negros, bonitos, pintas de rappers - entretanto dançavam as danças de roda. Tão iguais e tão diferentes dos que ontem morreram nas mãos da polícia. Dos que ontem mataram "os polícias".

Era dia das mães e os tiros, entraram nos meus ouvidos ao mesmo tempo em que imagens da gente toda que eu conheço e confio, me passava pelos olhos, e rezas – mais com o corpo, que com a lógica – me pesavam por cada um deles. Desordenadamente.

Mas, ai, esqueci de alguns!!! e foram 3 os que amanheceram mortos.
Três mães acordaram sem filhos – nem dormiram – o que diz mais.
E eu não ouvi notícia em nenhum telejornal.

Em casa, a recomendação: Dinha, não sai de casa, nem volta de madrugada que a polícia ta matando todo mundo.

Quem começou essa briga?
Quem está brigando com quem?

"Quem é marginal?
Quem é a lei?".

Polícia contra bandido?
Ou fardados contra sem farda? Como o jogo de "solteiro contra casado", no primeiro dia do ano?

Bandido contra bandido.
E Israel no meio, às 11.20 da noite, voltando pra casa da mãe.
Explorado contra explorado.

Me mandem matar a polícia!

Eu vou, se isso trouxer
Israel,
Sandro,
Luciano,
Márcio,
Cometa,
Buiú
(toda a família de Elisângela)
Edmarcos e
Hilário
(toda os mortos dos CEDECAS)

de volta.


Me mandem matar os bandidos!

Eu vou, se me deixarem
Matar todos os homens-blindados-que-cagam-ouro-na-minha-fome-e-na-fome-da-minha-família.
Eu mataria capitães do mato
Se eles não fossem de fato
Tão vítimas como são vítimas:
Os policiais fardados,
Os meninos sem camisa,
A mulher que voltava pra casa,
Israel, no colo da mãe.

O fuzil de minha palavra
Precisa estar voltado
Pra verdadeira revolução.


Dinha* 15/05/06

*Dinha é educadora social, integrante do Espaço Cultural Maloca e autora do livro "De passagem mas não a passeio". Edições Toró - Independente. 'Escreve pra corromper as estatísticas'. Contatos: dinhapro@hotmail.com

terça-feira, dezembro 26, 2006

VERGONHA !!!

GCM ACABA COM FESTA DE NATAL DA POPULAÇÃO DE RUA
legenda: "Guarda Metropolitano aponta revólver na direção do palco"

"A Guarda Civil Metropolitana da cidade de São Paulo interrompeu a festa do 3º Natal Solidário com violência e uso de armas.

No dia 24 de dezembro de 2006, aproximadamente 15 horas, logo após o início do 3º Natal Solidário – festa de 24 horas, programada pelo Movimento Nacional da População de Rua, em parceria com organizações sociais e outras ligadas ao poder público municipal, além da Caixa Econômica Federal – viaturas da Guarda Civil Metropolitana desceram as rampas no Vale do Anhangabaú e guardas civis começaram uma operação de identificação das pessoas que se encontravam a cem metros do palco onde se desenrolava a festa. Essa ação resultou num grande tumulto, pois os guardas metropolitanos extrapolaram suas funções, utilizando-se de violência. Essa tentativa de acabar com a festa e criminalizar as pessoas alí presentes provocaram revolta e indignação de todos. (Reportagem completa na próxima edição do O Trecheiro)" - informações recebidas por email.

veja mais informações no link:
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2006/12/369714.shtml

e veja ainda sobre outra agressão da GCM, exatos 11 meses atrás, véspera do Aniversário de São Paulo - matéria minha - "E agora José?", link abaixo:

http://www.rizoma.net/interna.php?id=207&secao=anarquitextura

domingo, dezembro 24, 2006

Sobre o Natal, boas festas (ou não) e agradecimentos...

Então...

Algumas palavras se fazem necessárias por este momento e pelo ano que se passou.

Não sou muito chegado ao Natal. Sempre fico meio deprimido, cabisbaixo nesta época. Não sei o porquê. Talvez por ouvir muitas histórias de minha família, mais especificamente da minha mãe. O seu sofrimento nesta época, as dificuldades que enfrentou quando ainda era pequena, no interior de SP, a separação de meus avós, as privações entre outras coisas são justos motivos para não gostar do Natal. Talvez por ser algo mais família, mais pessoal, e eu não conseguir desconectar das pessoas que não tem mais a sua família- por opção ou não. Mas o principal é o fato do Natal ter se transformado na data mais Capitalista do Ano, essa coisa falsa, hipócrita e que aqui, somente nesta época, devemos perdoar e olhar com mais humanidade o próximo, o nosso "irmão".

Sinceramente, este discursinho é o pior do Natal.

Não podemos fazer da ação de solidariedade (definida por Che como "correr os mesmos riscos") como um discurso de Natal, mas uma prática e exercício cotidiano. Sempre. Hasta la vitória!

Mas eu quero dar neste momento um forte abraço a algumas pessoas especiais que compõem a minha vida, e agradecer por todos os anos e, especialmente, este 2006.

Se no começo do ano de 2006, alguém chegasse para mim e falasse: "olha, você este ano vai se aproximar da Cooperifa. A Dinha vai te levar por lá. Você vai conhecer o Jairo e o Kennya, do Periafricania, o Helber Ladislau, Seu Lourival, Binho, Dinho Love, Sales, Márcio Baptista, Elizandra, Tadeu, Dugueto, Silvio Diogo, Allan da Rosa e vários outros. Vai se tornar amigo do Robson e Neide Canto, Sérgio Vaz, Sacolinha, Alessandro Buzo. Vai ser premiado com o 2º Prêmio Cooperifa" Cê acha que eu acreditaria?

E se dissesse ainda: "este será o seu primeiro ano como professor efetivo da rede pública estadual. Sua missão será trabalhar com alunos de 11 aos 54 anos. Será preciso cuidado, atenção, paciência e responsabilidade. Você vai tremer na base algumas vezes mas, no final dará conta do recado. E o mais importante: conhecerá seres humanos fantásticos." Você acha que eu acreditaria?

E se dissesse ainda que a Fernanda iria casar? Que a Tânia iria para Santos mas, seguraríamos as pontas. Que meu avô iria falecer, a melhor coisa a ser feita seria mesmo deixar a Fundação Empresa-Projeto Travessia e que eu finalmente teria coragem de produzir e divulgar alguns zines e meus poemas, você acreditaria? Nem eu...

Também não acreditaria que um "partidão" botaria a república de joelhos, todos amendrotados. E como resposta, vários suspeitos - não interessa apurar culpas - seriam executados. Também não acreditaria na barbaridade do Líbano e - ainda - do Iraque.

Sem contar a nacionalização do gás - Viva Evo Morales! - na Bolívia e a morte do Pinochet. Melhor ainda do Coronel Ubiratan. Já foram tarde...

Bem, isto foi um pouco do meu ano. Quem quiser saber um pouco mais, veja no histórico do meu curto blog. Um ótimo ano, principalmente na questão profissional. Sem grandes retornos financeiros mas, de grande crescimento humano. Triste pelo projeto Contornos (com o Ed, Cadu, Vivi, Paulo, Iarlei, Rera e eu) ter acabado mas, extremamente feliz por saber que suas sementes frutificaram, espalhadas por aí. Triste por achar medíocre as coisas que escrevo - já não bastava ser um ator, dançarino, pintor e músico frustrado - mas feliz por ter conhecido o Marcelino Freire e outros escritores (acima ou não mencionados) e ter uma única certeza: escrever vale a pena.

"Não há salvação fora da literatura."

Acreditar nisso é o que me garante mais vida.

Quero mandar - e vou dar hoje a noite - um forte Abraço em meu Pai e minha Mãe, sempre ao meu lado, me ajudando, me incentivando, concordando ou não comigo. Aos meus irmãos e suas esposas, que deram duas grandes riquezas para mim: Mariana e Willinha.

Aos meus tios e primas.

Um forte Abraço a amigos que, próximos, estão longe: Hugo, Fernando, Emanuele.

E Tânia. Hoje estaremos juntos... Tudo em família.

Bem, independente de você celebrar estes dias ou não, desejo Saúde, Amor e muita, muita Luta para que dias melhores deixem de ser sonhos e se tornem realidade. Posso ser medíocre, mas é pelo sono dos justos que eu luto, e vou dar as mãos a quem quiser somar neste sonho comigo.

E agora, acho que só em 2007 por aqui.

Para não se sentir abandonado, não deixe de visitar e ler alguns sítios abaixo. Vale ler coisa antiga, são blogs, sítios muito bons.

Aquele abraço,

Rodrigo Ciríaco


poetas e escritores:
http://www.colecionadordepedras.blogspot.com/
http://www.robsoncanto.blogspot.com/
http://www.suburbanoconvicto.blogger.com.br/
http://www.sacolagraduado.blogspot.com/
http://ferrez.blogspot.com/
http://www.eraodito.blogspot.com/
http://peixedeaquario.blogspot.com/
http://zonabranca.blog.uol.com.br/index.html
http://www.portunholselvagem.blogspot.com/
http://ptostes.blogspot.com/
http://vivileao.blogspot.com/
http://www.desconcertos.com.br/

a outra cara da notícia/informação:
http://www.midiaindependente.org/
http://carosamigos.terra.com.br/
http://agenciacartamaior.uol.com.br/
http://www.adital.com.br/
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/
http://apocalipsemotorizado.blogspot.com/
http://cremilda.blig.ig.com.br/

Vitória do Governo Lula !

O Lula já não é mais o mesmo, isso é fato! Mas, não podemos dizer que não há diferenças entre tucanos e petistas e suas formas de governar...

24/12/2006 - 09h31
Desde 2001, crescimento favorece pobres

MARCELO BILLI da Folha de S.Paulo

O crescimento econômico brasileiro continua anêmico, mas há uma parcela da população para a qual a renda cresceu a taxas muito superiores às da economia. Ao contrário dos anos 70 e até 80, quando o Brasil crescia ou se estagnava concentrando riqueza, os anos 2000 inauguraram um período de crescimento "pró-pobres".
Entre 2001 e 2004, a renda dos mais pobres cresceu a um ritmo muito superior ao da renda per capita, tendência que se repete em 2005 e, provavelmente, neste ano.
O economista Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da FGV, calculou, junto com os economistas Nanak Kakwani e Hyun H. Son, das Nações Unidas, as taxas de crescimento que refletem a evolução da renda dos mais pobres.Os números mostram que, apesar do desempenho decepcionante da economia, a população de baixa renda obteve, em período de relativa estagnação, o que Neri chama de "experimento de crescimento chinês".
Entre 2001 e 2004, mostra o estudo, a taxa de crescimento da renda per capita "pró-pobre", ou seja, aquela que reflete os ganhos da população de baixa renda, foi, em média, de 3,1% ao ano. No mesmo período, a renda per capita caiu a um ritmo de 1,35% ao ano.
A contradição entre o desempenho ruim do ponto de vista econômico e o bom desempenho do ponto de vista social é explicada pelo fato de, mesmo em período em que a economia patinou, o governo ter destinado mais recursos aos programas de combate à pobreza -que, na prática, aumentam a renda dos mais pobres.
Os números podem ser olhados de outra maneira também: eles refletem a queda na desigualdade de renda brasileira, já que os pobres conseguiram, ainda que timidamente, reduzir o abismo que os separa dos mais ricos. Neri ainda faz as contas para os anos de 2005 e 2006. Ele avalia que a melhora de distribuição de renda ocorreu, mas em velocidade menor do que a de, por exemplo, 2004. Em 2005, lembra ele, a renda dos mais pobres cresceu 8,5%, contra 6% da renda média.

"Ano espetacular"
Já é um ganho. Mas um ganho que empalidece quando a comparação é com 2004. Naquele ano, em que a economia cresceu 4,9%, a taxa de crescimento da renda per capita para os mais pobres, estimada por Neri, foi de nada menos do que 14,1%, enquanto a renda per capita média cresceu 3,6%. "2004 é o grande ano da queda da desigualdade no Brasil, um ano espetacular", diz o economista.
A pesquisa mostra o quanto o gasto social tem sido importante para a redução da desigualdade e a melhoria das condições de vida dos mais pobres, mas sugere também que nada melhor do que o crescimento econômico para ajudá-los.Em 2004, uma conjunção de fatores "pró-pobres" contribuiu para a redução da desigualdade. O aumento dos gastos sociais, presente em todo o período, ajudou, mas em 2004 a estrela foi mesmo o mercado de trabalho: o aumento do emprego e da renda beneficiou proporcionalmente os mais pobres. "O desempenho é muito puxado pela renda do trabalho. O que é muito importante, porque é algo que não acontecia."
Aliás, o ano de 2004, quando a recuperação do mercado de trabalho beneficiou muito os pobres, foi inédito não apenas pelo fato de o Brasil ter crescido mais que a média dos últimos anos, mas também por ter crescido e desconcentrado riqueza.
Ficou famosa no Brasil a tese de que "o bolo precisa crescer para ser dividido", frase de Delfim Netto, que, de alguma maneira, tentava justificar o fato de, nos anos 70, com forte crescimento, o Brasil ter passado também por processo de forte concentração de riqueza.
Crescimento, dizem os economistas, leva à concentração, a não ser que o Estado aja de maneira a torná-lo mais justo. Ainda há dúvidas se esse é o caso do Brasil e sobre o que ocorrerá quando e se o país voltar à rota do crescimento. Mas os resultados de 2004 parecem sugerir que não é impossível, no caso da economia brasileira, conseguir crescer e, ao mesmo tempo, repartir melhor a riqueza, mostra o estudo.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u113347.shtml
Será que essa matéria é importante? É, mas a capa da Folha foi... crise dos Aeroportos! Vai entender essa Falha de São Paulo.

sábado, dezembro 23, 2006

"A geografia que me importa é o território dos afetos..."

como ele disse que gostou (rs), reproduzo aqui o diálogo que tive com meu amigo Fernando Evangelista, jornalista, com várias matérias na Caros Amigos.

Fernando vive em Malta, Europa. Desde o Fórum Social Mundial, 2005, onde nos conhecemos pessoalmente não nos vimos mais mas, vamos nos falando, né Fernando?

Olha que coisa linda que ele enviou via email, frase do tio Emanuel:

"Realmente, a geografia que me importa é o território dos afetos."

Fernando, te Admiro muito. Saudades


segue abaixo então o texto

"Meu caro Amigo Fernando,

Não apenas ao leitor desavisado, que recebe suas palavras ao vento – verdadeiras tempestades – e tem a possibilidade do exercício de reflexão, você faz a mim um pedido mais direto: gostaria de saber a sua opinião sobre o texto “Vale a pena ser Jornalista?”, Caros Amigos nº 117, Dezembro de 2006.
O título em si já é uma provocação. “Vale a pena ser Jornalista?” poderia ser substituído por “Somos imprescindíveis?”, questões extremamente relevantes neste mundo dito Moderno e no qual os Jornalistas, na maioria das vezes, prestam-se a um desserviço a população, reproduzindo discursos prontos, deturpando depoimentos e a realidade para preservar o próprio rabo e o status quo.
Você próprio responde a questão, de maneira exemplar. Ser jornalista vale a pena se for para ‘desafinar o coro dos contentes’. Lembro ainda de Pessoa: ‘tudo vale a penas se a alma não for pequena’.
Aliás, no mundo de hoje, onde tudo que é sólido desmancha no ar, onde – supostamente – dizem não existir mais ideologias, foi decretado o fim da história, a vitória do Capital, o jornalismo se torna imprescindível.

“Quando os crimes acontecem como a chuva que cai, ninguém mais grita: alto!
Quando as maldades se multiplicam, tornam-se invisíveis.

Também os gritos caem como chuvas de verão.” (Bertolt Brecht)


Penso que o seu texto deveria ser adotado nos cursos de jornalismo deste país. Se eu fosse professor de jornalismo, o faria. Porque se o jornalismo é imprescindível, mais necessário ainda se faz explicar que tipo de jornalismo é imprescindível. Porque de mediocridades estamos cheias, a maldade, a mentira, tornaram-se banais, cotidianas. Como o professor, o poeta, o jornalista precisa armar-se para romper este muro, esta redoma de vidro invisível que insiste em nos manter na mediocridade, ignorando os problemas, tentando salvar o próprio umbigo.
Infelizmente, jornalismo hoje é shownarlismo, como bem escreveu o Arbex. Não importa a análise da notícia, o que importa é o espetáculo. Não importa a busca da verdade – ainda que seja sempre possível questionar o que é a verdade – o que vale é o entretenimento. A mídia julga, condena e executa pessoas, com total impunidade.
Gosto do seu texto porque ele tem um aspecto fundamental: recupera o papel do jornalista. Ou seja, aquele camarada crítico, que assume a sua parcialidade sim, mas que não impede de exercer um julgamento, uma análise de juízo, de criticar os seus próprios valores e tudo aquilo que acredita quando se faz necessário. O papel do jornalista que vai ao front, ouve todas as partes, pisa no barro, vê a senhora ser assassinada, questiona as maldades, questiona porque elas se tornaram invisíveis. O jornalista em si é um provocador. Um questionador nato da realidade, do sistema, da política, da sociedade e, acima de tudo, de si mesmo.
O que penso que faltou citar no seu texto, mas é extremamente perdoável tendo em vista que conheço os textos que você escreve e só percebi que faltou porque encontro esta qualidade nos seus textos mas não foi citada aqui, é a sensibilidade que o jornalista deve ter ao escrever suas matérias, suas notícias. A paixão, a emoção, que podem ser postas sem prejudicar a (im)parcialidade, uma análise mais racional presente no texto. Uma reportagem não pode ser um ‘boletim de ocorrência’, simples enumeração e citação de fatos – como não pode ser a reprodução de discursos feitos em gabinetes ou releases. É preciso ter uma literatura no texto jornalístico. É preciso imaginar a carne putrefata, a criança morta, o cheiro de podre ou o cheiro das rosas. E isso você tem. É preciso ser jornalista mas é preciso, acima de tudo, ser humano. E tratar as pessoas de suas reportagens como tal. Você tem isso, essa sensibilidade. Você não apenas descreve uma notícia, você a vive. Você a respeita. Talvez por estar no front, por observar os sofrimentos, as conquistas e derrotas, talvez por isso você tenha essa sensibilidade. E ela é indispensável àqueles que querem ser chamados de jornalistas. Penso.
Eliane Brum, uma jornalista da Época (eu acho) lançou um livro chamado A vida que ninguém vê. Fantástico! Esta é a sensibilidade que eu falo. Encontrei nela, encontrei em você. É isso o que difere vocês de simples jornalistas. E é isso que faz o jornalismo valer a pena. Se possível, leia o livro. É muito bonito.
Fernando, parabéns pelo texto. Gostei dele. Acredito que ser jornalista vale a pena sim, se for para ser como você citou. Porque o Chico Buarque pode dizer para quem ele quiser que a repressão acabou, que não vivemos mais em dias tão difíceis mas, muito próximo de minha casa vejo pessoas serem executadas, queima de arquivo, ‘cala-te bocas’ e muitas vezes eu preciso calar a minha para não prejudicar outras pessoas. E a mídia sabe destas mortes mas, silencia. Como soube das chacinas pós PCC e nada falou. Como sabe das mortes cotidianas na periferia ou dos trabalhadores cortadores de cana, mortos de tanto trabalhar, mas preferem cobrir a crise dos aeroportos, o choro da classe mérdia frustrada.
Seria muito bom ter jornalistas como você mais próximos da gente.
Forte Abraço

Rodrigo Ciríaco"

sexta-feira, dezembro 22, 2006

"É pela paz que eu não quero seguir admitindo..."

SOLIDARIEDADE À RITA DE CÁSSIA SAMPAIO DE SOUZA

Como Dugueto Shabazz que dedicou seu Prêmio Cooperifa à Rita de Cássia Sampaio de Souza, quero manifestar toda a minha solidariedade e apoio a esta brasileira que exerceu um direito cívico e político: esfaqueou um deputado federal - ACM Neto.

Acusaram-na de sofrer de um desequilíbrio mental visível. Rita, para mim, você é a brasileira mais lúcida deste país!

Sou eternamente grato a você por este gesto de justiça, coragem e sinceridade!

Vida longa e Justiça à você, Rita de Cássia.

E, classe política: É PRA TER MEDO DA GENTE SIM VIU! Rita foi um exemplo! Outros virão!


Abaixo entrevista de Rita na Folha:

"entrevista

Deputados têm tudo e eu, nada, diz agressora

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Presa em flagrante e autuada por tentativa de homicídio por esfaquear o deputado federal Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), a pensionista Rita de Cássia Sampaio de Souza, 45, disse ontem, antes de ser encaminhada ao Presídio Feminino de Salvador, "que os deputados têm tudo" e ela nem consegue sacar seu FGTS.

PERGUNTA - Por que a sra. esfaqueou o deputado ACM Neto?
RITA DE CÁSSIA SAMPAIO DE SOUZA - Estou muito revoltada com a classe política. Eles têm tudo, altos salários, mordomias, e eu nem sequer consigo sacar o meu FGTS.

PERGUNTA - Quando começou a revolta da sra.?
RITA DE CÁSSIA - Faz tempo que detesto deputados, porque eles não fazem nada. Mas este aumento [salarial de 91% aos parlamentares] aumentou a minha revolta.

PERGUNTA - A sra. já esteve no escritório do deputado?
RITA DE CÁSSIA - Duas vezes. Ele prometeu me ajudar e nada fez. Os assessores também prometeram a liberação, mas até agora, nada."

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1912200612.htm
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1912200611.htm

Ela, desequilibrada? Fala sério...

Eles brincam com a gente

Primeiro foram os Juízes. Sim, aqueles caras que, dizem, são responsáveis por defender a justiça em nosso país.
Depois os promotores e procuradore de Justiça, foram autorizados a ter um aumento de salário. Ganham pouco, coitados...
Depois, os parlamentares.

E a Farra não pára!

Abro hoje o jornal e vejo: "PR, MT e ES aumentam o salário dos governadores" !!!
(http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u87984.shtml)

É muita provocação! Esses estrupícios estão brincando com a gente.
E o desgraçado do Aécio Neves vem dizer que o aumento é justo pois sua gestão não pode perder pessoas de qualidade? Desde quando o Estado é empresa? Esses caras estão prestando um serviço público! Devem ter um salário sim, mas condizente com a realidade do país.
E se o que recebem é pouco, eles que recusem os cargos. Conheço pessoas muito melhor qualificadas e que fariam um trabalho mais decente, honesto, ético e responsável por muito menos.

Safados! Hipócritas! Bandidos! Criminosos! Vocês é que deveriam estar em uma jaula. Na cadeia!

E querem que eu diga Boas Festas? Feliz Natal, Feliz Ano Novo? Pro Inferno!

E toda SOLIDARIEDADE A RITA DE CÁSSIA SAMPAIO DE SOUZA, brasileira que exerceu a minha vontade e esfaqueou um parlamentar: ACM Neto!

Acusam-na de Desequílibrio Emocional. O Caralho! Esta é a mulher mais lúcida do País!

quarta-feira, dezembro 20, 2006

JUSTICA ainda que tardia!

recorte jornal Agora, 06 de dezembro de 2006
clique na imagem para ampliá-la
JUSTIÇA ainda que tardia

I

Não Daniele, não bastava
ser acusada de infanticídio
da próprio filha.
Era preciso mais.
Como a Príamo de Tróia
Que recebeu um presente de grego
Mas antes, teve durante certo tempo
O corpo de seu filho Heitor negado,
À você o enterro de sua filha
também foi objetado.

Foi chamada de monstro,
Acusada de assassina
A imprensa fez o seu digníssimo papel
Datena na TV,
Close, provocação para a pose,
Execração ao vivo.

Foi-lhe negada o direito à defesa
Foi-lhe negada o crédito, o grito
Foi-lhe negada a justiça,
Foi-lhe negada o enterro do próprio filho.

De injusta opressora
Se tornou um justo oprimido
“joga o bicho da mamadeira pra cá”
diziam outras presas
confundindo papéis antes definidos.

Foi espancada, surrada,
sua mandíbula quebrada,
seu ouvido, com meia caneta enfiada
por súbita misericórdia, de enfiá-la inteira
foi poupada, mas não o seu
castigo.

Pós 30 e sete dias
O laudo decreta
A matéria confirma:
“MAMADEIRA DE BEBÊ MORTO
NÃO TINHA COCAÍNA.”

E junto com a notícia
Ouça agora fatos antigos, ocorridos
Mas antes parcialmente escondidos.
A pequena filha, um ano e poucos dias
uma doença com diagnóstico não definido.
O hospital, cotidiano
A tratava com 04, 05 remédios por dia
1825 por ano
inclusive um, com pó branco
em sua boca e na mamadeira
por COCAÍNA confundidos.

Antes de quase mártir na cadeia
Daniele no hospital em que a atendia
Já havia sofrido.
Onde deveria receber ajuda pública, alheia
Foi estuprada, violentada,
Por um aluno quintanista de medicina
Aproveitando-se do infortúnio de sua filha
E a sua permanente dependência dos clínicos.

Denúncia no DP registrada
Exame de corpo delito confirmava
O estupro cometido.
O quintanista não foi punido!
Apenas Daniele e sua filha
Que passaram a ser desprezadas nos hospitais
E não mais receber atendimento digno.

37 dias presa
o laudo confirma o engano cometido
Daniele foi solta
Finalmente pode ver a pequena cova, cheia
Que contrastava com o seu grande coração, vazio.

Ela espera justiça,
Saber se o óbito da filha
Foi omissão de socorro
Pelas muitas horas não atendidas
Ou se foi morte natural
Um pedido de deus atendido.


II

A inocência de Daniele
Não teve a mesma repercussão
Que mereceu o suposto
Infanticídio.
Poucos jornais recontaram
a sua história.
Não vi ninguém pedir desculpas
Pelo mal entendido.

Nem o Estado, responsável pelas omissões de socorro,
Diariamente nos hospitais, milhares
Não são socorridos.
Nem a polícia, responsável pela prisão,
Diariamente presos são maltratados e agredidos.
Nem as presas, responsáveis pela agressão,
Tão oprimidas quanto ela,
Engrenagens nas mãos de verdadeiros bandidos.
Nem a TV, responsável pela execração,
Pela matéria, julga condena, profere a sentença
Sem que todas as partes sejam ouvidos.
Nem o quintanista, estuprador
Que usou camisinha, não pôde ser reconhecido
e sente-se ainda, agora
Protegido e prevenido.

Quer saber, de que adianta desculpas,
Não é Daniele.
Nenhuma redimirá a sua dor, de mãe,
De mulher, ofendida e violentada,
Acusada, julgada e condenada,
Calada,
Sem culpa, sem direito ao grito.
Nenhuma trará a Victória de volta,
Sorridente, sem dores,
Uma vida sem sofrimento vivido.

De que adianta desculpas Daniele,
Nenhuma redimirá a sua dor.
Você precisa de Justiça!

JUSTIÇA!
Ainda que tardia.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Educação é coisa séria!

Difícil é encontrar alguém que discorde da afirmação acima mas, tão difícil é encontrar pessoas que verdadeiramente levam a Educação a sério. Não sei se me incluo neste seletíssimo grupo mas, estou tentando.
Verdadeiramente tentando!
E por isso que eu fico putíssimos com algumas coisas que acontecem na minha escola. Em várias outras escolas. Quer ver injustiças, abusos, e otras cositas más? Passe um tempinho mais próximo da escola.
Hoje saiu a lista dos aprovados em uma das escolas que dou aula. Um aluno, da quinta série, foi retido por faltas. Nenhuma novidade. Acontece que o aluno foi impedido - pela direção da escola - de ir para a Escola! E foi retido por faltas! E aí, alguma contradição? Dá para entender?
O aluno em questão foi meu aluno. Muito difícil de trabalhar com o garoto: não estava alfabetizado, era indisciplinado, enfrentava os professores. Era abusado. Mas não era impossível de se trabalhar. Nem era um caso perdido, como muitos colegas gostam de afirmar. Era preciso ter calma. E paciência, paciência pedagógica, como dizia Paulo Freire. Paciência paciente. Compreensão. Empenho. Responsabilidade. Ingredientes que faltam em nossa Educação.
E por conta de não ser enquadrado nos moldes, o menino foi barrado. Sim, conseguiram criar formas do menino não mais estudar - apesar de ser proibido pelo ECA (estatudo da Criança e do Adolescente). Quando não foi mais para a escola, me foi dito que havia sido transferido. Depois, que havia sido convidado a ficar em casa. Não poderia mais ir para a escola, esse ano. E agora vejo, retido! Por faltas!
Vejo que falhei com este menino. Eu me sinto responsável por sua situação. Talvez eu seja o único, não sei, porque da parte de meus colegas, vejo muitos culpando a ele ou a sua família. Isenção total de responsabilidade, sabe? E o menino, mais um ano na quinta série.
Garanto que fizeram por castigo. E ele não merecia isso. Juro que não.
To pensando no que eu posso fazer
Além disso aí abaixo.


Notícias Populares
Educação
- Violência na Escola deixa diversos feridos
São Paulo 19/04/2006

Alunos choram, se revoltam e
protestam contra um crime:
não aprenderam a ler
na Escola.
O protesto ocorreu na Zona Leste,
na escola Estadual dr. Geraldo,
na quinta série, durante a prova
de História.
Alguns alunos circularam pela sala,
amassaram,
entregaram e
pediram de volta suas provas.
Duras provas.
O professor tentou incentivá-los
valorizando-os como sujeitos
em processo de formação e desenvolvimento:
conversou, sentou ao lado,
tentou ajudá-los.
Foi xingado, ofendido e descobriu que
falar de auto-estima
serve para quem a tem.
Nestes meninos
quase mais não existia.
Palavras vazias.
Pelo menos seis alunos e
o professor saíram
gravemente feridos.
O caso foi lavrado e registrado
nos autos de seus corações
e neste poema.
Ninguém será punido!

sexta-feira, dezembro 15, 2006

sobre a pulga atrás orelha

coincidências não existem.
ao menos tenho refletido muito sobre isso, sobre diversas coisas que acontecem em minha vida. cheguei a esta conclusão nos últimos tempos. mas ela pode mudar.
acontece que realmente estou com uma pulga atrás da orelha, já faz alguns dias, sobre o fato de não conseguir criticar, avaliar, tecer comentários além de "gostei muito, parabéns, du caralho!" entre outros sobre obras, textos, que amigos e pessoas que gosto muito fazem e esperam a minha opinião. ontem, no blog do marcelino, vi a crítica de Pedro Borges e achei muito boa: respeitosa, sincera, ácida. conversando com Marcelino, desabafei sobre a minha dificuldade em analisar, criticar.
hoje, cheguei a mais uma conclusão volúvel: não estou sendo sincero! com meus amigos, suas obras e seus textos.
não estou sendo sinceros com os amigos porque sim, vejo coisas que considero mal feitas, mal trabalhadas, mas, resignado, guardo as minhas impressões para mim. com medo de não magoar, não ofender e, também por pensar: quem sou eu para julgar qualquer trabalho?
contudo, me pego pensando: sim, são com as críticas, com os maus comentários, as alfinetadas que eu cresço. Tânia, minha namorada, me dá muitas, e me faz pensar muito. e isso é bom. faz eu parar e refletir.
por que eu não faço isso?
e acho que não estou sendo sincero com as obras porque, talvez, não esteja tomando contato com o devido respeito e cuidado. não saber o que dizer de um livro após acabar de lê-lo, entendo que é normal. eu preciso digerir. mas, e quando passa a digestão. nada? então, você não degustou. engoliu vento, nem tempestade. e se não há nada para ser dito, é que talvez, nada tenha sido lido. e pronto!
prometo tomar mais cuidado com isso.

mas, de bate pronto aviso: serei sincero! com as obras e com os amigos. portanto, pense bem se quer saber o que penso, pois eu digo: não vou me preocupar se vou magoar ou ofender não. perguntou? responderei.
serei educado, sim, mas sobretudo sincero.
a começar comigo mesmo.
e fim!

Sobre livros, críticas e otras cositas más...

Quem me conhece sabe que quando quero não poupo as farpas na língua. Crítico mesmo! E não fico dando falsos sorrisos, ou me tornando sociável a quem não gosto não. Mesmo.
Na escola em que dou aula sou conhecido como um ser anti-social pelos meus outros colegas. Mas isso não vem ao (a)caso agora.
Digo isso porque nestes últimos dias, alguns amigos vem pedindo críticas, comentários a minha pessoa sobre os seus trabalhos. Será que a minha opinião vale qualquer coisa? Desconfio.
E digo: é difícil pra caralho criticar quem eu gosto! De verdade! E não vejo isso como uma coisa boa não, nem falta de sinceridade. É um defeito. Dificuldade (e cuidado) quando falar do trabalho amigo e alheio. Comentei isso com Marcelino, por conta da boa crítica que Pedro Borges (http://pborges.my1blog.com/) fez sobre seu trabalho e seus textos. Vale a pena conferir.
.
.
E ontem eu tava lá na Roosevelt, no (re)lançamento do Zona Branca, de Ademir Assunção (http://zonabranca.blog.uol.com.br/index.html). No começo tava uma chatice só, mas a culpa foi minha porque eu cheguei as 20hs em ponto e esqueço que poetas (não o Ademir), artistas convidados sempre atrasam. E eu não conhecia ninguém, então fiquei sozinho sentado à mesa, confortavelmente junto a original cerveja. Depois chegou o Marcelino, o pessoal da Poesia Maloqueirista, Ana Rusche e alguns outros conhecidos e que conheci. Aí ficou melhor...
Na verdade a parte chata ficou boa (a partir da segunda cerveja) porque tive sossego para ler a entrevista de Manoel de Barros na Caros Amigos e o Zona Branca, recém comprado do Ademir, os poemas e uma das entrevistas do final do livro. Gostei muito principalmente a partir do capítulo(?) 04 para frente, mas o livro todo é muito lôco.
Transcrevo um dos poemas que mais gostei. Pág. 45


a farsa do amor

1

olho seco de cobra
morta -
chuva muito fina
agulhas
na carne viva

& você diz Amor
(velha senha secreta)

lambe as feridas
com língua de lixa

& tranca o trinco da jaula


2

não tente esse truque
outra vez

seja mais suja
meu doce amor

espete um alfinete
no olho do gafanhoto

toque fogo
nas asas de um anjo

capture vivo um ET
& o leve a um talkshow

mas não tente prender os lobos
quando for lua cheia


e pra quem quiser conhecer outros blogs de personas citadas aqui, aí vaí:
Ana Rusche: http://peixedeaquario.blogspot.com/
Maloqueiros: www.poesiamaloqueirista.blogspot.com/

e até!

quinta-feira, dezembro 14, 2006

PaRaDinhA

foto: Jacob Pritchard
A Flor e a Náusea
Carlos Drummond de Andrade

Preso à minha classe e a algumas roupas,
Vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
Fundam-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.

Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais.
E soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
Garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

2º Prêmio Cooperifa


Apesar das fraturas, costelas quebradas, torções no joelho e outras porradas, este ano entra como um dos mais frutíferos e maravilhosos de minha curta mas bem vivida vida.
A mais recente e bem-vinda surpresa saiu ontem: ser presenteado com o PRÊMIO COOPERIFA.
Fico muito satisfeito e orgulhoso por receber este prêmio principalmente pelo critério: é premiado apenas quem a COOPERIFA quer. Ou seja, é preciso ter conceito, respeito na quebrada.
Chegar é fácil, qualquer um pode chegar. Difícil é manter-se.
Espero corresponder as expectativas.
E manter a HUMILDADE! Por que o prêmio é importante sim, para celebrarmos as nossas lutas, nossas pequenas vitórias, nossos grandes e cotidianos esforços. Mas que ninguém pague de Celebridade. Somos artistas-cidadãos, prestando cultura e cidadania às comunidades. Esteja onde estiver.
COOPERIFA: minha eterna Gratidão! E Obrigado.

Abaixo a lista dos Homenageados:
2º PRÊMIO COOPERIFA

Marcelo Beso – poeta
Harumi – poeta
Mavortisic – poeta
Professora Lu – poeta
Valmir Vieira – poeta
Roberto Ferreira – poeta
Kennya – poeta
José neto – poeta
Helber Ladislau – poeta
Dinho Love – poeta
Binho – poeta
Augusto – poeta
Allan da Rosa – poeta
Alessandro Buzo – escritor
Sérgio Vaz – poeta
Marco Pezão – poeta
Marcio Batista – poeta
Ricardo Perueiro – comunidade
Zé Batidão – mecenas
Diane e Raissa – poetas
Projeto Bloco do beco
Projeto Monte Azul
Projeto rainha da paz
Projeto Magrelas Bike
Instituto Itaú cultural
Projeto Samba da vela
Projeto Samba da hora
Ferréz – escritor
Rose – poeta
Seu Lourival – poeta
Sacolinha – escritor
Jornal Becos e Vielas - jornalismo
Revista Caros amigos - jornalismo
Revista Rap Brasil – jornalismo
Chico e Carla Pinheiro – SPTV – jornalismo
Estação hip hop – jornalismo
Site Real Hip Hop
Site Rap Nacional
Site O taboanense – Jornalismo
Escola Mauro Faccio Zacarias – comunidade
Cia Teatral Manicômicos
Casa de cultura M´Boi Mirim
Rapaziada da rua 7 – comunidade
Casa das rosas – cultura
Ponte Preta do jd. Leme – evento festa das crianças
CPFL – projeto ritmo e poesia
A Família – rap
Cocão – poeta
William – poeta
Jairo – poeta
Carlos Giannazi – política
Produtora Barraco forte – cinema
Eurotur Turismo – empresa cultural
Professor Nilton Franco – Mestrado sobre a cooperifa
Projeto Autor na praça
Movimento Negro Unificado
Site Leia livro – literatura
Zafrica Brasil – rap
Ph Boné – poeta
Sabedoria de vida – rap
Fábio – rap
Sales – poeta
Wesley Noog – MPB
Racionais Mcs – rap
GOG – rap
Elizandra – poeta
Toni C. – produtor cultural
Asduba – comunidade
Rose (musa)- poeta
Projeto Capão cidadão
Projeto Café literário de Taboão da serra
Robson Canto – poeta
Cláudio Laureatti – poeta
Akins – poetaDinha – poeta
Ridson Duguetto – poeta
Eliane Brum – escritora
Silvio Diogo – poeta
Tadeu Lopes – poeta
Lobão – poeta
Casulo – poeta
Rodrigo Ciríaco – poeta
Cássia – poeta
Serginho poeta – poeta
Fuzzil – poeta
João Santos – poeta
Irmãos carozzi – teatro
Daniela – poeta
Elis Regina – poeta
Ação educativa – ONG
Fernanda – poeta
Luciana – poeta
César e Clarice – comunidade
Gino – comunidade
Shaim – cineasta
Danilo e Guilherme – cinema e ativismo
Projeto Samba de quinta
Jorge Américo – periferia em prosa e verso – TCC
As Gêmeas (Bárbara e Lila) – comunidade
Documentário Sarau de poesia na periferia de São Paulo – Andréia, Carolina, Isabella e Luana
Toninho e Valter – comunidade
André Caramante – jornalista J. Agora
Negredo – rap -DVD 100% favela
Rappin Hood – rap
Lilian Santiago – cineasta

a entrega e FESTA será no dia 20/12, quarta feira
no Bar do Zé do Batidão:
End: Rua Bartolomeu dos Santos, 797
Bairro:Chác. Santana/ Piraporinha-Z/S - São Paulo-SP
Altura do nº 1.100 da Estr. do M' Boi Mirim
Atrás da Igreja da Piraporinha

Bonito - Reunião de Bambas


Sobre os encontros de grandes escritores na livraria e editora José Olympio, entre as décadas de 30 e 50 (traços por Baptistão: http://baptistao.zip.net/).
No desenho, da esquerda para a direita, Sérgio Buarque de Holanda, José Olympio, Jorge Amado, José Lins do Rego, Graciliano Ramos e Carlos Drummond de Andrade.
Só fera !

terça-feira, dezembro 12, 2006

INDIGNAÇÃO, indigna, INDIGNA... Nação

MORRENDO DE TRABALHAR



“Notícia que me deixa de estômago embrulhado hoje tinha apenas 15 linhas no jornal.

17 trabalhadores morreram de cansaço desde 2004 na colheita da cana-de-açúcar em São Paulo. 4 deles só este ano.

Morreram de exaustão.

Os atestados de óbito indicam a morte por enfarte, atribuído ao excesso de trabalho.

Mais de um século depois, a gente ainda convive com indiferença com a escravidão humana.

Tenho visto exemplos de servidão, muitas vezes voluntária.

Tenho achado também que estamos perigosamente acomodados, inclusive os que teríamos maior capacidade de indignação.

Vejo a imprensa furiosa com atrasos médios de 30, 45 minutos nos embarques aéreos. Uma quase revolução. A dor da classe média frustrada sempre é muito bem noticiada.

E meras 15 linhas para os bóias-frias que morrem de esgotamento físico, explorados como máquinas.”

retirado do blog de Ademir Assunção:
http://zonabranca.blog.uol.com.br/index.html

que retirou de Jotabê Medeiros, no blogue dele, em 03.12:
http://blog.estadao.com.br/blog/index.php?blog=17&disp=posts&paged=2

r.c.

Quem é o Assassino?

Segurando faixa que pergunta "quem é o assassino?", meninos palestinos protestam contra o assassinato de três crianças ontem, em Gaza; as três eram filhas de um membro do serviço de inteligência palestina pertencente ao movimento moderado Fattah.
Todos dizem ser contra a Injustiça.
Todos dizem ser contra a mentira, a enganação,
A exploração do homem pelo homem.
Poucos agem.
Uma ação vale mais do que mil palavras.
Todos dizem ser bons,
E no mundo só consigo enxergar maldades.
Uma ação vale mais do que mil palavras.
Eu não vou lutar pela Revolução.
Eu não vou pregar discursos
palavras vãs, vazias
Enquanto outros celebram o carnaval, ou festas
Em boates, danceterias ou mesas de bar.
Eu não quero festejar.
Também gosto de festas,
Mas só há motivo para celebração
Se existe a luta,
Só há motivo para a comemoração
Quando existem vitórias
Ainda que sejam pequenas vitórias.
Uma ação vale mais do que mil palavras.
Eu não serei o arauto da liberdade
Em busca de sonhos, de Paz e Amor
Enquanto todos parecem querer o contrário.
Ou fazemos juntos
Ou eu não farei sozinho.
Eu não serei um mártir.
Eu não quero ser exemplo
Eu quero ser simples, apenas mais um.
E se não for possível nos darmos as mãos
E juntos sonharmos um sonho,
E juntos construirmos um sonho
que não seja apenas o meu
Um sonho de verdade, onde não aja a violência,
A exploração barata, covarde,
A mentira
Eu não vou lutar sozinho.
Uma ação vale mais do que mil palavras.
Não serei o messias de um mundo caduco.
Não sou revolucionário.
Sou um incomodado. Chato, chateado
e paciente. Espero todos se conscientizarem
A minha luta será para que todos se conscientizem
Tenham a verdadeira liberdade
De pensar sobre as suas vidas, de pensar sobre o outro,
De dependerem de todos, sim,
Mas dependerem exclusivamente de si.
Não levantarei os caídos
Estenderei sim as mãos, as unhas,
Meu último fio de cabelo
Mas que seja para andar lado a lado
Não obrigarei nem arrastarei ninguém.
Uma ação vale mais do que mil palavras.
Estou cansado de levar o mundo em minhas costas,
Por tudo me sentir responsável.
Também gosto de festas, celebrações.
Mas só vou comemorar quando tiver motivos
E quando todos, verdadeiramente
celebrarmos juntos.
Uma ação vale mais do que mil palavras.
De boas intenções o inferno está cheio.
Uma ação vale mais do que mil palavras.
Não basta querer justiça
É preciso ser justo.
Não basta querer a igualdade
É preciso não explorar.
Não basta querer acabar com a fome, com a miséria
É preciso estender a mão
É preciso que todos caminhem lado a lado.
Uma ação vale mais do que mil palavras.
O cinismo não destrói a verdade.
Estou cansado de sentir ódio.
É pelo Amor que eu quero ser redimido.
Hoje é seu aniversário! E tudo o que penso é que hoje você merecia ser feliz. A mulher mais feliz! Não ter mágoas, não ter raiva. Não ter vontade de abandonar o mundo, procurar nos filhos a razão para viver. Ser feliz assim, apenas por ser feliz. E viver.
Pelo menos hoje você não deveria chorar, como já chorou por duas vezes. Hoje é seu aniversário. Você não deveria chorar. Não pela tristeza.
A pouco cheguei em casa. Logo topei com o quadro de força aberto. Estranhei. Não acreditei quando vi a carta, jogada no chão, a fria carta: ‘Aviso de Suspensão de Fornecimento’. Não acreditei quando tentei acender a lâmpada e não encontrei força.
Rapidamente tive vontade de ligar na Eletropaulo para xingar. Porra, como assim, cortaram a energia! O telefone é sem fio, não funciona sem luz. Porra de mundo moderno!
A situação fez com que eu controlasse a emoção. Eu queria é explodir! Precisava raciocinar. Eu não queria raciocinar! Estava com raiva. Queria bater, socar. Queria socar o camarada que veio aqui, e que deve ser tão fudido quanto eu ou a luz que ele cortou, e eu queria socá-lo, com gosto, gozo e vontade, sabendo que a culpa não é dele. Aliás, de quem é a culpa? A JUSTIÇA vai dizer que a culpa é minha, da minha mãe. Conta atrasada? Só está cumprindo ordens. Não tem culpa se não pagamos a conta. Não tem culpa se nos distraímos ou se faltou mesmo dinheiro. Não tem culpa se a energia é hoje um gênero de primeira necessidade para sobreviver. Não tem culpa se o leite azedou, se o queijo tá cheirando a podre, se o meu pai trabalha de segunda a domingo para tomar uma cerveja gelada no final da noite, e agora ela esquentou.
Ninguém tem culpa.
Aliás, lembro que a JUSTIÇA não sentiu culpa nenhuma quando cortou a energia do Prestes Maia, deixando mais de 2.000 pessoas sem força, seja para dar um banho quente nas pequenas crianças, seja para subir os 20 andares do prédio.
Ninguém sentiu remorso ou culpa pela Sarah que tinha quatro anos e não pode por isso ir para a escola estudar. Aliás, quase ninguém sentiu. Só eles.
Quero saber quem inventou essa lei que permite cortar a luz de quem não paga a conta! As pessoas não são caloteiras porque querem caralho, não a maioria. Se não pagam é porque não podem. Ou é por necessidade. Ou esqueceram mesmo, como foi o caso.
Dá muita raiva ver a falta de respeito para com as pessoas. A falta de cidadania. A falta de respeito com os pobres, os miseráveis, os trabalhadores, que fazem de tudo para manter a ordem e pagar as contas em dia.
Dá muita raiva ver as pessoas presas na miséria, dormindo ao relento nas ruas, enquanto os ratos se dialogam e, livremente, entre elas caminham.
E digo isso aqui porque eu vi e preciso dizer. Não sabia como falar. Não é uma expressão poética!
E justo hoje, no aniversário da minha mãe, cortaram a luz da minha casa! Chegaram assim, na surdina. Cortaram no poste. E nem para avisar se dignaram! Deixaram apenas o bilhete. Cortaram a luz da dona Izilda. Macularam a minha mãe, o seu dia.
Para ela tristeza, uma baita humilhação. 'Cinquenta e quatro anos, isso nunca aconteceu na minha vida'.
Para mim foi covardia!
Cena mais triste, só lembrando da mãe que conheci lá na vila dos Papeleiros. Tinha como sonho um piso. O motivo? Os ratos não comerem mais a perna de seu filho...
Também não há nenhuma força poética nisso.
JUSTIÇA. Justiça o caralho! Por que não vão cobrar o que deve o Jorge Hamuche? Sabe, o empresário, o proprietário? Deve mais de 05 milhões de IPTU. Falo e comprovo! O rico proprietário, empresário e caloteiro, deve mais do que vale o seu prédio. Pergunta se o prédio foi tomado. Não, ‘vamos negociar’, dizem. ‘Vamos perdoar parte da dívida’.
Filhos de uns desgraçados. Perdoar as dívidas de quem deve pouco ninguém quer. Negociar a dívida do remédio, a dívida do açougue, da mercearia. A conta atrasada da água, luz, aí não dá!
Oh JUSTIÇA: tira essa venda da cara! Pára de fingir de cega, surda e muda. Pára de se omitir e toma logo uma posição. Se assuma! Tenha pelo menos uma vez uma atitude digna na vida, assuma o seu lado. Assuma que gosta de quem tem dinheiro. Assuma, como aquele político, que você acha que o povo tem cheiro de cavalo. Assuma o seu cinismo, o seu mau-caratismo.
Fazer essa cara de boazinha, ‘defensora dos direitos, da verdade, da democracia’, não rola. Ninguém acredita mais.
Agora, cortar a energia no Aniversário de minha mãe. Na surdina. Minha véia, minha mainha. Não dá. Aí é provocação demais...
Depois me chamam de radical, de rebelde, de violento.
Tomara que eu seja mesmo!
Não consigo esquecer no picho que li outro dia, em um banheiro:
"Odeio vítimas que respeitam os seus carrascos."
Tomara que eu não respeite mesmo!

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Pavio da Cultura - Poesia,

Sábado estive em Suzano, no Pavio da Cultura, evento mensal organizado pelo Amigo, Poeta, Escritor, Agitador Cultural e outras ‘cosas más’, Ademiro Alves, vulgo Sacolinha. O último Pavio do ano contou com o lançamento do livro do Sérgio Vaz, o Colecionador de Pedras. Fiquei muito emocionado com as apresentações, uma mais bela que a outra, e a minha perna tremeu quando subi no palco. Fiquei nervoso, sensível e emocionado. Quase travei! Deve ser porque eu sou um Ator frustrado, e o palco sempre me deixa nervoso. Mas, é tudo lindo.
E tudo nosso!

minha pessoa, tremendo na base. como diz o Canto: "difícil é recitar..."

Robson Canto, sempre escondido, de canto...

Sales Guerreiro


Eu e Tânia, minha Rosa e Espinho, Conforto, Força e Inspiração. Meu bebê.

Música,

Música solo,

Dupla,

ou Trio. Aliás, que trio maravilhoso... Eu gravei!

Teatro



... e poesia!

Francis Gomes e seu poema sobre o Natal


Sérgio Vaz apresentando o seu mais novo filho, o 'Colecionador de Pedras'


Sacola, "Graduado em Marginalidade", organizador, agitador e apresentador do Pavio Cultural

Família Cooperiférica invade Suzano - Lançamento do Livro do Vaz

Subsolo - Ocupação Prestes Maia

A Ocupação Prestes Maia é a maior ocupação vertical urbana da América Latina. São mais de 400 famílias, muitos jovens, crianças, recém nascidos lutando por um direito CONSTITUCIONAL: o direito à moradia (ou a uma vida digna!). O edíficio, antes abandonado por 17 ANOS (!!!), há quatro anos é ocupado por estes trabalhadores e trabalhadoras da região central da cidade.
Abaixo, algumas fotos do subsolo da ocupação onde fica localizada a Biblioteca. Este espaço também é utilizado pelos moradores para a realização de Assembléias, reuniões, eventos e a Escola Popular Prestes Maia.
E tudo isso ainda é ameaçado de despejo, pela prefeitura e pelo seu empresário e proprietário, Jorge Hamuche. Apesar deste possuir uma DÍVIDA DE IPTU sobre este mesmo imóvel NO VALOR APROXIMADO DE R$ 5.000.000,00 (CINCO MILHÕES DE REAIS)!
Vai o pobre dever IPTU desse jeito. Ou a conta de luz, água, etc...
Quer saber mais desta história de luta? Acesse e pesquise então:

http://ocupacaoprestesmaia.zip.net/
http://integracaosemposse.zip.net/





Biblioteca PRESTES MAIA

Tapete de entrada da Biblioteca Prestes Maia com a inscrição "DIGNIDADE"


Seu Severino apresenta a Biblioteca a José Mindlin, professor e proprietário de uma das maiores bibliotecas particulares do mundo (se não estou enganado), doada à Universidade de São Paulo.


Interior da Biblioteca Prestes Maia


da direita para à esquerda: José Mindlin, (???), Jomarina (Associação de Moradores do Prestes Maia), Seu Severino, Aziz Ab' Saber e (???).

Correria Geral

salve!
a semana que passou foi muito, muito corrida. domingo o meu zine ficou pronto (de novo, quem quiser é só pedir: rodrigociriaco@yahoo.com.br), quarta feira o Vaz lançou o seu novo livro na COOPERIFA (www.colecionadordepedras.blogspot.com), sexta foi 'bode' e um filme (A Prova, bacana), sábado de manhã visita a Biblioteca do seu Severino, na Ocupação Prestes Maia, com a presença de Aziz Ab' Saber e José Mindlin, dois intelectuais que resistem a ficar confinados nos muros da Universidade. no sábado ainda, pavio cultural em Suzano, organizado e apresentado pelo grande Sacola (www.sacolagraduado.blogspot.com) e lançamento do livro do Vaz novamente. domingo, visita aos familiares, abraços, carinhos e... porrada. Sacolinhaaaaa: li o seu livro, o graduado. porrada irmão, muito bom.
bom, resumo da semana que se passou foi este. gostaria de contar detalhes mas, estou impaciente para isso agora. vou postar algumas fotos que falam por si e basta.
e hoje é aniversário da minha mãe querida. 54 anos de vida e muito, muito Amor. Mãe, eu te Amo. Paz, Saúde e Muito Amor para todos nós. o resto é consequência.

rodrigo ciríaco

sexta-feira, dezembro 08, 2006

I M P E R D Í V E L

O bibliófilo José Mindlin, membro da Academia Brasileira de Letras, visita a biblioteca comunitária organizada pelo catador de lixo Severino Manoel de Souza, em ocupação do MSTC no centro de São Paulo.


Seu Severino

José Mindlin

No próximo sábado, dia 9 de dezembro, a Biblioteca Comunitária Prestes Maia (situada no número 911 da Avenida Prestes Maia, no bairro da Luz) será palco de um encontro histórico. O empresário e colecionador de livros José Mindlin, dono de uma dos mais importantes acervos privados do Brasil, vai conhecer a coleção de aproximadamente 7000 livros organizada por Severino Manoel de Souza, catador de lixo e morador da Ocupação Prestes Maia.

A Biblioteca fica no subsolo de um prédio ocupado há quatro anos pelo Movimento dos Sem Teto do Centro (MSTC), que abriga atualmente mais de 400 famílias, cerca de 1500 pessoas. Toda essa população (da qual fazem parte muitas crianças) está ameaçada de despejo iminente devido à vitória obtida pelos proprietários do imóvel (que devem cerca de 4,5 milhões de IPTU e que deixaram o prédio fechado por mais de uma década) em uma ação de reintegração de posse movida contra os ocupantes do MSTC.

A visita à biblioteca marca o reconhecimento do papel que o imóvel desempenha no tocante à questão da moradia, mas também sua transformação em equipamento cultural , já que os moradores sem teto também buscam abrigo entre os livros, bens igualmente indispensáveis à sobrevivência.

A visita ocorrerá às 10h00 e contará com a presença de Aziz Ab'Saber, professor emérito da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP, especialista em Geomorfologia, Geografia Urbana e Econômica e Biogeografia.

Ocupação Prestes Maia - BIBLIOTECA Comunitária - Sábado, 09 de dezembro, 10h00. Avenida Prestes Maia, 911 - Centro (próximo ao metrô Luz).

quarta-feira, dezembro 06, 2006

+ 01 filho

De verdade, hoje estou muito emocionado.
Mais um filho vai nascer...

“Das pedras que me atiraram construí meus castelos.” Sérgio Vaz, Organizador do Sarau da Cooperifa (Prêmio Hutúz 2006, Categoria “Ciência e Conhecimento”), apresenta-nos o seu novo e quinto trabalho, o Colecionador de Pedras. O livro celebra os 20 anos dedicados pelo Poeta da Periferia à comunidade e a poesia, e reúne uma seleção de seus melhores poemas além de vários outros inéditos. Mais informações no seu blog: www.colecionadordepedras.blogspot.com

VAZ, Sérgio. Colecionador de Pedras. 150 páginas.

Parabéns VAZgabundo. Felicidade, Saúde, Paz, Amor, Luta e Sucesso!

terça-feira, dezembro 05, 2006

Não ligue a TV

Alugue um filme!




Edukators (Die Fetten Jahre Sind Vorbei) Alemanha, 2004


Para quem gosta de cinema, ou um filme e uma pipoquinha, vai aqui algumas sugestões:

Edukators,
Terra dos Sonhos,
Inside I´m Dancing,
Colateral,
Diário de Motocicleta,
Tudo sobre minha mãe,
Fale com ela,
Luzes da Ribalta,
A História Oficial,
Dançando no Escuro,
Primavera Verão Outono Inverno e Primavera,
Fahrenheit 9/11,
Mentes Perigosas,
Corporações,
Os Camêlos também choram,
I am Sam,
As Horas,
Adeus Lenin,
Requiem para um Sonho,
Cama de Gato,
V de Vendetta,
Good Night, and Good Luck,
Sonhos - Akira Kurosawa
A língua das Mariposas,
Paradise Now,

Paradise Now

cada um com seu brilho, sua tragédia, sua visão especial.
mas eu diria que todos são indispensáveis.
escolha todos ou não deixe de ver pelo menos um deles.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

poema do novo Zine

CRU ou COZIDO

vestida de farda
ou farrapo
a bala não tem alma

nem dilema!

vai de corpos quentes
à gavetas frias.

domingo, dezembro 03, 2006

Efeito Colateral - ano xxv / nº iv


E saiu o meu novo (poe)zine

Efeito Colateral - ano xxv / nº iv

a capa é esta aí acima, don quijote com lança e espada, aos traços do brilhantíssimo Cândido Portinari.
O zine tem alguns poemas que eu escrevo mais algumas pequenas indicações de livros, blogs, etc.
Quer receber um? É na faixa! Escreve pra mim com o seu endereço então que eu envio via correio:

rodrigociriaco@yahoo.com.br
No campo assunto escreva: Efeito Colateral nº iv

aquele abraço,

rodrigo ciríaco

Jingo Bell, Jingo Bell

Feliz Natal à tod@s

Papai Noel FDP
Ratos de Porão
Composição: Indisponível

Papai noel filho da puta
Rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo
Aquele porco capitalista
Presenteia os ricos
Cospe nos pobres
Presenteia os ricos
Cospe nos pobres

Papai noel filho da puta
Rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo
Aquele porco capitalista
Presenteia os ricos
Cospe nos pobres
Presenteia os ricos
Cospe nos pobres

Pobres! pobres! pobres! pobres!

Vamos sequestrá-lo
E vamos matá-lo
Por quê ?

Aqui não existe natal
Aqui não existe natal
Aqui não existe natal
Aqui não existe natal

sábado, dezembro 02, 2006

Transporte mais caro e REPRESSÃO

agressão policial

os cães ladram mas a caravana não pára!

Ontem aconteceu mais um ato contra o aumento dos tranportes.
A prefeitura e o governo do estado já demonstram que, ser cidadão, é pagar todos os impostos, não ter direitos, calar a boca e não se manifestar. Tudo DEMOCRATICAMENTE!
A manifestação de ontem foi duramente reprimida. Bombas de efeito moral, borrachadas, POLICIAIS SEM IDENTIFICAÇÃO (por que será que um policial, que lógico, sempre atua dentro da lei, vai para um ato deste sem identificação?). Fdp!
Segundo o sítio Mídia Independente, uma estudante foi encaminhada ao hospital Santa Casa para operar uma fratura exposta no pé por conta de uma bomba de EFEITO MORAL (quem já viu essas bombas estourando de perto sabe que de efeito moral não há nada. É Bomba mesmo).
Cães armados contra estudantes.
Covardia!

E fica tudo por isso mesmo viu!

mais infos:
http://www.midiaindependente.org/

o Poeta intima !!!


Meus poucos anos de vida me ensinaram duras lições. Uma delas é que existem alguns eventos, celebrações que, quase por nada, não podemos faltar...
O Poeta da Periferia intima. E este é um dos eventos do qual falei acima:

Lançamento do livro
Colecionador de Pedras
Sérgio Vaz

Dia 06 de Dezembro, às 20hs.
Local: Bar do Zé Batidão:
Rua Bartolomeu dos Santos, 797 Chácara Santana
São Paulo - Zona Sul
F: 5891.7403
ref: Estrada do m´boi mirim (atrás da igreja de piraporinha)


outras datas confira no blog do Vaz:
www.colecionadordepedras.blogspot.com

Vaz, Parabéns! Sucesso, Saúde, muita luta e perseverança nesta longa, difícil, respeitosa e responsa caminhada. 'Tamo junto', pode ter certeza!

rodrigo ciríaco

sexta-feira, dezembro 01, 2006

A LUTA Continua !!!

Você viu que o Transporte aumentou?

Você ficou contente?

Você Trabalhador(a), acha que deveríamos ter um transporte PÚBLICO, GRATUITO E COM QUALIDADE?

Você acha que "ninguém faz nada"?

São Paulo tem parado e você acha que é só por causa da chuva?

INFORME-SE:

www.midiaindependente.org

veja mais infos. sobre a Frente de Luta contra o Aumento e participe!