domingo, março 25, 2007

O Analfabeto Político


O Analfabeto Político*
Bertolt Brecht

O pior analfabeto
É o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala,
Nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
O preço do feijão, do peixe, da farinha,
Do aluguel, do sapato, do remédio,
Dependem das decisões políticas.

O analfabeto político
É tão burro que se orgulha
E estufa o peito dizendo
Que odeia a política.

Não sabe o imbecil que,
Da sua ignorância política
Nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e o lacaio
dos exploradores do povo


*há outras versões sobre o final do poema mas, acredito que a tradução mais fiel seja esta.

2 comentários:

Priscila Telles disse...

Partindo do conceito de que conhecimento é algo amplo e bastante relativo,esse texto do Brecht toca diretamente nessa questão.
O problema da educação no Brasil não está limitado apenas pela evidente falta de investimento por parte do governo mas,com certeza passa pela má formação dos professores.Sentindo e vivendo esse dilema,percebo que no dia-a-dia da escola as personagens se misturam e,de repente a gente não sabe mais quem ensina e,quem aprende.O analfabetismo mencionado pelo Brecht abrange muitos de nós e onde está a tal"alfabetização"ou o tal"processo de aprendizagem"?Onde está o ensino quando o que vejo na sala dos prof.é um constante individualismo e um desfile de futilidades e preocupações vazias.Até onde vai o nosso próprio "analfabetismo"?Até onde a escola está aberta para a discussão crítica e política?

Anônimo disse...

Maravilhoso esse texto do Brecht.Conhecimento é algo amplo e relativo e,eu trabalhando diariamente na educação me pergunto:quem ensina o que e prá quem??Até onde vai o nosso próprio "analfabetismo"?Até onde a escola é um espaço aberto para a discussão crítica e política?Até onde vai o nosso comprometimento com essa questão já que conhecimento não é só teórico,abrange a práxis também e,como não tornar-se analfabeta aos poucos,quase que como um morrer lentamente na medida em que os anos passam e,você se perde na luta pela sobrevivencia e,a sua lucidez que não é só política mas é humana também vai se enfraquecendo e,com que argumentos estruturar uma aula,ainda pensando num ensino mais consciente e,que faça mais sentido para os nossos alunos??È realmente muito louco pensar sobre essa "alfabetização"mais efetiva,mais real e mais cheia de vida.