Hoje foi dia de casa cheia para mais um #Sarauzim dos #Mesquiteiros aqui na Leste, no #CEUAzulDaCorDoMar. Turma dos 6os e 7os anos participaram em peso e contribuíram com mais um dia de #arte, #educação e #poesia.
Seguimos com o trabalho de formação poética nas escolas. Quem quiser, chama nóis:
biqueiraliteraria@gmail.com
......................Efeito Colateral...................
terça-feira, março 29, 2016
quarta-feira, novembro 25, 2015
QUANDO AS MÁSCARAS CAEM
Sempre tive problemas na escola. Principalmente quando me tornei educador. E meu problema maior não eram com os alunos. Mas com alguns ditos "professores e professoras" que não faziam valer o salário e o título que recebiam.
Sala dos professores sempre foi um ambiente muito complicado para mim, muitas vezes. Nunca gostei do "shopping", nunca gostei do ambiente de conchavos e fofocas que muitas vezes se instalava; nunca aceitei que o principal problema da educação, da escola fossem os alunos. Fosse a família, a sociedade. Nunca aceitei que nós não fizéssemos também parte do problema. Nunca passei pano para uma autocrítica, que dirá colocar na roda a "categoria". Nunca aceitei título de santo.
E agora, sinto dizer que tenho vergonha de alguns professores. Que estão no cargo de coordenadores, diretores, dirigentes. E que se colocam contra um movimento estudantil que, legítimo e importante, está fazendo o que nós, professores e professoras, muitas vezes não conseguimos nas últimas duas décadas: expor os absurdos e contradições deste Governo, principalmente na educação. Deveríamos dar as mãos para estes jovens, adolescentes. Assumir as responsabilidades lado a lado. E não - mais uma vez - abaixar a cabeça ao governo e "cumprir às ordens", como se não fosse com a gente. Como se não tivéssemos nada a ver com isso.
O movimento é estudantil. O comando é estudantil. Nosso papel enquanto educadores e educadoras é apoiá-los. Não bater de frente. Não ameaça-los. Não fazer o jogo sujo do governo que está se cagando de medo de ter que voltar atrás em sua decisão arbitrária, autoritária e reconhecer a derrota.
Todo apoio e solidariedade às #ocupações nas escolas.
#EuAcreditoÉNaRapaziadaNaMoçada
#OcupaEscola #NãoReorganização #BoicoteSaresp
Sala dos professores sempre foi um ambiente muito complicado para mim, muitas vezes. Nunca gostei do "shopping", nunca gostei do ambiente de conchavos e fofocas que muitas vezes se instalava; nunca aceitei que o principal problema da educação, da escola fossem os alunos. Fosse a família, a sociedade. Nunca aceitei que nós não fizéssemos também parte do problema. Nunca passei pano para uma autocrítica, que dirá colocar na roda a "categoria". Nunca aceitei título de santo.
E agora, sinto dizer que tenho vergonha de alguns professores. Que estão no cargo de coordenadores, diretores, dirigentes. E que se colocam contra um movimento estudantil que, legítimo e importante, está fazendo o que nós, professores e professoras, muitas vezes não conseguimos nas últimas duas décadas: expor os absurdos e contradições deste Governo, principalmente na educação. Deveríamos dar as mãos para estes jovens, adolescentes. Assumir as responsabilidades lado a lado. E não - mais uma vez - abaixar a cabeça ao governo e "cumprir às ordens", como se não fosse com a gente. Como se não tivéssemos nada a ver com isso.
O movimento é estudantil. O comando é estudantil. Nosso papel enquanto educadores e educadoras é apoiá-los. Não bater de frente. Não ameaça-los. Não fazer o jogo sujo do governo que está se cagando de medo de ter que voltar atrás em sua decisão arbitrária, autoritária e reconhecer a derrota.
Todo apoio e solidariedade às #ocupações nas escolas.
#EuAcreditoÉNaRapaziadaNaMoçada
#OcupaEscola #NãoReorganização #BoicoteSaresp
sexta-feira, novembro 20, 2015
15 DIAS
15 dias. O que foram os últimos 15 dias? Não sei. Não deu tempo muitas vezes pra pensar. Pra falar. Pra responder. O lance é: você tem um trabalho a fazer. Vá lá e faça. E foi corrido. Foi difícil. Deixei de dormir. Deixei de estar com minha esposa e filha. Deixei de fazer o "fafezinho delícia" pra minha pequena. Mas foi necessário. Foi imprescindível. E deu tudo certo. E o prazer de se colocar uma meta e cumpri-la e atingi-la e ver tudo dar certo é inestimável. Em junho, exonerei, pela segunda vez, meu segundo cargo na rede pública. Não foi renúncia, foi escolha: como seguir caminhando na evolução? Ney Matogrosso canta que "Darcy fugiu do hospital para se tratar". Eu estava saindo da escola para educar. A sala de aula ficou pequena. Meu campo de educação é a escola e o mundão. E que lindo. De junho pra cá, mais de 70 atividades diferentes em escolas, espaços educativos. Entre saraus, palestras, debates, formações. Sem contar o trabalho cotidiano, semanal com os Mesquiteiros. Que segue tinindo. Mas estes 15 dias. Foram os mais difíceis. Feira do Livro em São Miguel: 03 dias, 12, 14 horas de trampo. Na rua, na Biqueira. Pega caixa, leva caixa, monta banca, desmonta banca. Trabalho braçal camara. E da hora. Eu gosto. Depois palestras: Guarapiranga, Interlagos, Centro, Itaim Paulista, Pinheiros. E faz sarau: na Sul, na Leste, no Centro. E roda fácil, brincando: mais de 2.000km em 15 dias. Bem mais. E edita livro: separa texto, faz revisão, manda pra diagramação: e encurta prazo, e estoura prazo, e procura gráfica, e pressiona gráfica, e pede clemência pra gráfica: ajuda. Ajuda veio. Aos 45 do segundo tempo, livro pronto, sim. E faz lançamento, sessão de autógrafos e ops: já estamos na segunda feira. Isso, segunda feira do livro, em menos de 10 dias. Monta caixa, coloca livro, leva nas costas, atravessa cidade, monta banca, monta biqueira. 02 dias, 14 horas de trampo ininterrupto na feira. E faz sarau, e faz palestra. E agita a galera. E presta contas: cara, prazo acabando. Você tem que prestar contas do Proac. "Mas eu tô sem tempo. Daí eu lembro. A noite serve pra quê? Madruga serve pra quê?". Trabalhar. O corpo dolorido, precisando dormir. Mas, bóra trabalhar. Dormir 04 horas na noite, acordar as 04, pra terminar o trampo até as sete. E pega nota, e faz calculo. E separa foto. E imprimi relatório. E confere. Último dia. Nada pode dar errado. E tem ligação. E tem email. E tem zapzap cobrando. E tem o mundão caindo. As crianças revolucionando, levantando, fechando as escolas para construção. E vai dar tempo. Eu consigo. Tô vendo a linha de chegada. Eu sou zica. Eu consigo. Eu consigo. E consegui.
Queria dizer que tô vivo. Feliz. Foi muito trampo, ansiedade, loucura. Insanidade. Em alguns momentos duvidei, jamais parei. E consegui. E a alegria de fazer tudo isso e agora poder baixar um pouco a bola, curtir a família. Não tem preço.
A você que deixei no vácuo, a você que não retornei a mensagem, o email. Foi mal. Não é proposital, não é pessoal. As vezes, algumas coisas passam, não damos conta. Depois que saí da escola, foi muito medo e insegurança das coisas não acontecerem. De não conseguir dar conta. Peguei trabalho demais, trabalho em excesso. Mas trabalho. E que coisa boa é ter trabalho. Principalmente quando você faz aquilo que ama, que escolheu.
Seguimos.
Queria dizer que tô vivo. Feliz. Foi muito trampo, ansiedade, loucura. Insanidade. Em alguns momentos duvidei, jamais parei. E consegui. E a alegria de fazer tudo isso e agora poder baixar um pouco a bola, curtir a família. Não tem preço.
A você que deixei no vácuo, a você que não retornei a mensagem, o email. Foi mal. Não é proposital, não é pessoal. As vezes, algumas coisas passam, não damos conta. Depois que saí da escola, foi muito medo e insegurança das coisas não acontecerem. De não conseguir dar conta. Peguei trabalho demais, trabalho em excesso. Mas trabalho. E que coisa boa é ter trabalho. Principalmente quando você faz aquilo que ama, que escolheu.
Seguimos.
terça-feira, novembro 17, 2015
EU ACREDITO É NA RAPAZIADA. NA MOÇADA. NOS ESTUDANTES
EU ACREDITO É NA RAPAZIADA. NA MOÇADA. NOS ESTUDANTES!
11 anos como estudante de uma escola estadual. 05 anos como estudante de uma universidade estadual. 10 anos como professor de uma escola estadual. Tenho 34 anos de idade e destes, 26 anos tem relação direta com o Estado, primeiro como estudante, depois como educador. 20 anos dele submetido ao governo do PSDB, que governa SP desde 1995.
Agradeço a quem sou. Agradeço a quem me tornei. Com uma grande ressalva: mais do que resultado da educação do governo do Estado, sou resultado principalmente do confronto, do conflito contra os desmandos deste governo. Desde a época de estudante, na antiga EEPSG Irene Branco da Silva. Do autoritarismo de uma direção antidemocrática que impediu que alunos fizessem uma festa para arrecadar fundos a um professor querido que estava doente. Passando depois pela USP – Universidade de São Paulo, e 05 (cinco!) greves. A maior, em 2002, durou mais de 100 dias. E foi a mais vitoriosa. Estudávamos em salas com 200, 250 pessoas. Era necessário a contratação de mais professores. Ofereceram 03 para a História. Paramos. Foi duro. Briga boa. Longa. E válida. Ao final, os 03 se multiplicaram. Viraram 17. Não resolveu. Mas amenizou muito nossas vidas.
Mas a luta maior ainda estava por vir: professor na Escola Estadual Jornalista Francisco Mesquita. E descobrir que, se a máquina de moer gente chamada escola funciona da maneira como está, a culpa principal é do governo sim, que investe mal, planeja mal, administra mal, fiscaliza mal. Enfim, não tem interesse que funcione bem. Mas a culpa, é também dos profissionais da educação. De boa parte deles. Que aceitam sim o funcionamento da máquina, que executam as ordens, sem sérios questionamentos. Que se aproveitam, em alguns casos, do péssimo funcionamento do Estado em benefício próprio. Infelizmente, é fato.
Em 10 anos de Estado, não foram poucos os embates com colegas, que ocuparam cargos de dirigentes, supervisores, diretores, coordenadores – todos professores – por serem omissos, coniventes, agirem na ilegalidade. Desviando recursos públicos, superfaturando os cofres, favorecendo colegas em detrimento da lei; utilizando do público como se fosse privado, falsificando documentos, livros de ponto. A lista é longa. E conhecida: denúncias foram feitas, processos foram abertos. Legalmente, pouca coisa deu certo. Profissionalmente, tenho orgulho por nunca ter compactuado, nunca ter aceitado as injustiças que tive conhecimento.
E quem sempre mais sofreu, na mão do Estado, na mão de alguns profissionais que deveriam servir a sociedade mas serviam a seus próprios interesses? Quem? Todos. Professores sofrem. Funcionários sofrem. A sociedade sofre. Mas, principalmente, os estudantes. Jovens, adolescentes, crianças. Alunas e alunos da rede estadual. Sempre joguete. Sempre objetos. Sempre alvo da ausência de políticas públicas eficazes que fortalecesse a formação e um bom ensino. Crescendo com uma educação precária. Que admite alunos em séries avançadas com buracos no seu aprendizado. Analfabetos. Que permite que estudantes fiquem semanas, meses sem professores de determinadas disciplinas. Sem atingir a carga mínima de estudo. E serem aprovados. Empurrados. Expulsos, quando necessário.
Mas rapaz, tudo tem limite. Tudo tem uma hora. E a hora chegou.
Estudantes de escolas públicas estaduais tomando por posse aquilo que já é deles por direito. Tomando de fato aquilo que já é deles no discurso. Ocupando na prática aquilo que sempre foi deles, ao menos na teoria. Estudantes, ensinando a todos uma verdadeira aula de cidadania.
Independente do resultado (o jogo tá rolando), as ocupações das escolas públicas estaduais contra a reorganização(?!) do ensino no Estado, já são uma grande vitória. Política. Uma lição: pedagógica. De que tanto na prática do ensino quanto na execução de políticas públicas, é preciso considerá-los como sujeitos do processo. É preciso consultá-los. É preciso dar voz, voto e veto, se preciso para tomar as decisões. Não podemos fazer sozinhos. Não podemos fazer a revelia deles. Não podemos fazer por eles. Não podemos, não devemos e não faremos. Simplesmente porque eles não deixarão mais. E esse é o ensinamento mais belo, mais forte, mais potente que estes jovens, adolescentes, crianças estão nos repassando. Depois de décadas falando em protagonismo, postura crítica, posicionamento político, autonomia, eles entenderam. Estão praticando. Estão fazendo da maneira deles. E é fantástico. É revolucionário. É irreversível. E você pode não gostar, mas vai ter que engolir.
Todo apoio, toda solidariedade aos estudantes que ocupam as escolas estaduais. Muito orgulho, muito amor. Como estudante, como educador, como um lutador pelos direitos dos estudantes e da educação, sinto-me honrado e feliz por estar vivo e acompanhar a escrita desta página em nossa história. Vocês enchem meus olhos de lágrimas, meu peito de esperança e minha caminhada de alegria por ter sempre acreditado principalmente em vocês. Por estar há muito tempo ao lado de vocês. E por querer estar sempre. Obrigado, obrigado, obrigado.
#NãoFecheMinhaEscola
#OcupaEscola
Rodrigo Ciríaco
Educador e Escritor
Coordenador dos Mesquiteiros
11 anos como estudante de uma escola estadual. 05 anos como estudante de uma universidade estadual. 10 anos como professor de uma escola estadual. Tenho 34 anos de idade e destes, 26 anos tem relação direta com o Estado, primeiro como estudante, depois como educador. 20 anos dele submetido ao governo do PSDB, que governa SP desde 1995.
Agradeço a quem sou. Agradeço a quem me tornei. Com uma grande ressalva: mais do que resultado da educação do governo do Estado, sou resultado principalmente do confronto, do conflito contra os desmandos deste governo. Desde a época de estudante, na antiga EEPSG Irene Branco da Silva. Do autoritarismo de uma direção antidemocrática que impediu que alunos fizessem uma festa para arrecadar fundos a um professor querido que estava doente. Passando depois pela USP – Universidade de São Paulo, e 05 (cinco!) greves. A maior, em 2002, durou mais de 100 dias. E foi a mais vitoriosa. Estudávamos em salas com 200, 250 pessoas. Era necessário a contratação de mais professores. Ofereceram 03 para a História. Paramos. Foi duro. Briga boa. Longa. E válida. Ao final, os 03 se multiplicaram. Viraram 17. Não resolveu. Mas amenizou muito nossas vidas.
Mas a luta maior ainda estava por vir: professor na Escola Estadual Jornalista Francisco Mesquita. E descobrir que, se a máquina de moer gente chamada escola funciona da maneira como está, a culpa principal é do governo sim, que investe mal, planeja mal, administra mal, fiscaliza mal. Enfim, não tem interesse que funcione bem. Mas a culpa, é também dos profissionais da educação. De boa parte deles. Que aceitam sim o funcionamento da máquina, que executam as ordens, sem sérios questionamentos. Que se aproveitam, em alguns casos, do péssimo funcionamento do Estado em benefício próprio. Infelizmente, é fato.
Em 10 anos de Estado, não foram poucos os embates com colegas, que ocuparam cargos de dirigentes, supervisores, diretores, coordenadores – todos professores – por serem omissos, coniventes, agirem na ilegalidade. Desviando recursos públicos, superfaturando os cofres, favorecendo colegas em detrimento da lei; utilizando do público como se fosse privado, falsificando documentos, livros de ponto. A lista é longa. E conhecida: denúncias foram feitas, processos foram abertos. Legalmente, pouca coisa deu certo. Profissionalmente, tenho orgulho por nunca ter compactuado, nunca ter aceitado as injustiças que tive conhecimento.
E quem sempre mais sofreu, na mão do Estado, na mão de alguns profissionais que deveriam servir a sociedade mas serviam a seus próprios interesses? Quem? Todos. Professores sofrem. Funcionários sofrem. A sociedade sofre. Mas, principalmente, os estudantes. Jovens, adolescentes, crianças. Alunas e alunos da rede estadual. Sempre joguete. Sempre objetos. Sempre alvo da ausência de políticas públicas eficazes que fortalecesse a formação e um bom ensino. Crescendo com uma educação precária. Que admite alunos em séries avançadas com buracos no seu aprendizado. Analfabetos. Que permite que estudantes fiquem semanas, meses sem professores de determinadas disciplinas. Sem atingir a carga mínima de estudo. E serem aprovados. Empurrados. Expulsos, quando necessário.
Mas rapaz, tudo tem limite. Tudo tem uma hora. E a hora chegou.
Estudantes de escolas públicas estaduais tomando por posse aquilo que já é deles por direito. Tomando de fato aquilo que já é deles no discurso. Ocupando na prática aquilo que sempre foi deles, ao menos na teoria. Estudantes, ensinando a todos uma verdadeira aula de cidadania.
Independente do resultado (o jogo tá rolando), as ocupações das escolas públicas estaduais contra a reorganização(?!) do ensino no Estado, já são uma grande vitória. Política. Uma lição: pedagógica. De que tanto na prática do ensino quanto na execução de políticas públicas, é preciso considerá-los como sujeitos do processo. É preciso consultá-los. É preciso dar voz, voto e veto, se preciso para tomar as decisões. Não podemos fazer sozinhos. Não podemos fazer a revelia deles. Não podemos fazer por eles. Não podemos, não devemos e não faremos. Simplesmente porque eles não deixarão mais. E esse é o ensinamento mais belo, mais forte, mais potente que estes jovens, adolescentes, crianças estão nos repassando. Depois de décadas falando em protagonismo, postura crítica, posicionamento político, autonomia, eles entenderam. Estão praticando. Estão fazendo da maneira deles. E é fantástico. É revolucionário. É irreversível. E você pode não gostar, mas vai ter que engolir.
Todo apoio, toda solidariedade aos estudantes que ocupam as escolas estaduais. Muito orgulho, muito amor. Como estudante, como educador, como um lutador pelos direitos dos estudantes e da educação, sinto-me honrado e feliz por estar vivo e acompanhar a escrita desta página em nossa história. Vocês enchem meus olhos de lágrimas, meu peito de esperança e minha caminhada de alegria por ter sempre acreditado principalmente em vocês. Por estar há muito tempo ao lado de vocês. E por querer estar sempre. Obrigado, obrigado, obrigado.
#NãoFecheMinhaEscola
#OcupaEscola
Rodrigo Ciríaco
Educador e Escritor
Coordenador dos Mesquiteiros
quarta-feira, junho 10, 2015
TRÁFICO LITERÁRIO EM JUNDIAÍ
BIQUEIRA LITERÁRIA - SESC JUNDIAÍ
Salve, rápa. Na próxima semana estaremos realizando uma série de atividades no #SESCJundiaí e região. Quem puder #divulgar, #compartilhar e #colar, vai ser da hora. Confere aí, anote na #agenda e não se perca:
OFICINA - ENCONTROS EM CONTOS:
http://www.sescsp.org.br/programacao/64732_ENCONTRO+EM+CONTOS
INTERVENÇÃO - PELAS RUAS, POESIA:
http://www.sescsp.org.br/programacao/64733_PELAS+RUAS+POESIA
VARAL POÉTICO:
http://www.sescsp.org.br/programacao/64734_VARAL+POETICO
RACHÃO POÉTICO - COPA MUNDÃO DE POESIA:
http://www.sescsp.org.br/programacao/64735_RACHAO+POETICO
Salve, rápa. Na próxima semana estaremos realizando uma série de atividades no #SESCJundiaí e região. Quem puder #divulgar, #compartilhar e #colar, vai ser da hora. Confere aí, anote na #agenda e não se perca:
OFICINA - ENCONTROS EM CONTOS:
http://www.sescsp.org.br/programacao/64732_ENCONTRO+EM+CONTOS
INTERVENÇÃO - PELAS RUAS, POESIA:
http://www.sescsp.org.br/programacao/64733_PELAS+RUAS+POESIA
VARAL POÉTICO:
http://www.sescsp.org.br/programacao/64734_VARAL+POETICO
RACHÃO POÉTICO - COPA MUNDÃO DE POESIA:
http://www.sescsp.org.br/programacao/64735_RACHAO+POETICO
quarta-feira, maio 06, 2015
CARTAS PARA #MALU
São Paulo, 06 de maio de 2015
Malu,
Hoje é aniversário do papai. E não há presente maior nesse mundo do que a sua presença. Alguém já disse que filho é um coração que mora fora do peito. E é verdade. Você é o maior presente que o papai já recebeu nesta vida. Você meu deu tudo: sentido, preenchimento, alegria. Você foi a responsável por papai ter coragem de ter uma família - além do vovô, da vovó e dos titios - acreditar mais nele e acreditar na mamãe. Papai é muito feliz com você, mamãe e o Ygor. Obrigado por tudo.
O meu maior desejo nesse mundo é te fazer feliz. Não é tarefa fácil. Você vai descobrir aos poucos que o mundo é um lugar duro, difícil e muitas vezes cruel. Mas que vale muito a pena quando a gente tem uma família, pessoas que nos apoiam e amor. Amor, filha. Independente do que lhe digam, independente do que lhe façam acredite em algumas pessoas. Acredite sobretudo no amor - e pratique. Respeite as pessoas e suas diferenças, saiba ouvir antes de julgar. Seja solidária, principalmente com quem precisa. E justa. Desenvolva ao máximo seu senso de justiça.
Hoje você está com dois anos e quatro meses. Seus livros preferidos no momento são “O macaco bombeiro”, da Ruth Rocha e “Vida de cachorro”, do Flávio de Sousa. O papai já leu umas duzentas e cinquenta e três vezes a história deles pra você. Você também já leu uma cento e oitenta e seis vezes. Mas ainda não enjoamos. Quer dizer, o papai já está de saco cheio, mas você ainda não enjoou.
Foi no mês que passou que você conseguiu pela primeira vez subir na cama do papai e da mamãe sozinha. A gente bateu palma e fez festa. E foi neste mês que passou também que descobriu o significado da palavra “medo”. Foi quando tentaram pegar o seu “azul” e você chorou. Chorou muito. Agora toda vez que vê alguém de barba e está com o “azul” na mão você chora, esconde ele. O papai fica triste, um pouco preocupado. Diz que você não precisa ter medo, que o papai te protege. Quero que isso seja verdade. Quero te proteger pra sempre, ainda que não seja sempre possível.
Sei que quando você puder ler e entender sozinha estas cartas, já vai ter esquecido o seu “azul”. Pra te lembrar, o seu “azul” é uma peça comprida, roliça e redonda, de madeira, pintada da cor azul. Ela veio junto com várias outras peças coloridas, de madeira para a gente montar. Já construímos castelos, fazendas, sorvetes, bolos; borboletas, joaninhas e muitas outras coisas. Mas o seu “azul” é o seu brinquedo preferido. Vai entender. Não foi um paninho, não foi uma chupeta, não foi uma toalhinha. O seu brinquedo de estimação é o “azul”. E você sente muito quando ele some e você não encontra. E olha, você é mestra em fazer o “azul” sumir. "Papai, aonde foi parar o meu azul?" é uma frase que escutamos muito, e que eu acho que cabe muito bem como título de um livro infantil que o papai ainda quer escrever - só precisa aprender a escrever para crianças. Ainda bem que até hoje a gente sempre encontrou o "azul". Tenho muito medo de quando você perdê-lo de vez. Acho que isso vai ser em breve. E acredito que talvez seja o seu primeiro “trauma”. Mas não tem problema. Essas coisas também são importantes na vida. Fazem a gente crescer. E tenha certeza, o papai e a mamãe estarão ao seu lado para ajudar a superar.
O seu programa favorito é o “Hi5”, que você chama de “amiguinhos”. O papai acha eles muito chatos, mas você gosta. A gente vai aprendendo a respeitar os seus gostos, também. Até porque eles são meio bobos, mas fazem muitas brincadeiras. E tem muitas crianças que gostam. O legal é que eles não ficam oferecendo produtos pra você comprar, comprar e comprar. Eles apenas são bobos e se divertem – rs.
Sabia que por estes dias você falou o seu primeiro palavrão: menininha da boca suja! (rs). Foi quando o papai tava tentando colocar os amiguinhos e a internet não tava funcionando direito, demorava pra carregar. Daí você soltou essa:
- Tá sem internet. Que foda...
Eu e mamãe não acreditamos que você falou isso, mas também não brigamos com você. Afinal, você não tem culpa. Você só reproduz o que escuta, e a gente as vezes deixa escapar, fala uns palavrões também. Estamos tentando nos corrigir.
Mamãe tá um pouco brava agora. Tá correndo igual uma doida, pra te dar banho, trocar, fazer comida, lavar a louça, arrumar a cama, o quarto, varrer a casa. Enquanto o folgado do papai fica aqui na sala, em frente ao computador também trabalhando, escrevendo, pensando nos seus textos e projetos. Eu sei, parecem tarefas desproporcionais e uma divisão injusta da divisão do trabalho. Mas eu falei pra mamãe que é só hoje, como é meu aniversário eu queria ter um dia de rei. Mas é só hoje (não conta pra ela que eu falei uma mentira). E você não pode mentir, viu – rs.
Mamãe é muito trabalhadora. Ajuda muito o papai. E o papai também ajuda a mamãe. Apesar de ela discordar. Mas nós somos uma equipe: todos nos ajudamos. Até você já entrou no ritmo, aprendendo a guardar os seus próprios depois de espalhar tudo na sala e fazer aquela bagunça. Também adora pegar um pano para secar as coisas quando você molha com água ou com o seu “fafé”.
Há tanta coisa pra te contar, falar, filha. O papai anda bem angustiado por estes dias. Com o que será do nosso futuro, se vou continuar trabalhando na escola ou não. Papai ama muito o que faz, mas papai faz muitas coisas. As vezes parece que quero abraçar o mundo, mas esqueço que tenho apenas dois braços, e eles são muito curtos – o mundo é grande. E na escola está bem difícil. Parece que as coisas não avançam, parece que as coisas não mudam. Infelizmente, não vejo perspectivas de melhoras. Pra ajudar, na semana que passou, no Paraná, muitos professores e professoras, colegas do papai foram agredidos. Massacrados. Estavam brigando contra mudanças na lei, que tirariam os seus direitos – que diga-se de passagem, já são poucos – e foram massacrados pelo governo. Balas de borracha, bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo. Cachorros pitbulls soltos mordendo as pessoas. Você ficaria aterrorizada, até porque tem medo de cachorro. Muita gente ficou triste, revoltada. Como o papai. O que me entristece é que daqui a pouco todo mundo esquece. Pouca coisa ou nada muda. E isso vira apenas mais um capítulo triste da nossa história.
Falando assim parece que o papai aceita as coisas como são, e é mentira. Papai ainda tem muita esperança que as coisas melhorem. E continua estudando para se fortalecer e acreditar nisso. Separei vários livros de pessoas muito legais que são importantes você ler quando crescer: Paulo Freire, Ernesto Guevara, Augusto Boal; Clarice Lispector, Malcom X, Bertolt Brecht, Guimarães Rosa. Entre outros. Todos tem na biblioteca do papai, que também já é sua. Se houver algum momento na sua vida em que você se sentir fraca, impotente, achar que nada muda, que as coisas não tem jeito, volte a eles. São pessoas importantes para nos instigar, provocar. Refletir.
Nesse pequeno tempo que escrevo, você já me interrompeu umas doze vezes, pelo menos. Para pegar a sua bolinha, para colocar nos desenho do “macaco”. Para trocar, colocar os “amiguinhos”, no desenho do bolo, no desenho do coração. Pegar seu penico – que você ainda não usa regularmente, fazer o desenho da lua, do coelho, do papai, e da Malu. E este está sendo o meu dia de aniversário. Mais tarde você vai para a escolinha. O papai vai no cabeleireiro raspar a careca e depois vamos na vovó para comer um bolinho. Não vai ter festa, apenas um bolo. E já está bom demais. Tudo o que o papai precisa o papai já tem.
Fico por aqui. Mês que vem tem outra carta. Fora isso, a gente vai se falando e se amando no dia a dia. Te amo. Mais que tudo. Mais do que a mim mesmo. Obrigado por existir. Obrigado por ser o melhor presente que eu já poderia ter recebido em toda a vida. Fique bem. Seja forte, tenha coragem. E quando tiver medo, faça as coisas com medo mesmo. Não deixe que ele te paralise. Nunca. Jamais.
Com amor,
Papai Rodrigo.
Malu,
Hoje é aniversário do papai. E não há presente maior nesse mundo do que a sua presença. Alguém já disse que filho é um coração que mora fora do peito. E é verdade. Você é o maior presente que o papai já recebeu nesta vida. Você meu deu tudo: sentido, preenchimento, alegria. Você foi a responsável por papai ter coragem de ter uma família - além do vovô, da vovó e dos titios - acreditar mais nele e acreditar na mamãe. Papai é muito feliz com você, mamãe e o Ygor. Obrigado por tudo.
O meu maior desejo nesse mundo é te fazer feliz. Não é tarefa fácil. Você vai descobrir aos poucos que o mundo é um lugar duro, difícil e muitas vezes cruel. Mas que vale muito a pena quando a gente tem uma família, pessoas que nos apoiam e amor. Amor, filha. Independente do que lhe digam, independente do que lhe façam acredite em algumas pessoas. Acredite sobretudo no amor - e pratique. Respeite as pessoas e suas diferenças, saiba ouvir antes de julgar. Seja solidária, principalmente com quem precisa. E justa. Desenvolva ao máximo seu senso de justiça.
Hoje você está com dois anos e quatro meses. Seus livros preferidos no momento são “O macaco bombeiro”, da Ruth Rocha e “Vida de cachorro”, do Flávio de Sousa. O papai já leu umas duzentas e cinquenta e três vezes a história deles pra você. Você também já leu uma cento e oitenta e seis vezes. Mas ainda não enjoamos. Quer dizer, o papai já está de saco cheio, mas você ainda não enjoou.
Foi no mês que passou que você conseguiu pela primeira vez subir na cama do papai e da mamãe sozinha. A gente bateu palma e fez festa. E foi neste mês que passou também que descobriu o significado da palavra “medo”. Foi quando tentaram pegar o seu “azul” e você chorou. Chorou muito. Agora toda vez que vê alguém de barba e está com o “azul” na mão você chora, esconde ele. O papai fica triste, um pouco preocupado. Diz que você não precisa ter medo, que o papai te protege. Quero que isso seja verdade. Quero te proteger pra sempre, ainda que não seja sempre possível.
Sei que quando você puder ler e entender sozinha estas cartas, já vai ter esquecido o seu “azul”. Pra te lembrar, o seu “azul” é uma peça comprida, roliça e redonda, de madeira, pintada da cor azul. Ela veio junto com várias outras peças coloridas, de madeira para a gente montar. Já construímos castelos, fazendas, sorvetes, bolos; borboletas, joaninhas e muitas outras coisas. Mas o seu “azul” é o seu brinquedo preferido. Vai entender. Não foi um paninho, não foi uma chupeta, não foi uma toalhinha. O seu brinquedo de estimação é o “azul”. E você sente muito quando ele some e você não encontra. E olha, você é mestra em fazer o “azul” sumir. "Papai, aonde foi parar o meu azul?" é uma frase que escutamos muito, e que eu acho que cabe muito bem como título de um livro infantil que o papai ainda quer escrever - só precisa aprender a escrever para crianças. Ainda bem que até hoje a gente sempre encontrou o "azul". Tenho muito medo de quando você perdê-lo de vez. Acho que isso vai ser em breve. E acredito que talvez seja o seu primeiro “trauma”. Mas não tem problema. Essas coisas também são importantes na vida. Fazem a gente crescer. E tenha certeza, o papai e a mamãe estarão ao seu lado para ajudar a superar.
O seu programa favorito é o “Hi5”, que você chama de “amiguinhos”. O papai acha eles muito chatos, mas você gosta. A gente vai aprendendo a respeitar os seus gostos, também. Até porque eles são meio bobos, mas fazem muitas brincadeiras. E tem muitas crianças que gostam. O legal é que eles não ficam oferecendo produtos pra você comprar, comprar e comprar. Eles apenas são bobos e se divertem – rs.
Sabia que por estes dias você falou o seu primeiro palavrão: menininha da boca suja! (rs). Foi quando o papai tava tentando colocar os amiguinhos e a internet não tava funcionando direito, demorava pra carregar. Daí você soltou essa:
- Tá sem internet. Que foda...
Eu e mamãe não acreditamos que você falou isso, mas também não brigamos com você. Afinal, você não tem culpa. Você só reproduz o que escuta, e a gente as vezes deixa escapar, fala uns palavrões também. Estamos tentando nos corrigir.
Mamãe tá um pouco brava agora. Tá correndo igual uma doida, pra te dar banho, trocar, fazer comida, lavar a louça, arrumar a cama, o quarto, varrer a casa. Enquanto o folgado do papai fica aqui na sala, em frente ao computador também trabalhando, escrevendo, pensando nos seus textos e projetos. Eu sei, parecem tarefas desproporcionais e uma divisão injusta da divisão do trabalho. Mas eu falei pra mamãe que é só hoje, como é meu aniversário eu queria ter um dia de rei. Mas é só hoje (não conta pra ela que eu falei uma mentira). E você não pode mentir, viu – rs.
Mamãe é muito trabalhadora. Ajuda muito o papai. E o papai também ajuda a mamãe. Apesar de ela discordar. Mas nós somos uma equipe: todos nos ajudamos. Até você já entrou no ritmo, aprendendo a guardar os seus próprios depois de espalhar tudo na sala e fazer aquela bagunça. Também adora pegar um pano para secar as coisas quando você molha com água ou com o seu “fafé”.
Há tanta coisa pra te contar, falar, filha. O papai anda bem angustiado por estes dias. Com o que será do nosso futuro, se vou continuar trabalhando na escola ou não. Papai ama muito o que faz, mas papai faz muitas coisas. As vezes parece que quero abraçar o mundo, mas esqueço que tenho apenas dois braços, e eles são muito curtos – o mundo é grande. E na escola está bem difícil. Parece que as coisas não avançam, parece que as coisas não mudam. Infelizmente, não vejo perspectivas de melhoras. Pra ajudar, na semana que passou, no Paraná, muitos professores e professoras, colegas do papai foram agredidos. Massacrados. Estavam brigando contra mudanças na lei, que tirariam os seus direitos – que diga-se de passagem, já são poucos – e foram massacrados pelo governo. Balas de borracha, bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo. Cachorros pitbulls soltos mordendo as pessoas. Você ficaria aterrorizada, até porque tem medo de cachorro. Muita gente ficou triste, revoltada. Como o papai. O que me entristece é que daqui a pouco todo mundo esquece. Pouca coisa ou nada muda. E isso vira apenas mais um capítulo triste da nossa história.
Falando assim parece que o papai aceita as coisas como são, e é mentira. Papai ainda tem muita esperança que as coisas melhorem. E continua estudando para se fortalecer e acreditar nisso. Separei vários livros de pessoas muito legais que são importantes você ler quando crescer: Paulo Freire, Ernesto Guevara, Augusto Boal; Clarice Lispector, Malcom X, Bertolt Brecht, Guimarães Rosa. Entre outros. Todos tem na biblioteca do papai, que também já é sua. Se houver algum momento na sua vida em que você se sentir fraca, impotente, achar que nada muda, que as coisas não tem jeito, volte a eles. São pessoas importantes para nos instigar, provocar. Refletir.
Nesse pequeno tempo que escrevo, você já me interrompeu umas doze vezes, pelo menos. Para pegar a sua bolinha, para colocar nos desenho do “macaco”. Para trocar, colocar os “amiguinhos”, no desenho do bolo, no desenho do coração. Pegar seu penico – que você ainda não usa regularmente, fazer o desenho da lua, do coelho, do papai, e da Malu. E este está sendo o meu dia de aniversário. Mais tarde você vai para a escolinha. O papai vai no cabeleireiro raspar a careca e depois vamos na vovó para comer um bolinho. Não vai ter festa, apenas um bolo. E já está bom demais. Tudo o que o papai precisa o papai já tem.
Fico por aqui. Mês que vem tem outra carta. Fora isso, a gente vai se falando e se amando no dia a dia. Te amo. Mais que tudo. Mais do que a mim mesmo. Obrigado por existir. Obrigado por ser o melhor presente que eu já poderia ter recebido em toda a vida. Fique bem. Seja forte, tenha coragem. E quando tiver medo, faça as coisas com medo mesmo. Não deixe que ele te paralise. Nunca. Jamais.
Com amor,
Papai Rodrigo.
segunda-feira, abril 13, 2015
PREFEITURA DE SÃO PAULO E O DURO GOLPE NA CULTURA DE PERIFERIA
A cidade de São Paulo tem atualmente um dos principais
movimentos culturais do cenário contemporâneos: a literatura marginal e os
saraus da periferia. E isso não sou eu quem estou dizendo, é possível constatar
através do crescente movimento pela cidade nos últimos anos, do volume de
estudos, teses acadêmicas (mestrado e doutorado) sobre o assunto, de alguns
(ainda poucos) editais que preocupam-se em atender a grande demanda dos
coletivos literários. Das feiras, festas e eventos, nacionais e internacionais,
que cada vez mais nossos autores participam.
Saraus participam da 40a Feria Internacional del Libro - Buenos Aires, Argentina (maio/2014)
Desde 2011, que acontece um importante programa de ampliação
de público, formação de leitores, fomento a leitura e difusão literária: o “Veia
e Ventania – Literatura Periférica nas Bibliotecas de São Paulo” envolvendo os saraus da quebrada. Ou melhor:
acontecia. O programa está desde dezembro do ano passado parado. O motivo: “falta
de recursos”.
Sarau dos Mesquiteiros na Biblioteca Municipal Rubens Borba, Ermelino Matarazzo
Grupos como Sarau do Binho, Cooperifa, Elo da Corrente,
Sarau da Brasa, Arte Maloqueira (Juntas na Luta), Mesquiteiros, O que Dizem os
Umbigos?!, Perifatividade, A voz do Povo, Encontro de Utopias, A Plenos
Pulmões, Maloqueirista e Marginaliaria foram alguns dos que passaram pelo programa ao longo
destes 04 anos, através de contratações artísticas. E que desde julho do ano
passado estavam em diálogo com o Sistema Municipal de Bibliotecas, da
Secretaria Municipal de Cultura para a criação de um edital do programa, para
ampliar o número de grupos e bibliotecas atendidas pelo mesmo.
Neste período, mais de 08 encontros foram realizados entre
integrantes dos saraus e representantes da secretaria de cultura, discutindo
formato do edital, contratações, organização, valores.
Em 09 de dezembro do ano passado, vários coletivos de saraus
estiveram presentes na Câmara Municipal de São Paulo, durante a Audiência
Pública sobre o Orçamento da cidade para 2015, e apresentaram a proposta de
emenda no valor de R$ 1.800.000,00 (hum milhão, oitocentos mil reais). Com este valor, seria possivel realizar o programa durante 10 (dez) meses, com a contratação de 30 grupos/saraus para atuar nas bibliotecas da rede municipal. A emenda foi aprovada e os grupos celebraram esta grande conquista para a cultura da periferia.
Ruivo Lopes em fala na Audiência Pública na Câmara,
09 de dezembro de 2014
09 de dezembro de 2014
09 de dezembro de 2014
Detalhe da emenda ao orçamento, publicado no D.O. do município,
em 18 de dezembro de 2014
LINK da publicação: CLIQUE AQUI
Após a posse do novo secretário de cultura, Nabil Bonduki,
os coletivos pediram uma reunião para discutir, entre outras coisas: 1) Edital
Veia e Ventania, 2) PMLLLB – Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e
Bibliotecas e 3) Carta – Existe Diálogos Saraus, pauta de reivindicações dos
coletivos entregues em novembro de 2013 ao então secretário de cultura Juca
Ferreira mas, que houve poucos avanços práticos, no que se refere a literatura
na cidade de São Paulo.
No dia 09 de março deste ano, representantes dos coletivos de
saraus foram recebidos e informados pelo secretário no corte de 30% (trinta por
cento) do orçamento da cultura para a cidade, mas que o programa seria mantido,
com algumas mudanças nos volume de recursos. E que as ações voltadas para os
saraus e a literatura marginal seriam incluídas em importantes ações como o “Circuito
SP de Cultura” e a programação cultural dos CEU – Centro de Educação Unificada. Bastaria aguardar até a primeira semana de abril para a definição.
Todavia, até o presente momento, não temos resposta sobre a continuidade ou não do programa. O programa “Veia e Ventania – Literatura Periférica” está há 05 meses parado. Todo o trabalho fortalecido pelos saraus como o estabelecimento de parcerias entre a biblioteca e escolas, comunidades; a formação de público, a divulgação e realização de cursos, encontros literários promovidos pelo Veia virou poeira. E o amargo gosto de ter sido passado para traz está na boca dos coletivos...
Todavia, até o presente momento, não temos resposta sobre a continuidade ou não do programa. O programa “Veia e Ventania – Literatura Periférica” está há 05 meses parado. Todo o trabalho fortalecido pelos saraus como o estabelecimento de parcerias entre a biblioteca e escolas, comunidades; a formação de público, a divulgação e realização de cursos, encontros literários promovidos pelo Veia virou poeira. E o amargo gosto de ter sido passado para traz está na boca dos coletivos...
Galera presente no último Sarau dos Mesquiteiros
na biblioteca, novembro de 2014
E o que é pior: se houve corte de 30% (trinta por cento) no
orçamento da cultura, este “facão” parece que foi integral para os coletivos
literários da quebrada: de março à maio de 2015, não há nada da literatura
marginal e dos saraus periféricos no “Circuito SP de Cultura”. E a revista “EmCartaz”,
que divulga as ações culturais da prefeitura, também ficam devendo. Chega-se a
pensar: seria intencional esta retirada da literatura marginal-periférica do
circuito cultural da cidade? Esperamos que não.
Cansados apenas de aguardar, aguardar, aguardar, vários
coletivos literários resolveram chamar um ato/sarau para divulgar e exigir
respostas desta situação: o #FORCALITERÁRIA, que acontecerá na sexta-feira, dia
17 de abril, a partir das 18hs, em frente ao prédio da Galeria Olido, na
Avenida São João (próximo da Ipiranga), local em que está instalada a
Secretaria de Cultura. Clique aqui e veja o link do evento no Facebook.
Clique na imagem para ampliar
O sarau dos Mesquiteiros, que desde meados de 2012 integrou o
programa “Veia e Ventania”, participou de várias reuniões de organização do
edital e ampliação do programa, e assim como os outros grupos está decepcionado
com a postura e atitude da secretaria municipal de cultura de SP em relação ao
assunto, apoia o ato e estará presente.
Esperamos que o prefeito Fernando Haddad, assim como o atual
secretário municipal de cultura Nabil Bonduki, possam rever a política cultural
que está sendo pensada e implementada para a cidade no que se refere a literatura e que a literatura marginal
e o saraus da periferia tenham respeito e reconhecimento devido pelo poder
público a eles.
Rodrigo Ciríaco, educador e escritor, coordenador do Sarau dos Mesquiteiros, integrante do movimento de saraus da Periferia.
Rodrigo Ciríaco, educador e escritor, coordenador do Sarau dos Mesquiteiros, integrante do movimento de saraus da Periferia.
#FORCALiterária
#VoltaVeiaVentania
#ReSPeitoSarausPeriferia
Para ver outro artigo importante sobre o assunto, no parceiro Michel Yakini, clique aqui na página do BRASIL DE FATO.
terça-feira, março 31, 2015
BON VOYAGE - SALÃO DO LIVRO DE PARIS, 2015 - #04
Encerra-se março. E com o mês, mais um ciclo. O primeiro trimestre vai embora. E a marca mais importante para mim foi esta viagem para a França. O reencontro com a minha literatura. O encontro com novas pessoas. Novas amizades se fortaleceram. Com certeza, renderão frutos. E aprendizados, muitos aprendizados. De não perder as raízes. De perceber as nuances da escrita e dos escritores. De não ser mais explorado, usado. De falar, na hora certa, para as pessoas certas, no local certo. Enfim, seguimos.
O saldo da viagem foram duas atividades na programação oficial do Salão do Livro de Paris, visita ao College Berange, ao Lycee Sophie Germain, visita a Alma, entidade que realiza um trabalho relacionado a direitos humanos na América Latina e África, além de batepapo com os alunos da Universidade Paul Valery, em Montpellier, pouco mais de 500 quilômetros de Paris, ao Sul da França.
O saldo da viagem foi a certeza da importância de finalizar logo o meu romance. De não se permitir travar no texto. De exercitar a escrita, sim. Mas exercitar também o ouvido, a observação. A leitura. Sempre e sempre. Com técnica, sensibilidade e disciplina.
Enfim, algumas poucas palavras por aqui. O momento é também de introspecção. E curtir as fotos. Vejam aí.
Abraço,
O saldo da viagem foram duas atividades na programação oficial do Salão do Livro de Paris, visita ao College Berange, ao Lycee Sophie Germain, visita a Alma, entidade que realiza um trabalho relacionado a direitos humanos na América Latina e África, além de batepapo com os alunos da Universidade Paul Valery, em Montpellier, pouco mais de 500 quilômetros de Paris, ao Sul da França.
O saldo da viagem foi a certeza da importância de finalizar logo o meu romance. De não se permitir travar no texto. De exercitar a escrita, sim. Mas exercitar também o ouvido, a observação. A leitura. Sempre e sempre. Com técnica, sensibilidade e disciplina.
Enfim, algumas poucas palavras por aqui. O momento é também de introspecção. E curtir as fotos. Vejam aí.
Abraço,
Mesa de autógrafos, no stand do Brasil
Eu e Fernando Morais
Sim, os doces são maravilhosos
Alunos do College Beranger
No Liceu Sophie German
Fotos com os alunos
Dedicatória na Universidade Paul Valery, em Montpellier
segunda-feira, março 23, 2015
SALÃO DO LIVRO DE PARIS, #03
Minha literatura elevada a um patamar que nunca imaginei. Caminhando ao lado de muitos que sempre li e gostei. Encontros, conversas, possibilidades de trocas profissionais e trabalho. Muito trabalho. Feliz. #SalonDuLivreParis 2015
Informações de uma das mesas que participei no Salão do Livro. Esta, ao lado de Ricardo Aleixo
"Te Pego Lá Fora" também chegou aqui
Guiomar de Grammont abrindo a mesa
poeta Ricardo Aleixo: máximo respeito
parte do público presente ao evento
dedicatórias
detalhe da mesa de autógrafos
Conceição Evaristo: máximo respeito
Integrantes da Editions Anacaona
João Carrascoza e eu, autores do "Eu sou favela"
Simone Paulino e Paulo Lins
Marcelino Freire, João Carrascoza, Ana Paula Maia, Conceição Evaristo, eu, Paulo Lins e Paula Anacona
sexta-feira, março 20, 2015
NOTA DE ESCLARECIMENTO ou SOLIDARIEDADE NA REVOLTA, PARIS #02
Não era pra ser. Mas foi. O principal assunto discutido entre os escritores brasileiros convidados para o Salão do Livro de Paris de 2015 no primeiro dia foi a remuneração. Ou a ausência dela. Explico: nenhum dos autores convidados para as atividades está recebendo cachê.
Eu, proletário das letras, nem estou acostumado com a palavra "cachê". Para mim é salário. É meu trabalho, tenho dedicação diária sobre isso. Esforço físico, intelectual. Literalmente, compro as fraldas de minha filha, faço mercado, feira, pago minhas contas com parte do que recebo neste meu trabalho literário. Claro que não posso me dar o luxo de viver apenas disso. Mas espero receber algo por ele. Quem me conhece, sabe que desde sempre tenho uma máxima: todo trabalho digno merece ser remunerado. É justo. E aqui, apesar de estar em Paris, cidade luz, maravilhosa, representando o Brasil, não estamos financeiramente recebendo por isso.
Quando fui convidado, não foi claramente explícito que seria desta forma. Soube apenas depois de um mês, quando estava me organizando, fazendo contas que perguntei sobre o "cachê". Ao que fui informado que não receberia. Mas teríamos uma "diária bacana", para passar os dias aqui. Se é assim, pensei: ok Apesar de ter 09 anos de estrada, sou novo nesta seara. Aprendendo ainda como funciona. Sempre recebo pelos trabalhos que faço. Mas aqui é diferente. E estar aqui presente, a divulgação do trabalho é importante. Mas estava preocupado com algo prático: como vou me virar em Paris? Cidade cara, custo de vida alto. E apesar da felicidade do convite, tenho minhas limitações financeiras. Não poderia me dar ao luxo de ficar cinco, seis dias aqui sem uma ajuda de custo decente. Afinal, deixei meu trabalho na escola no Brasil. Vou ter desconto destes dias que estou viajando. Além disso, abri mão de outras atividades remuneradas para participar do Salão. Enfim, de verdade: não teria condições de me bancar por aqui, nestes dias. Na crise que vivenciamos, não estou podendo me dar este "luxo".
A priori, fiquei muito chateado por achar que era algo comigo. Sou o escritor mais novo, tanto em idade quanto em projeção, daqueles que aqui estão. Pensei: "estão fazendo um favor em me levar, por isso não recebo". Mas não: ninguém está recebendo. Ninguém está ganhando nada. Aos menos os escritores.
E pensa que coisa maluca: um dos maiores eventos literários do mundo, com uma programação voltada e feita principalmente com e sobre os escritores, com presença de grandes livrarias, editoras, que podem vender seus livros - ou seja, terem lucro - mas que, a principal mão de obra produtiva, o "escritor", não recebe. Eu acho injusto. Ou todos ganhamos, ou ninguém ganha. Fazemos todos pela "causa", pela "literatura". E fica tudo certo.
Enfim, estou escrevendo este texto para me posicionar. Todos sabem o quanto o trabalho artístico é pouco valorizado, remunerado, principalmente para quem está longe da tela, dos holofotes das revistas e celebridades. Somos muitos poetas, escritores no Brasil que vivem e passam por situações precárias, dão sangue, suor e lágrimas pela sua arte sem muitas vezes terem um retorno justo e adequado sobre isso. A gente da periferia, principalmente, sabe do que estou falando. E isso precisa mudar. É preciso que alguns órgãos públicos, entidades privadas que trabalham com arte respeitem e valorizem o trabalho do artista, seja ele em qual área for. No Brasil, estamos discutindo o PNLL - Plano Nacional do Livro e Leitura, que pensa em criar uma política pública eficaz e produtiva para a área. Não podemos esquecer que, a valorização do trabalho do escritor é muito importante na chamada "cadeia produtiva" do livro. Valorizemos.
Escrevo também em solidariedade ao escritor Luiz Ruffato, que claramente em reportagem a Folha questionou algumas destas questões como pode ser visto em matéria abaixo, na qual a CBL - Câmara Brasileira do Livro diz que "no ato do convite (...) os autores foram informados do não pagamento de cachê" e que, na Homenagem ao país na Alemanha, tampouco houve remuneração.
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/03/1604612-homenageado-brasil-busca-diversificar-autores-em-salao-do-livro-de-paris.shtml
É uma inverdade. Tanto eu quanto vários outros autores não fomos informados do não pagamento do cachê no ato do convite. Outra inverdade: vários autores que estavam em Frankfurt (Alemanha) confirmaram sim que houve remuneração naquele evento. O que é justo. Ninguém está pedindo favor, regalias, privilégios. Estamos pedindo respeito e reconhecimento ao nosso trabalho. Pode não parecer para alguns, mas é um trabalho.
Minha solidariedade ao Ruffato, que não pode levar sozinho o ônus deste questionamento. Ele é um questionamento coletivo. Minha solidariedade ao Ferréz, Marcelino Freire, Paulo Lins, Milton Hatoum, Cristovão Tezza e vários outros autores que tem uma trajetória bonita, de vida longa e representativa na literatura e merecem mais do que isso. Assim como eu, claro - rs.
Meu pensamento neste momento é que eu esteja me "queimando", ao jogar tudo tão as claras. Que este talvez seja um dos últimos eventos literários que faço representando o governo. Mas não poderia ser diferente. Não poderia participar, saber e ficar alheio a tudo o que está acontecendo e não me manifestar. E sei que sempre terei lugar garantido na quebrada, para manter viva a minha literatura, como sempre fiz até hoje. Então, sigamos assim, se for preciso.
Axé pra nóis. Posicionamento explicito, voltamos as atividades literárias. Independente de remuneração ou não, tenho uma representação aqui pra fazer. Das mais importantes, inclusive: da literatura marginal-periférica. Então, vamos aos trabalhos. Cabeça erguida e dignidade.
Salve, quebrada.
Rodrigo Ciríaco
Eu, proletário das letras, nem estou acostumado com a palavra "cachê". Para mim é salário. É meu trabalho, tenho dedicação diária sobre isso. Esforço físico, intelectual. Literalmente, compro as fraldas de minha filha, faço mercado, feira, pago minhas contas com parte do que recebo neste meu trabalho literário. Claro que não posso me dar o luxo de viver apenas disso. Mas espero receber algo por ele. Quem me conhece, sabe que desde sempre tenho uma máxima: todo trabalho digno merece ser remunerado. É justo. E aqui, apesar de estar em Paris, cidade luz, maravilhosa, representando o Brasil, não estamos financeiramente recebendo por isso.
Quando fui convidado, não foi claramente explícito que seria desta forma. Soube apenas depois de um mês, quando estava me organizando, fazendo contas que perguntei sobre o "cachê". Ao que fui informado que não receberia. Mas teríamos uma "diária bacana", para passar os dias aqui. Se é assim, pensei: ok Apesar de ter 09 anos de estrada, sou novo nesta seara. Aprendendo ainda como funciona. Sempre recebo pelos trabalhos que faço. Mas aqui é diferente. E estar aqui presente, a divulgação do trabalho é importante. Mas estava preocupado com algo prático: como vou me virar em Paris? Cidade cara, custo de vida alto. E apesar da felicidade do convite, tenho minhas limitações financeiras. Não poderia me dar ao luxo de ficar cinco, seis dias aqui sem uma ajuda de custo decente. Afinal, deixei meu trabalho na escola no Brasil. Vou ter desconto destes dias que estou viajando. Além disso, abri mão de outras atividades remuneradas para participar do Salão. Enfim, de verdade: não teria condições de me bancar por aqui, nestes dias. Na crise que vivenciamos, não estou podendo me dar este "luxo".
A priori, fiquei muito chateado por achar que era algo comigo. Sou o escritor mais novo, tanto em idade quanto em projeção, daqueles que aqui estão. Pensei: "estão fazendo um favor em me levar, por isso não recebo". Mas não: ninguém está recebendo. Ninguém está ganhando nada. Aos menos os escritores.
E pensa que coisa maluca: um dos maiores eventos literários do mundo, com uma programação voltada e feita principalmente com e sobre os escritores, com presença de grandes livrarias, editoras, que podem vender seus livros - ou seja, terem lucro - mas que, a principal mão de obra produtiva, o "escritor", não recebe. Eu acho injusto. Ou todos ganhamos, ou ninguém ganha. Fazemos todos pela "causa", pela "literatura". E fica tudo certo.
Enfim, estou escrevendo este texto para me posicionar. Todos sabem o quanto o trabalho artístico é pouco valorizado, remunerado, principalmente para quem está longe da tela, dos holofotes das revistas e celebridades. Somos muitos poetas, escritores no Brasil que vivem e passam por situações precárias, dão sangue, suor e lágrimas pela sua arte sem muitas vezes terem um retorno justo e adequado sobre isso. A gente da periferia, principalmente, sabe do que estou falando. E isso precisa mudar. É preciso que alguns órgãos públicos, entidades privadas que trabalham com arte respeitem e valorizem o trabalho do artista, seja ele em qual área for. No Brasil, estamos discutindo o PNLL - Plano Nacional do Livro e Leitura, que pensa em criar uma política pública eficaz e produtiva para a área. Não podemos esquecer que, a valorização do trabalho do escritor é muito importante na chamada "cadeia produtiva" do livro. Valorizemos.
Escrevo também em solidariedade ao escritor Luiz Ruffato, que claramente em reportagem a Folha questionou algumas destas questões como pode ser visto em matéria abaixo, na qual a CBL - Câmara Brasileira do Livro diz que "no ato do convite (...) os autores foram informados do não pagamento de cachê" e que, na Homenagem ao país na Alemanha, tampouco houve remuneração.
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/03/1604612-homenageado-brasil-busca-diversificar-autores-em-salao-do-livro-de-paris.shtml
É uma inverdade. Tanto eu quanto vários outros autores não fomos informados do não pagamento do cachê no ato do convite. Outra inverdade: vários autores que estavam em Frankfurt (Alemanha) confirmaram sim que houve remuneração naquele evento. O que é justo. Ninguém está pedindo favor, regalias, privilégios. Estamos pedindo respeito e reconhecimento ao nosso trabalho. Pode não parecer para alguns, mas é um trabalho.
Minha solidariedade ao Ruffato, que não pode levar sozinho o ônus deste questionamento. Ele é um questionamento coletivo. Minha solidariedade ao Ferréz, Marcelino Freire, Paulo Lins, Milton Hatoum, Cristovão Tezza e vários outros autores que tem uma trajetória bonita, de vida longa e representativa na literatura e merecem mais do que isso. Assim como eu, claro - rs.
Meu pensamento neste momento é que eu esteja me "queimando", ao jogar tudo tão as claras. Que este talvez seja um dos últimos eventos literários que faço representando o governo. Mas não poderia ser diferente. Não poderia participar, saber e ficar alheio a tudo o que está acontecendo e não me manifestar. E sei que sempre terei lugar garantido na quebrada, para manter viva a minha literatura, como sempre fiz até hoje. Então, sigamos assim, se for preciso.
Axé pra nóis. Posicionamento explicito, voltamos as atividades literárias. Independente de remuneração ou não, tenho uma representação aqui pra fazer. Das mais importantes, inclusive: da literatura marginal-periférica. Então, vamos aos trabalhos. Cabeça erguida e dignidade.
Salve, quebrada.
Rodrigo Ciríaco
quinta-feira, março 19, 2015
DIÁRIO DE BORDO, PARIS 2015 #01
19 de março de 2015. Finalmente, Paris. Finalmente pois a viagem foi difícil. A empresa aérea TAM, famosa em problemas nos ares resolveu atrasar o voo em 05 horas. Previsto para sairmos as 23hs, foi anunciado mudança para as 23h30, depois para a uma da manhã, duas e finalmente: 04hs. Pedi a mudanças de voo, cancelamento da entrada na imigração, fui no check-in retirar as malas. "Volte amanhã, duas horas antes do voo e você as pega". Nem pensar, quero agora. Espero. Uma hora depois: "Senhor, não foi possível reaver suas malas. Elas vão para Paris". O quê? Então eu também vou. Minhas malas, meus livros, minhas roupas não podem ir sozinho. "Senhor, lá vai para o setor LL e depois o senhor pode retirar". Ahã, sei. E Papai Noel vai aguardar junto, com um presente para mim. Não, quero ir agora. E fui, finalmente depois de 05 horas. Mais 11 horas de longa viagem, dois filmes, pés inchados e insônia depois, cheguei em Paris. Exatamente as 19 do horário local. Resultado: perdi a minha primeira atividade, na Science Po, excelente centro de estudo em Poitiers. Paula minha editora foi. Disse que os alunos estavam ansiosos, me aguardando. Haviam inclusive estudado, decorado trechos de minhas obras, em português. E não pude ver. Triste. Fica para a próxima.
#JeSuisFavela: ou devo ter cara de outra coisa. Por quatro vezes tomei um "enquadro" no aeroporto: passaporte, quanto tempo em Paris, o que vai fazer, escritor, ok, merci. Não sei se foi minha touca, minha careca, minha roupa, minhas malas, eu sei que outras pessoas passavam batidas, eu era parado. Na imigração, o policial pediu minha passagem de volta, quanto dinheiro eu tinha, cartão de crédito e só liberou depois de ler, minuciosamente, a carta de convite do Salão do Livro. Daí você pode dizer: normal. Não sei. Observei que com as outras pessoas foi mais fácil também. Ok. Faz parte. #Segurança...
Cheguei as 20h30 na cidade. Provisoriamente na casa de Paula, depois vou para o hotel. Deixei as malas fui dar uma volta nas ruas. Respirar o ar livre, sentir a brisa da cidade. Faz frio. Temperatura na casa dos 10 graus. Estava com fome. Primeiro desafio: vencer a vergonha de não falar francês, o fato de entender minimamente inglês mas eles não gostarem de falar em inglês e escolher um prato, pedir comida. Foi em portunhol selvagem, em um restaurante, não sei se turco. Era arabe. Um kebab. Gigante. Prato suculento. Na TV: Barcelona versus Manchester City. Neymar livre na grande área, mandou bola na trave. Quando saí, ainda estava 0 x 0. Depois vi que Barcelona se classificou.
Ainda confuso com o fuso, fui dormir a meia-noite. Estava bem agasalhado, mas o edredon era pequeno. Senti um pouco de frio. Acordei cedo, oito e pouco daqui. Já resolvi alguns problemas do Brasil, pensei na minha esposa e na minha filha, na minha família em geral. Na saudade de estar aqui. Tenho uma entrevista em uma rádio local, marcado para as 16hs. Pediram para escolher uma musica. Pensei em "Racionais - Vida Loka, Parte II". Por conta principalmente de um trecho que ficou na minha mente, desde que vim pra cá: "Pode rir, ri mas não desacredita não". E quem poderia dizer que literatura marginal, que os nossos saraus de quebrada nos levariam tão longe. E ainda são tantos lugares a serem visitados. E ainda há tantos guerreiros e guerreiras merecedores de também estar aqui, assim como eu. As portas (para nós) são poucas, estreitas. Algo que penso quando participo de eventos como este é sempre em abrir mais portas, alargar as que existem. Estou aqui hoje, além da qualidade, do valor do meu empenho e trabalho, porque já fizeram isso antes. E sou agradecido. E tenho essa responsa nas mãos. Então, assim seguimos.
10h30 da hora local. Daqui a pouco parto para o hotel. A tarde, abertura do Salão. Muito trampo pela frente. E conhecer a cidade, que ninguém é de ferro. Para a minha família, Mô, Malu: se cuidem. Fiquem bem. Daqui a pouco estou de volta.
R.C.
#JeSuisFavela: ou devo ter cara de outra coisa. Por quatro vezes tomei um "enquadro" no aeroporto: passaporte, quanto tempo em Paris, o que vai fazer, escritor, ok, merci. Não sei se foi minha touca, minha careca, minha roupa, minhas malas, eu sei que outras pessoas passavam batidas, eu era parado. Na imigração, o policial pediu minha passagem de volta, quanto dinheiro eu tinha, cartão de crédito e só liberou depois de ler, minuciosamente, a carta de convite do Salão do Livro. Daí você pode dizer: normal. Não sei. Observei que com as outras pessoas foi mais fácil também. Ok. Faz parte. #Segurança...
Cheguei as 20h30 na cidade. Provisoriamente na casa de Paula, depois vou para o hotel. Deixei as malas fui dar uma volta nas ruas. Respirar o ar livre, sentir a brisa da cidade. Faz frio. Temperatura na casa dos 10 graus. Estava com fome. Primeiro desafio: vencer a vergonha de não falar francês, o fato de entender minimamente inglês mas eles não gostarem de falar em inglês e escolher um prato, pedir comida. Foi em portunhol selvagem, em um restaurante, não sei se turco. Era arabe. Um kebab. Gigante. Prato suculento. Na TV: Barcelona versus Manchester City. Neymar livre na grande área, mandou bola na trave. Quando saí, ainda estava 0 x 0. Depois vi que Barcelona se classificou.
Ainda confuso com o fuso, fui dormir a meia-noite. Estava bem agasalhado, mas o edredon era pequeno. Senti um pouco de frio. Acordei cedo, oito e pouco daqui. Já resolvi alguns problemas do Brasil, pensei na minha esposa e na minha filha, na minha família em geral. Na saudade de estar aqui. Tenho uma entrevista em uma rádio local, marcado para as 16hs. Pediram para escolher uma musica. Pensei em "Racionais - Vida Loka, Parte II". Por conta principalmente de um trecho que ficou na minha mente, desde que vim pra cá: "Pode rir, ri mas não desacredita não". E quem poderia dizer que literatura marginal, que os nossos saraus de quebrada nos levariam tão longe. E ainda são tantos lugares a serem visitados. E ainda há tantos guerreiros e guerreiras merecedores de também estar aqui, assim como eu. As portas (para nós) são poucas, estreitas. Algo que penso quando participo de eventos como este é sempre em abrir mais portas, alargar as que existem. Estou aqui hoje, além da qualidade, do valor do meu empenho e trabalho, porque já fizeram isso antes. E sou agradecido. E tenho essa responsa nas mãos. Então, assim seguimos.
10h30 da hora local. Daqui a pouco parto para o hotel. A tarde, abertura do Salão. Muito trampo pela frente. E conhecer a cidade, que ninguém é de ferro. Para a minha família, Mô, Malu: se cuidem. Fiquem bem. Daqui a pouco estou de volta.
R.C.
segunda-feira, março 16, 2015
PERIFERIA NA GRINGA - SALÃO DO LIVRO DE PARIS 2015 - RODRIGO CIRÍACO
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Nesta terça-feira embarco para #Paris, para juntamente com outros 47 autores participar do Salão do Livro de Paris, um dos maiores no mundo e que neste ano homenageia o Brasil.
Sinto-me honrado em participar deste evento, por integrar o movimento de saraus das periferias, por fazer parte da literatura #marginal. Por saber o valor e a qualidade que tem o nosso trabalho. Feliz.
Na medida do possível, vou atualizando e mantendo a todos antenados sobre as atividades, conversas e tudo mais. Abaixo, segue um breve cronograma das atividades. E seguimos.
A programação completa está aqui: www.salondulivreparis.com
Minhas atividades em específico, abaixo.
Axé pra nóis.
SALÃO DO LIVRO DE PARIS - 2015
PROGRAMAÇÃO: RODRIGO CIRÍACO
QUARTA-FEIRA 18 DE MARÇO
Lugar : Science Po - Poitiers
14h30: Palestra com Estudantes
QUINTA-FEIRA 19 DE MARÇO
Lugar : Salão do Livro de Paris
17h30 - Inauguração
SEXTA-FEIRA 20 DE MARÇO
Lugar : Salão do Livro / Art Square (F51)
13h30-14h30 Encontro - Arte urbana.
Das paredes aos livros
com Rodrigo Ciríaco,
Christine Dauphant,
Bernard Fontaine
Lugar : Salão do Livro / Stand do Brasil (L70)
14h30-15h30 Autógrafos
Lugar : Salão do Livro
SABADO 21 DE MARÇO
Lugar : Salão do Livro / Stand do Brasil 2 (L70)
14h00-15h30 Encontro - Emergencência das poéticas da voz et do corpo no Brasil
(moderado por Idelette M-F dos Santos)
com Ricardo Aleixo,
Rodrigo Ciríaco,
Jean-Paul Delfino
SÁBADO, 21 DE MARÇO
Lugar : Salão do Livro / Stand do Brasil (L70)
15h30-16h30 – AUTÓGRAFOS
Lugar : Salão do Livro / Stand de la Région IDF (F80)
18h00-19h00 – AUTÓGRAFOS, com Ferrez
Lugar : Livraria OFR (20 Rue Dupetit Thouars 75003)
19h30 Evento Anacoana
SEGUNDA-FEIRA 23 DE MARÇO
Lugar : Collège Béranger
11h00-12h00 – Palestra com Estudantes
TERÇA-FEIRA 24 DE MARÇO
Lugar : Lycée Sophie Germain
11h00-13h00 – Palestra com Estudantes
QUARTA-FEIRA 25 DE MARÇO
Lugar : Universidade de Montpellier
11h00-13h00 – Debate com Professores e Estudantes
QUINTA-FEIRA 26 DE MARÇO
Lugar : Livraria Aux Livres (10e)
18h00-19h00 - Evento
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segunda-feira, março 02, 2015
A HORA E VEZ DO PNLL! - RODRIGO CIRÍACO
A HORA E VEZ DO PNLL!
PNLL é
abreviação do Plano Nacional do Livro e Leitura. Trocando em miúdos, é uma
proposta de institucionalizar no Brasil uma política voltada para o livro e
leitura e toda a chamada “cadeia produtiva”: escritores, editores, livreiros,
distribuidores, gráficas, fabricantes de papel, administradores, gestores
públicos e outros profissionais do livro, bem como educadores, bibliotecários,
universidades, especialistas, organizações da sociedade, empresas públicas e
privadas, governos estaduais, prefeituras e interessados em geral, além do
público leitor. Ufa! A turma é grande.
Essa discussão
não é recente. O PNLL tem quase dez anos de atuação, com um acúmulo de
discussões, textos, encontros, plenárias, propostas muito produtivas feitas por
todo o Brasil. E além do PNLL, quando pensamos em políticas para o livro,
leitura e biblioteca, podemos dar um salto ainda maior, de 90 anos atrás. Por
exemplo em 1925, quando Monteiro Lobato cria uma editora brasileira de alcance
nacional, com inovador sistema de distribuição que incluía lombo de burro, trem
e barco. Ou ainda de 80 anos, quando em 1935, Mario de Andrade, diretor de
cultura do município de São Paulo, expandiu a ideia de biblioteca, abrindo
espaço para jovens e crianças, criando unidades móveis na biblioteca que hoje
leva seu nome e, dois anos depois (1937), cria o Instituto Nacional do Livro,
que existiu até 1990, quando o governo Collor entre suas “boas ações” extinguiu
o Instituto e dispersou dezenas de seus funcionários, reduzindo ao Departamento
Nacional do Livro (com apenas quatro funcionários), dentro da FBN – Fundação
Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.[1]
Pensar um Plano Nacional do Livro e Leitura é colocar a formação de leitores como uma política de Estado, não apenas de um ou outro governo. É encarar a formação de leitores como estratégica no desenvolvimento do país, dentro de perspectivas indissociáveis como cultura e educação; governo e sociedade.
A primeira
proposta do Plano para que isso efetivamente aconteça é deixar de ser um plano
e tornar-se Lei, a partir da aprovação de seu projeto – que no presente momento
está na Casa Civil, aguardando liberação de seu jurídico para ser encaminhado
ao Congresso. Com isso, o Estado se vê obrigado a criar instrumentos gerenciais
para sua aplicabilidade, que dentro da proposta é a (re)criação de um
“Instituto Nacional do Livro e Leitura”, com equipe, estrutura e orçamentos
necessários para efetivar esta política a nível nacional, estimulando os
municípios e estados a elaborarem seus planos com diretrizes claras oferecidas
pelo PNLL.
Uma política de
formação de leitores, de incentivo a leitura, literatura e bibliotecas, não
pode ser associada simplesmente a escola e educação, como muitas vezes acontece
hoje. Até porque seus desafios vão muito além do ambiente escolar, com
consequência para toda a vida: universitária, profissional (basta pensar nos
milhões de jovens e adolescentes, que concluem o Ensino Médio ou abandonam a
escola ainda como “analfabetos funcionais”). Ela necessita ser permanente,
continuada, atrativa. É uma questão de “saúde pública”, como diria o poeta
Sérgio Vaz - “Quem lê enxerga melhor”. De conscientização e libertação: crítica
e política, como diria o poeta Binho – “Uma andorinha só não faz verão, mas
pode acordar o bando todo”. De redução das margens e da desigualdade social,
como bem expressou o poeta Marco Pezão – “Nóis é ponte e atravessa qualquer
rio”. Aliás, Sérgio Vaz, Binho e Marco Pezão, referências como poetas e
produtores culturais, na criação dos dois mais antigos e importantes saraus
periféricos da cena paulistana: o sarau da Cooperifa e sarau do Binho.
A referência aos
saraus aqui não é gratuita. Notoriamente reconhecidos como uma das ações mais
importantes e significativas no campo da cultura brasileira contemporânea, são
responsáveis pela “popularização” da literatura nos espaços mais diferentes e
dinâmicos possíveis: bares, praças, ruas, ônibus, trens, metrôs, associações de
moradores, e até mesmo em centros culturais, bibliotecas e escolas! Tem uma
grande contribuição na mediação de leitura, na ressignificação do que é o livro,
literatura e poesia; além de fomentar o surgimento de novos poetas, escritores,
editores independentes e todo um mercado do livro e leitura para além do
“mercado tradicional”, de grandes editoras e redes de livrarias.
Não apenas por
ser “cria” dos saraus, mas vejo que estes são a referência mais explícita do que
é a essência prática do PNLL – e seus 04 eixos de trabalho – em ação: 1)
Democratização do acesso; 2) Fomento à leitura e à formação de mediadores; 3)
Valorização institucional da leitura e incremento de seu valor simbólico e 4)
Desenvolvimento da economia do livro.
Com uma
política nacional do livro, a perspectiva é que ações como a dos saraus,
bibliotecas comunitárias, contação de histórias entre outros sejam ainda mais
conhecidas, amplificadas e, principalmente, tenham condições e recursos para
realizar seus trabalhos muito além de uma vontade política de governo ou partido
“A, B, C”, ou de ações sociais de editoras, organizações não governamentais, ou
ainda de militâncias pessoais, educativas e culturais. É imprescindível que ações
como essa se tornem política de Estado. A formação de leitores como um
verdadeiro (e não deturpado) ato de segurança e integridade nacional.
É chegada a
hora e vez do PNLL. É chegado o momento de retomar ações de formação de
leitores para além da escola, além de iniciativas pessoais ou localizadas. É
chegado o momento de dar, ao livro e leitura, o status e importância que
merecem. É como disse o poeta Mario Quintana: “Livros não mudam o mundo. Livros
mudam as pessoas. As pessoas mudam o mundo”. Que possamos ser protagonistas
destas mudanças, colocando as políticas do livro e leitura no lugar de destaque
e projeção que elas merecem.
Rodrigo Ciríaco é educador e escritor,
integrante do movimento de saraus periféricos de SP e representante da
sociedade civil no Conselho Diretivo do PNLL – Plano Nacional do Livro e
Leitura.
[1]
SANT’ANNA, Affonso Romano; Apresentação em: CASTILHO, José Castilho
(organizador). Plano Nacional do Livro e
Leitura – Textos e Histórias (2006 – 2010) – São Paulo: CulturaAcadêmica
Editora, 2010.
PARA SABER MAIS:
PNLL: http://www.cultura.gov.br/pnll - site oficial do PNLL, com informações gerais, publicações e decretos.
PMLLLB / SP: http://pmlllbsp.com/ - A cidade de São Paulo está na fase de construção do seu Plano Municipal, entrando na etapa dos encontros regionais. #ProcureSaber e participe!
PARA SABER MAIS:
PNLL: http://www.cultura.gov.br/pnll - site oficial do PNLL, com informações gerais, publicações e decretos.
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domingo, fevereiro 08, 2015
ALAGAMENTO - ESCOLA ESTADUAL JORNALISTA FRANCISCO MESQUITA - A CULPA É DE QUEM?
Sim, é nesta escola que trabalho. Sim, é nesta escola que realizo meu trabalho literário. Sim, é aqui que acontece o Sarau dos #Mesquiteiros...
Há quase 10 anos sou professor na EE Jornalista Francisco Mesquita. Há quase 10 anos que esta mesma história se repete, em vários momentos. Mesmo com várias reformas, telhado, parte hidráulica, encanamento, sempre são paliativos. Nunca se atinge o cerne do problema, a estrutura da escola.
O governo do Estado de São Paulo, do sr. Geraldo Alckmin, há quase 10 anos tem pleno conhecimento desta situação, através de seus órgãos responsáveis como Secretaria Estadual de Educação, FDE - Fundação para Desenvolvimento da Educação e Diretoria de Ensino Leste 01. Mas nunca fizeram algo definitivo, que resolvesse o problema. O resultado, este que aí está: estudantes, professores e profissionais da educação em risco, com aulas suspensas e materiais danificados.
Vergonha, raiva, indignação e impotência são os sentimentos que me atingem. No momento é isso.
Que o vídeo se propague. Que as pessoas se revoltem. Que algo seja feito. Justiça, é o desejo.
Há quase 10 anos sou professor na EE Jornalista Francisco Mesquita. Há quase 10 anos que esta mesma história se repete, em vários momentos. Mesmo com várias reformas, telhado, parte hidráulica, encanamento, sempre são paliativos. Nunca se atinge o cerne do problema, a estrutura da escola.
O governo do Estado de São Paulo, do sr. Geraldo Alckmin, há quase 10 anos tem pleno conhecimento desta situação, através de seus órgãos responsáveis como Secretaria Estadual de Educação, FDE - Fundação para Desenvolvimento da Educação e Diretoria de Ensino Leste 01. Mas nunca fizeram algo definitivo, que resolvesse o problema. O resultado, este que aí está: estudantes, professores e profissionais da educação em risco, com aulas suspensas e materiais danificados.
Vergonha, raiva, indignação e impotência são os sentimentos que me atingem. No momento é isso.
Que o vídeo se propague. Que as pessoas se revoltem. Que algo seja feito. Justiça, é o desejo.
segunda-feira, fevereiro 02, 2015
ESCLARECIMENTOS - VENDO PÓ...ESIA
Salve, Rapa.
Já aconteceu na outra vez, em setembro do ano passado, por conta da publicação desta matéria
(http://g1.globo.com/sao-paulo/sao-jose-do-rio-preto-aracatuba/noticia/2014/08/rapper-inova-ao-distribuir-poesia-em-tubos-de-drogas-vicio-em-leitura.html)
e agora, devido a vários compartilhamentos via Facebook, várias pessoas me perguntando, questionando sobre o termo, a origem, a citação do "Vendo Pó...esia" e a não relação com o meu trabalho. Então, bóra explicar.
Em 2007, passei a frequentar a FLIP - Festa Literária Internacional de Paraty, para conhecer, divulgar o meu trampo. Vender nas ruas. Venda nas ruas é osso, tem que se virar nos 03 segundos, prender a atenção de alguém, fazê-lo parar. Várias estratégias de vendas, acompanhando a galera dos Maloqueiristas e outros vagabundos poéticos do RJ, BA, PE, aprendendo muito sobre abordagens e tal. Uma delas era:
- E aí, amiga: gosta de pó...esia?
- Você lê poetas vivos ou nem dos mortos?
- Vai com dedicatória do autor ainda vivo...
Daí pra frente, fui várias outras vezes para a FLIP. Sempre enfrentando as ruas de pedras sinuosas, os fiscais enchendo o saco. A indiferença - muitas vezes - da FLIP Fashion Week. E outros problemas. Em 2009, dei flagra com a câmera da apreensão dos livros "Descaminhar", de Pedro Tostes, e fizemos um bom barulho.
http://efeito-colateral.blogspot.com.br/2009/07/flip-parati-para-todos.html
Em 2012, novos problemas: os seguranças, policias disfarçados embaçaram de novo com as vendas, principalmente com a abordagem do "vendo pó, vendo pó... vendo pó...esia". Segue o vídeo aí;
https://www.youtube.com/watch?v=GpJs5nHFPNE
Aproveitando a polêmica da FLIP, de observar o quanto a parada mexia com as pessoas, lancei o meu poema "Biqueira Literária", que traz todas estas abordagens da rua, além de uma provocação sobre a repressão na FLIP, em 13 de julho de 2012. Pra quem quiser conferir, segue aí:
http://efeito-colateral.blogspot.com.br/2012/07/biqueira-literaria.html
Pouco depois, em 2013, o Renan em uma licença "poética", fez o #PinoPoético, para distribuir em suas ações literárias. Por conta do "Vendo Pó...esia" e dos desdobramentos que ele acompanhou comigo, no ano anterior. E a parada foi essa.
SOBRE A MATÉRIA
A matéria citada acima, primeiro link, traz a seguinte informação:
"A ideia de colocar poesia dentro de cápsulas comumente usadas na bioquímica e também por traficantes para embalar drogas como a cocaína, surgiu da expressão “traficar informação”, sempre muito usada no rap."
Realmente, a expressão "tráfico de informação" existe no Hip Hop a mais de uma década, pelo menos. Mas para esclarecer: o "Vendo Pó...esia" e todos os "produtos decorrentes" (poema, livro, pinos), apesar de ter clara ligação e influência com o Hip Hop, neste caso não veio daí. Veio da abordagens das ruas, veio da provocação nas pessoas. Veio deste histórico que repassei acima.
Acho chato quando vejo algumas matérias falando destes eventos e não associa a este trabalho. E fica mais chato ainda quando as pessoas me questionam, cobram um posicionamento ou até me "defendem". Por isto, precisava passar a minha posição sobre a parada.
A fita é essa. Agradeço as várias, dezenas de pessoas que me marcaram nas postagens, marcaram a página VENDO PÓ.ESIA nas publicações, questionaram a não relação com meu nome e com o que faço. Acho justo, até. Valeu.
Rodrigo Ciríaco
quinta-feira, dezembro 18, 2014
FINAL - RACHÃO POÉTICO - COPA MUNDÃO DE POESIA - BIBLIOTECA ALCEU AMOROSO LIMA, 14 DE DEZEMBRO DE 2014
POESIAS BACANTES É CAMPEÃO
PRIMEIRO RACHÃO POÉTICO – COPA MUNDÃO DE POESIA
Domingo é dia de futebol. E poesia. E com o encerramento do brasileirão, neste 14 de dezembro de 2014 rolou também a nossa final. Da Copa Mundão. Rachão Poético – Copa Mundão de Poesia. E o time que levou foi o Poesias Bacantes, formado por Beto Bellinati, Isabela Penov e Luz Ribeiro.
A disputa envolveu seis times, que venceram as etapas eliminatórias e garantiram vaga para a final: Clube Atlético Passarinheiro (Junho), Maloca Poesia Clube (Julho), Trietê (Agosto), De(s)generadas (Outubro), Poesias Bacantes (Outubro/II) e Crianças Armadas (Novembro). (In)felizmente, as Crianças Armadas abandonaram seus projéteis e foram brincar no parquinho, o que também tá valendo (rs). Cinco times disputaram a finalíssima.
Quem deu o pontapé inicial, segundo o sorteio, foram os Passarinheiros, representados por Luiza Romão, Ni Brisant e Victor Rodrigues, trazendo a verve piriguista pro palco. Na sequência, Poesias Bacantes com o time já citado e depois Maloca, que teve uma alteração no seu elenco com a saída de Lews Barbosa e chegou com o time de Fabio Boca, Felipe Choco e Michel Cena7.
Aliás, a janela de transferência ficou escancarada ao longo dos meses, e os outros dois times sofreram alterações. Trietê foram representados por Paulo D’Auria, Jefferson Santana e Cissa Lourenço, depois da folga de Caranguejúnior e da transferência Jefferson Messias e as De(s)generadas sofreram uma baixa com o repouso justo da mamãe Carol Peixoto, substituída por Marina Vergueiro, que completou o time com Mel Duarte e Michele Santos. E foi nesta sequência que tivemos a primeira rodada classificatória (e eliminatória).
O destaque coube a balançadinha do bumbum vira-lata de Paulo D’Auria. Quem viu, viu – kkk...
A classificação ficou assim:
1º lugar: POESIAS BACANTES
2º lugar: TRIETÊ
3º lugar: DE(S)GENERADAS
4º lugar: PASSARINHEIROS
5º lugar: MALOCA
Como passavam apenas quatro times, Maloca deixou a competição.
E vamos para a SEGUNDA fase, com disputas entre segundo e terceiro, primeiro e quarto.
Os poetas do Trietê fizeram uma disputa justa e leal com as meninas De(s)generadas ou 3Ms ou M&Ms (Marina, Mel, Michele) mas não teve jeito, a futebolística poética do único time completamente feminino levou a melhor e garantiu a primeira vaga para a final.
Na segunda batalha da segunda fase, o Clube Atlético Passarinheiro, grandes favoritos por terem levados o Rachão em duas etapas e virem de uma temporada de concentração em terras mineiras (e estarem SEMPRE prontos, segundo eles mesmos – rs) cessaram o voo ao deparar com o Poesiatuques, ops, digo melhor Barbacantes, quer dizer: pela Poesias Bacantes, que no melhor estilo poesia corporal barbatuques mostraram entrosamento, jogo bonito e levaram a segunda vaga da finalíssima.
E como é final, e pra não ter chororô, tivemos a disputa do TERCEIRO LUGAR, entre Trietê e Passarinheiros. Mesmo com a tática de poesia de guerrilha, usando apenas pouco mais da metade do tempo permitido, o Trietê foi superado pelo C.A. Passarinheiros, que trouxeram o poema da Copa (do Mundo) e garantiram o terceiro lugar.
E na grande decisão do RACHÃO POÉTICO – COPA MUNDÃO DE POESIA, o primeiro destaque coube as #MULHERES, que dominaram a final já que apenas Beto Bellinati era o único representante masculino na disputa predominantemente feminina.
E ao final quem levou foi o time da Poesias Bacantes, que venceu novamente a terceira rodada, marcou um HAT-TRICK, já que foi o time que teve a pontuação mais alta nas três rodadas e levantou a taça do PRIMEIRO RACHÃO POÉTICO – COPA MUNDÃO DE POESIA!
Mas quem ganhou mesmo foi a poesia, com mais um evento consolidado na cena de saraus e slams de SP/Brasil!
Realizar o Rachão Poético foi muito importante. Temos certeza que ajudamos a fomentar a cena poética ao propor/problematizar que os poetas formassem times e jogassem em grupos, repensando a forma de interação e competição dos slams, expandindo para além das batalhas individuais.
Porque não basta ser bom. Tem que saber jogar.
Mais gostoso ainda foi ver que mais do que uma competição, cada Rachão foi uma gincana, uma grande bagunça poética. Uma grande festa literária em que a poesia foi espetáculo.
E no próximo ano tem mais. E você, já montou o seu time?
É ripa na chulipa, pimba na gorduchinha, taca fogo no boné do guarda: RACHÃO!
PRIMEIRO RACHÃO POÉTICO – COPA MUNDÃO DE POESIA
Domingo é dia de futebol. E poesia. E com o encerramento do brasileirão, neste 14 de dezembro de 2014 rolou também a nossa final. Da Copa Mundão. Rachão Poético – Copa Mundão de Poesia. E o time que levou foi o Poesias Bacantes, formado por Beto Bellinati, Isabela Penov e Luz Ribeiro.
A disputa envolveu seis times, que venceram as etapas eliminatórias e garantiram vaga para a final: Clube Atlético Passarinheiro (Junho), Maloca Poesia Clube (Julho), Trietê (Agosto), De(s)generadas (Outubro), Poesias Bacantes (Outubro/II) e Crianças Armadas (Novembro). (In)felizmente, as Crianças Armadas abandonaram seus projéteis e foram brincar no parquinho, o que também tá valendo (rs). Cinco times disputaram a finalíssima.
Quem deu o pontapé inicial, segundo o sorteio, foram os Passarinheiros, representados por Luiza Romão, Ni Brisant e Victor Rodrigues, trazendo a verve piriguista pro palco. Na sequência, Poesias Bacantes com o time já citado e depois Maloca, que teve uma alteração no seu elenco com a saída de Lews Barbosa e chegou com o time de Fabio Boca, Felipe Choco e Michel Cena7.
Aliás, a janela de transferência ficou escancarada ao longo dos meses, e os outros dois times sofreram alterações. Trietê foram representados por Paulo D’Auria, Jefferson Santana e Cissa Lourenço, depois da folga de Caranguejúnior e da transferência Jefferson Messias e as De(s)generadas sofreram uma baixa com o repouso justo da mamãe Carol Peixoto, substituída por Marina Vergueiro, que completou o time com Mel Duarte e Michele Santos. E foi nesta sequência que tivemos a primeira rodada classificatória (e eliminatória).
O destaque coube a balançadinha do bumbum vira-lata de Paulo D’Auria. Quem viu, viu – kkk...
A classificação ficou assim:
1º lugar: POESIAS BACANTES
2º lugar: TRIETÊ
3º lugar: DE(S)GENERADAS
4º lugar: PASSARINHEIROS
5º lugar: MALOCA
Como passavam apenas quatro times, Maloca deixou a competição.
E vamos para a SEGUNDA fase, com disputas entre segundo e terceiro, primeiro e quarto.
Os poetas do Trietê fizeram uma disputa justa e leal com as meninas De(s)generadas ou 3Ms ou M&Ms (Marina, Mel, Michele) mas não teve jeito, a futebolística poética do único time completamente feminino levou a melhor e garantiu a primeira vaga para a final.
Na segunda batalha da segunda fase, o Clube Atlético Passarinheiro, grandes favoritos por terem levados o Rachão em duas etapas e virem de uma temporada de concentração em terras mineiras (e estarem SEMPRE prontos, segundo eles mesmos – rs) cessaram o voo ao deparar com o Poesiatuques, ops, digo melhor Barbacantes, quer dizer: pela Poesias Bacantes, que no melhor estilo poesia corporal barbatuques mostraram entrosamento, jogo bonito e levaram a segunda vaga da finalíssima.
E como é final, e pra não ter chororô, tivemos a disputa do TERCEIRO LUGAR, entre Trietê e Passarinheiros. Mesmo com a tática de poesia de guerrilha, usando apenas pouco mais da metade do tempo permitido, o Trietê foi superado pelo C.A. Passarinheiros, que trouxeram o poema da Copa (do Mundo) e garantiram o terceiro lugar.
E na grande decisão do RACHÃO POÉTICO – COPA MUNDÃO DE POESIA, o primeiro destaque coube as #MULHERES, que dominaram a final já que apenas Beto Bellinati era o único representante masculino na disputa predominantemente feminina.
E ao final quem levou foi o time da Poesias Bacantes, que venceu novamente a terceira rodada, marcou um HAT-TRICK, já que foi o time que teve a pontuação mais alta nas três rodadas e levantou a taça do PRIMEIRO RACHÃO POÉTICO – COPA MUNDÃO DE POESIA!
Mas quem ganhou mesmo foi a poesia, com mais um evento consolidado na cena de saraus e slams de SP/Brasil!
Realizar o Rachão Poético foi muito importante. Temos certeza que ajudamos a fomentar a cena poética ao propor/problematizar que os poetas formassem times e jogassem em grupos, repensando a forma de interação e competição dos slams, expandindo para além das batalhas individuais.
Porque não basta ser bom. Tem que saber jogar.
Mais gostoso ainda foi ver que mais do que uma competição, cada Rachão foi uma gincana, uma grande bagunça poética. Uma grande festa literária em que a poesia foi espetáculo.
E no próximo ano tem mais. E você, já montou o seu time?
É ripa na chulipa, pimba na gorduchinha, taca fogo no boné do guarda: RACHÃO!
RACHÃO POÉTICO:
APRESENTAÇÃO: Rodrigo Ciríaco
COMENTÁRIOS: Daniel Minchoni e Renan Inquérito
ZEBRA ESPORTIVA: Monica Alves
FOTOGRAFIA: Vinicius Sousa
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Vendo Pó...esia
SARAU "POÉTICAS DA RESISTÊNCIA" - SESC BELENZINHO, 11 DE DEZEMBRO - 2014
Lembrar. E celebrar. A resistência. A ancestralidade. Nossos passos. Passados e presentes. Assim foi o sarau "Poéticas da Resistência", organizado pelos Mesquiteiros a convite do Sesc para homenagear o centenário de nascimento de Carolina Maria de Jesus e Abdias Nascimento, e que contou com a participação muito especial de vários parceiros e parceiras: Michel Yakini e Raquel Almeida (Elo da Corrente), Vagner Sousa (Sarau da Brasa), Elizandra Sousa (Coletivo Mjiba), Debora Garcia e Sacolinha (Literatura no Brasil), Luz Ribeiro (Poetas Ambulantes), Akins Kinte, Duguetto Shabazz, além de Patricia Leal e Rodrigo Ciríaco (Mesquiteiros).
O sarau contou com leituras de trechos da obra e da poesia dos homenageados, além de vários poemas autorais, que dialogam com a temática de suas obras e trajetórias políticas, literárias e de luta.
Uma noite muito especial, em que a poesia tocou a alma, espalhou-se nos poros e dialogou com o coração.
______________________________________________________
Sarau "Poéticas da Resistência"
Homenagem à Carolina Maria de Jesus e Abdias Nascimento
Sesc Belenzinho, 11 de dezembro de 2014
Organização: Rodrigo Ciríaco (Mesquiteiros)
Realização: Sesc Belenzinho
Participações: Michel Yakini e Raquel Almeida (Elo da Corrente), Vagner Sousa (Sarau da Brasa), Elizandra Sousa (Coletivo Mjiba), Debora Garcia e Sacolinha (Literatura no Brasil), Luz Ribeiro (Poetas Ambulantes), Akins Kinte, Duguetto Shabazz, além de Patricia Leal e Rodrigo Ciríaco (Mesquiteiros).
Fotografia: Mayra Jóia
O sarau contou com leituras de trechos da obra e da poesia dos homenageados, além de vários poemas autorais, que dialogam com a temática de suas obras e trajetórias políticas, literárias e de luta.
Uma noite muito especial, em que a poesia tocou a alma, espalhou-se nos poros e dialogou com o coração.
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Sarau "Poéticas da Resistência"
Homenagem à Carolina Maria de Jesus e Abdias Nascimento
Sesc Belenzinho, 11 de dezembro de 2014
Organização: Rodrigo Ciríaco (Mesquiteiros)
Realização: Sesc Belenzinho
Participações: Michel Yakini e Raquel Almeida (Elo da Corrente), Vagner Sousa (Sarau da Brasa), Elizandra Sousa (Coletivo Mjiba), Debora Garcia e Sacolinha (Literatura no Brasil), Luz Ribeiro (Poetas Ambulantes), Akins Kinte, Duguetto Shabazz, além de Patricia Leal e Rodrigo Ciríaco (Mesquiteiros).
Fotografia: Mayra Jóia
quinta-feira, dezembro 11, 2014
SARAU DOS MESQUITEIROS: POÉTICAS DA RESISTÊNCIA - SESC BELENZINHO
É HOJE: a partir das 20hs, Sarau #PoéticasdaResistência.
Mesquiteiros - UM Por Todos, Todos Por UM presente com vários parceiros de caminhada e resistência poética em homenagem ao Centenário de Carolina Maria de Jesus e Abdias Nascimento, pra fechar o ano com chave de ouro.
Participações mais que especiais de Michel Yakini, Raquel Almeida, Elizandra Souza, Vagner Souza, Dugueto Shabazz, Patricia Leal, Luz Ribeiro, Akins Kinte, Débora Garcia e Sacolinha Ademiro.
Atividade gratuita, a partir das 20hs.
Só chegar - #SescBelenzinho
Outras informações, clique: SARAU = POÉTICAS DA RESISTÊNCIA!
Mesquiteiros - UM Por Todos, Todos Por UM presente com vários parceiros de caminhada e resistência poética em homenagem ao Centenário de Carolina Maria de Jesus e Abdias Nascimento, pra fechar o ano com chave de ouro.
Participações mais que especiais de Michel Yakini, Raquel Almeida, Elizandra Souza, Vagner Souza, Dugueto Shabazz, Patricia Leal, Luz Ribeiro, Akins Kinte, Débora Garcia e Sacolinha Ademiro.
Atividade gratuita, a partir das 20hs.
Só chegar - #SescBelenzinho
Outras informações, clique: SARAU = POÉTICAS DA RESISTÊNCIA!
quarta-feira, dezembro 10, 2014
SALÃO DO LIVRO DE PARIS 2015 – RODRIGO CIRÍACO NA CASA!
Rodrigo Ciríaco em Paris, a convite do Salão do Livro 2013
Foi anunciado ontem, pelo Ministério da Cultura, os 48
escritores brasileiros que farão parte do Salão do Livro de Paris 2015, na qual
o Brasil é o país homenageado, através de acordo firmado entre o governo
brasileiro e francês, em 2012. E estou entre eles. Segue o link:
Particularmente, estou imensamente feliz com a possibilidade
de representar meu país em uma feira (salão do livro) tão importante e
tradicional quanto o de Paris, na França. E mais ainda, em representar a
literatura marginal, a literatura das quebradas, ao lado dos parceiros Ferréz,
Marcelino Freire, Paulo Lins.
Não é a primeira vez que participo do Salão do Livro. Em 2013,
através de convite da Editions Anacaona (Paula Anacaona) participei não apenas
do Salão do Livro, mas de atividades na Universidade Sorbonne (Paris), Sciences
Po (em Poitiers), além de eventos na Universidade Livre de Bruxelas (Bélgica),
Universidade de Milão (Itália) entre outros espaços de leitura e livrarias. Um
feito extraordinário, tendo em vista que era autor independente, sem ligação
com nenhuma editora comercial, agentes literários ou o mercado editorial como
um todo.
Eu e Ferréz em livraria de Bruxelas, (BEL), março de 2013
Aliás, a forma como cheguei a publicar inicialmente meus
textos na França é muito curiosa. Paula Anacaona, nos idos de 2010, através de pesquisa
conheceu meu blog, leus meus textos e interessou-se em publicá-los. E de lá
para cá tem sido grande parceira, incentivadora de minha literatura.
Enfim, feliz demais com essa notícia, principalmente que
agora faço parte de uma nova casa, a Editora DSOP, que tão bem acolheu a minha
pessoa e o meu trabalho, na coleção “Literatura Marginal” com a curadoria do
parceiro Ferréz. Feliz demais de poder levar a literatura da quebrada, poder
mostrar no Salão do Livro uma parte da potência literária do que desenvolvemos
aqui e, quem sabe assim, abrir portas para outros parceiros e escritores, tão
talentosos e merecedores quanto eu.
Somos merecedores das conquistas (e derrotas) que obtemos.
Pela garra, pela disposição, pela coragem, força, talento que temos,
individualmente. Mas sem esquecer que a caminhada só tem valor na medida que
fortalece e reconhece o coletivo.
E agora é ler, ler e ler mais. Escrever, reescrever e
produzir, cada vez mais. E se preparar, pra fazer bonito.
Literatura Marginal, Lado Leste em Paris, 2015. É nóis!
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