......................Efeito Colateral...................: RESISTÊNCIA CULTURAL NA ESCOLA

segunda-feira, maio 28, 2012

RESISTÊNCIA CULTURAL NA ESCOLA

Sarau dos Mesquiteiros completa dois anos de atividades dentro de escola estadual com muita festa, graffite, agitação, cortejo, música, sentimento, livros e claro: resistência e poesia!

No sábado, 26 de maio, a Escola Estadual Jornalista Francisco Mesquita estava em festa. Era a comemoração dos 06 (seis) anos do projeto “Literatura (é) Possível” e 02 (dois) anos de Sarau dos Mesquiteiros, que acontece todo último sábado de cada mês dentro da escola, no Jardim Verônia, Ermelino Matarazzo.

Dentro dos problemas existentes na educação brasileira, nas dificuldades em que coletivos de arte e cultura possuem para adentrar os espaços públicos e desenvolver atividades e na falsa ideia de que as escolas são verdadeiros espaços democráticos, resistir com este trabalho merece mais do que simples comemoração de aniversário, mas a celebração das vitórias, e foi isto que fizemos.

Pontualmente, as 17hs a escola estava pronta: livros expostos, mesa de pintura preparada, microfone plugado, comes e bebes a vontade. Como parte da celebração, foi feita uma pequena exposição com 40 (quarenta) fotos selecionadas que contavam os momentos mais importantes da nossa pequena trajetória.

Por volta das 17:30hs, fizemos a exibição de três vídeos: o primeiro, a matéria feita no ano passado pelo SPTV, pelo escritor e ativista Alessandro Buzo; no segundo mostramos uma produção feita pelo grupo de audiovisual Mundo em Foco, que retrata o nosso trabalho com a Biblioteca Municipal do bairro pelo coletivo Os Mesquiteiros e o último foi o vídeo produzido por Jéssica Queiroz, integrante do grupo e responsável pelas oficinas de audiovisual.

As 18hs, o chamado para o cortejo: crianças, jovens, adolescentes e várias pessoas que estavam na escola foram em bloco para a rua, com apitos, cornetas, megafone e panelas, fazendo barulho e convidando as pessoas: “pra onde eu vou? Vou pro sarau! Vem, pro sarau. Vem, pro sarau”. Fomos até a praça XI, próximo da escola, e depois retornamos, para dar início ao microfone aberto.

Aproximadamente 200 (duzentas) passaram pelo sarau, que contou com mais de 50 (cinquenta) poetas, que recitaram acompanhados da produção de um painel (graffite), de Roberto Bieto. Nem todos puderam recitar tendo em vista o limite do horário para uso do espaço da escola já que tínhamos ainda que cantar parabéns e assistir o show com Mc Marechal, direto do Rio de Janeiro.

Marecha mandou seus clássicos como “Guerra”, “Viagem” e “Espírito Independente”, além de apresentar algumas outras músicas que possivelmente estarão no seu tão aguardado CD e fez a capela e improviso – claro.

E pra fechar ainda, com chave de ouro, pegou o dinheiro do cachê do show, comprou tudo em livros, o “Pode Pá Que É Nóis Que Tá” – Os Mesquiteiros, e distribuiu no show com o Projeto Nave, no Inferno Club, no mesmo sábado – me chamando ainda para subir no palco, explicar o trabalho na escola além de pedir que os presentes conhecessem e frequentassem mais os saraus das periferias de São Paulo.

Por tudo isso, respeito e admiração ainda maior ao Mc Marechal.

Agradecimento a todos os coletivos que chegaram para fortalecer e prestigiar nossa festa: Marginaliaria, Mundo em Foco, Elo da Corrente, Perifatividade, O que dizem os Umbigos, Brasa, Muros que Gritam, Sarau da Ocupa, Batalha da Leste, Projeto Sarau, Conecta Brasil. Agradecimento a todas e a todos, individualmente, que sempre chegam de diferentes quebradas, diferentes lugares. Agradecimento mais que especial às crianças, à comunidade, que aos pouquinhos, cada vez mais e mais comparecem conosco. E em especial a todas e todos Os Mesquiteiros, que fazem tudo isso se tornar possível: obrigado, obrigado, obrigado.

A batalha é longa, a luta é difícil e a vitória é de tod@s que nunca se entregaram, nunca desistiram deste sonho: tornar a escola um lugar mais habitável, mais bonito de se estar, de se viver. Principalmente, com poesia.

Vida longa à poesia viva. Vida longa ao Literatura (é) Possível. Vida longa ao Sarau dos Mesquiteiros.