2011, E AÍ?

Dois mil e onze. 30 anos nas costas, mais de dez em participação em movimentos populares: moradia, pessoas em situação de rua, periferias; 06 anos de Cooperifa, cinco anos de escola e projetos paralelos (como o Literatura (é) Possível). 05 anos escrevendo. Parece pouco. E é, mas também é muito.

Caminhada suada e difícil. Não vou dizer que sempre fui guerreiro, que não tive momentos que fraquejei, tive vontade de jogar tudo pro alto e foda-se porque seria mentira. Desvalorizaria a minha própria caminhada, seus calos, marcas, cicatrizes. Não é pouco justamente por isso: foi e é sofrível, marcante; dá medo, esperança e frios na barriga.

Estou em uma fase que mistura nostalgia e reflexão. Uma saudade de coisas que já fiz, lugares e pessoas que conheci, passei, com avaliação: 2011, e aí? Pra onde vou, pra onde sigo? Onde acertei, onde errei? O que fazer, que mudanças colaborei, o que construí, o que abandonei? Altas fitas na cabeça.

Algumas coisas me empolgam menos que outras. Tantas, ainda mais. Hoje faço e me envolvo mais com projetos coletivos, fazendo trabalho que, de uma certa maneira, gratifica e dignifica a mais pessoas, do que apenas a mim. Isso é da hora, mas é foda também. Principalmente quando em alguns ambientes, no caso da escola, não vejo a valorização do trabalho: pelo Estado, por profissionais da área, colegas de trabalho. Há sim, muita gente que aplaude, muita gente que torce e fica feliz por mim, mas há muito o que se fazer. Há muitos sonhos pra se levantar e o fator tempo, disposição, começa bater. Começa a pesar? Não sei, e eu só tenho 30 anos.

Imaginei que quando chegasse aqui eu teria muitas respostas. E na verdade, o que aparece são cada vez mais perguntas. Mas tá valendo. Vamos prosseguindo. Até porque, como dizem, a vida é que nem andar de bicicleta: se parar cai, não tem jeito.

R.C.