quarta-feira, julho 21, 2010

CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA - GABRIEL GARCIA-MARQUEZ - INDICAÇÃO


Não é a história em si, já conhecida e revelada desde o título e nas primeiras linhas desta "crônica-romance", que nos envolve apenas. Mas principalmente a maneira de contá-la, envolvendo o leitor como se faz um encantador de serpentes, é que me fascinou a leitura de 'Crônica de uma morte anunciada', de Gabriel Garcia-Marquez, o Gabo. Um livro saboroso, com uma linguagem direta, objetiva, clara, uma história curta, daquelas que se pode ler em uma "sentada". Um livro simples, que me fez lembrar a expressão muito usada no teatro, por uma amigo: "a complexidade está no simples"

O livro narra a manhã de uma segunda-feira pós-casamento, dia em que Santiago Nasar após ver o Bispo passar pelo povoado é assassinado feito porco, com facas de estripar porcos pelos irmãos Pedro e Pablo Vicário por uma questão de honra: Santiago teria - talvez - tirado a virgindade da irmã, recém-casada e devolvida a família.

A crônica desta morte anunciada vai ganhando força quando se percebe que o anúncio da morte não está apenas no título da obra, mas que todos no povoado onde residia Santiago Nasar já sabiam de sua morte, ou até aquele momento o juramento de morte, cantada aos quatro cantos pelos irmãos Vicário como se desejassem que alguém os impedisse de consumar o ato, mas ninguém o fez. Ninguém interrompeu. Nem o Coronel, nem o Padre, nem os comerciantes, nem o destino, que traz o seu ar da graça nos momentos finais da história quando Santiago parece escapar ao quase chegar em casa mas este intervém e diz: tá na sua hora, hombre!

Gabo é um mestre em conduzir o leitor nesta história, narrado por um personagem amigo de infância de Santiago Nasar, que anos depois tem interesse em retomar o acontecido. Melhor, o clima de ansiedade, suspense, criado e instigado pelo autor é recheado de expressões artísticas-literárias que engrandecem o grande painel imaginário que todos montamos - ou devemos montar - ao ler uma (es)história. Obra de mestre, comparado as pinceladas de Picasso, a pena de Shakespeare, ou as invenções de Manoel de Barros e Guimarães.

Por isso, não dá pra você não ler este livro:

Crônica de uma Morte Anunciada
Gabriel Garcia-Marquez

R.C.

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