registro de eventos intra-oficiais de minha escola, que conta algumas histórias, além do cotidiano de preparar aula, corrigir atividades, dar as aulas, etecetera e etecetera:
sexta-feira, 31 de outubro: bateram na porta da minha sala, durante a 5ª aula, para dar uma força para a Coordenação da escola. tinha acontecido uma briga e o pátio estava o Caos. para entender: como a troca de aula de professores na minha escola é novo intervalo para os alunos - todos saem da sala, todas as aulas, inclusive perdemos quase que uns dez minutos em cada início de nova aula - alguns alunos da 8ª estavam com "brincadeirinha de mão" com os alunos da 6ª, os alunos do ensino médio se doeram e começou o pau. voou até um banco de dois metros na cabeça de um aluno e nos pés de outro. algumas turmas foram dispensadas mais cedo. o bicho pegou.
segunda-feira, 03 de novembro: reunião extraordinária entre professores, coordenação e direção. conversamos sobre o ocorrido de sexta, o ocorrido de vários dias, o fato do período manhã estar abandonado, o fato de um grupo de alunos fazerem o que quer sem que nada aconteçam. discutimos, conversamos, alguns falaram. conversa vai, conversa vem. conversa.
terça-feira, 04 de novembro: alunos pegaram a porta de um armário - melhor dizer, arrancaram - e jogaram contra a recém instalada luminária de um corredor. resultado, duas lâmpadas fluorescentes moídas no corredor, luminária amassada. ninguém viu, ninguém sabe quem foi (você acredita em papai noel?). ninguém foi responsabilizado.
quarta-feira, 05 de novembro: aqui eu vou enumerar, se eu lembrar; 1) durante a aula de educação física de uma sala, os alunos estavam na quadra, outros alunos entraram nesta sala, fuçaram nas coisas dos alunos. resultado: levaram dinheiro, outros objetos, e tacaram fogo no lixo. estava indo para outra sala mas vi o que aconteceu na sala: fumaça total, alunos sem condições de entrar, assistir aula. ah, detalhe: a porta do hidrante do corredor ESTAVA AMARRADA COM UM CADARÇO, impossibilitando a sua abertura;
2) como rescaldo ainda da briga de sexta-feira, na qual poucas providências tomadas, nenhuma solução efetiva, um grupo de aproximadamente seis alunos, adolescentes - dezesseis, dezessete anos - espancaram UM aluno de uma sala. isso mesmo, seis contra um. o aluno ficou bem machucado, outros ficaram bem assustados.
e 3) uma pessoa ligada a Coordenação da escola, foi xingada em alto e bom som de: vaca, vadia e vagabunda, além do stress geral que foi a situação.
DETALHE: no dia seguinte, as pessoas envolvidas nestas situações, tanto alunos que bateram ou xingaram, estavam na escola circulando normalmente. pensei em colocar "assistiram aula normalmente", mas estes alunos não assistem as aulas.
quinta-feira, 06 de novembro: depois de EU separar uma briga de adolescentes da 7ª série na saída das aulas, uma professora veio me procurar pois um aluno meu estava no posto de saúde passando mau. aluno meu, mas não foi na minha aula, pergunto: quem deveria dar conta do caso? bom, mas EU não podia me omitir da situação, fui no posto. o aluno estava com uma dor abdominal aguda, a médica que o atendeu não acreditava ser apendicite, mas só um exame podia confirmar. teria que ser levado para um hospital. o hospital de ermelino não tinha ambulância. o SAMU, ATENDENDO POR TELEFONE, DECIDIU QUE O MENINO NÃO CORRIA RISCO DE VIDA, NÃO IA ENVIAR A AMBULÂNCIA. a médica falou se eu não podia levar. sim, eu podia, mas parece que tudo acontece e só procuram EU, EU, EU. bom, EU fui na escola e repassei a situação. não estava em condições de levar ninguém, tinha acabado de separar uma briga, a escola não sou EU, somos TODOS, alguém também poderia levá-lo. conseguimos o transporte. o aluno foi encaminhado ao hospital.
sexta-feira, 07 de novembro. pedi a minha folga TRE, estava um trapo, um fiapo do que poderia ser chamado de ser humano. sem condições de trabalho.
apenas para constar: faço aqui estes relatos pois escrever é a minha terapia, em primeiro lugar. segundo: além de comunicar nos lugares de direito, faço-o aqui para as pessoas saberem do que se passa e, que nenhum problema começa grande, e as tragédias são denunciadas, mas nem sempre isso significa resolver alguma coisa. e terceiro: um livro acho que foi pouco, já estou pensando em escrever um filme.
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