hoje estou com o coração apertado, angustiado. é triste voltar pra realidade.
principalmente depois de quase uma semana vivenciando os sonhos possíveis. os sonhos de paz na quebrada, de paz entre os irmãos, manos e minas. sonhos de ser respeitado - e respeitar; sonhos de ver o teatro desabrochando, a literatura se espalhando, o cinema crescendo, a dança se expandindo, o caldeirão fervendo e, a música... a música simplesmente tocando, com a palma da mão, os nossos singelos corações.
ontem acabou a 1ª Mostra Cultural da Cooperifa, com exibições mais do que especiais de Wesley Nóog e 1Banda, Periafricania, Preto Soul, Versão Popular e Z'África Brasil.
som de primeira, público de primeira, num ambiente totalmente família. nada de drogas, nada de tretas, só os trutas, a família. nem segurança tinha na festa - também, segurar o que, qual B.O. quando fazemos a festa na nossa casa, entre irmãos? não precisa.
estou emocionado com o que participei nesta semana. emocionado e feliz com o que eu vivi. não quero, mas posso dizer que estou preparado para morrer hoje só por ter vivivo tudo isso. vocês não fazem idéia do que é ter como família a Cooperifa, ser contemporâneo de pessoas tão magníficas e especiais que dá medo até de citar para não esquecer ninguém. não há dinheiro no mundo que substitua isso. não há coração suficiente para tanta emoção.
por várias e várias vezes me peguei com o meu em lágrimas, literalmente, apesar delas não quererem escorrer pelo meu rosto. não por machismo, por achar que homem não chora, essas paradas; simplesmente por não conseguir fazê-las desaguar. pois bem, algumas delas estão agora, molhando a minha face ao lembrar desta semana vivida.
durante muitas vezes eu me perguntei: por que que nas outras quebradas também não pode ser assim? por que que na minha escola também não pode ser assim? o respeito prevalecer, a conversa; as brigas, discussões, mas com muita compreensão, confiança, envolvimento. por quê? não sei, mas quero saber, pois depois que você consegue sonhar com os olhos abertos, não quer mais fechar. e você tem cada vez mais convicção de que, sim, tudo é possível.
valeu família Cooperifa, valeu mesmo, por tudo. durante muitos anos me senti um joão-sem-lugar, deslocado no espaço, no mundo. é bom saber que este sentimento foi passageiro. é bom saber que posso contar com tantas guerreiras e guerreiros.
pra quem não foi, paciência. só posso lamentar e dizer: perdeu!
pra quem zicou, falou, não ajudou mas criticou, três coisas: 1) boa sorte na vida, 2) faça melhor, mas faça (falar é fácil) e 3) sai da frente senão nóis atropela.
e pra quem quer bem, pra todos nóis, um abraço forte, apertado, de uns dois minutos, molhado com muitas lágrimas, força e suor.
"a periferia nos une pelo amor, pela dor e pela cor" - Sérgio Vaz
"tem festa na favela, quem quiser pode chegar, chega miudinho, chega devagar" - Wesley Nóog
"quem disse que na periferia não dá pra curtir?" - Z'África Brasil
salve! hoje e sempre. axé!
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