Ontem foi dia de mais um encontro do projeto "Literatura (é) Possível". Pra quem não lembra ou não sabe, uma das idéias é bem simples: aproximar leitores e escritores, dentro da escola. Justificando pedagogicamente a gente diz que é para incentivar a leitura e a produção escrita dos alunos, o que não deixa de ser verdade, mas a real do projeto é fazer com que a gente tenha uma tarde agradável, fazendo uma coisa importante com pessoas interessantes. É isso.
O projeto também sofreu algumas alterações pois eu não estou trabalhando mais com uma turma específica de literatura. Na verdade, agora eu montei um grupo de teatro. "Os Mesquiteiros" - referência a Mesquita, nome da escola e os Mosqueteiros, é claro. Na verdade deveria se chamar "As Mesquiteiras" (eu já disse isso para as alunas) pois a maioria são meninas. Mas elas preferem deixar da maneira como está...
O convidado de ontem foi o meu cabramigo e escritor Marcelino Freire. Os alunos estavam ansiosos, na verdade nervosos, pois nas atividades das oficinas eu levei alguns contos do Marcelino para trabalhar algumas esquetes e tal. Então imagina, eles ficavam falando: "Nossa professor, ele é bravo?" "E se não gostar do trabalho, será que vai xingar a gente?" Na verdade estavam com a imagem daquele escritor sério, mal-humorado, sisudo, terno-e-gravata, que não gosta de papo, não gosta de ouvir as pessoas, etecetera e tal. Tudo ao contrário do Marcelino que diga-se, além de ter uma generosidade enorme dentro do coração, é uma simpatia em pessoa, como todo bão cabra Pernambucano de Sertânia.
O papo rolou legal, bem descontraído. Marcelino contou um pouco da sua história, suas influências, principalmente da importância do teatro na sua vida. Os alunos fizeram algumas questões, principalmente relacionadas as origens dos textos que eles iam interpretar. E no final, fizemos as apresentações/interpretações dos textos do Marcelino.
Foi bem legal. Apesar de, como já disse, a ansiedade e o nervosismo por apresentar o texto ao autor, a turma foi bem. Encarou o desafio, com medo, mas com muita coragem também. O Marcelino curtiu, deu boas risadas, algumas dicas e ficamos todos felizes.
No final, sorteamos alguns livros entre os alunos. Marcelino prometeu enviar alguns livros para os alunos que se apresentaram. Tô cobrando não, só tô lembrando, viu Marcelino (rs).
Particularmente, eu fiquei muito feliz com a atividade de ontem. Primeiro por ver a felicidade dos alunos. Segundo por perceber o quanto eles evoluiram em apenas dois meses de trabalho, usando apenas duas horinhas por semana para fazer as atividades do teatro. E terceiro, por perceber que ainda podemos fazer boas coisas dentro da escola. Pequenas, dentro da violência institucional, pedagógica e humana que sofremos todos os dias. Mas algums pequenas vitórias são possíveis. E elas merecem ser celebradas. Mesmo porque senão, ninguém aguenta.
Hoje tem festa junina na escola. Tá bem enfeitada, os alunos envolvidos. Vai ser bonito a festa, pá. E logo depois, eu vou com a molecada do teatro para Taboão da Serra. A gente vai assistir a peça "Hospital da Gente", baseada nos contos do Marcelino. Nenhuma coincidência aqui, tudo planejado. Hoje também será um dia especial. Para abrir os horizontes dos alunos e alunas sobre o Teatro. O Pessoal do Clariô é demais.
Bom, no mais é isso.
Em processo de recontrução,
R.C.
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