quinta-feira, janeiro 18, 2007

COOPERIFA - 1º Sarau do Ano

O que foi aquilo ontem? Não sei. Foi um barato lôco, emocionante. Eu não consigo encontrar palavras pra traduzir. Foi como caminhar lado a lado com mais de 200 mil pessoas no Fórum Social Mundial/2005. Ou na Marcha da Consciência Negra, 2006: outras 20 mil pessoas. Sem brigas, sem tretas. Só conversa, diálogo, alegria. Foi como a primeira vez que subi em um palco, ou quando vi o meu nome na lista do vestibular. Enfim, vou parar porque não consigo decifrar, traduzir.

Sabe, ver o show do GOG, a poesia de Helber, Kennya, Dinha... Cara, o que é aquele Dugueto Shabazz convocando as pessoas pra Palmares? É tudo único, belo, sincero.

E isso não é (es)história. É real. Tá acontecendo agora jão, tempo presente saca? Toda quarta-feira uma bomba no colo, uma energia, uma emoção diferente. Você pode participar. Você pode fazer parte. É só colar, Bar do Zé Batidão, na humildade. É como o Vaz perguntando ontem: cadê a violência? Cadê? Lá não tinha.

Lá tinha uma periferia ativa, criativa e guerreira, que não aparece sob as manchas de sangue das manchetes dos jornais. E não se trata de "gozolândia" não. É um trabalho de cidadania. Artistístico, Cultural, Social e Cidadão.

É só estando lá amigo. Quem não conhece não sabe o que está perdendo! Talvez, nem vá sentir, não vá fazer a mínima diferença.

Eu sinto muito por vocês. Mesmo.

E a todos que comungaram deste dia de paz, rap e poesia, fraternidade, alimento e preparação para a guerra: obrigado!

Rodrigo Ciríaco

p.s.: abaixo, um recorte do depoimento da Eliane Brum quando recebeu o 2º Prêmio Cooperifa. Ela diz coisas que eu gostaria de ter dito. Bom, ela escreveu um livro que eu gostaria de ter escrito: A vida que ninguém vê. Se você não conhece, não leu, fica a sugestão.

"Pra mim não tem prêmio maior que esse. É uma honra. E essa não é uma palavra vazia. Aqui não é lugar de palavras vazias. É isso que me emociona na Cooperifa. As palavras aqui têm sangue, têm vísceras, têm espinha. São palavras que não se dobram. Como vocês. Como nós. Eu acho que é isso que mais me honra nesse prêmio. Ser não mais uma estrangeira, ser também periferia. Porque para além da geografia, para além de todos os muros que nos separam, a poesia - e principalmente a palavra - nos une no sonho de mudar o mundo."

Um comentário:

Anônimo disse...

A coisa mais linda do mundo... foi ontem, na Cooperifa. Com toda certeza.
Esplêndido e maravilhoso, como só a periferia sabe fazer.