Considerada a Capital nordestina da poesia popular, a cidade de São José do Egito, a 402 km do Recife, é parada obrigatória para quem gosta do turismo cultural. Terra de Antônio Marinho (que foi o mais respeitado violeiro-repentista nordestino), dali também saíram artistas do porte dos irmãos Dimas, Otacílio e Lourival Batista (este último consagrou-se como "o rei dos trocadilhos"); Rogaciano Leite; Mário Gomes; Cancão e outros poetas e cantadores do repente. Atualmente, dezenas de poetas dão continuidade a essa arte.
Por sua tradição de celeiro de grandes poetas populares, ainda hoje a cidade é um dos maiores centros de realização de cantorias, no Nordeste. Ali, durante a Festa de Reis (primeira semana de janeiro), anualmente acontece um Festival de Cantadores e Poesia Popular. E em todas as festas tradicionais há sempre uma programação com violeiros.
A cidade também conta com uma espécie de museu para os cantadores, a Casa do Poeta, construída em 1997 com recursos do Ministério da Cultura e que tem uma razoável estrutura para realização de festivais.
São José do Egito é o que se pode chamar de um dos municípios sertanejos de médio porte (tem uma população de pouco mais de 30 mil habitantes) e, na cidade, um dos cumprimentos mais comuns entre os moradores está ligado à arte da terra.
Ali, não se diz apenas "bom dia", "boa tarde", "olá". Geralmente, o cumprimento vem seguido de outra palavra: "bom dia, poeta", "boa tarde, poeta" e por aí vai. No verão, a cidade tem o clima quente da área de seca do Nordeste, mas no período chuvoso a temperatura pode baixar até 20 ou 15 graus.
Um dos maiores responsáveis pela projeção da cidade como centro da poesia popular do Nordeste foi, sem dúvida, Lourival Batista, repentista imbatível no seu ofício, cuja obra mereceu vários registros fonográficos e análises acadêmicas. Mas, além dessa marcante tradição na arte da cantoria, São José do Egito também tem outras histórias a mostrar.
Uma delas está escondida numa velha casa em ruínas, onde o jornalista Assis Chateaubrind aprendeu ler em jornais velhos, usando a queima de óleo para fazer suas leituras noturnas.
A Capital dos Repentistas também guarda outras importantes lembranças da história brasileira. Na Fazenda São Pedro, por exemplo, está o túmulo de João Dantas, o assassino de João Pessoa, crime ocorrido no centro do Recife e que precipitou os episódios que desencadearam a Revolução de 1930.
A fazenda fica a 20 quilômetros do centro da cidade e os atuais proprietários estão instalando ali um hotel-fazenda para dar suporte às atividades recreativas típicas da região como pegadas-de-boi, vaquejadas e outras.
Localizada no Sertão do Alto Pajeú, região onde nasceu o famoso cangaceiro Antônio Silvino, São José do Egito esteve ligada a algumas investidas desses "justiceiros da caatinga", muita delas ainda hoje lembradas por moradores mais antigos. Mas, o forte do município é mesmo o repente, a cantiga de viola. Tanto que, na década de 1970, compositores como Gilberto Gil e outros estiveram por ali pesquisando a arte dos violeiros sertanejos.
E foi também ali que a gravadora Marcus Pereira (RJ) colheu grande parte do material para produzir o vol 2. da famosa coleção "Música Popular do Nordeste" (1973). A cidade foi ainda uma das principais fontes de pesquisa para a cineasta Tânia Quaresma produzir o filme "Nordeste, Repente e Canção", também da década de 70.
O município ainda não explora, de forma estruturada, todo esse seu potencial turístico-cultural. Mas, para quem gosta de unir turismo à arte popular ou como fonte de pesquisas, a cidade é uma boa pedida.
http://www.pe-az.com.br/turismo/sao_jose_egito.htm
5 comentários:
Sou de SURUBIM-PE, moro em São Paulo. Aqui encontrei um pernambucano de São José do Egito, que não só divulga a cultura de São José do Egito, como promove varias catorias durante o ano inteiro.
Trata-se do Sr. José Alberto, proprietário do boteco chapeu de palha.
Acho que os moradores de São José do Egito deveriam fazer uma omenagem à esta pessoa, pois são poucos e muito raro pessoas que conservam suas raizes.
Meu nome é José Lira, mais conhecido como LIRA, meu E-mail jlira.lira@ig.com.br
São José do Egito é merecidamente a capital dos poetas tanto pelo fato de termos várias revelações como Lourival Batista,Dimas Batista,Louro do pajeú,Jó Patriota e muitos outros.
Mas como diz o ditado na tera:"quem não é poeta é louco e quem élouco faz poesia" São José é o berço imortal e sempre será onde estiver uma pessoa declamando uma poesia improvisada ou decorada.
eternos poetas de São José do Egito
Passa dia por mês e mês por ano
Passa ano por era por fase
Nessa fase tão triste eu vejo a base
Do destino passar de plano em plano
Vem à mão da saudade o desengano
Passa dando um adeus fazendo um ésse(s)
Vem a mágoa o prazer desaparece
Quando chega a velhice foge a graça
Passa tudo na vida tudo passa
Mas nem tudo que passa a gente esquece.
Jó Patriota
Há entre o homem e o tempo
Contradições bem fatais
O homem trás e não leva
O tempo leve e não trás
O tempo faz e não diz
E o homem diz e não faz.
Antônio Marinho
Vê-se nascer num pau
Uma semente perdida
Que depois de bem crescida
Brotar um cravinho azul
Um lado pendido ao sul
O outro pendido ao norte
Um mais fraco outro mais forte
Talvez indicando que
Ate nas flores se vê
A diferença da sorte
Zé Catota
você por ser moço e forte
Não critique de ninguém!
O tempo corre e não para
A sua velhice vêm
Que os homens velhos de agora
Foram crianças também.
Zezé Lulu
o pássaro faz cantoria
Sem cobrar nada a ninguém
Em sua cantiga têm
Essencia de poesia
Eu acho uma covardia
Falta de compreensão
Colocar num alçapão
Um passarinho indefeso
Solte o pássaro e fique preso
Pra saber o que é prisão.
Delmiro Barros
são josé és a beleza
do coração do poeta
lorival rico de rima
deixou a obra completa
quem ama sente saudade
as lagrimas corre a vontade
quando a saudade aperta
do poeta odair jf brasilia df
o tempo leva a mocidade
devolve só atropelos
caí a face, perde os dentes
e deminui os cabelos
as pernas perde a resitêcia
gerando a impotência
os pés parece dois gelos
do poeta odair jf
Postar um comentário