rapoesia que recebi via email do Chico Barros sobre os Racionais e o Show da Virada. vale a pena ler:
“A FESTA ACABOU” ou “JOSÉ SERRA DE BEM”
irmão moreno relata à massa ao microfone:
“é 06 de maio, madrugada, praça da sé”
outro levanta o punho e sente que é forte:
“é pras história”
atentado 1: propriedade
são muitos
querem subir mais um pouco para ver os caras
vieram de longe, trem, ônibus, metrô
metrô, ônibus, trem, metrô
sobem palmeiras,
sobem postes,
sobem bancas,
paredes, sacada, aberta, e entra.
Em teto vazio, sem uso, palacete na cidade.
Sacada eclética de meados do século
Fachada maravilha para a geral embarracada em favela, perifa, lage e água nas canela
Olhos cheios de ver o mano subir pelas paredes,
De andar em andar mais alto, sentir-se melhor...
Saca o spray e ao vivo de 30 mil manda recado pixado:
"DESCUPA BROWN”
recado à cidade
na parede da eclética propriedade
dá recado, mostra a capacidade
de entrar na merda da propriedade
escreveu bem ali,
com mais 30.000 a escrever,
na cumplicidade.
A cidade vê o atentado à sua propriedade, vai deixar assim barato?
Que nada!
PORRADA!!
atentado 2: fala
garganta rimada
entoa a palavra guardada
emudada pelo sangue chupado
seco
sugado no trampo diário pros patrão mau amado
e Brown bem fala
alto
e os cara acompanha
a massa, junta, fala da ponte
fala da polícia
da treta murada
joga na cara,
embala a galera zoada
lado a lado, ombro a ombro os mils baladam na praça lotada
falam
dizem o ponto que pega:
a treta da exploração,
do trabalho,
do patrão
domingo no parque?
violência?
Vida loka?
Pá pá pá
A ponte
Que separa os mundos
Os playboy: os vagabundo
os mano: no trampo morimbundo
falam bem ali,
em vez da mídia que dita,
maldita
sempre emudece o grito
A cidade ouve o atentado à sua fala, vai deixar assim barato?
Que nada!
PORRADA !!
atentado 3: maioria na cara
assim tão juntos,
unidos
quase que abraçados,
São massa
Agora muita gente
Antes dispersa, em barracos,
acoados,
fáceis alvos sempre violados
pela polícia,
Pela falta de tudo
Sempre dispersa,
Espalhada,
quase não se vê, parece pouca,
é um é dois, e três no beco, na luta
viela, corredor, trecho escondido,
vejo um,
vejo dois
ali vejo nós,
ali vejo massa,
eu e os mano,
mais um, dois, três, quatro manos
cem com cara e rosto do meu
roupa da minha,
jeito do meu,
os mano são mil
são mais
são dez mil
são nós
puta quês pariu
assim diante de todos, se vendo, os outros,
são todos
maiores, maioria,
qualquer um vê, cheira, ouve, topa e sente
é maior
é gente geral,
pacaralho
é massa !!
a cidade vê o atentado à sua maioria, vai deixar assim barato?
Que nada!
PORRADA !!
Atentado 4: poder
Que faço em casa?
Eu e minhas irmã,
macarrão,
um relax,
como pedaço de pão.
Eu e os mano no bairro?
Uma pelada, zoada nas mina
Balada na esquina e nas gargalhada
E com os cara do trampo?
Sei lá, o que tiver de fazer,
As coisas que pedem,
Que mandam que faça!
No busão?
Aperto e umas tirada.
Na rua?
Correria atrás da vida,
Correria nas esquina, virada,
Da mesma pra mesma
E agora?
Que faz a massa, maioria, agora juntada?
Faz coisa e coisa sim que se faça!
A massa na praça,
deu força nas diretas,
foi força na derrubada de reis, rainhas, czares,
um fim nesses aí que embaça.
A massa desembaça.
Na praça.
Não há quem pare, que quer que se faça.
É foda.
30.000
é gente, que pode.
Poder
De 30.000 que querem viver
em vez de chupados no sangue do trampo do patrão de doer
de 30.000 que querem voar,
beber, comer bem e tomar
são poder
diante do burgo,
a cidade dos playboy
que significa isso?
Poder prá perifa?
Pros mano senzala de hoje,
Assalariado de sempre?
a cidade sente o atentado à seu poder, vai deixar assim barato?
Que nada!
PORRADA !!
Atentado 5: paz
e não é que o poder é de ver os mano Brown dizer na moral?
E não é que o poder é de ver o som acertado?
E não é que o poder é de ficar na paz?
Ali, sem ninguém tretar com ninguém, xupar a idéia, a força,
Sem a sacanagem indiferente dos de classe “elevada” que olha de cima,
sempre na tirada, armada, sempre fechada no carro blindado acuada.
Ali são 30.000 manos na paz
Ali, não se sobe nas costas
Ganha em cima
São minimamente iguais no estado
Da arte moral
Na paz
Total
Envergonham a condição diferente dos playboy em geral
Que tratam a cidade com guerra.
sobem nas costas de gente
Ganham na frente
Chupam a paz,
Enganam a moral
E tretam pois “são mais”
Se acham diferentes
Com o chicote escondido,
Esfolando o dia, o trampo,
Os ricos exploram e roubam, são longe de paz
O normal é a guerra armada por leis e idéias pelos ricos criadas:
O trabalho mal pago, a serviço,
sempre serventia.
serventia
No dia a dia é guerra, escancarada.
Agora, na sé, os mano são paz.
São os camarada.
Sem treta,
São som,
São dança,
E a cidade vive com a paz o atentado a sua guerra, vai deixar assim barato?
Que nada!
PORRADA !!!
Assim mesmo,
foi feito.
Na cidade de José,
quem manda, é:
PORRADA !!
encoberta pela mídia em desculpa armada.
E dizem sem mesmo esconder:
Já estavam esperando bater, chutar, foder.
Justificam, explanam, em rodas globais explicam.
Criam fato pseudo real,
De uma coitada de banca de jornal,
para justificar no B.O. da mídia burguesa
que ajusta a cabeça da cidade à sua mentira
mentem
e justificam o abuso, a guerra, o ódio, o sangue
chupado por José, o cabeça do burgo
é ele quem manda nos passos chucros da PM
é ele quem diz, quando sua cidade vive atentados à sua ordem.
E ordena:
avança!
Mira!!
Chuta, grita, bate, escurraça !!
Atira!!
Atira!!
manda devolta pra casa
grita na orelha pimenta.
Sai daqui, fora!!!
Fora!!!
Chuta !!
Esburracha !!!
Pelos cacetetes da PM,
José Serra bate nos mano.
José assim aplica um tiro, atira na cara
E diz depois que fez bem.
homem de bem !
É José quem mandou,
José Serra !!
José Serra de bem !!
Um comentário:
Rodrigo, não pare nunca.Sua indignação é necessária e linda.
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