terça-feira, outubro 08, 2013

DAS PERDAS...

Hoje a palavra morte me encontrou cedo. Me derrubou. Veio em nome de uma amiga querida que há tempos não a via. Não conversava. E ela chegou assim, de mansinho mas derrubando a porta. Porque a Morte não manda recado. Não manda aviso. Nem faz escândalo. Ela chega. Devora. Leva. Embora.

E nos deixa assim, sem nada entender. A não ser perceber o quanto somos frágeis. O quanto precisamos aproveitar melhor nosso tempo. E eu, que hoje quase sai de casa sem fazer a prece diária para a minha Bebê pois estava “sem tempo”, imediatamente me senti mal.

Por todas as vezes que brigamos a toa com nossas pessoas queridas. Por todas as vezes que deixamos de vê-las por não termos tempo, termos muitos trabalhos, muitos compromisso. Por todas as vezes que esquecemos de dizer que amamos alguém, sentimos a sua falta, sentimos saudade. E aí deixamos de ligar, deixamos de escrever. Deixamos acontecer. Acreditando que, amanhã a gente fala, amanhã a gente liga, amanhã a gente. E o amanhã não acontece. O amanhã pode ser que não exista.

Queria ter dito para esta Amiga que ela era especial. Era uma pessoa querida, muito legal. Que eu gostava do seu jeito de dançar. Que eu gostava de dançar com ela. Que a gente deveria se ver mais. Que ela deveria conhecer a Malu. Que a Malu com certeza ia gostar dela. Queria.

Com a notícia, não consegui ficar na escola. Não consegui continuar com a lida. As lágrimas não paravam. As perguntas curiosas dos alunos não permitiriam. Fiz uma prece. Pedi a Deus proteção, conforto para os familiares, paz para esta pessoa querida. E fui para casa. Para encontrar minha filha querida. Dar-lhe um banho, carinho. Beijar minha esposa, lembrar que a Amo. Parar o tempo. Dar atenção especial ao que vale a pena. Aproveitar como se deve o dia. Ainda que seja hoje. E amanhã, se existir, seja outro dia.

E escrever, que sinto muito Amiga. Sinto por não estar ao seu lado no seu momento de angústia. Não ter confortado a sua dor. Sinto por não ter dado um abraço, dizer que, precisando estava ali. Sinto por tudo ter acontecido assim, tão breve, tão rápido, tão sem aviso. E fim.

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