Ontem foi noite de cinema. Sessão das 21:50hs, meninos nas ruas, caixotes nas costas, Rua Augusta fervendo: ódio, insinuação, revolta, falsa alegria. Cinismo, sexo e sexualidade. E fomos, eu, Tânia e Mafê ao encontro de Querô.
Nenhuma surpresa.
O filme é bom. Prefiro o livro. Algumas adaptações acabam, por questão de escolha, roteiro ou estilo, mudando algumas coisas do texto. Livro é livro. Filme é filme. Prefiro a caneta do Plínio.
Mas como disse, nenhuma surpresa não por que o filme não tenha me agradado. Pelo contrário. A atuação da molecada, em especial a de Maxwell Nascimento que interpreta o "Querô" é de doer. E imaginar que ele fez aquilo apenas com dezesseis anos. E saber que ele conhece e divide boa parte daquelas histórias do filme. E de outros Querôs. É muito foda.
Por que da nenhuma surpresa é pela questão da nenhuma novidade. Querôs estão espalhados por aí. Já conheço eles faz algum tempo. Encontros na Fundação, na escola. Na rua e no mudão. Há cem, duzentos, trocentos anos. Estão sob alguma marquise, neste exato momento. Estão passando veneno na Fundação. Todos sabemos disso.
Ou não?
Algumas pessoas saem do cinema triste, chocadas. Mas então é assim? Será que isso acontece. Prefiro pensar que elas saem sensibilizadas mesmo, não apenas pelo filme, mas pela situação. O que acontece a nossa volta. Por que emocionar, até Harry Potter consegue.
E que o filme possa fazer alguma diferença em sua vida. E na vida dessa molecada que está aí. Agora. Presente é o tempo momento em que podemos interferir.
Ontem tive uma puta vontade de chorar. Não consegui. Não sei porquê. Não tenho nenhuma treta, nenhum problema para deixarem as lágrimas correrem soltas. Mas elas pareciam não querer cair. Mareavam meus olhos, davam um banho no meu coração. Mas não saltavam pra fora. Parece que foi uma forma de dizer que eu não posso aliviar o meu sofrimento. Catarse não é uma opção.
Nada de alívio aos sentimentos. Ódio, revolta. Dor.
Eu também quero Amor, mas as vezes é difícil.
E para quem não conhece, assista:
Querô - de Carlos Cortez.
Mas não deixe de ler:
Querô - Uma reportagem maldita, de Plínio Marcos.
E pra quem não tem nada pra dizer já foi muito.
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