à Fernando Evangelista
eu choro por aqui,
e pelo Líbano, Israel ou Bagdá
pois não vejo números ou mera estatística,
mas vejo o longo, penoso e doloroso
ceifar de vidas.
Não seria tão cruel se não pudesse ser evitado.
Não seria tão desumano se não pudesse ser interrompido.
contam-se as lágrimas, contam-se os corpos,
contam-se as balas, contam-se as vitórias.
Vitórias?
Perdem-se as histórias.
Perdem-se as vidas.
Vidas! Vidas!! Vidas!!! Não canso de repetir:
Vidas!!! Que merecem ser bem vividas.
São Paulo amanhece, não é mais uma cidade
é um campo de batalha camuflado
onde a guerra é um sintoma
da nossa doença chamada Descaso,
Ignorância, Indiferença,
Miséria, Exploração.
Violência pela violência.
No Líbano eu não sei
se amanhece, se entardece,
O que vejo são fotos disparadas
Por máquinas deslocadas,
publicando a fumaça
Que encobre o que resta da cidade
E por trás de suas cortinas:
Crianças
Jovens
Adultos
Velhos
Humanos.
Mortos. Cem Vidas. Duzentas, Quatrocentas,
Mil. Pessoas. Sem vidas.
E eu nem sei os seus nomes.
Os daqui, os de lá.
E eu nunca poderei conhecê-los.
De São Paulo ao Líbano
o que me identifica são as mortes
e o meu coração.
Tenho vinte e cinco anos
e estas são as minhas primeiras guerras,
ao menos aquelas que eu dedico
mais atenção.
E eu nem contei os mortos.
Os daqui, os de lá.
E eu nunca poderei fazê-lo.
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