segunda-feira, abril 28, 2008

ser chato é legal pra caralho!

a primeira vez que ouvi acho que foi dos meus irmãos: "cê é chato hein, moleque." depois, primos, vizinhos, amigos. um dia, até a minha mãe: "eita moleque chato."

eu ficava chateado. sofria. afinal, via que todas as pessoas queriam ser legais. se faziam de legais. eram reconhecidas, convidadas para festas por serem legais. e eu, chato pra caralho, sofrendo pelos cantos do travesseiro com a minha chatice.

até o dia eu que eu disse: eu sou chato mesmo e que se foda. aceitei.

foi uma das melhores coisas que fiz.

percebi que ser chato foi o que fez eu ser diferente. questionar muitas coisas que os "legais" achavam legais. ser chato foi, digamos, o que moldou a minha personalidade. falo dela não por ser melhor ou pior do que de ninguém não. falo porque todos temos uma. e eu não abro mão da minha, de chato.

mas por que eu tô falando de tudo isso.

ah! hoje teve aula na minha escola. aula normal. as luzes voltaram. só o risco de curto-circuito continuava. e para manter a palavra de não entrar em sala enquanto não tivéssemos uma situação de segurança, fiquei na sala dos professores. sozinho. o chato. todos foram...

só não fiquei sozinho porque tive a solidariedade de alguns alunos. diziam: "sumemo professor. tem que entrar não." fiquei.

depois, protocolei uma cartinha básica na direção, dizendo que só trabalharia quando tivesse condições mínimas de segurança no trampo e, fui embora. com minha chatice. peguei o documento do Conselho de Escola protocolado na Diretoria de Ensino Leste-1 e, rumei para o centro. endereço? praça da república, mais exato a secretaria de educação.

por lá, protocolei o documento direcionado à secretária de educação do estado. "aproveita e protocola naquela sala ali", me disse a moça da recepção. fui lá e protocolei. a Ouvidoria. faltava só um lugar para o chato completar o circuito de incomodar os "poderosos" com a sua chatice: COGSP: coordenadoria geral de ensino da região metropolitana da grande são paulo. e fui lá eu, em direção ao largo do arouche, 302.

cheguei lá, surpresa: fui recebido por alguns "chefinhos". eu que só queria protocolar o documento. no começo, brabeza, questionamentos. "mas já não protocolou na diretoria de ensino? eles mandam pra gente. pra que protocolar aqui". respondi que o chato estava numa situação insustentável. vários pedidos foram feitos anteriormente. a escola em curto. não dava pra esperar. veio a resposta ríspida: "é, mas se todas as escolas começarem a vir aqui fica difícil". disse, ia ser bom. se fosse resolver o problema das escolas capengas.

troca rusgas daqui, responde rusgas de lá e, depois de um tempo, eles entenderam que eu estava certo, documentado e, não adianta ficar questionando com um chato. principalmente quando este chato conhece seus direitos e está lutando por eles. os seus e os de outros. aí a conversa mudou. começaram a tratar o chato bem. ligar daqui, pedir fax de lá. chamar fulando. e o chato começou a ver que, ser chato é legal. sua chatice estava dando resultado. as pessoas, incomodadas com ele, estavam agilizando coisas que não fariam normalmente se não tivesse um chato ali.

depois de quase duas horas chateando os outros, fui embora pra casa. algumas coisas foram feitas. não sei se vai adiantar alguma coisa ou não. mas só a sensação de estar tentando, estar fazendo, é muito boa. não desistir nunca, principalmente quando se está certo. afinal, ser chato é legal pra caralho.

Um comentário:

Anônimo disse...

Prezado Rodrigo,

você está do lado certo: do fiat lux.
Abraços,

Pádua.