A porta está fechada
E entre quatro paredes
Não há diálogo, não há comunicação.
Falo para mudos ouvidos
Ausculto a surda manifestação.
Coisificamento? Sujeitação?
Qual a letra-palavra certa
para evitar a enforcação? Realizamento?
Os livros já não trazem respostas
Eles são sábios,
sem pressa
presságios
Mas não há conhecimento para explicar
O que não pode ser compreendido.
Debato-me na minha camisa-de-vênus
Buscando inutilmente no fundo da minha força
Pernas para continuar gozando, refletindo.
Camuflo espelhos para não ver a cara da derrota
Desistir. Desistir seria uma opção?
A porta está fechada
E entre quatro paredes
Um homem planta flores num jardim de cimento.
Os pássaros são escassos, mas ainda voam
Cinzentas borboletas morrem, nascem
E são esmagadas na parede
Como os pernilongos, zumbizando danças
Acabam em rubras manchas nas minhas mãos.
Um homem descalço se limpa na praça
Achando que é ponte, achando que é rio,
Se corta e faz sangrar as próprias asas
Enquanto salta para um imenso vazio.
Por que estás parado? Tem medo do pulo?
Vida ou morte é menos de um segundo.
Quando assumirá sua forma?
Força, Fêmea, Fera, Faca,
Fraca, Ferida, Furiosa Fênix?
A porta está trancada
E entre quatro paredes
Já não sei se estou
In,
Out,
Off?
Me perco entre simples palavras
Entre quartos e salas,
caminho ao lado da minha insônia.
Sou o retrato
Do meu próprio destino.
(rodrigo ciríaco)
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