E parece que começou logo ali, ontem: 26 de maio de 2006, em uma escola pública da Zona Leste de São Paulo. E parece que foi logo ali, ontem, que ouvi: não vai dar certo, eles não gostam de leitura, nunca ouviram falar em literatura, fazer isso pra quê é perda de tempo, você só pode tá doido, quero ver quanto tempo vai durar isso, quero ver quando tiver a minha idade, quando tiver uma família, quando tiver filhos. E parece que foi ontem, logo ali, que ouvi estes livros são uma merda, falam em uma linguagem errada, vocês só curtem violência, tem algo de muito esquisito, deveria ser proibido. E parece que foi ontem, logo ali, que decidi: "Literatura (é) Possível", assim, com o é entre parenteses, pois vamos mostrar que a literatura é possível através da literatura possível: aquela que nós temos, aquela que é nossa. E parece que foi ontem, logo ali, que a molecada chegou, somou, agregou e formamos um bando: Mesquiteiros, 09 de abril de 2009, e já se passaram quatro anos. E parece que foi ontem, logo ali, que decidimos romper os muros da escola, saltar pra fora, invadir e se permitir ser invadido pela comunidade. Abrir o sarau. E já se passaram 03 anos. E parece que foi ontem, logo ali, mas ainda hoje eu sinto a mesma emoção que ontem, logo ali, eu vivi: mas tudo somado, multiplicado e dividido. E parece que foi ontem, logo ali, que aconteceu, e está acontecendo, e que aconteça, por longos e longos anos. Sonho: que se perpetue, com ou sem migo. Pois parece que foi ontem, logo ali, que alguém disse que não ia dar certo, e a gente provou o contrário: provamos que não só a literatura é possível, mas nós todos também.
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