Salve, salve, rapa.
Hoje se completam 10 dias que estou acá, em terras
estrangeiras. E pela primeira vez nesta viagem amanheço despreocupado, podendo
acordar um pouco mais tarde, podendo me desfrutar ao luxo de não ter uma
atividade marcada.
Até aqui, foram atividades todos os dias. Algumas vezes
duas, três atividades, com duração entre elas de uma a duas horas. E pega
ônibus, e vai para o trem e viaja de carro e pega ônibus e anda: anda, anda,
anda que europeu gosta de andar. E bastante! O que é bom, é possível observar
que a maior parte leva uma vida saudável, tendo em vista que este hábito
saudável, a alimentação e o fato de que você não encontra muitas pessoas gordas
nas ruas.
Bom, vamos as atividade dos dias:
20 de março: eu, Ferréz e a Paula Anacaona (editora) pegamos
o trem das 10hs e fomos para uma cidade no interior da França, Poitiers. Cidade
histórica, com um batistério (pia de batismo) do século IV – tem noção, mais de
1700 anos de história – igrejas do século XI, XII. Fora isso, Poitiers tem um
marco importante dentro da história do Cristianismo pois foi aqui que Carlos
Martel barrou a expansão islâmica para o território europeu, no século VIII, no
que é conhecido como a batalha de Poitiers.
Bom, deixando a parte histórica, estivemos na Sciences Po,
campus Euro Latino-Americano. Só pra ter uma ideia, na França existe um sistema
diferente do Brasil em relação ao ensino superior, eles tem estas “escolas de
ciência”. E a Sciences Po tem uma tradição, pelo que me disseram superior até a
tão famosa Sorbonne, de formação de presidentes, ministros e outras importantes
pessoas que acabam desempenhando funções importantes dentro da sociedade
francesa.
Então, tem noção? Eu e o Ferréz fomos convidados para falar
aqui.
No dia 20 de março fizemos dois bate papos, que nos deixaram
exaustos: um das 18hs as 19:30hs e outro das 20hs as 22:30hs. Isso porque eu puxei
o bonde e disse que precisávamos parar, comer algo, percebi que estava com baixo açúcar,
porque senão a parada ia longe, tamanho era o interesse, a participação, o
calor das discussões, trocas de ideias.
Ficamos em um hotel maneiro, pique patrão, e ainda tivemos
um tempinho pra conhecer a cidade.
No dia 21 de março, fomos novamente para Sciences Po pra
fazer entrevistas: para Olivier, professor da Sciences, para os estudantes,
pesquisadores. Ficamos dando entrevistas sobre o Brasil, literatura, movimento
hip hop por mais de 01 hora.
No mesmo dia 21, no final da tarde, voltamos para Paris. Dia
seguinte, atividade na Sorbonne.
21 de março: as 10hs da matina encontramos com o Leonardo
Tonus, professor de literatura brasileira na Université Paris-Sorbonne. Tínhamos
uma oficina de criação literária com um grupo de 40 estudantes da universidade.
Tem noção, mano? Eu e Ferréz, vindo aqui pra Université
Paris-Sorbonne pra dar um curso para os alunos de criação literária? É um
baguio monstro, gigante, tio.
Falamos bastante sobre criação, sobre nossas referências
literárias, propusemos um exercício em que a galera topou legal, participaram,
falaram, escreveram, mesmo com as informações de que os alunos, normalmente,
não tem essa abertura, essa autonomia para fazer as atividades.
Trampo até as 12:30hs. Lanche rápido e, batepapo, sarau as
13hs.
Foi da hora. Eu e o Ferréz fizemos um combinado de que
iríamos tretar antes de começar a mesa, ele ia ameaçar de sair, eu ia perguntar
quem ele tava pensando que era e ele emendava com “Sou datilógrafo do gueto...”.
E foi lôco que a galera acreditou nervoso, ficou com uma cara apavorada e
depois... ufa!
Saída de Sorbonne as 14:30hs, role de bike pelas ruas de
Paris, descanso no final da tarde e encontro com o querido Marçal Aquino para
jantar, trocar ideias. E foi assim.
Pra mim, esta tem sido uma experiência única,
transformadora. Enquanto pessoa, enquanto educador e, fundamentalmente,
enquanto escritor. Quando regressar pra Sampa, levo na bagagem uma experiência
extremamente marcante, e que vai marcar minha escrita e minha carreira
literária.
Outra coisa: tudo tem sido maravilhoso, mas estes dois
últimos dias em especial para mim, foram excepcionais. Explico: quando entrei
na Universidade, meu objetivo sempre foi a educação, trabalhar na escola, mas
tinha a pretensão também de fazer um Mestrado, um Doutorado. Um professor – que
não vou citar – praticamente matou isso, com a arrogância, o conservadorismo e
a humilhação que me fez eu me submeter, nos anos finais da faculdade. Perdi o
tesão pela Academia, pela pesquisa.
E agora ter vindo para Sciences Po e Université
Paris-Sorbonne como escritor convidados, fazer palestras, batepapo, vender
livros, dar dedicatórias, foi uma forma de dizer, ao menos no meu íntimo: eu
venci, seu arrombado. Você disse que não, você queria que não mas, eu venci!
É isso. Breve desabafo.
E agora vou terminar de lavar a roupa, fazer a barba para
visitar a feira do livro, daqui a pouco.
Saudades do meu Brasil.
Paris, 23 de março de 2013
Rodrigo Ciríaco
2 comentários:
...sucesso cara...mostra ai nas europa...quem é nóis aqui da periferia de sampa....orgulhoso de ter um amigo como tu....hoje mesmo ao assistir o SP TV...lembrei de ti..reportagem sobre um grupo que faz poesia intinerante...em busões de sampa...muito legal..e a palavra Sarau apreceu muito na reportagem.....abração e saudades!!!!!!
As vossas apresentações foram mesmo ESPETACULARES ! Seja na Sorbonne, seja na Feira do Livro. Espero que tenha grande sucesso porque merecem ! Gostei immenso de ter conhecido autores como vos ! Boa continuação aos dois.
TUDO FOI LEGAL !
Um abraço, FERREIRA Miguel !
Ps: Foi mesmo engraçado aparecer na foto !
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