ontem foi uma noite especial para todos aqueles que fazem parte da periferia. sejam eles da cooperifa ou não.
mais de trezentas pessoas reunidas no CineSesc, na rua Augusta, para acompanhar o lançamento do documentário "Povo lindo, Povo Inteligente!", produzido pela DGT filmes, através do trabalho de Sérgio Gagliard e Maurício Falcão.
o documentário, de cinquenta minutos, conta com depoimentos de vários integrantes da Cooperifa como Márcio Baptista, Sales, Rose (Musa) e, claro, do Poeta. além disso, há várias imagens do Sarau, do público e de seus artistas-cidadãos, poetas e escritores da periferia declamando os seus versos-falas-balas.
aproveitando que falamos de disparos, o Poeta fechou a apresentação do documentário com um discurso muito bonito. enquanto ao seu lado mais de cinquenta pessoas que fazem parte - diretamente - da cooperifa o abraçavam, ele relembrava que aquela não era a primeira vez que chegávamos na telona. mas talvez foi um dos primeiros momentos em que nos vimos retratados na tela grande, sem que precisasse dar um tiro.
eu curti muito o documentário. fiquei viajando em vários momentos. primeiro por ocupar um espaço como o Sesc. não por ser um lugar central, mas por podermos reunir pessoas tão diferentes, de distintas cores, classes, credos, num único lugar. na paz, comungando a palavra, o cinema. segundo, porque é muito bom a gente se ver retratado de uma maneira positiva, valorizando quem somos, sem maquiagem, sem preocupar em sermos "bonitinhos, agradáveis". o mais importante: chegamos sem perder a nossa identidade. e terceiro: lembrei muito de Paulo Freire, Augusto Boal. Freire por sua "educação como prática da liberdade", "pedagogia do oprimido". Boal por seu "Teatro do oprimido", na sua incansável luta em fazermos acreditar que todos somos atores, todos somos protagonistas do palco e da realidde, todos podemos compartilhar a magia do teatro, da arte e da vida. acho que a cooperifa segue estes ideais, estes "movimentos". pois aqueles que antes eram silenciados, agora falam. e não apenas em forma de gritos, de protesto. a fala é calma, pausada. uma fala lírica, poética, literária. e tenha certeza: extremamente afiada. porque a gente não quer só os livros, não queremos a telona. queremos tudo: as escolas, os hospitais, as moradias dignas. tudo o que um ser humano tem direito de ter, que não precisa ser de luxo, não queremos ostentação, mas tem que ser digno. ah, isso tem que ser.
é tudo nosso!
quem disse que na periferia não dá pra curtir?
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