Professor, fumá emagrece. Olha só o corpinho. O senhor paga um pau, né não? Tá, eu já sei, num pode falá. “Questão de Ética.” Ah, pra eu sentá? Desculpe professor. É que eu ainda tô ligada. Duzentos e vinte, sabe? É, não me tiraram da tomada.
Balada. Ontem a noite prôfi, altos gatinhos. Imagina, só numa noite eu catei seis. Tud de o bonitinho. E otário. É. Eles acha que eles que me cata. Nem sabe que são catados. Chega, encosta, fica aquele xaveco fraco, um papo-furado. Pra economizá o meu tempo, eu encurto o assunto, já falo: ai, tô cuma sede. Vai lá o trouxa correndo comprá uma caipirinha, uma breja. Chega todo babado. Aí eu já dou uns cato de dez minuto e dispenso. Sem dó. Próximo. Ô coitado. Mas fazê o quê ? Gente tonta foi feita pra enganá, num é mêmo?
O cigarro? Foi professor. Foi nas balada o meu primeiro trago. Que qui tem de errado? Não aparece na TV, não é legalizado? Se nas escola até os professor fuma, então eles também tão errado? Além do mais, que cê qué que eu faça, vá procurá outra turma? É, porque é isso que ia acontece. Todas as minhas amigas lá fumando, enchendo a cara, e eu: - Não, desculpa aí, minha mãe falô que eu não bebo, não fumo não hum... entendeu? Pronto, morri. Ah, pega mal né prôfi. É a mesma coisa que tá lá, todo mundo no créu, créu, créu, dançando, rebolando, descendo até embaixo e só você, parada de braço cruzado. Num dá. A gente fica excluída. Sem jeito, sem graça. Eu não quero ser taxada.
De babaca. Careta. Nem na escola eu gosto de me queimar. Tenho que manter a postura, a preza. Por isso que antes do Zé-Povinho denunciá eu só fumava no banheiro. Já até batizamo um lugar lá, no canto. Cinzeiro. Nosso cantinho. Mó da hora. Fica aquela neblina, aquele fumaceiro saindo, invadindo o páteo da escola. Não, num pega nada não. A diretora nem dá bola. Aí tem umas menina, umas fresca lá, que entra pra mijá, já chega tossindo, engasgando. Vão assim ó, uma mão tampando a boca e o nariz, a outra segurando a bexiga, toda apavaroda. Faz o xiiiiiiiiiiiiiiiiiiii lá em uma sentada e já sai ligeira. Sem lavá a mão. Fraquinhas, coitadas. Não agüentam o cheiro. A gente não. A gente é foda. Agüenta o cheiro de xixi, esgoto, bosta. Só pra fuma. É.
Viciá? Eu? Tá maluco? Tá, desculpa aí prôfi, é o jeito de falá. Te disse, eu tô acelerada. Conseqüência da Balada. Foi boa, prôfi. Mas num tem essa de viciá não. É, besteira. Cigarro? Quando quisé eu paro. Sô uma mina firmeza, num sô? O senhor não acha? Eu tenho a minha opinião. Não me deixo influenciá não. Tenho atitude. Num vô no embalo de ninguém. Eu é que faço o meu caminho.
2 comentários:
BOA ESSA SEQUÊNCIA!
VAI VIRAR LIVRO?
HORA DESSA VOU "ENCAMINHAR" UMA DESSAS HISTÓRIAS DE PRUSSÔ PRO MEU BLOG! VIRA?
CARA, A NET É DE FUDÊ,
MAS LIVRO É LIVRO,NÉ?
PRA MIM INSUPERÁVEL!!
SERÁ QUE EU VOU VIRAR BOLOR?
VALEU RC!
COM RESPEITO, NELSSON MACAM
salve maca,
se tudo der certo, vai virar livro sim. é esperar. o trampo tá no forno, tá sendo pensado.
quanto a encaminhar para o blog, é uma honra. fique a vontade.
abraço
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