ontem foi um dia atípico. enfim, ainda bem.
apesar dos inúmeros problemas na escola, em sala de aula - que não vou enumerar aqui, guardo-os para mim, num pote fedendo junto com as minhas amarguras e desilusões - uma cena mágica se desenhou dentro de uma sala na minha escola, mais especificamente na 6ª série B.
estava realiazando um SARAU, como faço uma vez por mês com os meus alunos. ontem estava diferente, clima de férias, muita descontração. antes, na hora do intervalo, bolo e refrigerante. fora aniversário de uma professora.
o sarau então começou nesse clima. tudo muito bem. mas algumas coisas bonitas aconteceram. afora a leitura de contos, poemas dos alunos - eu ainda não sei se tem alguma coisa mais bonita do que uma criança, um adolescente entretido com um livro na mão - teve alguns lances:
- professor, não vai ter oficina agora em julho?
- não Jennifer, só em agosto.
- mas as aulas não vão até o dia 06?
- sim, vão.
- então, devia ter uma no dia 02 ou 03.
a oficina em questão é do projeto Literatura (é) Possível. e é bacana ver que eles estão curtindo. mais, está fazendo efeito. alguns alunos mudaram a postura, a atitude em sala. o respeito e o interesse pelo conhecimento estão prevalecendo.
do outro lado vi ainda uma outra menina com um livro nas mãos. perguntou quem era a escritora. disse orgulhoso:
- é uma amiga.
e aquela menina estava ali, super interessada no livro. se descobrindo nos negros versos de Akins e Elizandra. "- Me empresta professor?" Não pude. iria usar em outro sarau. mas combinei. deixarei um exemplar na Biblioteca, e ofereci: se quiser comprar. ela quer.
um outro aluno então, não parava de dichavar "O rastilho da pólvora". é a terceira vez que faço sarau nesta sala e o Daniel sempre pega o rastilho. já tá querendo pegar no gatilho. "-Tem esse livro na biblioteca professor?" ainda não. mas vou ver se consigo um exemplar também.
e ainda o Elioenay pega um livro do Almério Barbosa e diz: "-Esse livro é do professor. É a cara dele." o título? Justiça para a Periferia. Fiquei feliz.
então, é sobre tudo isso que eu vou falar um pouco na flap. entre outras coisas.
e pra quem não entendeu o título, é pelo seguinte: antes, a biblioteca ficava fechada com cadeados. falar em literatura em sala de aula era como falar em abobrinha, jiló: todos torciam o nariz. agora estou sendo cobrado pelos livros. empréstimos.
estamos vencendo? talvez. é possível.
em tempo: ontem a cooperifa foi mágica. lançamento do livro DONDE MIRAS, de Binho e Serginho Poeta; mais aniversário e homenagem do poeta Vaz. o menino ejaculava pelos olhos. foi bonito. Parabéns Cooperifa.
Lá é a minha escola.
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