quarta-feira, novembro 19, 2014

LANÇAMENTO: TE PEGO LÁ FORA, RODRIGO CIRÍACO – LIVRARIA CULTURA











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Terça-feira, 18 de novembro foi um dia para ficar assim, tatuado na retina. Com tinta fresca. Expressiva. Para lembrar e relembrar e contar. O quanto é importante a nossa caminhada literária. Marginal, periférica. Solidária. Um caminho que não se constrói só. E principalmente, não se celebra só. A primeira vez, lançando um livro dentro de uma livraria. Parece estranho esta frase: livro na livraria. Pra gente não é. Pra gente o normal é livro no boteco. Na escola. Centro cultural, biblioteca, rua, praça, ônibus, terminal. Pra gente é normal o livro assim: internacional. Nas feiras, nos festivais literários. Na praia, na estrada, nos becos e vielas. Livro na livraria é quase luxo. Entende agora quando a gente fala “literatura marginal”? É por isso, meu camarada.

Mas deixa eu falar: da alegria da noite. Do livro exposto na bancada. Ao lado do “Contos Reunidos”, do João Antônio. E do Xico Sá. E me vem na memória Carolina Maria de Jesus, Plinio Marcos. Lima Barreto. E tantos outros parceiros. Que trilharam e venceram na estrada. Ainda que longe dos holofotes. Suas obras estão aí, marcadas. E a gente segue. Na caminhada. Livraria lotada. Havia outros eventos, mas eu reconheci quem esteve lá por conta da nossa pegada. Da nossa literatura, da nossa quebrada. E foi bonito. Saber. Que a Livraria Cultura queria apenas 50 livros pra vender. A Editora DSOP acreditou, apostou, insistiu. “Melhor pegar mais, vai bombar”. Ok, então me dá 80 livros. E foram. Assim. Saíram voando. Feito passarinhos. Uma atrás do outro. Algumas vezes em bando, que é como a gente gosta. E teve gente que ficou assim, sem pássaros na mão. “Acabou os livros”? Sim. Aqui na livraria acabou. A gente bombou, esgotou. Mas tem mais. Tem muito mais. Agora estará em todas as livrarias. De norte a sul do país. Uma distribuição que é assim, muito difícil sendo independente, periférico, marginal. Agora é isso, nego: a gente vai brigar de igual pra igual. E pode ter certeza. Não vamos brigar só. Estamos apenas alargando uma brecha de um movimento que veio pra dar nó. No mercado editorial. Nessa ditadura: cultural e desigual. Que diz que na quebrada não se gosta de ler. A gente não é possível criar, escrever. Não fica de toca. A gente tá fazendo trampo sério, bonito. Nossos livros não ficam parados, as moscas. Tem muita gente boa por aí. Precisando de uma oportunidade, um empurrão para as portas aí, se abrir. E a gente segue. Foi bonito. Foi festivo. Foi literário. O susto. Gritando na livraria: “Mãos ao alto, isso aqui é um assalto. Mãos ao alto: eu to roubando a sua atenção, mãos ao alto”. A galera em choque, mas passou. Ufa, é só poema, literatura, interpretação. Ou não. A gente tá vindo buscar o que é nosso. Por direito, por conquista. Por mérito – pra vocês que adoram uma “meritocracia”.

Sem ilusões. Sem atolar o chapéu. Ontem foi glória, hoje é mais. O trabalho segue: nos mesmos locais em que encontro aqueles que me fizeram grande: meus iguais. Que são gigantes. Minha mãe disse: “agora é um novo passo, né filho”. Eu disse: não, mão. É a continuação da caminhada. Não adianta a ilusão de achar que já tá tudo conquistado. Não, sigamos na mesma pegada. Boteco, escola, sarau; biblioteca, rua, praça, centro cultural. O artista tem de ir onde o povo está. E nós somos o povo e o artista. Há muita coisa ainda pra batalhar. A mochila segue pesada. Com livros pra espalhar, dividir na quebrada. Mas confesso: estou feliz. De chegar em uma das maiores livrarias da América Latina, com os amigos e parceiros, estourar no “norte” e sair assim, feliz.

Agradecimento a toda equipe DSOP: Reinaldo Domingos, Simone Paulino, André Palme, Christine Baptista, Renata Sá, Amanda Torres, Priscila Moreira, Alana Santos, Thais Ramone, Paulo Fabrício Uccelli. Rita Ramos, Adelino Martins, André Argolo. A todos, o meu fraterno abraço. Minha gratidão: pelo respeito, pela consideração, pela forma como fui recebido e até hoje tratado. Obrigado.

Gratidão ao mano Ferréz: que escreve essa caminhada da literatura marginal, com seu trampo autoral, revistas, publicações coletivas. Abrindo portas. Obrigado, Mano. Muito obrigado. Esse meu sonho está se propagando também por sua culpa. Os erros são meus. Os acertos são nossos. Gratidão. Valeu mesmo.

E sigamos em frente. Agora mais energizados e encorajados. Não apenas por acreditar, mas por saber (ainda mais) que somos possíveis.


Rodrigo Ciríaco

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