Poema protesto (redundante, eu sei)
Dedicado a todos os Saraus das quebradas
Biqueiras literárias de nosso mundão
Dedicado também a tod@s que sofrem com a democradura
Que ronda e cerca nossa liberdade de expressão!
BIQUEIRA LITERÁRIA
Rodrigo Ciríaco
Vendo pó
Vendo pó...
Vendo pó...esia!
Tem papel de 10
Papel de 15, papel de 20
Com dedicatória do autor
Ainda vivo
Promete morrer cedo
Só pra valorizar a obra
Aliás, você:
Gosta de autores vivos
Ou nem mortos?
Vâmo lá, vâmo lá
Na minha mão é mais barato!
Prometo que vai
Com dedicatória e orelha
A do autor, não a alheia
Na nossa biqueira literária
Pó...esia é prato farto, mesa cheia
Deixar os malucos chapados
É nosso barato
Vendo pó
Vendo pó...
Vendo pó...esia
“Xii, corre, corre, Tio
A casa caiu”
O pré-feito
Pré-conceito de ser pó-lítico
(mal fabricado)
Não chapou no tró-cadilho
Quis dar uma de caudilho, senhor de engenho, capitão-do-mato
- calma, rapaz: toma aqui esse baseado –
Fatos reais:
Causou furdúncio, ficou bravo
Mandou guarda, jornalista, segurança
Pra quebrar banca,
armar o barraco
Exigiu alvará de funcionamento
Da biqueira!
- que doidêra –
Cagou ordem, vomitou decretos
Citou: lei orgânica
Perturbação da ordem pública
Destruição do patrimônio histórico
Código de postura do município
- que mentira, que bobeira –
Só pra destruir a nossa brincadeira
Nossa lírica zoeira, de gritar:
Vendo pó
Vendo pó...
Vendo pó...esia
E querem nos deixar apenas no
Cheiro pó
Cheiro pó...
Cheiro pó...eira
Que besteira
Nem me venha com
asneira
Meu produto é de primeira
Ninguém vai fechar
Meu bico
Nem minha biqueira
Vendo pó
Vendo pó...
Vendo pó...esia!
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