quinta-feira, fevereiro 18, 2010

A FLOR E A NÁUSEA (CDA)

a escola é grande. e eu, pequeno demais. solitário demais, naquela imensidão de pátio cinza e verde. naquele maremoto que são os alunos. olho para o lado e não vejo companheiros de luta. vejo colegas de trabalho. sobreviventes. que não tem ideologias. tem contas pra pagar. assim como eu. filhos pra criar. assim como eu não tenho.

"por fogo em tudo / inclusive em mim (...)"

há dias e dias. há dias em que questiono se vale a pena a luta. a luta? a luta vale. não pelo prêmio que há no final. existe prêmio? não. a luta vale por si só. pois quem luta, vive. e eu quero cair em pé. nada de joelhos dobrados. só se for para a reza. e olhe lá. mas, há dias e dias. há dias que eu me canso. de caminhar só. de me sentir sozinho.

"ao menino de 1918 chamavam de anarquista
porém meu ódio é o melhor de mim
com ele me salvo e dou a poucos
uma esperança mínima (...)"

gosto de estar com a molecada. gosto de conversar. gosto de conhecer suas idéias tão vagas sobre a vida. suas tamanhas certezas. gosto de lembrar de mim. do tempo em que pensava que um simples acorde de guitarra, simples palavras podiam mudar o mundo. há quanto tempo foi isso? parece que há milhares de anos. e foi ontem.

"uma flor nasceu na rua (...)"

isolado. solitário. derrotado, não. estou caído. caindo. em pé. existe glória nisso? para quem? glória paga as contas? glória me faz feliz? glória, onde você tá? por que foi embora, não deixou recado. por que levou a luz? glória, quem é você. você não existe, glória. você é uma invenção da minha cabeça. um quadro pendurado na parede.

mas como dói.

e por fim, para quem leu e está boiando:

"não procure entender. viver ultrapassa todo entendimento"

não é minha. é da Clarice. ela era genial. eu sou apenas o rodrigo.

um rapaz comum. com sonhos muito grandes na cabeça.

e buraco imensos de dúvidas sob a base de cada pé.

Nenhum comentário: