A periferia convoca para a Guerra. Nas mãos, nada de trêzoitão, balas, AK-47 ou fuzis. Estamos armados pela vontade. Pela herança na memória da retina de todo sangue que escorreu no morro ou fritou na calçada, em plena luz do dia. Estamos armados de lápis, caderno e apontador. Pincel, muita ginga e ritmo. Cinema e alegria. Livro, conhecimento, palavra e poesia.
"Semana de Arte Moderna da Periferia?" Muitos estranharam. Inclusive eu. Conversei com o Vaz. Preferia "Semana de Arte Periférica". Mas ele me explicou o porquê de Moderna. A provocação. Eu entendi o recado. E somei ao time.
Muitos vieram conversar comigo, perguntar: "Pô, Semana de Arte Moderna. Que abuso. Que ousadia. O que vocês tem de novo? Qual é a proposta?" E digo, somos abusados sim. Pois queriam que nos contentássemos com migalhas, com os restos. São a escória disseram. E que negócio é esse de brincar com Arte? Que negógio é esse de fazer música. Rap não é música. Que negócio é esse de escrever? Isso não é literatura. Que negócio é esse de fazer cinema. Isso não é filme. E... quando perceberam, já era tarde demais. A arte está no ser humano, não importa se nasceu no Capão ou nos Jardins. Somos todos artistas. Somos todos importantes. Somos todos capazes.
Ultimamente, deixamos de crer e estamos fazendo.
Façamos a Semana de Arte Moderna da Periferia. Não para copiar a outra Semana, mas para afirmar a nossa. Para romper os padrões. Para transformar o espaço. Não temos as grandes galerias, mas temos o Zé Batidão. Não temos o Teatro Municipal, mas nós temos as ruas. Não temos os grandes investimentos, os grandes financiamentos, mas nós temos as escolas, a praça, as associações comunitárias.
Temos toda a periferia.
E somos a maioria.
"A arte que liberta não pode vir da mão que escraviza."
Cooperifa: É tudo nosso.
A periferia convoca pra Guerra. Quem é, vai somar.
Rodrigo Ciríaco
P.S.: "Periferia é mais do que um espaço geográfico. É um sentimento."
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